quarta-feira, 19 de novembro de 2025

AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS.

Haverá quem afirme que o ambiente, no seu sentido natural e perspectiva ecológica, está “enfermo”, porque as doenças que o têm vindo a atacar ainda não foram conveniente e definitivamente tratadas. Aumentam em número e qualidade os movimentos, associações e pessoas, individualmente consideradas, em defesa do meio-ambiente natural.

Entretanto, finalmente, cresce o interesse pela educação ambiental e, em muitos cursos de formação profissional, e nos programas oficiais gerais, já se aborda esta temática, incorporada em disciplinas como a “Integração”, ou então como disciplina autónoma sob a designação de Ecologia, Meio-Ambiente e/ou outras designações.

A prática de hábitos ecológicos, todavia, ainda não se faz sentir com a visibilidade e resultados adequados. Um longo trajeto está por percorrer, cuja caminhada todos devem encetar, e prosseguir, embora as possibilidades de sucesso estejam mais garantidas nas crianças e na juventude, porque, relativamente aos adultos, de facto, não por culpa deles, mas porque o sistema educativo, ao seu tempo, não estava muito sensibilizado, e adequado a esta dimensão da vida em sociedade, pelo que será mais difícil alterar, radicalmente, hábitos interiorizados, há mais de quarenta, cinquenta, sessenta, anos, possivelmente, desde sempre.

A sociedade, no seu todo, a comunidade, a pessoa, isoladamente considerada, devem agir rápida e eficazmente, de forma a evitar a degradação total do meio ambiente e a consequente contaminação dos principais recursos, essenciais à vida, como são os alimentos, o ar e a água, cujo consumo permanente se verifica pela humanidade, e pelos restantes animais e vegetais que habitam a Terra. A situação, não sendo dramática é, segundo os cientistas, preocupante.

 A degradação da qualidade de vida neste planeta já deveria ter cessado, e os responsáveis políticos, empresariais e comunidade em geral, unirem-se para pensar, decidir e agir radicalmente, enquanto é tempo: «Precisamos reflectir sobre a responsabilidade de cada um pela deterioração do ambiente global: rever nossas crenças e acções que nos precipitaram para esta grave crise. Por mais que ecologistas nos alertem para os desastres decorrentes dos nossos hábitos de vida e de consumo que ameaçam a atmosfera, como por exemplo o efeito de estufa, relutamos em fazer qualquer esforço sério para confrontar o problema. (…), à medida que faltamos com  respeito à natureza, tornamo-nos desconetados com o mundo natural. (…). Nós nos acostumamos com um mundo sem futuro. (…). O fundamental para a ecologia interior é resgatar o equilíbrio entre o respeito pelo passado e a fé no futuro, entre a confiança no indivíduo e o compromisso com a sociedade, entre o uso dos recursos deste mundo e o nosso desejo de preservá-lo» (CARVALHO, (2007:67).

Melhorar a qualidade do ambiente assume-se, atualmente, ao nível de qualquer dirigente responsável, como um objetivo a atingir, a aperfeiçoar e ultrapassar, sempre no sentido da excelência. Claro que todo o cidadão, enquanto tal, tem o dever de respeitar e proteger o meio-ambiente ecológico, é mesmo uma faculdade, uma competência, que devem ser desenvolvidas no sentido dos direitos e deveres de cidadania: o direito ao bom ambiente natural; dever de contribuir para esse mesmo ambiente natural; esforço pela melhor qualidade.

 Evidentemente que o cidadão, por si só e isoladamente, não disporá dos meios necessários para implementar projetos de preservação do bom ambiente natural, desde logo: faltará o conhecimento técnico e científico, adquiridos por via da educação ambiental; os projetos, os recursos para os implementar e monitorizar; todavia, tem a obrigação de exercitar as suas competências de vida, no sentido de: «Ser uma pessoa inteirada com a natureza ou, pelo menos, com a consciência ecológica.» (RESENDE 2000:90).

O bom desempenho ecológico, de cada cidadão, naturalmente, pressupõe todo um sistema educativo-formativo e consequentes apoios institucionais, para que sejam adquiridos hábitos ambientais saudáveis. Neste processo didático-pedagógico, organismos oficiais do aparelho do Estado, empresas, associações e movimentos ambientalistas, devem dar as mãos, desenvolver um grande projeto para a formação da consciência ecológica nacional, seguido da consolidação de boas-práticas ambientalistas.

Um tal projeto pode, desde já, ser desencadeado pelas Autarquias Locais, no quadro das competências das Câmaras Municipais que, estabelecendo parcerias com as respetivas Juntas de Freguesia, diversas entidades, públicas, privadas e Associações Ecologistas, terão todas as condições para, a médio prazo, e na área do município, obterem bons resultados.

Haverá, portanto, todo um primeiro trabalho no terreno que, praticamente, só as Câmaras Municipais e os Departamentos da Administração Central, da área do Ambiente e Recursos Naturais, têm capacidade, meios humanos, técnicos e financeiros para realizar.

Trata-se: da limpeza geral de matas, florestas, junqueiras, arruamentos das aldeias e vilas, eliminação das lixeiras a descoberto; dotar as freguesias com mais ecopontos, melhoria da recolha dos resíduos sólidos e outros lixos, com maior frequência semanal; reforço da desinfeção dos respetivos recipientes e desinfestação pública periódica; aumento do investimento na limpeza das vias de circulação, linhas de água e espaços públicos. Algumas destas intervenções podem (e devem) ser delegadas nas Juntas de Freguesia, cujos membros sabem orientar, muito bem, este e outros tipos de trabalhos, com menos custos e excelente eficiência.

A boa qualidade do ambiente natural é um bem inestimável, parte integrante da vida saudável de todos os seres existentes na Terra, que ninguém tem o direito de prejudicar, mas que todos têm o dever de preservar e melhorar. Neste domínio, os elevados e atualizados conhecimentos, sensibilização, disponibilidade e intervenção das associações ambientalistas devem, portanto, ser entendidos como uma preciosa colaboração, bem aceite e apoiada pelas instituições públicas.

A constituição, por exemplo, de um Centro de Reflexão Ecológica, constituído pelas Autarquias, Associações Ambientalistas, Empresas, Autoridades e Forças de Segurança, Proteção Civil, Bombeiros, Delegação de Saúde, Delegação Escolar e Tribunal Judicial, entre outras entidades, especializadas nos diversos domínios, e a posterior criação de um Código de Conduta Ético-Ecológica, sua implementação e acompanhamento, por parte da Câmara Municipal, (Prefeitura, no Brasil) revelar-se-á uma favorável estratégia de sensibilização, educação e boas-práticas ambientais.

Para além das vantagens de um ambiente saudável, acrescem outros benefícios, de menor impacto, mas com grande importância no desenvolvimento económico do Concelho, na medida em que, oferecendo qualidade de vida, a sua procura, por parte de turistas nacionais e estrangeiros, certamente, aumenta, proporcionando maior uniformidade ao longo do ano, para a indústria, comércio, agricultura, pesca e lazer, bem como outros setores de atividades, gerando e mantendo postos de trabalho e fixação das populações.

À boa qualidade do ambiente importa, também, na medida do possível, uma melhor rentabilização dos recursos naturais e destes extrair o maior proveito para a sociedade. Numa análise, eventualmente, um pouco bíblica, dir-se-ia que os “bens que a Terra produz deveriam ser equitativamente repartidos por toda a população”.

Alguns desses recursos, de facto, são usufruídos por todos, embora em maior ou menor grau, conforme a localização geográfica, como o ar que se respira, a água, o frio, o calor, a sucessão dos dias e das noites, as fases da lua e os ciclos das marés e outros bens naturais, embora alguns deles tenham de ser pagos às entidades que suportam os custos com as infraestruturas, como no caso, por exemplo, do tratamento e distribuição da água.

Recursos naturais como a energia eólica, que envolve grandes investimentos, certamente que devem ser pagos pelos consumidores, contudo, se possível, a valores suportáveis. Outros recursos provenientes da floresta, caça, pesca, obviamente, que estarão disponibilizados, em função do trabalho de cada pessoa interessada. Mas qualquer que seja a forma de exploração e uso dos recursos, sempre deverá existir uma forte sensibilização para não os desperdiçar, inclusivamente aqueles que são pagos pelo consumidor.

Portugal é um país pobre, quanto a recursos naturais, fundamentalmente aqueles de primeira necessidade. Também sucede na maioria dos municípios, de natureza rural e semiurbana, os quais estão em situação idêntica, logo, é preciso estabelecer regras, muito rigorosas, para que a escassez não se agrave.

Entre os recursos naturais, a água é, porventura, um dos mais importantes para a vida na Terra. A captação e tratamento deste precioso líquido, sua condução e distribuição, para e até aos domicílios, e outras instalações, tem custos elevados e tanto mais onerosos quanto melhor for a qualidade e quanto maior for o desperdício.

 Bens essenciais, que são fundamentais não só para o homem como para todos os seres vivos na Terra, devem merecer um especial cuidado por parte de todos os cidadãos, mesmo com as máximas capacidades e poder de improviso que o ser humano tem, para resolver a maior parte das situações que lhe são desfavoráveis.

É evidente que: «O homem na sua pessoa humana tem necessidades, mas tem perspicácia, tem engenho e inteligência que procura satisfazê-las. Os bens da Terra nesta colocados pelo Criador, são como a resposta às necessidades do homem e constituem um contínuo desafio ao engenho humano no sentido de serem por ele descobertas e utilizadas de acordo com o fim de servir e em sua especialidade própria. Enfim a resposta prática do homem à proposta feita a ele pela riqueza dos bens da Terra: a actuação transformadora do trabalho.» (SARTORI, 1990:32).

A realização de um trabalho consistente, regular, competente e atualizado, em parceria com instituições e cidadãos individuais, todos interessados na obtenção e conservação de um bom ambiente natural, a partir de uma entidade coordenadora, que, na circunstância, poderia ser a Câmara Municipal, para toda a área do respetivo município, parece ser o caminho a seguir, com sustentação técnica e científica, acompanhamento permanente da evolução das condições ambientais, para a qualidade de vida que, seguramente, será o bem mais precioso para a humanidade.

A conceção de um projeto, exclusivamente vocacionado para a melhoria do ambiente natural, para uma ecologia avançada e permanentemente respeitada que, afinal, não é mais do que um dever de cidadania, será um dos grandes melhoramentos públicos que qualquer administração central, regional e local, pode oferecer aos seus cidadãos, mesmo sabendo-se que a visibilidade física, o impacto monumental, ou sumptuosidade da obra, talvez não produzam os efeitos, circunstancialmente, cíclicos, que se poderiam, e até seria legítimo desejar, o que, ainda assim, se coloca em dúvida porque, hoje como no passado e no futuro, o maior bem que se pode ter é um excelente meio-ambiente, uma ecologia moderna, bases da saúde, do bem-estar e da felicidade humana, obviamente, entre outros valores, igualmente fundamentais.

 

BIBLIOGRAFIA

 

CARNEGIE, Dale & ASSOCIADOS, (1978). Administrando Através das Pessoas. Trad. Ivan Zanoni Hausen. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército – Editora

CARVALHO, Maria do Carmo Nacif de, (2007). Gestão de Pessoas. 2ª Reimpressão. Rio de Janeiro: Senac Nacional

RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

SARTORI, Luís Maria, (1990). Quando a Empresa se Torna Comunitária. Aparecida SP: Editora Santuário

TOLEDO, Flávio de, (1986). Recursos Humanos, crise e mudanças. 2ª Ed. São Paulo: Atlas.

TORRE, Della, (1983). O Homem e a Sociedade. Uma Introdução à Sociologia. 11ª Edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional

 

 

 

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domingo, 16 de novembro de 2025

PERFUME PARA A FELICIDADE.

               Refletindo, positivamente, sobre a vida, será interessante mencionar a importância de alguns valores, sentimentos e emoções que, com mais ou menos intensidade, influem na sensação de bem-estar, de alguma euforia, de esperança num futuro sempre cada vez melhor, com elementos essenciais ao que se poderia designar por felicidade, a começar na tranquilidade, própria de quem está de bem: consigo, família, amigos, colegas, sociedade, mundo e com Deus.

Um dos Bálsamos mais desejados, eventualmente logo a seguir à saúde, poderia ser, por exemplo, a amizade ou, se se preferir, o amor, este considerado nas suas diferentes “tipologias”: filial, paternal, maternal, fraternal, de amigo, neste caso, até se poderá designar com toda a propriedade: “Amor-de-Amigo”.

Este amor será uma amizade levada ao seu expoente mais sublime, num sentido mais íntimo, aqui com o significado da cumplicidade, do confiar, totalmente, no amigo, tudo o que de mais sensível pode existir em cada pessoa.

Claro que neste amor de amigo, a relação “sexual” não existe, porque se assim fosse, tal amor passaria a uma união efetiva pelo casamento, união de facto ou, como agora é mais requente, “viver juntos” independentemente do género. “O amor de amigo”, implica, isso sim uma amizade tão leal que qualquer um dos amigos, nada tem a esconder ao outro, digamos que essa amizade, o amigo, quando precisa do seu amigo, está sempre disponível, será o caminho mais seguro para se atingir o amor em todo o seu esplendor, com todas as suas consequência, enfim, a “FELICDADE PLENA”

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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

DOS SONHOS À REALIDADE.

 Antes de mais, espero e desejo que se encontrem de boa saúde na companhia dos vossos familiares, colaboradores, leitores e amigos verdadeiros. Bom fim-de-semana Abraço.

 

PROTEÇÃO SOCIAL DO IDOSO  

 

SINOPSE

A recolocação dos cidadãos idosos reformados é um ato de boa gestão do Estado e das Empresas; constitui uma medida social do maior alcance que dignifica as partes envolvidas. Muito embora se tenha conhecimento da existência de programas sociais de apoio aos idosos, o que na prática se verifica, em Portugal, ao nível do setor privado, é que as pessoas, por exemplo, aos cinquenta anos de idade, são velhas para obterem novo emprego, e demasiado novas para passarem a uma situação de aposentação condigna.

No setor público do Estado, a situação não é melhor porque um funcionário da Administração Pública, Forças Armadas, de Segurança e outros Corpos Especiais, que passe à situação de reforma, fica legalmente impedido de continuar a trabalhar no setor público, com todos os deveres e direitos, podendo fazê-lo, porém, na condição coerciva de lhe serem retirados dois terços ao valor da reforma ou da remuneração das novas funções, conforme então disposto no Decreto-lei 179/2005 de 2 de Novembro, o que está em contradição com os programas sociais que tem por objecto: «(…) Fomentar a autonomia do idoso incentivando a sua participação na vida da comunidade, (…) valorizar o idoso como detentor de experiências, saberes e culturas que a sociedade deve aproveitar e que deve preservar.» (CORREIA, 2003:306).

A terceira possibilidade, da utilização dos idosos, relaciona-se com os serviços de voluntariado, aqui balizado por condições estimulantes para o idoso, porque atualmente não será suficiente, um voluntariado sustentado apenas em sentimentos de solidariedade, em virtudes de Caridade e Compaixão.

Hoje, tal como acontece em muitas instituições de solidariedade social, exige-se um mínimo de competências que o voluntário deve possuir, sob pena de o seu trabalho não ser valorizado como merecido, ou tornar-se prejudicial, podendo-se invocar, a título de exemplo, o trabalho desenvolvido pelos Bombeiros Voluntários, Cruz Vermelha, Associações dos Amigos dos Hospitais, felizmente, entre muitos outros, sendo desejável e exigível que o voluntário seja competente, o que pressupõe conhecimentos, técnicas, experiências, formação permanente e atualização.

Nesta perspetiva, o mínimo que as Instituições, que têm ao seu serviço voluntários, devem fazer é compensá-los pelo seu trabalho, não necessariamente, sob a forma de um salário, um vencimento fixo e respetivas obrigações fiscais, mas, outro sim, uma gratificação que cubra, pelo menos, as despesas que o voluntário tem e lhe permita, inclusivamente, adquirir mais formação, meios para o exercício da atividade voluntária, e algum outro benefício/regalia fiscal/social e/ou ao nível da própria instituição, por exemplo, no âmbito dos serviços que ela presta, nomeadamente descontos nos seus produtos, serviços e prioridade em relação aos utentes em geral.

O voluntariado continuará a ter sempre uma atividade excecional, altruísta, merecedora de maior respeito e consideração, reconhecida e estimulada, materialmente recompensada, até porque ninguém é obrigado a ser voluntário em coisa alguma, portanto, mais uma razão para não lhe serem recusados os apoios necessários.

 As políticas de proteção social, a nível europeu, deixam em aberto a possibilidade de medidas nesse sentido: «Assim, o contributo útil do idoso tenderá a ser reconhecido, não só como um imperativo financeiro, mas também como uma necessidade social, por contrariar a constituição duma sociedade inclusiva e a promoção dum envelhecimento activo, mas também como uma necessidade económica face à diminuição da população ativa.» (Ibid.:313).

Uma quarta hipótese viável, prende-se com as atividades cognitivas, físicas e habilidades diversas, destacando-se, talvez, a informática, lúdicas, incluindo outras similares. Consideram-se louváveis e bem-vindas todas as iniciativas, que proporcionem aos idosos uma melhor qualidade de vida, nesta se incluindo as atividades que contribuam para o manter ativo no seu todo: intelectual, física e ludicamente.

As Universidades Seniores, como generosamente são denominadas, os ginásios desportivos, as viagens e passatempos diversos, são meios extremamente eficazes para manter os idosos, mental e fisicamente jovens, proporcionalmente às respetivas idades.

Instruir a pessoa, ainda na sua fase de vida ativa obrigatória, com a antecedência possível, sempre antes da passagem à reforma, para, logo que esta aconteça, estar preparada para, dentro das possibilidade que lhe são oferecidas, optar por um novo e último ciclo da sua vida, ocupando-o com a (s) atividade (s) que mais são do seu agrado, poderia muito bem ser uma responsabilidade do Estado, das empresas e da sociedade, até porque o investimento assim realizado seria reembolsável no futuro, pela manutenção da autoestima, boa condição intelectual e física do idoso, que não necessitaria tanto do apoio médico-medicamentoso.

A educação e formação do idoso, para nesta fase da sua vida ter as melhores condições, não só para viver com melhor qualidade de vida, como também para estar à altura de transmitir às gerações mais novas, que se lhe vão seguir, todos os conhecimentos, experiências e sabedoria, constitui uma estratégia muito interessante e de grande visão político-social, porque se acredita na sua eficácia, justamente para o bem-estar e felicidade espiritual do idoso.

Se o Estado e algumas instituições investem nos jovens, em pelo menos duas vertentes: Educação e Formação, versus, Conhecimentos e Experiências, sem que primeiro se possam avaliar os resultados, o investimento nos idosos, que dentro de poucas décadas serão a maioria, torna-se uma possibilidade com futuro garantido, no sentido de prepararem os mais novos.

Vão ser estes jovens que terão de assumir responsabilidades em muitos setores das atividades de um país, de uma empresa e até de uma família, pelo que devem estar bem preparados a todos os níveis: científico, técnico e humano: «Uma educação que se preze deve abranger toda a personalidade tendo como objectivo uma educação holística ou global, visando o bem-estar ou a felicidade do educando, no caso vertente, do idoso, e ainda que ele atinja a sabedoria.

Por outras palavras, deve ser uma educação com valores e para os valores ou uma educação axiológica. (…) Em todo o caso, é lícito falar de uma educação para a reforma, tendo em conta as diversas situações do indivíduo e do meio, em geral fornecendo informações antecipadas sobre a situação e ajudando a superar as dificuldades. Os próprios reformados já há vários anos, estão em condições de ajudar, melhor que ninguém, os seus colegas, dada a experiência por que passaram.» (OLIVEIRA, 2006:280).

Fica-se, todavia, com uma primeira reflexão sobre a importância dos idosos e a riqueza que eles representam para o bem-estar e felicidade da humanidade, porque o património que eles carregam, fruto da educação e formação que foram adquirindo ao longo da vida, das experiências vividas e sabedoria acumulada, não se pode perder.

Jogar fora, por absurdos preconceitos etários, um tesouro tão valioso quanto inimitável, significa uma visão redutora, receosa da perda de um qualquer poder, ou de não o vir a alcançar mais cedo, porque, alegada e eventualmente, haverá um idoso no caminho da progressão de um jovem.

O resultado, infelizmente, está à vista, um pouco por todo o mundo, por decisões tomadas por pessoas imaturas, inexperientes e imprudentes, a maior parte das quais com muito menos dos tais sessenta e cinco anos de vida. Reflita-se primeiro e decida-se depois.

BIBLIOGRAFIA

CORREIA, J. Martins, (2003). Introdução à Gerontologia, Lisboa: Universidade Aberta.

OLIVEIRA, José Barros, (2006). “Educação das Pessoas Idosas”, in: Psicologia, Educação e Cultura. Carvalhos: Colégio Internato dos Carvalhos. Vol. X (2), dezembro-2006, pá. 267-309

PORTUGAL - VENADE, 07.11.2025

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente Honorário do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

sábado, 25 de outubro de 2025

NUM MUNDO DE ESQUINAS, CUIDADO COM OS FALSOS AMIGOS.

Defende-se, com muita frequência, que por via do avanço da ciência e da tecnologia, o mundo está cada vez mais pequeno. Não há, numa perspectiva espacial, distâncias intransponíveis, essencialmente quando se aborda a questão das viagens. Hoje, as distâncias são medidas em unidades de tempo, para cada trajeto a percorrer, utilizando um qualquer meio de transporte. Vive-se na era da globalização, que é irreversível e à qual nos temos de adaptar.

O conhecimento, a cultura, a ciência, a técnica, a circulação de mercadorias, pessoas e bens, praticamente, não tem limites. As relações humanas acompanham esta evolução, sendo possível comunicar-se, com uma pessoa, a milhares de léguas de distância, em direto, ao vivo e em simultâneo; assistir a um determinado acontecimento, participar, interagir, um pouco como se estivéssemos na presença com quem se conversa, do facto a decorrer, do acontecimento cultural, desportivo, científico, tecnológico, bélico, sideral. Quase tudo é possível neste mundo global.

Pode-se, portanto, admitir, sem grande constrangimento, que o mundo é tão pequeno que facilmente as pessoas se cruzam, em condições que se aproximam da realidade, quando se utilizam as tecnologias da informação e da comunicação - mundo fantástico -; como também, em poucas horas, elas se encontram, presencialmente, numa parte qualquer do planeta – mundo real -. Há duas dimensões que, cada vez mais, se complementam e completam: dimensão virtual; dimensão real.

Assim se pode chegar a uma grande verdade, infelizmente, para muitas pessoas, ignorada: o mundo é cada vez mais pequeno, tem imensas “esquinas”, as quais, as pessoas vão dobrando, ao longo das suas vidas. Nestas “esquinas” encontram-se, quase que se tocam, fisicamente, amigos, conhecidos, colegas, adversários e inimigos, sendo que a alegria ou a tristeza, podem provocar extroversão ou introversão, respetivamente.

É sempre interessante refletir, sobre aspetos concretos da situação da vida real das pessoas. Meditar, profundamente, com rigor e honestidade intelectual, é um exercício muito exigente, que pode colocar, em circunstâncias desagradáveis, perante a consciência de quem se predispõe a este ato de recolhimento, de autoavaliação muito crítica, eventualmente, muito negativa, quando se analisam princípios, valores, sentimentos, emoções, comportamentos ações e reações, deles decorrentes e realmente efetuados. O Tribunal da nossa Consciência é infalível.

Atualmente: corre-se à procura de bens materiais – que sem dúvida são necessários à vida, com alguma qualidade -; luta-se pelo poder, qualquer que este seja, em detrimento do ser, do ser pessoa digna, de respeito, de princípios, de valores e de  sentimentos – igualmente se concorda com a existência e fruição do poder (não o poder-pelo-poder) porque ele é essencial à satisfação de necessidades básicas de toda a pessoa (veja-se a pirâmide de Maslow) -; vive-se na preocupação de se ganhar, pelo menos, uma etapa da vida, qualquer que seja a natureza da corrida, porque é importante, para alegadas supostas “super-auto-estimas” demonstrar que se é melhor, mais forte, mais influente, mais dominador, ainda que, quantas vezes, à custa da humilhação, da rejeição, da mágoa, dor, sofrimento e desgosto dos mais fracos e inocentes.

Mas de facto, o mundo é muito pequeno, está pontuado das tais “esquinas” e, muitas pessoas, assoberbadas com o ritmo louco da vida que pretendem levar, ignoram que, mais tarde ou mais cedo, vão “tropeçar” numa dessas “esquinas”, encontrar-se, precisamente, com outras pessoas a quem, eventualmente, já tenham beneficiado ou prejudicado, de quem já se tenham considerado amigas e, entretanto, esquecendo, ou, quem sabe, “matando” tal amizade, se tornam indiferentes, desconfiadas, adversárias e, pior do que isso, inimigas. Numa destas “esquinas” pode acontecer o arrependimento, a resolução do que ficou mal resolvido na vida passada.

É nesta perspectiva racional-axiológica e sentimental-emocional que se devem dobrar as “esquinas” do mundo e, já agora, também as da vida. É, igualmente, nesta linha, que a imprescindibilidade do exercício assertivo, de uma amizade sincera, incondicional, conquistada e consolidada, ao longo da vida, (ou mesmo durante um pequeno período de convivência mais intensa e íntima), se pode revelar como a grande solução de situações que, por uma qualquer incapacidade, circunstância ou infelicidade, ficou mal resolvida no passado, mais ou menos remoto e que, quanto mais tarde demorar a solução, maiores são as mágoas, os sofrimentos e os desgostos.

Afirmar-se que a par da saúde, da família, do trabalho, da qualidade de vida, da felicidade (qualquer que seja o conceito que cada pessoa dela tiver), da Graça Divina, ter um amigo, pelo menos um, que nos ame com um genuíno e ilimitado “Amor-de-Amigo”, certamente, isso representa um valor, também um sentimento. É sabido que a amizade implica muitas exigências, valores, caráter, dádiva, renúncia à desconfiança, ao egoísmo, à humilhação, à indiferença, à desconsideração, à vingança e ao ódio.

Ter um amigo é uma responsabilidade imensa porque, não sendo exigência ou caraterística da amizade, na verdade, o comportamento recíproco, tácita e voluntariamente, como que se impõe, sob pena de um dos amigos não retribuir a afeição recebida, pela simples razão de que nem sequer sabe como reage o amigo, quando recebe uma determinada gentileza. Gestos simples que valem tudo na vida.

É claro que quando se conquista e consolida um amigo, não se está à espera de qualquer atitude de retribuição, até porque esta decisão cabe, por inteiro, à pessoa que recebe por amigo, quem a considera, estima e ama, com o singular e exclusivo “Amor-de-Amigo”, ou seja: a Amizade só é verdadeiramente um sentimento único, quando funciona nos dois sentidos, entre duas pessoas que, sem quaisquer dúvidas, se querem bem, se gostam, se respeitam e estimam. Os amigos incondicionais estão sempre solidários.

Mas então que qualidades, princípios, valores, sentimentos e atitudes deverá ter uma pessoa para que se possa considerar amiga de outra? Será possível selecionar os amigos? Por vezes escolhemos determinadas pessoas para nossas amigas e começamos por dar o exemplo, tornando-nos amigos delas.

Nesse sentido, e com tal objetivo, fazemos a nossa aproximação e, poderá, então, nascer uma certa empatia, um desejo de estarmos mais presentes. Começamos a abrir o nosso espírito, fazermos daquela pessoa nossa confidente, nossa conselheira, nossa protetora. Esta pessoa entra de facto na nossa vida.

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terça-feira, 21 de outubro de 2025

LIDERANÇA SOCIALMENTE EFICAZ.

É bem possível que o mundo em geral, e Portugal em particular, tenham e continuem a atravessar crises de liderança em muitos setores das diferentes atividades, instituições e de grupos não identificados. Tem-se conhecimento, por exemplo, da crise que se faz sentir no dirigismo amador, sendo prova desta situação as inúmeras coletividades que, nas pequenas comunidades locais, praticamente estão inativas, embora também por falta de recursos técnicos e financeiros.

Há, efetivamente, uma profunda crise de liderança a todos os níveis da sociedade, porém, compete àqueles que detêm o poder económico, político, empresarial e religioso, proporcionarem as condições para que os restantes setores se revitalizem. É claro que desta responsabilidade não se excluem as pessoas, individualmente consideradas, para o dever de participação, que é um dos grandes valores da cidadania moderna.

Na verdade, quem não passou, e/ou não pretende passar pela liderança de pequenas instituições, de fracos recursos técnicos, financeiros e humanos, muito dificilmente compreenderá a situação de crise a outros níveis, socorrendo-se aqui das técnicas e tecnologias da propaganda, do marketing e da demagogia.

O líder de qualquer instituição deverá subir os degraus hierárquicos, que numa organização credível e competente, sempre existem. A progressão horizontal, em muitas carreiras, poderá não ser o melhor processo para estimular e premiar os mais competentes. Bastaria referir, por exemplo, a organização existente nas Forças Armadas e de Segurança, para se compreender que a hierarquia é indispensável para se formarem bons líderes, sem prejuízo de outras instituições, funcionalismo público, religiões, entre outras, que funcionam exemplarmente, contudo, obedecendo, quase sempre, a uma ordem hierárquica.

A investidura num determinado cargo/função/título, sem um mínimo de experiência e/ou habilitação e/ou conhecimento e/ou determinação, previamente comprovadas, afigura-se um risco, embora não se exclua a possibilidade de sucesso, como exceção àqueles princípios, até porque, ninguém nasce ensinado e sempre terá de haver uma “primeira vez”, em tudo na vida.

Na política, como na vida empresarial, como nas atividades institucionais, a liderança é uma condição sem a qual todo o processo de evolução e alcance de objetivos pode ficar comprometido. Atualmente vive-se, inequivocamente, uma profunda crise de liderança, designadamente nos domínios político, social, financeiro económico, educativo, saúde, emprego, habitação, entre outros.

O exercício da autoridade democrática e credível, pode ser o núcleo desta grave e profunda crise. Com efeito: «Há quatro fontes principais de autoridade: posição, competência, personalidade e integridade. Todos estes factores constroem a autoridade total de um indivíduo como líder e nenhum deles é suficiente, de per si, para assegurar que o que deve ser feito o será. Em última instância há duas qualidades vitais na gerência supervisora: competência e integridade. Estas são as qualidades que caracterizam um homem maduro, que tira as lições certas das experiências de vida. Se estas duas qualidades forem temperadas por uma boa dose de consideração pela dignidade humana e o reconhecimento de que a livre expressão de pensamento é não apenas da mais alta importância em qualquer relacionamento humano, mas também é a única garantia de que haverá sempre progresso, é muito pouco provável que um homem que possua estes atributos deixe de vir a ser bem-sucedido como supervisor.» (WILLIAMS, 1978: 93-94).

A liderança, eficaz e moderna, bem como o exercício de outras funções, a vários níveis da estrutura institucional, passam por dinâmicas de permanente atualização e adaptação dos respetivos funcionários, quaisquer que sejam as suas profissões e cargos. O tempo em que um funcionário, um técnico, um chefe, depois de atingir uma determinada posição hierárquica, não precisaria mais de estudar, de se modernizar, de formação profissional, não existe mais, voltará a repetir-se.

Hoje, todos os intervenientes nos processos: políticos, laborais, empresariais, religiosos e outros, devem estar em permanente atualização, sempre capazes de resolver problemas, de acudirem às diferentes situações, que se colocam, quase diariamente, nas suas instituições. O conceito mais atual é a necessidade de aprendizagem ao longo da vida.

Considera-se, todavia, que um dos motores da sociedade está na classe política, a par de outras igualmente essenciais – empresários, trabalhadores, organizações não-governamentais, Igrejas, sistemas educativos, públicos, privados e cooperativos, entidades patronais e sindicais, apenas para referir alguns. Nesse sentido é necessária uma total determinação para se vencerem as crises, quaisquer que sejam e as dimensões com que se apresentam.

É necessária uma sincera vontade para resolver os problemas coletivos onde se incluem, naturalmente, situações individuais e de grupo. A verdade, porém, é que se verifica, em alguns países, que: «A falta de vontade nos políticos está na sua falta de (…) interesse e capacidade para influenciar nas mudanças de regimento dos legislativos, falta de capacidade de conciliar interesse partidário com interesse da nação (…)» (RESENDE, 2000:209).

Atualmente, um líder, qualquer que seja o setor de atividade em que se insira, não pode descurar uma vertente fundamental que respeita à dignidade da pessoa humana. Quem lidera deve estar preparado, e sensibilizado, para esta dimensão essencial, porque liderar pessoas humanas é completamente diferente de liderar outros animais, coisas, objetos e situações não diretamente relacionadas com o ser humano. A complexidade humana, não tem paralelo.

O líder tem de preocupar-se, em determinadas circunstâncias e situações, com a dimensão social da pessoa humana, porque esta dimensão não é incompatível com os demais objetivos da liderança. Na formação do líder deve entrar, também, a sua vertente religiosa, fundada na sua fé, e no espírito de bem-servir a comunidade.

Nesta perspectiva, torna-se interessante refletir sobre a seguinte abordagem: «A formação do sentido social é de uma necessidade peremptória. É necessário fomentar cada vez mais em todas as classes e em todas as idades o sentido social. Não nascemos com ele, precisamos adquiri-lo. Conhecendo os deveres sociais e praticando a justiça e a caridade, os cristãos devem ser os representantes e os campeões do sentido social.» (GALACHE-GINER-ARANZADI, 1969:241).

A liderança, socialmente eficaz, postula, por parte do líder, qualidades superiores, acima da média. O líder, em qualquer contexto, independentemente dos objetivos que lhe são propostos alcançar, incluindo os de nível bélico, não deverá descurar o sentido social permanente, inclusivamente, o seu adversário, ou mesmo inimigo. A sua grandeza e superioridade residem, justamente, nesta capacidade que, ao longo da vida, pode (e deve) adquirir e aplicar.

A insensibilidade, a indiferença, a rejeição e a crueldade humanas são incompatíveis com os valores da humanidade, tantas vezes, e por tão ilustres figuras, propalados em todo o mundo. É inaceitável, por exemplo, que à sombra da crise, que não será para todos, se retirem direitos a quem para eles trabalhou, participou e criou expectativas, ao longo de toda uma vida, para ter uma velhice mais tranquila. O sentido social de tais líderes fica, assim, bastante descredibilizado e não haverá motivos, nem argumentos, para a maioria desfavorecida acreditar neles.

Importa preparar os homens e as mulheres que se preocupam com lideranças, verdadeira e humanamente eficazes, incluindo-se, sempre, a dimensão e o sentido social, destacando-se, aqui, os principais agentes socializadores na formação de novos líderes: família, Igreja, escola, empresa, comunicação social, naturalmente, entre outros muito importantes.

Diversas têm sido as teses que abordam esta problemática. Há várias décadas, alguém afirmava: «Gostava de dizer que os homens de negócios precisavam de uma porção crescente de sensibilidade social. Ele também estava entre os primeiros a dizer que os chefes das grandes empresas careciam tanto de sensibilidade política, ou talvez ainda mais quanto àqueles que trabalhavam no governo. Em todos os seus escritos, deixa claro que, por sensibilidade social e senso político, entende, não apenas uma melhor compreensão do que os homens psicologicamente precisam, mas também daquilo que para eles e para a sociedade é bom.» (MAYO, Elton, in: DIMOCK, 1958:74).

 

BIBLIOGRAFIA

 

DIMOCK, Marshall E., (1967). Filosofia da Administração. Trad. Diógenes Machado e Arnaldo Carneiro da Rocha Netto. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura – Brasil-Portugal

GALACHE – GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola

RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

WILLIAMS, Michael, (1978). Relações Humanas. Tradução,  Augusto Reis. São Paulo: Atlas

  

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Venade/Caminha – Portugal, 2025

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

GESTÃO AUTÁRQUICA SOLIDÁRIA

A intervenção direta do Poder Local Democrático, quer ao nível da Freguesia, quer ao nível do Município, junto das respetivas populações, pode assumir diversas vertentes, de harmonia com os setores de atividade económica, os estratos sociais, as situações individuais, familiares, grupais e comunitárias e, também, em função das carências que, em cada momento, se colocam.

Gerir a intervenção, administrar os meios e avaliar os resultados são tarefas para as quais é conveniente haver preparação, não só pela experiência, como, principalmente, e também, pelo conhecimento das realidades locais e sensibilidade para querer participar na resolução dos correspondentes problemas.

A gestão autárquica solidária consiste, genericamente, em administrar os recursos disponíveis, em função dos interesses comunitários, acudindo, em primeira instância, às situações que, diretamente, afetam as pessoas mais carenciadas. Nesta linha se defende, por exemplo em relação às Freguesias rurais: «O Poder Local é uma forma de Governo Local, logo, de cariz comunitário, cujo objectivo é pugnar pelos interesses de um determinado colectivo, com alguma forma de organização administrativa, ainda que rudimentar.» (DIAS, 2002:11).

Administrar, equilibradamente, os recursos da autarquia, poderá significar uma aplicação racional, mas também técnica, dos bens disponíveis, em benefício daquelas intervenções que, à partida, se tem um mínimo de certeza que vão melhorar as condições de vida de toda uma comunidade, acorrendo às situações que clamam soluções urgentes, que resolvem problemas verdadeiramente humanos. Para que as intervenções autárquicas sejam sustentadas e regulares, porém, sempre de forma positivamente exponencial, é necessário distinguir: o fundamental, do normal, do acessório, do casuístico e do supérfluo.

É essencial, tudo o que respeita à satisfação das necessidades básicas e correspondente à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos; é normal e/ou de rotina, tudo o que concerne à manutenção do que já foi adquirido, realizado e melhorado; é acessório, tudo o que poderá complementar o que é essencial, mas não é urgente nem importante; é casuístico, tudo o que, imprevisivelmente, surge e é necessário resolver para não prejudicar o bem-estar da comunidade; é supérfluo, tudo o que em nada contribui para o benefício e bem-estar da comunidade.

Naturalmente que, dada a elevada quantidade e a diversificada qualidade das intervenções do Poder Local Autárquico, é justo, e benéfico, que não se descurem algumas manifestações culturais, de lazer, ocupação dos tempos livres, entre outras.

A ideia de gestão solidária cabe, perfeitamente, no conceito constitucional, relativamente à função da autarquia: «As Autarquias Locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas.» (CRP, Versão de 2004:87, Artº 235º)

 Solidariedade: não só como um valor imaterial, mas aqui como uma regra de boas-práticas ao serviço do interesse coletivo da autarquia, em primeiro lugar; sem menosprezo pela cooperação com outras autarquias, instituições públicas e privadas, grupos de individualidades de fora do espaço geográfico autárquico, onde se insere a comunidade, cujos interesses se procura defender; isto é, em circunstâncias de normalidade, investe-se, redistribui-se, dão-se as oportunidades aos residentes na área da autarquia, no âmbito da intervenção.

 O critério residência é importante no combate à desertificação, obviamente, sempre com observância dos normativos legais contra a discriminação, excecionalmente, salvaguardando-se, também, as grandes catástrofes nacionais, internacionais e as correspondentes ajudas humanitárias, independentemente da localização e cor política da autarquia atingida.

Consideram-se, ainda, outras situações de manifesta carência, sistemática em autarquias de fracos recursos e populações pobres, perante as quais importa desenvolver ações de solidariedade sob a forma de apoios materiais, concretos e significativos.

O autarca, enquanto gestor, tem responsabilidades acrescidas, porque implica envolvimento direto na governação, na distribuição de recursos pela população, na preocupação constante pelo bem-comum da comunidade em geral, que nele confiou e o elegeu, sem exceções, nem discriminações negativas, mas também pelo bem-estar de cada família, de cada pessoa. As suas funções executivas vão para além da retórica politico-ideológica, do discurso comicieiro eleitoralista, e da demagogia popular enganosa.

O autarca, no exercício nas suas funções executivas, tem o dever de governar bem, para todos e sem discriminações negativas, solidarizando-se, incondicionalmente, em tempo útil, com os mais carenciados, desprotegidos e fracos, disponibilizando-lhes os recursos suficientes para viverem dignamente.

Administrar a autarquia, enquanto conceito de bom e solidário governo, revela-se como um serviço público de grande alcance social, um verdadeiro apostolado: «Governar é uma responsabilidade gravíssima, porque implica o zelo das vidas, dos bens, dos interesses respeitáveis dos governados, tanto quanto à sua feição presente como aos desenvolvimentos futuros.» (CAETANO, 1974:69). 

Governar a autarquia, com a preocupação focada no bem-comum da população e dos seus haveres, no presente e para o futuro, implica total disponibilização, competência e sensibilidade social, entre outras capacidades e sentimentos. Envolve cidadãos com princípios, valores, sentimentos, emoções e comportamentos solidários, que se projetam para além das intervenções, circunstanciais, eventualmente eivadas daquele tipo de piedade, nem sempre bem compreendida. 

Iniciado, há mais de uma década, este novo século XXI e, coincidentemente, um novo milénio, é tempo de se exigir, se possível, ainda mais empenhamento dos governantes, na resolução dos problemas que afetam as populações, sob as suas jurisdições legítimas, legais e territoriais. São necessários espíritos superiores, dotados de qualidades genuinamente intrínsecas, dir-se-ia, genéticas e não de pseudo-iluminados e salvadores da pátria.

Nos países democráticos, como nas respetivas autarquias, os governantes têm sido, e continuam a ser eleitos para servir o povo, por isso são necessários homens e mulheres que coloquem os superiores interesses coletivos acima dos particulares, que sejam competentes e superiormente habilitados para o governo dos recursos públicos. Parece óbvio que: «Os espíritos superiores são aqueles que pairam acima dos acontecimentos historicamente fugazes e conseguem a visão global e sintética que crie uma perspectiva crítica e justa da vida dum país. (leia-se, também, de um município, de uma freguesia). (GOMES, 1976:26).

Autarquias de freguesias, vilas e cidades, são instituições imprescindíveis ao exercício continuado das boas-práticas, da implementação dos sistemas sociais, educativos, culturais e de relacionamento interpessoal, a partir do momento em que detenham os recursos humanos, financeiros e técnicos, para desenvolverem os seus projetos de solidariedade, para com as respetivas comunidades.

Importa, aqui, evidenciar as sensibilidades, qualidades, valores e caráter dos respetivos autarcas: Presidentes e toda a equipa que os acompanha. Não será possível uma gestão autárquica solidária com pessoas impreparadas, insensíveis e desmotivadas para abraçar os valores subjacentes à fraternidade solidária entre os cidadãos.

A arrogância, a intolerância, a prepotência, a perseguição, a vaidade e a discriminação negativa, entre outros comportamentos, certamente, dificultam o projeto solidário. Além disso, a autarquia local é como que o garante dos legítimos direitos dos cidadãos comunitários, com especial relevância para os mais desfavorecidos, necessitados e fracos.

Administrar a autarquia implica estar: «Norteado pelo princípio da legalidade, a actividade das autarquias deve pautar-se pela observância de comportamentos, que visem assegurar a igualdade, a proporcionalidade, a responsabilidade e a transparência. (…). A administração autárquica deve fomentar a colaboração e a participação dos particulares na formação das decisões que lhes digam respeito, garantindo a audiência prévia dos interessados.» (GAIO, 1995:15).

A gestão autárquica solidária é perfeitamente possível em todos os domínios da intervenção do Poder Local, seja ao nível da freguesia, seja no contexto mais alargado do município. O sucesso da solidariedade, certamente, depende dos recursos da autarquia, mas também das qualidades, capacidades, sentimentos, valores e competências do autarca, porque até para se ser solidário é importante ser-se pragmático, objetivo e eficaz, no sentido de se passar das palavras e dos lindos discursos de circunstância, por vezes, piedosos, aos atos.

O conceito de competência profissional, cada vez mais reivindicado pela sociedade, em todos os setores de atividade, não exclui, pelo contrário, pressupõe que se deverá ser ainda mais exigente nos órgãos da administração pública, desde logo, no Poder Local Democrático, onde a competência para gerir recursos é, ainda, mais necessária, dada a exiguidade daqueles, na maioria das autarquias.

Com efeito: «A expansão da consciência de necessidade de se desenvolver a competência profissional, organizacional e comportamental, nos diversos níveis e sectores sociais, precisa, em virtude da sua oportunidade, importância e urgência, do envolvimento e participação das lideranças em geral, dos formadores de opinião, dos educadores e da midia.» (RESENDE, 2000: Introdução, pág. XI).

Assumir o compromisso de estar sempre ao lado das famílias, para ajudar a resolver, de forma e por processos legais, as situações mais difíceis, como o desemprego, a educação, a saúde, a habitação, constitui, por si só, uma garantia do caráter solidário do candidato e/ou governante.

Sem grandes questionamentos, a educação das crianças é um pilar importante na formação da sociedade do futuro, seguramente na e a partir da própria família, porque: «Disciplina, limites e valores são absolutamente necessários para que o cérebro da criança adquira arquivos que serão importantes para o resto de sua vida e assim deverão ser ensinados pelos pais, especialmente através de posturas diárias, de disciplina orçamentária, de horários, de trabalho, observância de dias de descanso, (…)» (COLETA, 2005:22).  

 

Bibliografia

 

CAETANO, Marcelo. (1974). Depoimento, Rio de Janeiro: Distribuidora Record de Serviços de Imprensa, S.A. p. 125.

COLETA, António Carlos Dela, (2005). Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio Claro, SP – Brasil: Grafas Set, Gráfica e Editora

CRP, (2004). Constituição da República Portuguesa, Versão de 2004, Porto: Porto Editora.

DIAS, José António Rajani Oliveira, (2002). Cartilha do Eleito Local. Odivelas: Jornal “Nova Odivelas”, Inclui: Lei Nº 169/99 de 18 de setembro – Comentada (Com a redação das alterações introduzidas pela Lei Nº 5-A/2002 de 11 de janeiro)

GAIO, Carlos Morais, (Coord.). (1995). Guia do Eleito Local. Porto: Edições ASA

GOMES, Costa, (1976). Discursos Políticos. Lisboa: Ministério da Comunicação Social - Direcção-Geral da Divulgação

RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Autoajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

 

 

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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