domingo, 26 de agosto de 2012

Melhorar as Relações Humanas para a Reconciliação


O deficiente relacionamento entre pessoas é, praticamente, um dado adquirido, que dispensa a exigência da validação científica. As pessoas, independentemente das respectivas atividades, graus de parentesco, laços de amizade, interdependência entre elas, valores, princípios e objetivos que norteiam as suas vidas, têm dificuldade em se relacionarem numa base de Solidariedade, Amizade, Lealdade, Verdade, Igualdade, Confiabilidade e Reciprocidade.
Os conflitos pessoais, institucionais e internacionais, nascem, quase sempre, de posições assumidas por uma das partes, que não agradam à outra, a qual, por sua vez, muitas vezes, responde em tom ainda mais radical, em vez de abordarem a questão numa perspectiva transparente, conciliadora, respeitosa, compreensiva e tolerante. Por vezes reage-se com a agressividade da indiferença, da desconsideração, do afastamento de que respeitosamente elabora uma crítica sincera, porque quando se é amigo, deve-se criticar pedagogicamente.
Por outro lado, a atitude reconciliadora, depois do conflito ter surgido é, igualmente, desconsiderada pelas partes, quando em boa verdade, uma reconciliação feita à luz dos sentimentos de generosidade, de abnegação e espírito doador, seria um processo redentor e de pacificação amigável, entre pessoas, instituições e nações desavindas. Pacificar as pessoas pressupõe que: “Amemos a verdade e faremos a paz dinâmica e construtiva pela reconciliação (…). Fomentar ódios e rancores, impor aos adversários a humilhação e a injustiça, é destruir o futuro…” (ARAÚJO, s.d.:310).
Educar e formar os cidadãos, qualquer que seja a idade e estatuto, para desenvolverem hábitos de relações humanas sadias, sinceras e leais, é uma tarefa que se impõe lançar nas famílias, nas escolas, nas Igrejas, entre amigos que verdadeiramente se gostam, nas demais instituições, nas associações e empresas, em todas as comunidades e na sociedade global em geral, porque qualquer processo que vise reconciliar pessoas, instituições e nações, só poderá concluir-se com êxito, se os intervenientes souberem relacionar-se de igual para igual.
Quaisquer que sejam as técnicas, para a comunicação e relacionamento interpessoal, elas serão ineficazes se as relações humanas, antes de todas as outras: profissionais, comerciais, políticas, etc., não assentarem em princípios de transparência, de verdade e de respeito pelo outro; em sentimentos puros de amizade incondicional, obviamente, quando se chega a este nível de relação.
Atitudes de auto-estima, de escuta ativa, de concentração nas mensagens, de contacto directo, de eliminação de preconceitos e juízos de valor, beneficiam o acto comunicativo e, principalmente, criam um sentimento de empatia pelo interlocutor, de tal forma que qualquer das partes se: “esforce por se colocar na posição do seu interlocutor a fim de conseguir situar as informações que lhe estão a ser transmitidas em relação ao seu ponto de vista.” (DIOGO, 2004:II-14)
O relacionamento humano, ao nível da comunicação, é essencial hoje em dia, sejam quais forem os objetivos a atingir, na medida em que constitui um dos principais instrumentos que o ser humano sabe utilizar e dominar, para o bem e para o mal, com grande competência.
Por isso, se torna absurdo não potencializar a capacidade comunicativa para a resolução dos problemas, dos conflitos, das boas-relações, enfim, para a pacificação do mundo, aliás, o desentendimento existente entre indivíduos da mesma espécie, revela, essencialmente, uma postura preocupante – a humanidade não se concilia porque não quer aprender a conciliar-se e, quando aprende, não quer utilizar os conhecimentos e as boas-práticas, entretanto, adquiridos.
A questão que se coloca prende-se com o futuro, na perspectiva dos legítimos interesses das novas gerações, isto é, até que ponto os atuais dirigentes, quaisquer que sejam os seus papéis, têm o direito de prejudicar as desejáveis boas-relações das gerações vindouras? Até que ponto não é dever destes mesmos dirigentes preparar um mundo pacífico, para as próximas gerações?
Os conflitos continuam: a nível local, regional, nacional e mundial. E se é verdade que: uns se resolveram; também é certo que outros continuam, há décadas, por solucionar; outros, ainda, são alimentados, indefinidamente, sem fim à vista; alguns outros, mais recentes, criados de novo, aparentemente, sem se terem esgotado todas as alternativas civilizadas e democráticas, pesem, embora, o longo tempo decorrido e as alegadas situações para o efeito invocadas.
Pacificar a humanidade, quando alguns poderosos tudo fazem para lançar e depois manter conflitos, alegadamente para livrar o mundo de ditadores, de presumíveis armas, de situações de violência internacionalizada, como o terrorismo, a guerrilha, do narcotráfico e outros males, que a todos atormentam, não parece ser a solução que convém para um mundo que se pretende civilizado, humanizado, solidário. Primeiro, o Diálogo, até se esgotar todas as possibilidades de sucesso; depois, os recursos mais drásticos, como as sanções administrativas, os embargos, etc. Já bastam as situações naturais que por vezes originam conflitos sociais.
A ausência de diálogo e a presença das armas, de facto, parece não estar a resultar, em diversos países e as consequências são os milhões de vítimas inocentes que, certamente, não desejam o conflito armado: “Todavia, parece que a melhor maneira de reconhecer os conflitos e de dar vazão a eles não é a força, a guerra, mas, sim, o diálogo e a política. É justamente por intermédio do espaço público, democrático e do debate exaustivo e participativo, do embate de ideias, que talvez possamos sonhar com uma sociedade mais humana”. (GRACIOSO, 2006:53).

Bibliografia
ARAÚJO, Miguel. (Dir./Coord.). (1974). DICIONÁRIO POLÍTICO: Os Bispos e a Revolução de Abril. Lisboa: Ispagal
DIOGO, Rita (2004). Relações Humanas. Lisboa: IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional
GRACIOSO, José (2006). “A Vida em Sociedade e os Conflitos Humanos”, in Filosofia. Ciência & Vida. São Paulo: Escala. Ano I, (1)
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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