A participação de cada pessoa, na edificação de uma
sociedade mais próspera, mais justa e mais fraterna é uma condição essencial,
também para o desenvolvimento, para o progresso e para a paz, quer em termos
individuais, quer na perspetiva coletiva.
A cooperação formal, ou informal, entre indivíduos,
grupos, povos e nações: seja ao nível institucional público, ou entre entidades
privadas, bem como entre aquelas e estas; faça-se no domínio da cultura, da
investigação, das tecnologias; exista, ainda, por razões humanitárias, tem
sempre grandes possibilidades de produzir resultados positivos para os
intervenientes.
A intervenção que estará mais acessível, às pessoas
individuais, ocorre pela via do trabalho produtivo, competente, honesto, no
respeito pelos direitos de cada interventor, e na exigência dos correspondentes
deveres.
Quanto mais desenvolvida estiver a sociedade, nos
seus aspetos materiais, culturais e espirituais, tanto mais oportunidades terão
os cidadãos em obter sucesso na vida, não só para os próprios, como para os
familiares e comunidade em geral.
O contributo que profissional, e civicamente, é
exigível a cada cidadão, para o bem-geral, é compatível com o direito
individual de melhor estatuto socioprofissional, e económico-patrimonial, do
próprio e de sua família, desde que não interfira nem prejudique idênticas
oportunidades, que aos seus semelhantes são igualmente concedidas,
observando-se o respeito, e a reciprocidade, de cada pessoa ter o direito de, com
liberdade e responsabilidade, desenvolver uma actividade profissional,
preferencialmente no quadro das suas capacidades, competências, habilidades,
atitudes e prazer. O trabalho com prazer será, certamente, bem executado, mais
produtivo, para o próprio e para a sociedade. É essencial gostar-se do que se
faz, com uma perspectiva de vida de sucesso:
«A
vitória é a consequência de uma atitude diante da vida.» (SHINYASHIKI, 2000:177).
Revelar a atitude correta perante a vida, o
trabalho e o mundo, no sentido de fazer com que as coisas aconteçam, é
fundamental para o progresso do indivíduo e da comunidade. Deseja-se, portanto,
uma atitude: moderna, no sentido em que cada um deverá ser competente na sua
profissão, independentemente do estatuto que a sociedade atribui a determinadas
atividades; competitiva, em ordem a produzir em qualidade, quantidade, preço (hoje
o preço é relativo, porque:
«Não
existe, pois, “caro” nem “barato”. Existe o “valor” que o cliente dá ao produto
ou serviço»
(MARINS,2005:137) e garantia; entusiástica, envolvendo sentimentos do dever
cumprido e sensações de prazer, autoconfiança e auto-estima.
A vida deveria ser um prazer permanente, em que
cada pessoa tivesse a oportunidade de se realizar nas diversas dimensões, entre
estas e pelo menos: profissional, familiar, política, religiosa, social,
económica e cultural.
O dever de trabalhar, competente e
responsavelmente, é exigível a todos os cidadãos válidos, independentemente da
sua idade, situação profissional – ativo ou aposentado –, que se pretendem
livres, participantes de todo o processo de desenvolvimento, sucesso pessoal e da
comunidade em que se inserem, e aspiram à concretização máxima das suas
legítimas ambições e projetos de vida.
Reconhece-se, portanto:
«Através
do trabalho torna-se real o princípio do “destino universal dos bens”. Através
do trabalho torna-se real “a legitimidade da propriedade privada, como condição
indispensável de autonomia pessoal e familiar. É na valorização do trabalho –
de todos os trabalhos -, como fonte de onde surgem todos os bens que permitem a
vida da sociedade, que radica a conceção dos deveres e direitos que o Estado
deve regular e se clarifica o próprio papel do Estado como promotor e tutor do
bem comum.» (BERGOGLIO,
2013:304).
Ao longo da história, certas teorias têm denunciado
o trabalho como um processo que humilha e escraviza o homem, pelo menos em
certas épocas e contextos. Hoje, porém, parece mais curial defender-se uma
ocupação, na medida em que:
a) Todo o trabalho é digno e eleva a pessoa, quando
exercido no total respeito pelas regras estabelecidas, produzindo resultados
concretos para o bem-estar individual e colectivo;
b) Não se compreende que possa haver profissões
mais dignas do que outras, atento o conceito de profissão, enquanto atividade legítima,
legal, produtiva, necessária e aceite na comunidade, face aos valores,
princípios e regras instituídas e praticadas pela maioria, no respeito pelas
culturas minoritárias, segundo o princípio pelo qual: as minorias acatam as
decisões das maiorias e estas respeitam os direitos, liberdades e garantias
daquelas.
Além do mais, cada cidadão tem o direito a aceder
ao mercado de trabalho, em condições de igualdade com os seus semelhantes e,
nesse sentido, terá todo o interesse: em primeiro lugar, apresentar-se bem preparado
técnica e culturalmente; segundo, o conceito moderno da formação integral – saber-ser, saber-estar e saber-fazer –;
por fim, revelar-se disponível para evoluir na sua carreira profissional, através
do bom desempenho, da atualização, da especialização, da fidelidade à cultura
da empresa e aos valores profissionais da competência, assiduidade,
pontualidade, espírito de equipa, entre outros.
É importante considerar, que, sem qualquer dúvida:
«O
exercício de uma profissão não é apenas fonte de sobrevivência. A profissão é
como o casamento: se com amor já dá tanto trabalho, imagine sem amor como fica
complicado. Evolua, mas respeite sua vocação. (…) A profissão é o instrumento
de realização da vocação do ser humano. É algo que dá sentido à vida, que lhe
dá a certeza de que está fazendo e construindo algo bom, de que a vida vale a
pena.» (SHINYASHIKI, 2000:169).
Estabelecida a premissa fundamental para o
progresso – trabalho competente, entusiasta e assíduo –, importa evidenciar o
trabalhador, de forma que ele ocupe o lugar que merece, no seio da sociedade,
como elemento essencial de produção de riqueza, não só para ele, seus
familiares e quaisquer outros dependentes, como também para toda a comunidade.
A riqueza das nações passa por três intervenientes
cruciais: Estado, Empresários e trabalhadores.
O progresso coletivo depende da harmonia e da
cooperação entre aqueles três elementos, sem os quais a vida seria impossível,
em termos de desenvolvimento e bem-estar sociais.
Investir na valorização do trabalhador, pela
educação, formação profissional de qualidade, salários justos e pagos em tempo
útil, regalias e benefícios empresarias e apoios sociais na doença, no
desemprego e na velhice, será o mínimo que se deverá conceder a quem trabalha,
e se dedica com lealdade e permanente colaboração, para com a instituição,
fornecedores e clientes.
A sociedade, nos seus diversos constituintes e
agentes interventores, deverá ter sempre uma atitude de respeito e palavras de
gratidão, para com todos aqueles que trabalham, que produzem, nas diferentes áreas
de atividade, por isso, valorizar o trabalhador e o trabalho por ele
desenvolvido revelar-se-á, também, como um estímulo, um apoio ético-moral, que
será tanto mais eficaz quanto mais sincero e oportuno se revelar.
Em bom rigor:
«O
trabalho humano que se exerce na produção e na troca dos bens econômicos e na
prestação de serviços, sobreleva aos demais factores da vida econômica, que
apenas têm valor de instrumentos. Este trabalho, empreendido por conta própria
ou ao serviço de outrem, procede imediatamente da pessoa, a qual como que marca
com o seu selo as coisas da natureza, e as sujeita ao seu domínio. É com o seu
trabalho que o homem sustenta de ordinário a própria vida e a dos seus. Por
meio dele se une e serve aos seus irmãos, pode exercitar uma caridade autêntica
e colaborar no acabamento da criação divina.» (CONCÍLIO VATICANO II, 1966:95).
O mundo do trabalho atravessa tempos complexos,
devido ao avanço, sem precedentes, da ciência, da técnica e da tecnologia que,
em conjunto, e em todas as atividades humanas, estão: por um lado, a aliviar o
homem dos trabalhos mais penosos, violentos e perigosos, obrigando-o, porém, a
um esforço de mais aprendizagem, mais atualização, mais concentração e elevação
dos níveis de produtividade, em qualidade e quantidade; por outro lado,
originam-se novas situações de desemprego, por substituição do elemento humano
pela máquina, tendo como objetivo enfrentar a concorrência, possibilitar
maiores lucros e com estes haver condições de manutenção do maior número
possível de postos de trabalho.
Neste quadro de acelerada globalização, de
crescente competitividade e de sustentabilidade das empresas, em consonância
com a estabilidade laboral, justifica-se uma intervenção mais cuidada e
pertinente, a desencadear pelos outros dois elementos do sistema, o Estado e o
Empresário, justamente com a adoção de medidas institucionais, que visem
promover as condições sociais adequadas, como a formação ao longo da vida, a
modernização permanente, os apoios pecuniários, e outros benefícios ao nível da
saúde, da habitação e manutenção da estrutura familiar de qualidade,
verdadeiramente digna.
Quanto melhores forem o bem-estar e a estabilidade socioprofissional
do trabalhador, maior será o seu empenhamento no processo produtivo.
O Estado, a empresa, as organizações, quaisquer que
estas sejam, que investirem na satisfação dos seus colaboradores, terão,
seguramente, o sucesso garantido. Uma boa estratégia para o êxito dos três
elementos constituintes – Estado, Empresário e Trabalhador –, pode ancorar-se
no princípio da máxima responsabilidade, para o maior benefício, numa perspetiva
de carreira profissional ascensional, por mérito próprio, devidamente avaliado
e atempadamente reconhecido.
A máxima responsabilidade, num contexto de ampla
liberdade, possibilita que o trabalhador possa ser: ele mesmo, criativo,
inovador, original e cumpridor das regras, normas e orientações superiores, no
respeito pelos valores e cultura instituídos na organização, até porque:
«Os
conquistadores silenciosos escolhem modelos úteis e adotam valores nítidos como
guias de orientações para seu progresso. Eles sabem que o caminho mais simples
e mais curto para o sucesso é o de tentar igualar ou exceder as características
que funcionam para outras pessoas bem-sucedidas.» (POLE, 1998:32).
BIBLIOGRAFIA
BERGOGLIO, Jorge, Papa Francisco, (2013). O
Verdadeiro Poder é Servir. Por uma Igreja mais humilde. Um novo compromisso de
fé e de renovação social. Tradução, Maria João Vieira /Coord.), Ângelo Santana,
Margarida Mata Pereira. Braga: Publito.
CONCÍLIO VATICANO II (1966). Gaudium
et Spes. Constituição Pastoral o Concílio Vaticano II sobre a Igreja no Mundo
de Hoje. II Edição. São Paulo: Edições Paulinas
GREENER, Mark, (2004). Tempo para
Tudo. Organização e Gestão Pessoal. Tradução, Alexandra Lemos, revisão e
adaptação técnica: Osvaldo Santos, psicoterapeuta, 1ª edição portuguesa,
Dezembro/2004, Lisboa: Edideco, Editores para a Defesa do Consumidor.
MARTINS, Vera Lúcia Franco, (2005). Seja Assertivo – como ser direto,
objetivo e fazer o que tem de ser feito: como construir relacionamentos
saudáveis usando a assertividade. Rio de Janeiro: Elsevier
POLE, Timothy, (1998). Ser Você.
Tradução, Arlete Dialetachi. São Paulo: Editora Angra, Ltda.
SELECÇÃO DE TEXTOS (2000). “Educação em Matéria de Direitos Humanos”,
in: Noesis. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional – Ministério da Educação,
(56), Outubro-Dezembro-2000, Págs.18-21
SHINYASHIKI, Roberto T., (2000). Os Donos do Futuro. 31ª
Edição. S. Paulo: Editora Infinito
“NÃO,
ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2025
Com
o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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