Envolvidos, como todos devemos estar, numa sociedade que tem por obrigação combater os pessimismos, para elevar a autoestima das pessoas mais desalentadas, promover o bem-estar das diversas e cada vez mais heterogéneas comunidades, é necessário prepararmo-nos para ajudarmos quem ainda está a percorrer os caminhos mais difíceis da vida, no sentido de, paulatina, mas seguramente, eliminarmos toda a discriminação negativa, e nos erguermos à dignidade humana, naturalmente, tendo sempre presente a objetividade das diversas realidades que nos circundam.
Ainda há muita gente que, por um ou quaisquer outros
sentimentos negativos, estes do ponto de vista de quem deseja uma sociedade
livre, igualitária, democrática, fraterna e desenvolvida, continua a defender,
e a praticar, posições incompatíveis com: a solidariedade, a amizade, a
lealdade, a gratidão, a humildade e a generosidade, provocando um grande
mal-estar entre seres que têm o superior dever de se respeitarem.
Cada vez se torna mais premente uma mentalidade que
patrocine, e facilite, o bem-comum, se se quiser, uma atitude que nos despoje
de egoísmos, que nos liberte da ganância, ilegítima, injusta e, eventualmente,
ilegal, porque ganância também é sinónimo de: se desejar tudo o que nos
apetece, sem olhar a meios; vontade veemente e duradoura de possuir, e/ou
adquirir mais do que os demais; cobiça ou desejo muito forte, descontrolado,
por bens e riqueza, o que não é a mesma coisa de se desejar conforto, saúde,
trabalho, educação e outros bens materiais e imateriais, incluindo-se,
obviamente, o dinheiro, porque não é proibido, nem crime, ter-se dinheiro.
O que se poderá afigurar censurável, é nada se fazer
para se ganhar dinheiro, e pretender-se que sejam os seus semelhantes a
sustentar tais pessoas, inclusive, vícios que, para além de fazerem mal à
saúde, são dispendiosos. Como pessoas participativas na sociedade, todos temos
o dever e o direito de produzir para nós e para o bem-estar da comunidade,
naturalmente, pelo trabalho.
Identicamente, será criticável que quem trabalha
esbanje tudo quanto ganha e, quando precisa para uma situação inesperada, tenha
de recorrer a quem trabalhou, ganhou e economizou, às vezes durante uma vida
inteira, ou então, elaborar “sofisticados” esquemas para subtrair subsídios e
abonos sociais.
Nesse
sentido, e com estes princípios: «A
cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos
insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão:
estas são bonitas, mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório.
Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva
à globalização da indiferença. Neste mundo de globalização caímos na
globalização da indiferença. Habituámo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz
respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!» (PAPA FRANCISO,
2016:90).
Bem
se sabe que por entre tanta ganância, no meio de tanto egoísmo, ainda há
pessoas e instituições altruístas, que doam grandes fortunas para projetos
científicos, tecnológicos e humanitários, todavia, trata-se de uma pequena “bola de sabão verdadeira”, no meio dos “bilhões de balões ilusórios”, que
necessitam de apoio a todos os níveis ou, dito de outra forma, trata-se de “uma gota de água num oceano de carências”.
É claro que quem já conseguiu atingir a riqueza
material: bens, dinheiro, poder, influência, por processos legítimos, justos e
legais; por mérito próprio, através do trabalho, do estudo, da poupança, do
investimento e do risco, está no seu lícito direito de dar a orientação que
mais desejar à sua fortuna, mas também pode aceitar repartir o seu património,
ou parte dele, por organizações, por exemplo, Não-Governamentais, que visem
promover o bem-comum, a salvaguarda de vidas humanas, e quaisquer outros
projetos de natureza filantrópica.
Formar toda uma sociedade para os valores
humanistas, é tarefa para várias gerações, não se consegue em poucas décadas, é
verdade, mas também se reconhece que cada vez a premência de uma
educação/formação, direcionada para o outro é, eventualmente, uma necessidade
de primeira linha, quanto mais não fosse, e já não seria pouco, porque é
impossível a alguém viver isoladamente, no limite, sempre iremos depender uns
dos outros.
O espaço ecuménico que habitamos é cada vez menor,
porque os avanços das ciências e das tecnologias permitem aproximarmo-nos, física,
eletrónica e virtualmente, com mais celeridade, e sabe-se, portanto, que: «Hoje vivemos num mundo que está a tornar-se
cada vez menor, parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-se
próximos uns dos outros. Os progressos dos transportes e das tecnologias de
comunicação deixam-nos mais próximos, interligando-nos sempre mais, e a
globalização faz-nos mais interdependentes.» (Ibid.:91).
Estes avanços, que a inteligência e habilidades
humanas têm vindo a desenvolver, sem dúvida alguma que são muito importantes,
contribuem, em parte, para uma melhor qualidade de vida, mas ainda são
insuficientes para aniquilar muitas situações de verdadeira indigência, que
afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
A vertente social-humanista, tem de ser muito mais
trabalhada e aplicada no terreno, como também a educação/formação para a
filantropia, para as virtudes: da caridade, da compaixão e da benevolência, a
que acresce a obrigação de nos preocuparmos com quem, materialmente, pouco ou
nada tem, de resto: «A nível global,
vemos a distância escandalosa que existe entre o luxo dos mais ricos e a
miséria dos mais pobres. Frequentemente, basta passar pelas estradas de uma cidade
para ver o contraste entre os que vivem nos passeios e as luzes brilhantes das
lojas. (…) O mundo sofre de múltiplas formas de exclusão, marginalização e
pobreza, como também de conflitos para os quais convergem causas económicas,
políticas, ideológicas e até mesmo, infelizmente, religiosas.» (Ibid.).
Este ostracismo, a que milhares de milhões de seres
humanos estão votados, constitui um terrível libelo: em primeiro lugar, contra
todos nós em geral; depois, seguramente, dirigido a todas as pessoas e organizações,
aqui, com o Estado à cabeça que, podendo, e devendo tomar medidas adequadas,
nem sempre assim procede.
Neste primeiro quarto do século XXI, não se
justifica que o mundo tenha de estar sujeito a mais um movimento para além
daqueles que astronómica e fisicamente já tem. O novo movimento que poderíamos
designar por “merco- económico”, em que os mercados e a economia submetem tudo
e todos, só se justificará quando contribuir substancial, e urgentemente, para
minimizar e depois reduzir desigualdades e exclusões sociais.
Muito embora se possa afirmar como um lugar-comum, a
verdade é que há mais mundo e mais vida para além dos mercados, da economia e
do dinheiro, de resto e em bom rigor: «Há
depois o compromisso por uma maior justiça social, por um sistema económico que
se ponha ao serviço do homem e em benefício do bem-comum. Entre as nossas
tarefas, como testemunhas do amor de Cristo, conta-se a de fazer ouvir o brado
dos pobres, para que não sejam abandonados às leis de uma economia que, por
vezes, parece considerar o homem só como consumidor.» (Ibid.:92).
Existe muito pouca atenção para com os mais
necessitados, e o grande valor que, frequentemente, se esquece, chama-se Solidariedade,
que pode, e é essencial que seja, aplicado em vários contextos da vida em
sociedade, até porque se deveria considerar como valor-chave, o comportamento verdadeiramente
característico da pessoa genuinamente humana, porque: «Solidariedade significa muito mais do que alguns atos esporádicos de
generosidade; supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em termos de
comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por
parte de alguns.» (Ibid.:95).
O princípio ativo, a termos em consideração, é muito simples: Quem tem, quem possui, que utilize, um “bocadinho”, apenas um “pouquinho”, para doar a quem não tem, e o mundo ficará bem melhor, mais justo, mais fraterno, mais solidário.
PAPA FRANCISCO (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.
Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
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https://youtu.be/DdOEpfypWQA https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc
Venade/Caminha –
Portugal, 2022
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
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