domingo, 8 de maio de 2011

Viver Bem com Sabedoria


Se é verdade que parte significativa da população mundial, vive em condições aceitáveis, do ponto de vista da satisfação das necessidades elementares: cuidados de saúde, alimentação, trabalho, habitação, educação, assistência social; também existe uma outra realidade que aponta para um elevado número de pessoas a viver abaixo daquele nível e, em situações próximas do limiar da pobreza; uma outra parte, cerca de 20% da população mundial, viverá na pobreza extrema, com um rendimento por pessoa equivalente a 1 dólar por dia, o que se deplora e constitui uma manifesta dificuldade dos governantes responsáveis, para eliminarem esta indigna chaga social.
Resulta que em qualquer parte deste planeta, seja o país mais rico ou o mais pobre, existem pessoas e grupos económicos extremamente ricos, e outros grupos miseravelmente pobres, situando-se entre os dois extremos uma outra classe de pessoas, que viverá com os meios suficientes para desfrutar de uma vida sem grandes dificuldades.
A divisão entre ricos e pobres sempre existiu e tem-se mantido, o que não significa que tal situação deva ser a regra, pelo contrário, uma maior aproximação entre eles é que seria desejável como norma. Esta reflexão, apoiada, não significa erradicar os ricos, ou retirar-lhes o que pelo esforço próprio, pelo risco, pela boa administração e pelo investimento directo conseguiram obter, por processos legais e justos, pretende, outro sim, reduzir o número de pobres, criando-lhes condições e incentivando-os ao trabalho, à poupança, ao estudo e valorização pessoais, ao investimento moderado e, numa primeira fase, sem risco, precisamente para os aproximar das classes médias e, preferencialmente, das mais altas.
É certo que poder-se-á argumentar que muitos pobres estão nesta condição por culpa própria, porque não têm sabido ou querido administrar bem os recursos que vão auferindo, preferindo viver acima das suas possibilidades económico-financeiras, ou apostando nos benefícios de um Estado-Providência, ou ainda esperando a solidariedade dos seus concidadão.
Outros estarão nesta situação de pobreza porque a vida não lhes terá proporcionado melhores oportunidades, ou mesmo que as tenha oferecido não foram detectadas, ou então, tais oportunidades, foram mal utilizadas, com a agravante de circunstâncias diversas como a doença, desemprego, acidentes, catástrofes naturais terem destruído, no todo ou em parte, o respectivo património familiar, empresarial ou outro.
Finalmente, outras situações podem ocorrer que facilitam a pobreza, pela intimidação, repressão, obscurantismo e escravatura do povo, nomeadamente através de reformas políticas ditatoriais, mesmo em países muito ricos em recursos naturais, nos quais existe uma elite dominante, próspera e poderosa que domina uma imensa multidão de proletários, pedintes e marginalizados.
Em qualquer uma das situações mencionadas, poder-se-iam apontar países, classes dominantes e dominadas, actividades e processos conducentes à riqueza e os suportes legais, precisamente elaborados, geridos e controlados por uma classe influente de governantes e grupos económicos muito poderosos, todavia, a indicação dos países, das classes/elites e outras circunstâncias, favoráveis a determinadas situações, são bem conhecidas de qualquer pessoa medianamente informada, além de não se pretender ferir a dignidade e vulnerabilidade daqueles que sofrem os efeitos negativos das desigualdades: os pobres, os marginalizados, os excluídos por qualquer preconceito.
Viver bem com sabedoria depende tanto das elites governativas e/ou detentoras dos recursos, como também de cada indivíduo, enquanto pessoa e cidadão, singularmente considerado e/ou organizado em diversas associações, legalmente constituídas, responsavelmente dinâmicas e suficientemente competentes.
É evidente que em nenhuma parte do mundo, em nenhum país específico, é possível que todos os seus membros sejam ricos, mas afigura-se viável que se reduza o número de pobres, sem ser necessário tirar aos primeiros para se dar aos segundos.
A solução para diminuir as desigualdades e aumentar a estabilidade mundial passa, justamente, por uma maior igualdade de oportunidades de acesso aos diversos serviços e bens disponibilizados pelo Estado, pelas empresas, associações e pela sociedade civil, esta aqui entendida como todos os cidadãos que não integram o aparelho da administração pública.
Viver bem com sabedoria: pressupõe, o envolvimento de toda a comunidade, proporcionando um crescimento equitativo e sustentado; implica, uma melhor repartição das riquezas e recursos naturais e produzidos através da comparticipação de todos; exige, o estabelecimento de critérios objectivos na aplicação das contribuições da população por forma, justamente, a favorecer os que mais precisam, investindo em infra-estruturas que promovam maior qualidade de vida; postula, uma política de verdadeiros incentivos ao estudo, ao trabalho, à poupança, numa perspectiva de autonomia e constituição de um futuro melhor; finalmente, impõe, que sejam tomadas medidas concernentes à maior estabilidade, pacificação política e social, respeito pela dignidade da pessoa humana, qualquer que seja o seu estatuto, social, profissional, político, religioso ou outro.
Pede-se aos detentores do poder decisório, político, judicial, religioso, empresarial e qualquer outro, conjugação de esforços, sabedoria para congregar as boas sinergias e converte-las em soluções eclécticas que conduzam à estabilidade, ao progresso, ao fim das desigualdades.
Apela-se aos indivíduos, famílias e grupos organizados que abdiquem de posições egocêntricas, exacerbadamente individualistas e adoptem a virtude da partilha, da prudência e da sabedoria, considerando, inclusivamente, o que é ensinado por Gribbin, (1999, p. 312): “A maior ameaça à estabilidade global reside na desigualdade entre os que têm e os que não têm. Precisamos de crescimento, pelo menos o suficiente para que os que não têm transponham o fosso, pois ninguém acredita que os ricos se disponham a dar o que têm. A continuação da desigualdade levar-nos-á sem dúvida tanto a desastres naturais (fome, epidemias) como ao conflito armado. O problema consiste, pois, em conduzir o crescimento de forma adequada, ajudando os pobres a libertarem-se da armadilha da miséria, através da transição demográfica. Só depois de o conseguirem, poderemos encarar de forma optimista qualquer viabilidade de um futuro melhor.”


Bibliografia

BARTOLO, Diamantino Lourenço Rodrigues de, (2009). Filosofia Social e Política, Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, Direitos Humanos e Relações Interpessoais, Tese de Doutoramento, Bahia/Brasil: FATECTA – Faculdade Teológica e Cultural da Bahia.
GRIBBIN, John, (1999). Génesis. As Origens do Homem e do Universo. 2ª Ed. Trad. Raul Sousa Machado. Mem Martins: Publicações Europa América.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)

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