domingo, 18 de agosto de 2013

Civismo Eleitoral


A política, enquanto atividade voluntária, ao serviço do bem-comum, não pode sobrepor-se, negativamente, aos mais nobres princípios, valores, sentimentos, emoções, usos, costumes e tradições da sociedade e das pessoas.
A política é tanto mais credível, quanto mais respeitáveis forem os seus agentes diretos, porque a pessoa de caráter não utiliza recursos que colidem com a dignidade dos seus semelhantes, pelo contrário, sabe conviver, observando, com tolerância e compreensão e, se necessário, com solidariedade, as posições e conceitos dos seus opositores ideológicos.
É muito provável que determinados candidatos a um cargo público, no mundo do poder político, recorram a esquemas traiçoeiros para angariação de votos, pela humilhação dos seus adversários.
Uma campanha eleitoral deve pautar-se pelo respeito, atenção, tolerância e, por que não, solidariedade entre os diferentes candidatos, porque é no exercício daqueles valores, a que lhes correspondem atitudes e comportamentos ético-morais e cívico-políticos. Uma campanha eleitoral destina-se a esclarecer, divulgar ideias e projetos, a desenvolver durante o exercício do cargo para que está a concorrer e na eventualidade de ser eleito.
Antes e durante a campanha eleitoral existirá entre as pessoas em geral, e os candidatos em particular, um determinado relacionamento interpessoal, possivelmente, de consideração, de estima e até de amizade, portanto, não faz qualquer sentido e, pelo contrário, poderá revelar que, ao serem desrespeitados aqueles valores e inerentes atitudes, afinal tudo não passava de hipocrisia, de falsidade, de cinismo, porque: princípios, valores, sentimentos, emoções e amigos, são inegociáveis ou, quando verdadeiros, devem ser rigorosamente preservados, evitando tudo o que possa feri-los e violá-los.
A amizade, quando verdadeira e vivida afetivamente, não é compatível com outros interesses que a prejudiquem, por mais legítimos e legais que possam parecer. A amizade entre duas pessoas não pode, em circunstância alguma, ser traída e não há política que justifique uma tal deslealdade (nem entre as pessoas que se querem bem), até porque quase tudo na vida é efémero e muito pouco importante, se compararmos com determinados valores, como, por exemplo: amizade/amor, saúde, família, trabalho, felicidade e a Graça Divina, entre outros.
Quem busca o poder: por processos transparentes; com respeito pelas pessoas em geral, e pelos adversários em particular; com elevação cívica; com ideias e projetos exequíveis; defendendo com convicção os valores essenciais da dignidade humana, acredita-se que tais candidatos são merecedores da credibilidade, da confiança, da consideração e respeito.
Estes candidatos são os que mais e melhores perspectivas e esperanças criam para uma boa governação e é neles que devemos depositar o nosso voto, porque quem hoje me faz bem a mim, amanhã poderá fazer-te a ti. O contrário também poderá ser verdadeiro.
O tempo da violência verbal, física, psicológica, por quaisquer processos e instrumentos, está ultrapassado, ou deveria ser “enterrado”, porque quem procede com violência e desrespeito pelos mais legítimos e legais direitos dos outros, não poderá ser considerado capaz, competente, credível e suficientemente educado para gerir o que quer que seja, e muito menos para desenvolver e consolidar um relacionamento interpessoal verdadeiramente compatível com o cargo e com a dignidade dos governados.
De resto, até se pode partir da vida não política de cada pessoa, e tentar confirmar como ela se comporta: na família, com os amigos, colegas de trabalho, no associativismo, na sociedade em geral, porque lá diz o ditado: “Quem não é na vida privada, também não o vai ser na vida pública”, isto é: conforme uma pessoa se comporta, em regra, numa determinada situação, poderá ter idênticas atitudes noutros contextos, por isso é preciso distinguir muito bem: o “trigo do joio”; a lealdade da traição; o trabalho do ócio; a boa educação/formação das arrogâncias e fanfarronices populistas.
Igualmente é muito importante que ao formar-se uma equipa, com o seu líder à cabeça, se analise muito bem os perfis individuais, as capacidades de cada elemento, o seu histórico ético-moral, sócio-profissional, cívico-axiológico, teórico-prático, porque tais cuidados na seleção resultam, mais tarde, na credibilização da atividade política, e dos respetivos integrantes dessa equipa, para além de uma garantia prévia de que, independentemente dos resultados, dessa equipa ficar no poder ou na oposição, seguramente, dela se pode esperar um trabalho profícuo, competente e sério.
As campanhas eleitorais servem não só para os candidatos apresentarem as suas ideias, projetos, recursos e objetivos a atingir, para o bem-comum, como também para o eleitorado ter tempo de analisar as propostas e os respetivos candidatos, não sendo necessário que estes optem por “esquemas censuráveis” impróprios para uma sociedade que se deseja pacífica e pacificada e, muito menos, que utilizem o ataque pessoal com atitudes atentatórias da dignidade, honra e bom nome dos adversários.
Independentemente da generosidade do povo, da sua tolerância e eventuais simpatias particulares, ou político-partidárias, os candidatos devem-se, reciprocamente, respeito, lealdade, solidariedade perante injustiças e calúnias vindas de outras pessoas e equipas.
Os candidatos têm a obrigação de ser o exemplo de como se deve exercer o poder, isto é: com educação, respeito firmeza, sentido social bem claro, tolerância e espírito de missão porque, a política é nobre quando é superior às atitudes e comportamentos mesquinhos e oportunistas. Em Política, tal como na vida, “Não Vale Tudo”.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
 
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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