domingo, 26 de junho de 2011

Filosofia para o Bem-Estar

Muitos, diversificados e complexos são os assuntos com que a humanidade hoje (2011) se defronta. Tentar elaborar uma escala, contendo a hierarquia dos temas mais importantes para o ser humano, poderia tornar-se difícil, polémica e inútil, porque antes desse ordenamento haveria que estabelecer conceitos, critérios, instrumentos de medida, avaliações e revisões a este vasto conjunto de requisitos.
À complexidade resultante, naturalmente, adiciona-se uma determinada carga de subjectividade, que poderia conduzir à absolutização do relativismo, situação que em nada ajudaria na busca de possíveis, desejáveis e exequíveis soluções, para atenuar um certo desconforto, insatisfação e impotência, resultantes do fenómeno metafísico que atormenta a humanidade, quando sente a necessidade de pensar para além da vida física finita.
É perfeitamente aceitável quer numa perspectiva de tolerância; como também de incerteza e, porque não, de algum mistério, a posição daqueles que, descrentes na possibilidade de uma vida eterna, defendem que para lá da vida biológica, nada mais existirá.
De igual modo, pode-se admitir e respeitar uma outra atitude, segundo a qual, haverá mais vida para lá da morte física da pessoa. Vive-se nesta dicotomia e por via dela, um dos assuntos mais interessantes, no mundo actual é, eventualmente, o que coloca o homem perante esta incerteza.
A humanidade, na sua esmagadora maioria, (oiça-se o que dizem as grandes religiões mundiais) acredita numa outra vida, a partir de diversos sinais que procura interpretar, relacionando-os com factos e acontecimentos individuais e/ou colectivos, ouvindo as opiniões das gerações mais velhas, interiorizando situações pessoais e/ou conhecidas, já vivenciadas, com alegria ou tristeza, com prazer ou sofrimento e para as quais não encontrou explicação científica, técnica, objectiva e concreta.
A ausência de respostas, construídas a partir de hipóteses, validadas pela ciência, com certificação quantitativa dos respectivos resultados e/ou axiomas e operacionalizadas pela técnica, facilita a busca para outros métodos, outras técnicas, agora no plano da metafísica, onde a manipulação instrumental do conhecimento científico e técnico, ainda não conseguiu penetrar.
As ciências ditas positivas, exactas, rigorosas, objectivas e todos os demais qualificativos que as caracterizam, permanecem neste novo patamar, qual limiar do infinito e da eternidade sem, por enquanto, nada poderem fazer, sem infringirem paradigmas técnico-científicos.
As diversas parcelas da realidade, estudadas, experimentadas, objecto de teorias explicativas e, solucionadas as situações concretas, que nelas se enquadram, através das muitas áreas disciplinares que as estudam, conduz à verificação de que, materialmente, o progresso é evidente, para o bem e para o mal e sempre, apesar de tudo, desejável.
Uma realidade, porém, existe que continua difícil estudá-la, encontrar-lhe a fórmula para eliminar as situações que, todo o ser humano vive, algumas vezes durante a vida biológica.
A realidade espiritual não pode ser ignorada, seja qual for a designação que se lhe queira atribuir: alma, espírito, consciência, sobrenatural, transcendência, divindade, ente inefável, ou quaisquer outras.
 Uma certeza, todavia, existe: há períodos, dias e momentos, mais ou menos longos, em que o indivíduo se sente angustiado, receoso, insatisfeito, triste, sofredor e tantos outros sintomas inexplicáveis. Como e porque acontecem estas situações, são interrogações que se colocam, com relativa frequência e angustiadamente.
E se em alguma delas, uma ou outra disciplina, da área científica, procura explicar e até resolver, como é o caso da Psicologia, numa ou noutra circunstância a Psiquiatria, a Antropologia e outros domínios do conhecimento especializado, noutras situações, de natureza não-física da pessoa, no que respeita a determinados quadros, quase sempre incompreensíveis e recusados pela ciência positiva, aqui os recursos disponíveis para diagnosticar e solucionar tais quadros, remetem para práticas de natureza esotérica, mística e, já ao nível da divindade, endeusada ou diabolizada.
Nesta imensa amplitude e diversidade em que se movimenta a humanidade: entre as dimensões física e a espiritual; entre a pessoa material e o ente imaterial; entre os factos e as situações concretas, identificáveis e quantificáveis e os acontecimentos inexplicáveis, que afectam o bem-estar físico-material do indivíduo; entre as ciências, técnicas e tecnologias, que estudam a dimensão física, as práticas e rituais esotéricos e intimistas, que analisam a dimensão imaterial; surge uma alternativa, intermédia, conciliadora e estimulante para tentar enfrentar, compreender e amenizar certas situações que provocam, periodicamente, um certo mal-estar interior, quase sempre inexplicável, pelo menos à luz do senso-comum: A Filosofia.
Não se trata de nenhuma fórmula química, nem mística, nem tão pouco divina. Trata-se de um longo, tranquilo e acessível processo, vulgarmente denominado por Reflexão Disciplinada e Rigorosa, a partir de uma metodologia de estudo, de biografias de autores, obras e casos concretos, no âmbito da Filosofia e suas disciplinas coadjuvantes: ética, moral, lógica, epistemologia, religião, política, bem como todo um conjunto de ciências, conhecimentos e técnicas, analisadas na perspectiva filosófica.
O bem-estar geral da pessoa humana passa, também, pelo bem-estar interior, justamente, por via da reflexão filosófica disciplinada e rigorosa.  

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: http://www.caminha2000.com/ (Link Cidadania)

1 comentário:

Cecília disse...

Caro Colega, sábias palavras, sobretudo quando refere "o bem-estar geral da pessoa humana passa, também, pelo bem-estar interior..." uma pura verdade, isso é o desejo de qualquer ser humano, sobretudo atingir o bem-estar interior, uma paz interior.