domingo, 13 de setembro de 2015

Perseguir a Fortuna.


De uma maneira geral, a maioria das pessoas deseja a fortuna, seja no seu sentido material, seja numa perspectiva transcendental, seja, ainda, quanto a alcançar a felicidade, esta entendida como um estado de espírito de tranquilidade e bem-estar, com a própria consciência e com a sociedade. Em todo o caso, o que parece mais comum quando se aborda o tema “Fortuna”, é relacioná-lo com bens materiais e, dentro destes, o dinheiro.
Acredita-se que ninguém terá dúvidas que para se fazer fortuna, existirá, entre diversas regras, uma que é por demais evidente e perentória: não gastar mais do que se ganha. De facto: «O caminho da riqueza é, nas palavras francas de Benjamin Franklin, “simples como o caminho para o moinho”. Trata-se de gastar menos do que se ganha, o que não deve ser difícil. (…). A verdadeira economia consiste em fazer com que a renda sempre exceda os gastos.» (P. T. Barnum, in MANDINO, 1982:288).
É verdade que há muitas pessoas que, sem se preocuparem como futuro e partindo do princípio que têm um rendimento fixo, alegadamente para toda a vida, não controlam, como deviam as suas contas, e se num mês gastam mais, não consideram tal comportamento um desvio às normas da boa gestão porque, precisamente, pensam que, mais à frente, recuperam e anulam possíveis saldos negativos do mês e/ou meses e anos anteriores.
Salvo situações casuísticas, a fortuna, qualquer que ela seja: dinheiro, imóveis, obras de arte, joias, veículos, entre outras possibilidades, não se conquista com uma vida de ócio e extravagância. A fortuna, quando perseguida com: legitimidade, legalidade, humildade e labor; profissionalismo e isenção, realmente dá muito trabalho, certamente, não estará acessível ao comum dos mortais.
Alcançar a fortuna é, portanto, um caminho difícil, quantas vezes “armadilhado” pelas ilusões do facilitismo, até porque: «A prosperidade é uma provação mais grave que a adversidade, sobretudo se a primeira acontece subitamente. “Dinheiro que entra fácil, sai fácil”, diz o adágio popular. O orgulho e a vaidade, quando se lhes permite dominar as pessoas, são como um câncer maligno, que corrói as partes vitais das posses ou riquezas de um homem, sejam elas pequenas ou grandes, centenas ou milhares. Muita gente, nem bem começou a prosperar, já se enche de ideias e começa a esbanjar com luxos, até que, em pouco tempo, as despesas engolem a renda. Assim, tais pessoas se arruínam por causa de suas tentativas absurdas de manter as aparências, de causar “sensação”.» (Ibid.:290).
Hoje, segunda década do século XXI, vive-se numa sociedade materialista, para o bem e para o mal, naturalmente que todas as pessoas procuram o máximo conforto, a maior e melhor quantidade de bens palpáveis, por vezes, sem olharem a meios para os alcançar. O importante é TER e, menos significativo é SER. Acontece, porém, que existem, ao longo da vida, diversas situações que: tanto catapultam a pessoa para um qualquer “estrelato”; como a empurram para o mais profundo dos abismos. Por isso, é preciso saber ganhar e perder, respetivamente.
A fortuna, no sentido em que vulgarmente é aflorada, está presente na maioria dos projetos pessoais, sabendo-se que há quem consiga atingi-la e quem nunca passe da mediania, ou nem sequer sai da situação de pobreza e que, em determinadas circunstâncias, esta situação de miséria também se fica a dever a uma má gestão dos recursos financeiros. «Há pouca coisa pior para afundar uma pessoa do que ficar endividada. É uma situação escravizante e, no entanto, encontra-se por aí jovens, pouco mais do que adolescentes, se endividando. (…). A dívida tira do homem o seu amor-próprio, tornando-o objeto de seu próprio desprezo.» (Ibid.:291).
O que se verifica, portanto, é que o caminho para a fortuna não é compatível com atitudes perdulárias, porque não será suficiente trabalhar sem descanso, ter boa profissão, elevado estatuto e excelente salário e chorudos rendimentos, quando, de seguida, se desperdiça, em aquisições supérfluas, seja do que for.
Em condições normais: legitimidade, legalidade e transparência, as fortunas não se constroem de um dia para o outro, e cabe aqui uma referência monetária: «O dinheiro é, em muitos aspetos como o fogo – pode ser um excelente criado ou um amo implacável. Quando você deixa que ele o domine, quando os juros se avolumam contra você, ele o manterá na pior espécie de escravidão. Ao contrário, se deixar o dinheiro trabalhar para você, passa a contar com o amigo mais fiel do mundo.» (Ibid.:292).
Tudo indica que haverá um trilho com três “carris”, para se chegar à fortuna: um, que denominaremos por trabalho, seja qual for o ramo de atividade; outro, que designaremos por poupança, isto é, nunca gastar mais do que se ganha e, finalmente, um terceiro, que identificaremos por investimento prudente, de resto: «Muitos homens fazem sua fortuna conduzindo seus negócios de forma cuidadosa e completa, enquanto outros permanecem pobres para sempre por fazerem as coisas por metade. Ambição, energia, diligência e perseverança são requisitos indispensáveis para se obter sucesso nos negócios. A fortuna sempre favorece os bravos e nunca auxilia os homens que não ajudam a si mesmos.» (Ibid.)
É óbvio que toda a pessoa, racionalmente equilibrada, deseja fazer fortuna, mesmo que tal riqueza seja ao nível imaterial, na execução de projetos, no domínio das artes, sem fins lucrativos, tão só como forma de alimento espiritual. A realização pessoal é essencial para uma vida com qualidade e reconhecimento público, por isso: «Não confie só na Providência Divina, mas também mantenha a pólvora seca para os canhões» (Cromwell, in MANDINO, 1982:293) e, ainda: «Faça sua parte do trabalho ou não terá chance do sucesso.» (P. T. Barnum, in MANDINO, 1982:293).
Correr, entusiasticamente, atrás da fortuna, sem “atropelar”, nem prejudicar outras pessoas, é um direito que ninguém pode negar, também um dever que se deve procurar cumprir. Evidentemente que nem todos os meios justificam os fins, por isso: «Se um homem tem bastante dinheiro, deve investi-lo em tudo que acenar com o sucesso e que pode beneficiar a humanidade; mas que sejam moderados os valores investidos e que um homem nunca arrisque a fortuna que ganhou de forma legítima, investindo-a em negócios nos quais não tenha qualquer experiência.» (Ibid.:295).
Eventualmente, poder-se-á admitir que o caminho da fortuna é possível de percorrer, com algum êxito, desde que se acautelem certos aspetos, nomeadamente: nunca ficar desfalcado do que se conseguiu juntar, ao longo de uma vida, no exercício de uma atividade; colocar sempre o maior empenho em tudo o que se envolver; trabalhar tanto quanto for necessário, sem se preocupar se são mais ou menos horas que está a empregar nas suas tarefas; utilizar a maior transparência, cordialidade e moderação nas suas intervenções e relacionamentos.
Hoje, segunda década do século XXI, é quase impossível viver-se sem o dinheiro, no entanto: «O amor excessivo pelo dinheiro pode ser, sem dúvida, “a raiz de todo o mal”, mas o dinheiro em si, quando usado de forma apropriada, não só é “algo útil para se ter em casa”, mas pode ser louvado por constituir uma bênção para nossa espécie, ao permitir que seus possuidores contribuam para alargar o horizonte de influência e da felicidade humana. O desejo de riqueza é quase universal e ninguém pode dizer que não seja louvável, contanto que seu possuidor aceite suas responsabilidades e use-o como um amigo da humanidade.» (Ibid.:296-97).
A posse de fortuna material é, por conseguinte, uma necessidade da humanidade, até porque permite que, quem a possui possa, de algum modo, ajudar todas as pessoas que, por qualquer razão, ainda não conseguiram enriquecer. Permite, também, a quem possui riqueza, fazer os seus investimentos, inclusive: criando postos de trabalho, através da constituição de empresas e instituições diversas; possibilita, ainda, apoiar atividades que se podem traduzir na melhoria das condições de vida da humanidade, como sejam a investigação científica e tecnológica, em vários domínios do conhecimento e da técnica.
A “Fortuna” será sempre um recurso imprescindível para se conseguir atingir determinados sucessos, reconhecendo-se, naturalmente, a sua importância: quer ao nível do bem; quer para o mal, mas sem ela, de facto, a sociedade não progrediria para estádios civilizacionais, cada vez mais elevados, aliás, basta estudar a evolução da humanidade, a todos os níveis.

Bibliografia.

MANDINO, Og., (1982). A Universidade do Sucesso. 2ª Edição. Trad. Eugênia Loureiro. Rio de Janeiro, RJ: Editora Record.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689

Imprensa Escrita Local:
 
Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “A Nossa Gente”
Jornal: “Terra e Mar”
 
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)

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