Haverá quem afirme que o
ambiente, no seu sentido natural e perspectiva ecológica, está “enfermo”, porque as doenças que o têm
vindo a atacar ainda não foram conveniente e definitivamente tratadas. Aumentam
em número e qualidade os movimentos, associações e pessoas, individualmente
consideradas, em defesa do meio-ambiente natural.
Entretanto, finalmente,
cresce o interesse pela educação ambiental e, em muitos cursos de formação
profissional, e nos programas oficiais gerais, já se aborda esta temática,
incorporada em disciplinas como a “Integração”,
ou então como disciplina autónoma sob a designação de Ecologia, Meio-Ambiente
e/ou outras designações.
A prática de hábitos
ecológicos, todavia, ainda não se faz sentir com a visibilidade e resultados
adequados. Um longo trajeto está por percorrer, cuja caminhada todos devem
encetar, e prosseguir, embora as possibilidades de sucesso estejam mais
garantidas nas crianças e na juventude, porque, relativamente aos adultos, de
facto, não por culpa deles, mas porque o sistema educativo, ao seu tempo, não
estava muito sensibilizado, e adequado a esta dimensão da vida em sociedade,
pelo que será mais difícil alterar, radicalmente, hábitos interiorizados, há
mais de quarenta, cinquenta, sessenta, anos, possivelmente, desde sempre.
A sociedade, no seu todo,
a comunidade, a pessoa, isoladamente considerada, devem agir rápida e
eficazmente, de forma a evitar a degradação total do meio ambiente e a
consequente contaminação dos principais recursos, essenciais à vida, como são
os alimentos, o ar e a água, cujo consumo permanente se verifica pela
humanidade, e pelos restantes animais e vegetais que habitam a Terra. A
situação, não sendo dramática é, segundo os cientistas, preocupante.
A degradação da qualidade de vida neste
planeta já deveria ter cessado, e os responsáveis políticos, empresariais e
comunidade em geral, unirem-se para pensar, decidir e agir radicalmente,
enquanto é tempo: «Precisamos reflectir
sobre a responsabilidade de cada um pela deterioração do ambiente global: rever
nossas crenças e acções que nos precipitaram para esta grave crise. Por mais
que ecologistas nos alertem para os desastres decorrentes dos nossos hábitos de
vida e de consumo que ameaçam a atmosfera, como por exemplo o efeito de estufa,
relutamos em fazer qualquer esforço sério para confrontar o problema. (…), à
medida que faltamos com respeito à
natureza, tornamo-nos desconetados com o mundo natural. (…). Nós nos
acostumamos com um mundo sem futuro. (…). O fundamental para a ecologia
interior é resgatar o equilíbrio entre o respeito pelo passado e a fé no
futuro, entre a confiança no indivíduo e o compromisso com a sociedade, entre o
uso dos recursos deste mundo e o nosso desejo de preservá-lo» (CARVALHO,
(2007:67).
Melhorar a qualidade do ambiente assume-se,
atualmente, ao nível de qualquer dirigente responsável, como um objetivo a
atingir, a aperfeiçoar e ultrapassar, sempre no sentido da excelência. Claro
que todo o cidadão, enquanto tal, tem o dever de respeitar e proteger o
meio-ambiente ecológico, é mesmo uma faculdade, uma competência, que devem ser
desenvolvidas no sentido dos direitos e deveres de cidadania: o direito ao bom
ambiente natural; dever de contribuir para esse mesmo ambiente natural; esforço
pela melhor qualidade.
Evidentemente que o cidadão, por si só e
isoladamente, não disporá dos meios necessários para implementar projetos de
preservação do bom ambiente natural, desde logo: faltará o conhecimento técnico
e científico, adquiridos por via da educação ambiental; os projetos, os
recursos para os implementar e monitorizar; todavia, tem a obrigação de
exercitar as suas competências de vida, no sentido de: «Ser uma pessoa inteirada com a natureza ou, pelo menos, com a
consciência ecológica.» (RESENDE 2000:90).
O bom desempenho ecológico,
de cada cidadão, naturalmente, pressupõe todo um sistema educativo-formativo e
consequentes apoios institucionais, para que sejam adquiridos hábitos
ambientais saudáveis. Neste processo didático-pedagógico, organismos oficiais
do aparelho do Estado, empresas, associações e movimentos ambientalistas, devem
dar as mãos, desenvolver um grande projeto para a formação da consciência
ecológica nacional, seguido da consolidação de boas-práticas ambientalistas.
Um tal projeto pode, desde
já, ser desencadeado pelas Autarquias Locais, no quadro das competências das
Câmaras Municipais que, estabelecendo parcerias com as respetivas Juntas de
Freguesia, diversas entidades, públicas, privadas e Associações Ecologistas,
terão todas as condições para, a médio prazo, e na área do município, obterem
bons resultados.
Haverá, portanto, todo um
primeiro trabalho no terreno que, praticamente, só as Câmaras Municipais e os
Departamentos da Administração Central, da área do Ambiente e Recursos
Naturais, têm capacidade, meios humanos, técnicos e financeiros para realizar.
Trata-se: da limpeza geral
de matas, florestas, junqueiras, arruamentos das aldeias e vilas, eliminação
das lixeiras a descoberto; dotar as freguesias com mais ecopontos, melhoria da
recolha dos resíduos sólidos e outros lixos, com maior frequência semanal;
reforço da desinfeção dos respetivos recipientes e desinfestação pública
periódica; aumento do investimento na limpeza das vias de circulação, linhas de
água e espaços públicos. Algumas destas intervenções podem (e devem) ser
delegadas nas Juntas de Freguesia, cujos membros sabem orientar, muito bem,
este e outros tipos de trabalhos, com menos custos e excelente eficiência.
A boa qualidade do
ambiente natural é um bem inestimável, parte integrante da vida saudável de
todos os seres existentes na Terra, que ninguém tem o direito de prejudicar,
mas que todos têm o dever de preservar e melhorar. Neste domínio, os elevados e
atualizados conhecimentos, sensibilização, disponibilidade e intervenção das
associações ambientalistas devem, portanto, ser entendidos como uma preciosa
colaboração, bem aceite e apoiada pelas instituições públicas.
A constituição, por
exemplo, de um Centro de Reflexão Ecológica, constituído pelas Autarquias,
Associações Ambientalistas, Empresas, Autoridades e Forças de Segurança, Proteção
Civil, Bombeiros, Delegação de Saúde, Delegação Escolar e Tribunal Judicial,
entre outras entidades, especializadas nos diversos domínios, e a posterior
criação de um Código de Conduta Ético-Ecológica, sua implementação e
acompanhamento, por parte da Câmara Municipal, (Prefeitura, no Brasil) revelar-se-á
uma favorável estratégia de sensibilização, educação e boas-práticas
ambientais.
Para além das vantagens de
um ambiente saudável, acrescem outros benefícios, de menor impacto, mas com
grande importância no desenvolvimento económico do Concelho, na medida em que,
oferecendo qualidade de vida, a sua procura, por parte de turistas nacionais e
estrangeiros, certamente, aumenta, proporcionando maior uniformidade ao longo
do ano, para a indústria, comércio, agricultura, pesca e lazer, bem como outros
setores de atividades, gerando e mantendo postos de trabalho e fixação das
populações.
À boa qualidade do
ambiente importa, também, na medida do possível, uma melhor rentabilização dos
recursos naturais e destes extrair o maior proveito para a sociedade. Numa
análise, eventualmente, um pouco bíblica, dir-se-ia que os “bens que a Terra produz deveriam ser equitativamente repartidos por
toda a população”.
Alguns desses recursos, de
facto, são usufruídos por todos, embora em maior ou menor grau, conforme a
localização geográfica, como o ar que se respira, a água, o frio, o calor, a
sucessão dos dias e das noites, as fases da lua e os ciclos das marés e outros
bens naturais, embora alguns deles tenham de ser pagos às entidades que
suportam os custos com as infraestruturas, como no caso, por exemplo, do
tratamento e distribuição da água.
Recursos naturais como a
energia eólica, que envolve grandes investimentos, certamente que devem ser
pagos pelos consumidores, contudo, se possível, a valores suportáveis. Outros
recursos provenientes da floresta, caça, pesca, obviamente, que estarão
disponibilizados, em função do trabalho de cada pessoa interessada. Mas
qualquer que seja a forma de exploração e uso dos recursos, sempre deverá
existir uma forte sensibilização para não os desperdiçar, inclusivamente
aqueles que são pagos pelo consumidor.
Portugal é um país pobre,
quanto a recursos naturais, fundamentalmente aqueles de primeira necessidade.
Também sucede na maioria dos municípios, de natureza rural e semiurbana, os
quais estão em situação idêntica, logo, é preciso estabelecer regras, muito
rigorosas, para que a escassez não se agrave.
Entre os recursos
naturais, a água é, porventura, um dos mais importantes para a vida na Terra. A
captação e tratamento deste precioso líquido, sua condução e distribuição, para
e até aos domicílios, e outras instalações, tem custos elevados e tanto mais
onerosos quanto melhor for a qualidade e quanto maior for o desperdício.
Bens essenciais, que são fundamentais não só
para o homem como para todos os seres vivos na Terra, devem merecer um especial
cuidado por parte de todos os cidadãos, mesmo com as máximas capacidades e
poder de improviso que o ser humano tem, para resolver a maior parte das
situações que lhe são desfavoráveis.
É evidente que: «O homem na sua pessoa humana tem
necessidades, mas tem perspicácia, tem engenho e inteligência que procura
satisfazê-las. Os bens da Terra nesta colocados pelo Criador, são como a
resposta às necessidades do homem e constituem um contínuo desafio ao engenho
humano no sentido de serem por ele descobertas e utilizadas de acordo com o fim
de servir e em sua especialidade própria. Enfim a resposta prática do homem à
proposta feita a ele pela riqueza dos bens da Terra: a actuação transformadora
do trabalho.» (SARTORI, 1990:32).
A realização de um
trabalho consistente, regular, competente e atualizado, em parceria com
instituições e cidadãos individuais, todos interessados na obtenção e
conservação de um bom ambiente natural, a partir de uma entidade coordenadora,
que, na circunstância, poderia ser a Câmara Municipal, para toda a área do
respetivo município, parece ser o caminho a seguir, com sustentação técnica e
científica, acompanhamento permanente da evolução das condições ambientais,
para a qualidade de vida que, seguramente, será o bem mais precioso para a
humanidade.
A conceção de um projeto,
exclusivamente vocacionado para a melhoria do ambiente natural, para uma
ecologia avançada e permanentemente respeitada que, afinal, não é mais do que
um dever de cidadania, será um dos grandes melhoramentos públicos que qualquer
administração central, regional e local, pode oferecer aos seus cidadãos, mesmo
sabendo-se que a visibilidade física, o impacto monumental, ou sumptuosidade da
obra, talvez não produzam os efeitos, circunstancialmente, cíclicos, que se
poderiam, e até seria legítimo desejar, o que, ainda assim, se coloca em dúvida
porque, hoje como no passado e no futuro, o maior bem que se pode ter é um
excelente meio-ambiente, uma ecologia moderna, bases da saúde, do bem-estar e
da felicidade humana, obviamente, entre outros valores, igualmente
fundamentais.
BIBLIOGRAFIA
CARNEGIE,
Dale & ASSOCIADOS, (1978). Administrando
Através das Pessoas. Trad. Ivan Zanoni Hausen. Rio de Janeiro: Biblioteca
do Exército – Editora
CARVALHO, Maria do Carmo Nacif de, (2007). Gestão de Pessoas. 2ª Reimpressão. Rio de Janeiro: Senac Nacional
RESENDE, Enio,
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Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark
SARTORI,
Luís Maria, (1990). Quando a Empresa se
Torna Comunitária. Aparecida SP: Editora Santuário
TOLEDO,
Flávio de, (1986). Recursos Humanos,
crise e mudanças. 2ª Ed. São Paulo: Atlas.
TORRE,
Della, (1983). O Homem e a Sociedade. Uma
Introdução à Sociologia. 11ª Edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional
“NÃO,
ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2025
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
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