Assumir a cidadania
plena, em qualquer parte do mundo, em geral, e no próprio espaço, em
particular, postula um conjunto de requisitos institucionais e também uma
capacidade multifacetada, para colocar ao serviço da sociedade, todas as
potencialidades do cidadão, enquanto tal considerado.
Igualmente
fundamental, é a sensibilidade com que cada pessoa se deve munir para poder
enfrentar as mais difíceis e diversas situações. O mundo atravessa um período
crítico no que concerne aos valores que enobrecem a pessoa humana; os países,
isoladamente considerados, confrontam-se, diariamente, com problemas complexos
que, quando não são resolvidos com reflexão, com bom senso, conhecimentos e
empenhamento, conduzem a situações perigosas, de autêntica violação dos mais
elementares direitos humanos.
A complexidade social, que vem afetando pessoas,
famílias, comunidades, sociedades, nações inteiras, continentes e o mundo,
obriga a uma paragem na caminhada para o sucesso material, na satisfação dos
egoísmos mais absurdos, para se pensar um pouco mais sobre o que cada um é, o
que quer, e como deve prosseguir para alcançar objetivos mais nobres, mais
humanos, mais razoáveis.
É fundamental ter-se a noção de que não se pode
conduzir a humanidade para o apogeu do irracional, do horror e do holocausto.
Impõe-se, não um, mas muitos apelos à Paz, a todos os níveis, e em todos os
sentidos, em todos os momentos da vida. A indiferença que alguns setores, mais
renitentes à mudança, ainda manifestam, deve ser substituída por uma abertura
ao mundo global, de forma a facilitar o melhor aproveitamento das sinergias dos
tecnocratas positivistas, e dos pensadores idealistas.
Positivismo científico e subjetivismo filosófico,
não são incompatíveis e, a moderá-los, envolver-se-ão as Ciências Sociais e
Humanas comandadas pelas Ciências da Educação, umas com mais objetividade e
rigor quantitativo; outras com menor objetividade, mas maior rigor qualitativo.
O homem transporta em si três mundos: o material,
com todo o peso da natureza; o imaterial com a profundidade dos seus
sentimentos, emoções e personalidade própria e o artificial, resultante de tudo
quanto ele vai construindo. O novo cidadão saberá construir um mundo
artificial, mais verdadeiro e mais justo.
Angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses,
moçambicanos, portugueses, são-tomenses e timorenses, bem como alguns macaenses
e indianos, orgulhar-se-ão deste cidadão que se comunica, se interrelaciona e
se emociona na língua de Camões.
Que maior privilégio se poderia alcançar, do que
este simples reconhecimento de uma língua comum, e uma história parcialmente
partilhada por cerca de trezentos milhões de seres humanos, pelas quais se
sentem, afetiva e emocionalmente, ligados? Que maior honra do que ser-se cidadão
do mundo com a marca da lusofonia?
Sejam quais forem os regimes
político-institucionais, acredita-se que os seus responsáveis tudo farão para
que este valor, que é a lusofonia, se aprofunde e consolide, para que o novo
cidadão, dele emergente, seja o produto final, que todos desejarão interiorizar
e imitar.
O cidadão luso-brasileiro que se construirá ao
longo de várias reflexões, será um dos homens e mulheres de boa vontade e,
nesse sentido, preparar-se-ão com total empenhamento, responsabilidade e competência,
canalizando todos os seus conhecimentos, experiências e sensibilidade para os
valores consagrados numa democracia de verdadeira cidadania, onde cada cidadão
exercerá os seus direitos e cumprirá com os inerentes deveres, sem perder de
vista os valores do progresso, do desenvolvimento, do bem-estar da sociedade,
onde cada vez haja mais lugar à inclusão: social, política, económica,
profissional, cultural religiosa e universal, para que todos possam beneficiar
da Paz, da Justiça, da Educação, da Solidariedade, da Tolerância e da
Democracia.
Uma
sociedade onde não haja mais lugar aos linchamentos públicos por força dos
pensamentos, convicções, ideologias político-partidárias, religiosas e outras,
que cada um tem o direito de professar. É este o cidadão global que se deseja
para o mundo deste novo século XXI, desde logo a desenvolver-se a partir dos
espaços luso-brasileiro, lusófono e ecuménico. Um cidadão de: princípios,
valores, sentimentos, emoções, crenças, convicções, trabalho, autoestima. Um
cidadão solidário, amigo, leal, grato, humilde. Um novo e respeitável cidadão
do mundo.
Venade/Caminha – Portugal, 2020
Com o protesto
da minha perene GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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