No passado dia 19 de Julho, a meio da tarde, algo
correu mal com a minha saúde e, em plena vila de Caminha, fui acometido de
doença súbita que me levou à perda de consciência e à condução rápida para o
Hospital de Viana do Castelo, onde recuperei a perceção da minha existência em
condições de grande sofrimento físico.
Sei que fui prontamente socorrido pelo INEM/Bombeiros
Voluntários de Caminha e sua equipa de especialistas, bem como diversas pessoas
amigas e conhecidas que, rapidamente, tomaram as medidas necessárias para que
eu fosse assistido eficazmente, o que de resto se verificou, assim como no
serviço de urgência do Hospital de Viana do Castelo.
Aos meus familiares, a todas as pessoas conhecidas
e amigas, instituições e especialistas que me socorreram, se interessaram e
continuam preocupadas com o meu estado de saúde, e me têm acompanhado, quero,
publicamente, manifestar o meu agradecimento pelas manifestações de
solidariedade, amizade e carinho. Sem dúvida que é com estas/es amigas/os e
entidades que eu posso contar. Muito obrigado.
Na verdade continuo a pensar que a autêntica amizade
se revela: na doença/hospitais; na privação da liberdade/prisão, nas
dificuldades da vida/provações; no apoio sempre oportuno, qualquer ele se faça
necessário e sem que seja solicitado. Quem nos quer bem sabe quando estamos a
passar dificuldades e, na medida do possível, ajudam-nos.
É fundamental que durante a recuperação para a
vida normal e a saída destas situações difíceis, bem como ao longo da vida,
possamos contar com o apoio incondicional de quem nos quer bem e que desta
forma revela a sua atenção, apreço, cuidado e carinho. Ter amigas/os para nos
ajudarem a superar as dificuldades da vida, é como que possuir um património inestimável.
A vida física é uma passagem muito rápida por este
mundo terreno. Tudo é efêmero e as ações: boas, omissas ou más, ficam com quem
as praticam. Todos precisamos de todos e, quando pensamos que somos autónomos,
que já não vamos necessitar de mais ninguém, eis que acontece o imprevisível. É
aqui que surge, novamente, aquela pessoa que, quantas vezes, rejeitamos, que
humilhamos, que trocamos por outras, que pensávamos já não mais carecer dela.
De facto, o mundo é muito pequeno, está repleto de
“esquinas” e a vida cheia de precipícios e alçapões. “Não há bem que sempre
dure, nem mal que nunca se acaba”. Em bom rigor, poderemos afirmar que o presente não existe em tempo
absoluto, porque milésimos de segundo são suficientes para tudo acontecer, tudo
ter passado. Quando muito, poderíamos dizer que o presente é o passado a
preparar o futuro.
Por
isso não poderei esquecer um passado muito recente, que foi extremamente
doloroso. Não vou ignorar que realmente as pessoas minhas amigas e, obviamente,
aqui incluo a minha família, são profundamente importantes nas nossas vidas. Confirmei
que tenho pessoas amigas, mas também tomei conhecimento de que outras, que eu
pensava que o seriam, afinal, talvez eu esteja errado, porque a amizade é
solidariedade, preocupação para com o amigo, disponibilidade para estar
presente. Muito Obrigado a quem me
quer bem e comigo se desassossega. De ora em diante, é com estas/es que eu
conto.
Eu procurarei retribuir sempre, com solidariedade,
amizade, lealdade, consideração, estima e imenso carinho. Neste período de
grandes preocupações e sofrimento físico e emocional, registei, felizmente, que
tenho amigas/os, que comigo se inquietaram mas também anotei que, infelizmente,
uma ou outra pessoa, por quem eu tinha uma profunda solidariedade, amizade e
consideração, me viraram as costas.
Para as primeiras, Deus queira que tudo lhes corra
bem na vida, que nunca saibam o que é uma doença, mais ou menos grave e que se
tiverem tal infelicidade, podem contar com todo o meu apoio e carinho, porque
jamais esquecerei a atenção que durante este período de recuperação tiveram
para comigo. Algumas destas maravilhosas pessoas foram incansáveis.
Quanto às segundas, felizmente poucas, muito
poucas, apesar do muito, mesmo muito, que lhes tenho querido e por elas realizado,
peço a Deus que nunca experimentem a mágoa da rejeição, da humilhação, da dor,
do sofrimento psíquico e do desgosto de ser trocado por outras pessoas,
interesses e situações. Para estas pessoas peço a Deus que lhes ilumine as suas
inteligências e “amoleça” os seus corações, para que, no mínimo, saibam ser
gratas.
Deixem-me abordar esta situação com algumas breves
reflexões porque: é nos “pequenos-grandes” gestos, nas palavras simples mas
generosas, sinceras e carinhosas; na solidariedade, na amizade, na lealdade, na
consideração, na estima, no carinho e na reciprocidade que os nossos
verdadeiros e muito especiais amigos, aqueles que nos têm no coração, que se
mostram, incondicionalmente, do nosso lado, estão inequivocamente connosco.
É na prática dos princípios, valores, sentimentos
e emoções autênticos, que nós sabemos onde estão os nossos amigos. É nos
momentos bons, como nas horas de maiores dificuldades, que os nossos
verdadeiros amigos se nos entregam, sem reservas, que connosco se preocupam e
nos acalentam o espírito para resistirmos aos infortúnios da vida.
Peço-vos,
ainda que, em conjunto, reflitamos em algumas grandes máximas, da autoria de
quem sabe muito mais do que eu. Ei-las:
«Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for
preciso. E com confiança no que diz.» (Carlos Drummond de Andrade). «Quando
o amor é sincero ele vem com um grande amigo, e quando a amizade é concreta ela
é cheia de amor e carinho.» (William Shakespeare). «Não
erramos quando damos muito de nós a alguém. Erramos quando esperamos o
reconhecimento de alguém que não sabe valorizar a sinceridade que lhe damos.» (Vinicius Trombini Martins in http://pensador.uol.com.br/frase/OTY1NzIz/). «Os nossos amigos conhecem-nos na prosperidade. Nós
conhecemos os nossos amigos na adversidade.» (John Collins). «O amigo de todos não é amigo de ninguém.» (Louis Bourdaloue).
«O
amigo de verdade, do coração, especial, é aquele que nos ama, pura e
incondicionalmente, com um ilimitado “Amor-de-Amigo”; é aquele que, quantas
vezes, humilhado, desconsiderado, ridicularizado, esquecido, eventualmente
agredido, por aquele de quem é amigo, continua ao seu lado, desejando-lhe
sempre, para ele e família, todo o bem do mundo, felicidade, saúde, trabalho,
sucesso, e proteção Divina. Este é o amigo único, exclusivo, do peito, especial
que continuará a afirmar que nunca será inimigo de quem o desprezou. É aquele
para o qual, apesar de muitas desfeitas, ainda temos uma frase de estima, uma
frase bem sentida, que transporta generosidade e por isso lhe dizemos: Vai, vai com Deus, Querido Amigo. Vai, vai
com Deus, em paz. Deus te proteja.» (BÁRTOLO, 2012:TA-450)
Por vezes pensamos que temos amigos especiais, que
nos “metem” no coração, mas que: por negligência, por influências nefastas, por
falta de consideração, estima e carinho, por deslealdade, viram-nos as costas,
esquecendo tudo o que fomos e fizemos para e por essas pessoas; deixam-se
iludir por circunstâncias, por vezes fugazes, da vida; por afinidades parentais
ou por “coleguismos”; por paródias e farras no âmbito de determinados
convívios; também por pensarem que ficarão melhor enquadrados nas mesmas faixas
etárias; depreciam princípios, os comportamentos sérios de quem é mais velho e
lhes quer muito bem, tão bem que até são capazes de tudo dar por tais pessoas.
Elas ignoram, inclusivamente: princípios, valores,
sentimentos e emoções; “jogam” tudo para a “gaveta” do ostracismo, porque
consideram que por sermos doentes, seniores, nada influentes e outras
situações, já não servimos para mais nada. Esquecem que, num tempo mais próximo
do que aquele que desejam, estarão nas mesmas condições e que muitas/os das/os
“amigas/os” de hoje, também os postergarão no futuro. Sentirão, então, a mágoa,
a dor, o desgosto, o sofrimento do abandono. Algumas destas pessoas, quererão,
então e talvez, recuperar velhos amigos, mas nessa altura, quem sabe, se não
será muito tarde.
É deplorável que em circunstâncias tão especiais,
quanto dolorosas, sejamos “apunhalados”, traiçoeiramente rejeitados e trocados,
precisamente por quem nós tínhamos amizade sincera, por quem tudo demos, e que
agora nos rejeita, por quem julga ter a ganhar com o rompimento de relações
construídas com sinceridade, no maior respeito pela honra, dignidade e
reputação. Como se mudam os comportamentos em função de determinadas
conveniências, parece algo impróprio em pessoas que se queriam muito bem.
Mas o mais lamentável é haver alguém que de nós só
tem recebido manifestações de solidariedade, de amizade, de lealdade e imenso
carinho, agora se deixe manipular por “Salvadoras/es da Pátria”, por amigas/os
de “farras” que, em muitos casos, não passam de autênticas/os oportunistas. Mas
o tempo e a história encarregar-se-ão de desvendar a verdade. A máscara das
hipocrisias, das falsidades, um dia cairá, talvez mais rapidamente do que o
desejado. Então vão restar aquelas/es amigas/os que sempre estiveram ao nosso
lado.
De uma outra forma, quero deixar uma nota de
reflexão, que se prende com o facto de, realmente, ter a certeza de que os
amigos solidários, sinceros, leais, preocupados com o nosso bem-estar, ainda
existem, felizmente e são tão necessários como muitos dos elementos das nossas
famílias.
Costuma-se dizer que quem tem um amigo não morre
na miséria, seja esta qual for. Acredito nesta máxima, porque, uma vez mais, tive
a prova e fiquei a saber onde estão os meus amigos especiais, aqueles com quem
posso contar no futuro que, não sendo muitos, são os suficientes para se
preocuparem comigo, conforme eu a eles me tenho dedicado, mesmo recebendo
alguma ingratidão.
Por tudo o que acabo de viver (e que ainda
continuo), desejo manifestar a minha gratidão pelos cuidados que tais amigas/os
me prestaram, pela preocupação e carinho com que me têm acompanhado durante
este período de doença, porque para além deste meu dever primário, também sinto
imensa felicidade em agradecer a quem é minha/meu sincera/o amiga/o.
A alegria de saber que posso (e devo) agradecer a
tais amigas/os inunda-me o meu espírito de uma felicidade que eu consideraria
“Bendita” e que por isso mesmo, para mim, constitui uma Graça Divina. Obrigado,
minhas/meus amigas/os muito especiais. É convosco que eu quero partilhar todas
as minhas alegrias e tristezas, sucessos e derrotas. Podeis, igualmente, contar
comigo, no pouco que eu ainda valho.
Pretendo concluir esta reflexão pela positiva,
reiterando os meus agradecimentos a todas as pessoas, e foram muitas que nestes
dias difíceis estiveram ao meu lado, interessaram-se pelo meu bem-estar e não
se pouparam a esforços para me ajudarem a ultrapassar as principais dificuldades.
A estas/es amigas/os, não tenho palavras para lhes manifestar a minha gratidão,
a não ser com um muito humilde, quanto muito sincero, simples e comovido: OBRIGADO.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
E-mail: bartolo.profuniv@mail.pt
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)
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