É claro que a “Revolução
dos Cravos” não foi apenas de “flores”,
também houve alguns “espinhos”, principalmente para os cerca de meio milhão de
Portugueses que tiveram de abandonar, à pressa, as então colónias: a maior
parte dos quais, perdendo tudo o que tinham conseguido, ao longo de uma vida de
trabalho, de sacrifícios, de riscos; outros, inclusivamente, incentivados pelo
governo ditatorial, venderam os seus bens em Portugal continental, para
investirem nos territórios ultramarinos.
A descolonização que se seguiu à “Revolução dos Cravos”, com a justa
independência dos territórios ocupados, não protegeu com firmeza a integridade
física, nem acautelou com determinação, os bens materiais imóveis e financeiros
dos empresários e colonos Portugueses, pese, embora, o esforço realizado com as
“pontes aéreas” para transportar, em
segurança, para a então denominada “metrópole”, os milhares de Portugueses que,
em certos círculos, foram apelidados, pejorativamente, de “Retornados”, adjetivação que nunca foi utilizada, por exemplo, em
relação aos restantes Portugueses emigrados, quando regressavam definitivamente
a Portugal.
Centenas de jovens, muitos colonos e autóctones,
que desejavam continuar a ser Portugueses, morreram vítimas de uma guerra sem
sentido, cujos corpos foram enterrados em “cemitérios” improvisados, no meio do
mato, abandonados às ervas daninhas e animais selvagens, sem o mínimo de
respeito pela dignidade da pessoa humana, independentemente da sua etnia,
convicção política, religiosa e cultural.
A “Revolução dos Cravos”, ainda não
terminou todos os projetos então prometidos, mas possibilitou retirar o país do
isolamento internacional, em que já se encontrava. Abriu as portas para a
integração na União Europeia, com todos os deveres e direitos que tal implica,
reconhecendo-se, hoje, primeiro quarto do século XXI, que valeu a pena correr
os riscos que uma revolução provoca, para aqueles que nela se envolvem.
Venade/Caminha –
Portugal, 2021
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
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