Os modelos técnico-científicos e instrumentais
inventados, produzidos e utilizados para a construção de um mundo mais justo
para todos os seres nele existentes, parecem esgotados, pese embora todo o
potencial humano, direcionado na busca de melhores condições de vida material,
para todos os indivíduos da natureza planetária conhecida, na circunstância, o
planeta Terra.
O homem tem consciência que vive um pouco num
equilíbrio de “terror”, porque: conhece, relativamente bem, as suas próprias
intenções; que resultados pretende alcançar com certas atitudes, instrumentos e
materiais utilizados; nos planos que vai elaborando e desenvolvendo na prática
da vida concreta, física e objetivada para determinados alvos.
Um tal equilíbrio de “terror” tem, sistematicamente,
ignorado outras alternativas, por sinal, bem, muito bem mais compatíveis com a
superior inteligência humana, e com a dignidade inigualável e inquestionável
que resulta da condição de ser pessoa humana.
Colocar ao serviço da guerra, da destruição, do sofrimento,
da dor e da morte, todo este potencial humano e os recursos naturais que Alguém
criou para o benefício de todos, constitui um comportamento “bestialmente selvagem”, contra a
Natureza e contra Deus, qualquer que seja a Divindade que O represente, em cada
homem, em cada cultura, em cada povo.
Sempre que um homem, um grupo, uma comunidade
invoca o princípio, segundo o qual, “todos
nascem livres e iguais”, significará pretender agir em conformidade ou,
pelo contrário, tal manifestação apenas procura encobrir a hipocrisia de quem
tenciona agir, precisamente, ao inverso e desrespeitando o seu semelhante?
Salvaguardando-se as felizes exceções, assiste-se,
atualmente, à mais desenfreada e despudorada destruição dos princípios e
valores instituídos, desde sempre pelo Deus Universal, consubstanciados em meia
dúzia de virtudes, cada vez mais ignoradas pelo homem.
Uma parte significativa das pessoas vive, para além
da materialidade do mundo concreto, preocupada e em busca das soluções que, da
transcendência do divino, poderá ter para algumas situações, ainda não
resolvidas pela Ciência e pela Técnica.
A virtude da adoração a um Deus n’O qual se
acredita, constitui uma possibilidade de momentos felizes, calmos e profundos,
suscetíveis de repetições, tantas quantas se queiram, contribuindo para um
comportamento mais solidário, porquanto: «Adorar
ao Deus verdadeiro ajuda a evitar um modo de vida puramente egocêntrico. (…) A
verdadeira adoração é boa para você porque o ajuda a se tornar uma pessoa
melhor. À medida que se pratica a adoração verdadeira você desenvolve uma
personalidade que resulta em relacionamentos mais felizes. Você aprende de Deus
e de seu Filho sobre como agir com honestidade, falar de modo bondoso e ser uma
pessoa responsável.» (in: SENTINELA, 2006: Vol.127, nº 17)
O Homem deste novo século, independentemente das
suas convicções político-filosóficas e religiosas, não tem que se submeter a
quaisquer complexos e/ou preconceitos para manifestar, livremente, o seu
pensamento acerca de um tema, por muito melindroso que ele possa ser.
Cada religião tem os seus valores, rituais,
liturgia, processos de intervenção na sociedade, e condução dos seus crentes,
alegadamente, para uma situação de plena felicidade espiritual. Aliás, só com
estratégias que visem a dinamização, o intercâmbio e o diálogo inter-religiões,
se poderá construir um mundo mais consensual, mais tolerante, porque mais
eclético, com tudo o que de bom e dignificante cada religião comporta.
Certamente que não haverá religiões em que os seus crentes sejam bandos de
marginais e/ou de malfeitores, excluindo aqui, ainda que pontualmente, os
fundamentalismos e toda a espécie de radicalismos que, ao longo da história, se
têm verificado com intervenções condenáveis, à luz dos valores da vida, da dignidade
e do humanismo.
A importância e influência de cada religião,
também, mas não só, resultam da adesão e da fé que os respetivos crentes nela
depositam, sendo certo que é muito mais difícil acreditar nos valores
religiosos e práticas ritualistas de uma religião, que promover e defender o
mal, a guerra, a desgraça e a morte.
O homem “sapiens”
e “tecnologicus”, deste novo milénio,
tem condições para compreender, harmonizar e elaborar novas regras de
boa-convivência interpares, adotar atitudes tolerantes, solidárias, com a
elevação espiritual que o caracteriza.
A dimensão religiosa poderá ser mais um traço
distintivo que eleva o homem a uma condição superior, relativamente aos
restantes animais, estimulando-se, por isso mesmo, o seu empenhamento nas práticas
e intercâmbios religiosos.
A consciência religiosa de cada indivíduo humano,
certamente que contribui para se atingir uma certa paz espiritual, se se
preferir, a verdadeira felicidade, naquilo que ela tem de mais sublime: a
amizade pura, baseada num verdadeiro Amor, qualquer que este seja, a lealdade,
o carinho, a cumplicidade, a sinceridade, a tolerância, a gratidão, a
humildade, a coesão entre as pessoas, a tranquilidade, a harmonia e uma
profunda autoconfiança nos valores divinos.
Bibliografia
SENTINELA,
2006: Vol.127, nº 17
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Jornal: “Terra e
Mar”
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