Gerir a comunicação, competentemente, é uma tarefa
de todos, nas suas relações interpessoais e inter-grupais e, mais exigentemente,
naqueles que exercem atividades de alguma ascendência sobre todos os outros,
sejam subordinados e/ou dependentes. Aqueles que têm a obrigação de comunicar
correta e educadamente.
De uma gestão competente da comunicação, podem
resultar situações favoráveis para as pessoas abrangidas pela comunicação,
desenvolvida no seio de uma organização, qualquer que seja a sua natureza:
política, religiosa, social, empresarial, pública ou privada, nacional ou
internacional.
Gerir a comunicação é uma condição para o sucesso
individual e coletivo, na perspectiva da obtenção de resultados que, na
circunstância, equivale, também, a resolver problemas que afetam as pessoas,
individualmente consideradas, e as próprias comunidades onde elas se inserem.
Um dos conceitos de gestão, retirado do contexto
empresarial, leva à ideia, segundo a qual: «A
gestão é um processo que visa obter resultados através de uma melhor utilização
dos recursos humanos, financeiros e materiais à disposição da organização e de
cada gestor. Por outro lado a gestão preconiza acrescentar valor a esses
recursos, sendo que este valor acrescentado depende da competência e do
compromisso das pessoas responsáveis pela gestão do negócio.» (ARMSTRONG,
2005:3)
Cada pessoa é gestora de si própria, de tudo quanto
idealiza, planifica executa, valida pelos objetivos fixados e atingidos e,
correlativamente, responsável pelos sucessos e pelos fracassos. Quanto melhor
preparada a pessoa estiver, tanto mais e
excelentes serão as probabilidades de êxito.
Quanto melhor souber aplicar os seus conhecimentos,
experiências e emoções, tanto melhor conseguirá integrar-se num determinado
contexto sócio-cultural, politico-institucional e técnico-profissional.
Os princípios gerais que se aplicam à gestão
empresarial, em geral, podem adaptar-se à gestão da comunicação, em particular.
Saber gerir a comunicação, no tempo, no espaço e numa dada situação concreta é,
de facto, uma ciência, muito importante nos dias conturbados que as sociedades atravessam
e as pessoas sofrem, sem culpa, quantas vezes, sem saberem porquê.
Gerir a comunicação significa: utilizar bem os
recursos linguísticos em ambientes de transparência recíproca, isto é:
emissores e receptores da comunicação, devem utilizar os mesmos códigos, canais
iguais, semânticas idênticas, em contextos reais de relacionamento interpessoal
assertivo no ato comunicacional, para se chegar a resultados satisfatórios para
os interlocutores.
Num tempo e num espaço que se desejam de profunda
harmonia, compreensão, tolerância, solidariedade e paz, desenvolver estratégias
que visem resultados do tipo “ganha/perde”,
em que uma das partes ganha tudo e a outra perde tudo, poderá não ser a melhor
gestão da comunicação, porque o adágio, segundo o qual: “Vencido mas não convencido”, a médio prazo, pode trazer retornos de
consequências imprevisíveis.
Vencer o interlocutor com base em argumentos:
falaciosos, porque falsificados; agressivos, porque intimidatórios;
manipuladores, porque hipócritas; passivos, porque, comodamente, indiferentes
e, aparentemente, inofensivos, vão criar novas situações, mais complexas,
porque suscita a dúvida, a incerteza, a desconfiança e o sentimento de
desforra.
Gerir a comunicação implica um discurso assertivo,
um diálogo que conduz a reações positivas no sentido do respeito recíproco. A
assertividade começa, portanto, em cada pessoa, por sua livre e intencional
vontade: «Ser assertivo significa
defender os nossos ideais. Terá que acreditar em si próprio e no que está a
fazer, explicando as suas convicções de uma forma confiante e sem hesitações.
Trata-se de recorrer à sua capacidade de persuasão.» (Ibid.:28).
Parte relevante da conflitualidade, hoje existente
um pouco por todo o mundo, deve-se ao uso, e abuso, de uma comunicação
agressiva, demagógica e descontextualizada. Entre outras situações possíveis de
serem identificadas, quer ao nível particular, quer no domínio público,
verifica-se, em certas atividades, objetivamente na política, que a comunicação
pretende e, em muitos casos, consegue, influenciar os cidadãos para a tomada de
posições num determinado sentido, favorável ao grupo e/ou candidato que usa a
comunicação ambígua e desfasada das realidades: sócio-cultural, económica e
profissional, em que é transmitida.
Resultados idênticos acontecem quando a comunicação
e o relacionamento interpessoal, deles resultantes, assumem aspectos
conflituosos, no sentido mais negativo do termo conflito, dando origem a
desentendimentos, a maior confusão e ao sentimento de vingança.
O conflito civilizado é necessário quando ajuda a
esclarecer, quando encontra soluções favoráveis ao todo, no respeito pelas
diversas partes. A comunicação conflituosa, desde que assertiva, constitui um
caminho possível, quando ela resulta, apenas, de pontos de vista divergentes
que urge aproximar de uma nova posição consensual, entre as partes em
desacordo, o que se consegue democrática, tolerante e compreensivamente.
O princípio da comunicação esclarecedora,
formativa, pedagógica e inclusiva dos pontos de vistas consensuais, dos
diversos interlocutores, constitui um bom método para a resolução de conflitos,
para solucionar problemas que, inicialmente, se apresentavam insolúveis, bem
como para obtenção de resultados que favorecem a compreensão e o respeito entre
os cidadãos, os quais têm que ser competentes, no relacionamento interpessoal,
através da comunicação verbal e não-verbal, para que o resultado final “ganha/ganha” seja alcançado.
Também aqui se exige competência no Saber-ser e no
Saber-estar, simultaneamente com este Saber-fazer a comunicação, justamente, no
respeito pelas regras que estabelecem o uso da língua, que orientam para os
valores essenciais da sociedade democrática, solidária e culta, entendendo-se
aqui a cultura no seu sentido antropológico, no respeito pela diversidade das
demais culturas.
Nenhuma cultura superior; nenhuma cultura inferior,
mas, todas diferentes, todas enriquecedoras e complementares para a formação
cívica do cidadão, deste novo e fascinante mundo em que a humanidade vive.
Neste sentido também se pode gerir a comunicação e considera-se uma boa gestão
quando estes resultados são expressos pelos valores que se acabam de enunciar.
Seria, pelo menos a curto prazo, utópico desejar-se
uma comunicação universal consensual. Cada pessoa é um mundo diferente, com
valores, princípios, sentimentos, emoções, aspirações e possibilidades
diversas, para atingir objetivos idealizados. Obviamente que é manifesta a
impossibilidade de conciliar os objectivos individuais e convertê-los em projetos
universais, com resultados iguais para todos.
A harmonização da comunicação é, também ela, uma
dificuldade praticamente insuperável, mas possível de, minimamente, se
compatibilizar com os superiores desígnios universais, ao nível dos grandes
grupos nacionais, no contexto das respetivas nações.
A condução deste processo é da responsabilidade de
todos os agentes envolvidos: o indivíduo, as instituições e seus sistemas; os
responsáveis políticos, religiosos, financeiros, cientistas, técnicos e a
comunidade internacional, congregada na sua organização máxima que é a ONU –
Organização das Nações Unidas, através dos diferentes Departamentos
especializados para as diversas situações.
Bibliografia:
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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