domingo, 26 de abril de 2020

Confiança na Felicidade

As sociedades, que atualmente compõem o mundo contemporâneo, vivem em situações difíceis, independentemente dos estatutos sócio-profissionais e económico-financeiros dos seus membros, excetuando-se, certamente, algumas minorias, detentoras de um qualquer poder influenciador no decurso das vidas das maiorias, embora, e por vezes, tais minorias privilegiadas, também acabem por cair no mundo das muitas desgraças, normalmente: ou por um determinado tipo de abuso do poder; ou porque a ganância as levou a arriscar demasiado, ou, ainda, porque perderam a confiança em valores que sustentavam os seus poderes e intervenções.
A confiança é, portanto, um sentimento ou uma convicção que fortalece as pessoas, para desenvolverem os seus projetos, desempenharem com segurança os diversos papéis que a vida lhes exige ou, ainda, o autoconhecimento das suas próprias capacidades. Sem confiança naquilo em que se acredita, nada se consegue na vida. Sem a confiabilidade recíproca, as pessoas dificilmente se entendem.
O sucesso individual, organizacional, comunitário, societário e universal, pressupõe sempre uma grande participação do elemento confiança. Confiar é uma atitude difícil, num mundo em permanente tensão, mas na verdade, sem esse espírito, pouco ou nada se consegue, inclusivamente ao nível das relações interpessoais, em todos os contextos da vida. A confiança, seguramente que implica outros valores, igualmente fundamentais na boa ligação entre pessoas.
As relações humanas, desejando-se assertivas, pressupõem que as partes envolvidas num qualquer relacionamento, confiem suficientemente, uma na outra, porque sem um tal espírito de abertura, de sinceridade, de lealdade, de reciprocidade, de confiabilidade mútua, de dádiva e de cumplicidade, jamais se conseguirá atingir uma boa relação.
Por vezes: «Aprendemos a confiar em quem demonstra gostar de nós ou estar aberto para nós; é um fenómeno emocional, baseado em empatia, sensações e sentimentos (…). Que bom seria se o mundo fosse assim tão simples; confiar nas pessoas amorosas, não cofiar nas mal-encaradas … o facto é que a realidade é bem mais complicada. Aqueles em quem confiamos às vezes se mostram indiferentes, ou irritados, negam o que queremos, não agem de acordo com a nossa vontade (…). A partir do relacionamento com as pessoas mais próximas, testamos e desenvolvemos um conjunto de comportamentos que geram os retornos desejados.
Conforme crescemos, entendemos cada vez melhor que a confiança não está apenas relacionada com os nossos instintos e sentimentos, mas também com as nossas atitudes em relação aos outros e às dos outros em relação a nós. Entendemos que a confiança se conquista, se inspira e se constrói num plano de interesses em comum, objetivos compartilhados, afinidades de valores, respeito e consideração. É a confiança baseada na razão.» (NAVARRO e GASALLA, 2007:19-20).
Abordar a Felicidade, como uma possibilidade de sucesso para uma vida digna, é uma tarefa árdua, porém, aliciante e que se torna gratificante pelo facto de se tratar de um tema que a toda a pessoa interessa. Quem não deseja ser feliz, à sua maneira, é claro? Até porque: «Todo o homem quer ser feliz; mas para o conseguir, seria necessário começar por saber o que é a felicidade.» (ROUSSEAU, in: RICARD, 2003:11).
Numa abordagem conceptual muito simples a Felicidade poderá considerar-se que existe quando: «Uma Pessoa sente-se em harmonia com o mundo que a rodeia e consigo própria. Para quem vive tal experiência, como passear numa paisagem de neve, os pontos de referência habituais desvanecem-se: além do ato simples de caminhar, nada espera de particular: está, simplesmente aqui e agora, livre e aberto.» (in: RICARD, 2003:14). Claro que a ideia bucólica de Felicidade é interessante, todavia, torna-se necessária uma abordagem mais profunda, sentimental e vivida intensamente.
Refletir sobre a Felicidade revela-se de grande dificuldade, mas viver a Felicidade será algo que transporta a pessoa que a experiencia, para um mundo que se poderia aproximar do transcendental, ou mesmo do sobrenatural porque, provavelmente, a Felicidade pura, que também se desconhece, não existirá, além de que cada pessoa tem o seu conceito deste supremo bem, não havendo, por isso mesmo, uma definição fechada, e ainda bem, porque se houvesse, tal seria redutora para outras concepções e até para uma dimensão supra-universal.
Apesar das dificuldades em conceptualizar a Felicidade, é necessário acreditar que ela existe, é importante confiar nas suas virtualidades, que muitas pessoas dizem ser felizes. É essencial crer na felicidade que, de diversas formas, cada pessoa vive. Sim, porque se há quem se considere infeliz, então, nesta afirmação, está implícito o oposto: a Felicidade existe.
É possível, no meio de tanta indefinição, dúvidas e incertezas, encontrar uma ideia pacífica para descrever a Felicidade, como por exemplo: «A verdadeira felicidade provém da bondade essencial que deseja, do fundo do coração, que cada um descubra um sentido para a sua existência. É um amor sempre disponível, sem ostentação nem cálculo. A simplicidade imutável de um coração bom.» (RICARD, 2003:30).
Há quem defenda que, por um lado: «Não é possível viver feliz se não se levar uma vida bela, justa e sábia, nem levar uma vida bela, justa e sábia sem se ser feliz» (EPICURO, in: RICARD, 2003:242) e, por outro lado: «A ética nasceu como a ciência da felicidade. Para ser feliz vale mais ocupar-se dos outros ou pensar exclusivamente para si?» (LUCA e CAVALLI-SFORZA, in: Ibid.), ou ainda: «Portanto, deve-se renunciar a todo o prazer egoísta – a que não se poderia dar o nome de felicidade – que só se pode conseguir em detrimento de outrem. Em contrapartida convém realizar um ato que contribua para a felicidade de outrem, ainda que no momento o sintamos como desagradável. É certo que por fim ele concorrerá igualmente para a nossa verdadeira felicidade, isto é, para a satisfação de ter agido em conformidade com a nossa natureza profunda.» (RICARD, 2003:243).
Na linha axiológica-racional que se tem vindo a seguir, poder-se-á inferir que a Felicidade é um bem partilhado, na medida em que ela só é possível numa pessoa quando isenta de egoísmo e sempre que envolva, igualmente, a Felicidade de outra ou outras pessoas, ou seja, não se pode desejar a Felicidade própria à custa da infelicidade de outrem e, quando se pugna pela Felicidade, deve-se ter o cuidado, se possível, ajudar que outra ou outras pessoas consigam também ser felizes, sem quaisquer sentimentos ou atitudes de inveja.
Como corolário e ideia central estatística pode-se admitir, como primeira hipótese de trabalho que: «A felicidade aumenta com a intervenção social e a participação em organizações beneficientes, a prática do desporto e música e a pertença a um clube que proponha actividades diversas. Está estreitamente ligada à presença e à qualidade das relações privadas. As pessoas casadas ou que vivem maritalmente são quase duas vezes mais felizes do que os solteiros, os viúvos ou os divorciados que vivem sós.» (Ibid.:217


NAVARRO, Leila e GASALLA, José Maria, (2007). Confiança. A Chave para o Sucesso Pessoal e Empresarial. Adaptação do Texto por Marisa Antunes. s.l., Tipografia Lousanense
RICARD, Matthieu, (2005). Em Defesa da Felicidade. Tradução, Ana Moura. Cascais: Editora Pergaminho, Ldª.

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

domingo, 19 de abril de 2020

Cidadão Luso-Brasileiro


Assumir a cidadania plena, em qualquer parte do mundo, em geral, e no próprio espaço, em particular, postula um conjunto de requisitos institucionais e também uma capacidade multifacetada, para colocar ao serviço da sociedade, todas as potencialidades do cidadão, enquanto tal considerado.
Igualmente fundamental, é a sensibilidade com que cada pessoa se deve munir para poder enfrentar as mais difíceis e diversas situações. O mundo atravessa um período crítico no que concerne aos valores que enobrecem a pessoa humana; os países, isoladamente considerados, confrontam-se, diariamente, com problemas complexos que, quando não são resolvidos com reflexão, com bom senso, conhecimentos e empenhamento, conduzem a situações perigosas, de autêntica violação dos mais elementares direitos humanos.
A complexidade social, que vem afetando pessoas, famílias, comunidades, sociedades, nações inteiras, continentes e o mundo, obriga a uma paragem na caminhada para o sucesso material, na satisfação dos egoísmos mais absurdos, para se pensar um pouco mais sobre o que cada um é, o que quer, e como deve prosseguir para alcançar objetivos mais nobres, mais humanos, mais razoáveis.
É fundamental ter-se a noção de que não se pode conduzir a humanidade para o apogeu do irracional, do horror e do holocausto. Impõe-se, não um, mas muitos apelos à Paz, a todos os níveis, e em todos os sentidos, em todos os momentos da vida. A indiferença que alguns setores, mais renitentes à mudança, ainda manifestam, deve ser substituída por uma abertura ao mundo global, de forma a facilitar o melhor aproveitamento das sinergias dos tecnocratas positivistas, e dos pensadores idealistas.
Positivismo científico e subjetivismo filosófico, não são incompatíveis e, a moderá-los, envolver-se-ão as Ciências Sociais e Humanas comandadas pelas Ciências da Educação, umas com mais objetividade e rigor quantitativo; outras com menor objetividade, mas maior rigor qualitativo.
Angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, moçambicanos, portugueses, são-tomenses e timorenses, bem como alguns macaenses e indianos, orgulhar-se-ão deste cidadão que se comunica, se interrelaciona e se emociona na língua de Camões.
Que maior privilégio se poderia alcançar, do que este simples reconhecimento de uma língua comum, e uma história parcialmente partilhada por cerca de trezentos milhões de seres humanos, pelas quais se sentem, afetiva e emocionalmente, ligados? Que maior honra do que ser-se cidadão do mundo com a marca da lusofonia?
Sejam quais forem os regimes político-institucionais, acredita-se que os seus responsáveis tudo farão para que este valor, que é a lusofonia, se aprofunde e consolide, para que o novo cidadão, dele emergente, seja o produto final, que todos desejarão interiorizar e imitar.
O cidadão luso-brasileiro que se construirá ao longo de várias reflexões, será um dos homens e mulheres de boa vontade e, nesse sentido, preparar-se-ão com total empenhamento, responsabilidade e competência, canalizando todos os seus conhecimentos, experiências e sensibilidade para os valores consagrados numa democracia de verdadeira cidadania, onde cada cidadão exercerá os seus direitos e cumprirá com os inerentes deveres, sem perder de vista os valores do progresso, do desenvolvimento, do bem-estar da sociedade, onde cada vez haja mais lugar à inclusão: social, política, económica, profissional, cultural religiosa e universal, para que todos possam beneficiar da Paz, da Justiça, da Educação, da Solidariedade, da Tolerância e da Democracia.
Uma sociedade onde não haja mais lugar aos linchamentos públicos por força dos pensamentos, convicções, ideologias político-partidárias, religiosas e outras, que cada um tem o direito de professar. É este o cidadão global que se deseja para o mundo deste novo século XXI, desde logo a desenvolver-se a partir dos espaços luso-brasileiro, lusófono e ecuménico. Um cidadão de: princípios, valores, sentimentos, emoções, crenças, convicções, trabalho, autoestima. Um cidadão solidário, amigo, leal, grato, humilde. Um novo e respeitável cidadão do mundo.

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa de Benevolência. Caridade. Amor

Pensemos a Páscoa como uma nova oportunidade para: nos redimirmos dos erros que temos exercido; das discriminações negativas que vamos fazendo; das prepotências, humilhações e descartes ignóbeis contra pessoas que, eventualmente, vamos praticando; assumamos, este evento, como mais uma possibilidade de ajudarmos quem mais necessita de nós: espiritual, ética, moral e materialmente.

Recusemos proclamar a Páscoa: como se fosse um tempo exclusivo dos cristãos, mas antes como um dia privilegiado para a concórdia, para o respeito pela dignidade humana; glorifiquemos a Páscoa como um dia único em cada ano para reconstruirmos a vida, laços familiares, relações de amizade interrompidas ou desfeitas; prestar solidariedade, lealdade e gratidão a quem sempre tem estado do nosso lado, sem quaisquer tipos de reservas mentais, materiais, éticas, morais ou outras.
A Páscoa, para a sociedade, no seu todo, deve ser: um tempo especial, de reencontro, entendimento pelas dificuldades dos nossos irmãos humanos; de apoio incondicional aos mais desfavorecidos, frágeis e desprotegidos, porque, independentemente das religiões que cada pessoa, grupo, povo ou nação professam, está a dignidade da pessoa humana, que não pode ser ofendida, em circunstância alguma.
Celebremos, portanto, a Páscoa: de todos, com todos e para todos; em união fraterna e solidária; com espírito aberto, de acolhimento ao outro; com benevolência; com caridade e amor. É assim que deveremos festejar a Páscoa, não como se fosse a última Ceia de Cristo, com os seus Apóstolos, mas a primeira “refeição” entre todos nós humanos.
Nesta Páscoa, ficam aqui os votos muito sinceros do autor desta reflexão, que pretendem apontar no sentido de desculpabilizar todas as pessoas que, por algum meio e processo, o prejudicaram, ofenderam e magoaram, não significando esta atitude: “passar uma esponja”; esquecimento total, mas apenas a vontade de reconciliação, de tentar novos diálogos, novas abordagens, para um melhor e mais leal relacionamento.
Nesta Páscoa, também o autor tem o dever de implorar que o desculpem por algum erro, involuntariamente cometido, porque jamais terá sido sua intenção voluntária e ostensiva, prejudicar, seja em que sentido for, alguma pessoa que com ele se tenha relacionado em quaisquer contextos.
A todas as pessoas: Páscoa Muito Alegre e Feliz.


Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

TÍTULO NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR, condecorado com a “GRANDE CRUZ DA ORDEM INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR DO BRASIL, Pedro Álvares Cabral” pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística  http://www.minhodigital.com/news/titulo-nobiliarquico-de

COMENDADOR das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker – Brasil

TÍTULO HONORÍFICO DE EMBAIXADOR DA PAZ pelos «serviços prestados à Humanidade, na Defesa dos Direitos as Mulheres. Argentina»

DOCTOR HONORIS CAUSA EN LITERATURA” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.

domingo, 5 de abril de 2020

Reflexão para o Domingo de Ramos


«Jesus entra em Jerusalém, montado em um jumentinho. Isso significa que entra na cidade que é sua para fazer com toda a Humanidade, uma missão de paz, ainda que essa paz tenha como preço sua própria vida.
Padre César Augusto, SJ
O Senhor é aclamado como se faz a um general romano ou a um herói egípcio quando de sua chegada a sua cidade, à sua terra, após uma gloriosa vitória. Apenas algumas diferenças: o Senhor ainda vai consumar sua luta e, enquanto os vencedores trazem consigo o espólio dos vencidos e os próprios vencidos como troféus, será o Senhor o próprio espólio, o grande serviçal, o escravo de todos nós.
Esse gesto nos recorda um trecho da segunda leitura de hoje, da Carta de São Paulo aos Filipenses, que diz: “Não deveis fazer nada por egoísmo, ou para sentir-vos superiores aos outros, mas cada um de vós, com toda a humildade, considere os outros superiores a si mesmo, ninguém procure o próprio interesse, mas antes o dos outros.” O Senhor buscou apenas o nosso interesse, ou melhor, o interesse do Senhor é a nossa salvação.
Jesus entra em Jerusalém, montado em um jumentinho. Isso significa que entra na cidade que é sua para fazer com toda a Humanidade, uma missão de paz, ainda que essa paz tenha como preço sua própria vida.
Cristo entra em Jerusalém para entregar-se como oferta ao Pai, em nome de cada um de nós. Ele se coloca em nosso lugar e sofre as consequências que nosso egoísmo, nossa falta de amor e de perdão ocasionaram. Ele é o verdadeiro cordeiro pascal, a verdadeira vítima. Seu corpo é o pão e seu sangue é o vinho. Somos redimidos, para sempre, por seu sangue derramado de fato, Jesus Cristo é o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.
Outro ensinamento, agora colhido da leitura da Paixão, este ano, a de São Mateus, é sobre a retaliação e a paz. Jesus impede que Pedro continue sua ação de punir o soldado que o ofendera e diz a ele: “Guarde a espada na bainha!” e cura Malcolm. Somos filhos da paz! Nosso Rei é o Príncipe da Paz, o Pacificador.
Que este início da Semana Santa nos comprometa com o projeto de Jesus para nós. Sejamos irmãos, sejamos filhos do mesmo Pai de nosso Senhor.
Que a humildade e a paz sejam nossos tesouros, recebidos através do sacrifício redentor do Filho de Deus!
Nossa libertação do egoísmo e da ira, da raiva, custou o sangue inocente de Jesus.
Valorizemos, com gratidão e amor, o sacrifício do Senhor por nós.»

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal