Independentemente e/ou conjuntamente com
habilitações académicas, experiências, situações e estatutos
económico-políticos, exige-se, em todas as profissões, atividades e
intervenções, competência, eficácia, resolução de problemas, harmonia,
compreensão e resultados. Hoje vive-se num mundo progressivamente avançado, num
tempo e num espaço, incompatíveis com o marasmo, com a indiferença, com o
desleixo.
Produtividade, competitividade, qualidade e
resultados positivos, face aos objetivos prefixados, são palavras-chave que,
seguramente, se devem aplicar à comunicação, esta suportada no diálogo
competente, implicando aqui proficiência, um conceito mais profundo, envolvendo
valores e princípios, não tanto materiais, mas, isso sim, mais ao nível das
atitudes e dos sentimentos que, em cada momento, é necessário revelar, sem
complexos.
O paradigma comunicacional pressupõe competência,
porque se trata de um processo permanentemente vivenciado pelas pessoas, na
medida em que estas ocupam parte significativa do seu tempo a comunicar, seja
qual for o tipo de linguagem utilizado: verbal e/ou não-verbal, o que contribui
para a ocorrência de situações problemáticas, ou solucionadoras de questões
diversas, quantas vezes resultantes da comunicação incompetente, porque
ambígua, porque agressiva, manipuladora ou passiva.
Na realidade: «A
comunicação é um processo complexo porque envolve muitas formas de
manifestações e de expressão, com diferentes finalidades. Ela é resultante da
expressão do conhecimento, da inteligência e da emoção, e pode ser afetada por
diversos fatores ambientais. A comunicação está presente em todas as situações
da vida – na convivência familiar, no trabalho, na participação comunitária, no
amor e na amizade, nos negócios, no lazer, no ensino – e, em cada uma delas,
requer diferentes maneiras de expressão. Significa dizer que – para bem da
felicidade geral de todos – as pessoas devem desenvolver e aperfeiçoar
constantemente várias competências de comunicação …» (RESENDE, 2000:
95-96).
Ser competente na comunicação impõe, desde logo,
aos vários interlocutores, uma atitude comunicacional assertiva, isto é, pela
positiva, pelo respeito, pela verdade, pela tolerância, pelo diálogo, que
conduzem a um resultado do tipo ganha/ganha, ou seja, nenhum dos intervenientes
perde tudo, mas também nenhum deles ganha tudo, porque todos cedem a favor de
todos.
Analisada a comunicação por esta perspectiva,
reconhecendo-se, embora, não ser a única possível, o conceito de competência
comunicacional envolve o princípio do diálogo, com as características referidas
e o resultado previsível, segundo a fórmula do “ganha/ganha”. Uma comunicação, onde existe diálogo, que atinja
aquele resultado, pode considerar-se competente.
Naturalmente que para haver competência na
comunicação, para além do recurso ao diálogo assertivo, que incluirá uma escuta
ativa e um retorno inequívoco da compreensão dos temas, abordagens,
informações, ordens e conclusões, trazidas ao processo, é indispensável que se
desenvolvam outras competências, envolventes ao ato comunicacional, supondo que
este utiliza os dois tipos de linguagem: verbal e não-verbal. Assim, por
exemplo, é importante, na competência comunicacional, o domínio de competências
técnicas, intelectuais, cognitivas, relacionais, sócio-politicas,
didático-pedagógicas, metodológicas, entre outras.
A comunicação é, apenas, uma das muitas dimensões
humanas, logo, a sua eficácia, seguramente, vai depender da competência com que
são exercidas as múltiplas dimensões da pessoa, todavia, mesmo na dimensão
espiritual, portanto, inefável, imaterial e subjetiva, é possível ser-se
competente, se forem atingidos resultados que proporcionem bem-estar individual
e colectivo, independentemente de serem ou não quantificáveis.
Avaliar, através de um determinado equipamento e/ou
instrumento, com uma unidade de medida universalmente reconhecida e validada,
resultados que envolvem dimensões subjetivas do homem, é uma tarefa discutível:
como medir a felicidade, o amor, a tristeza, a alegria? O resultado da dimensão religiosa do indivíduo, como deverá ser
expresso: quantidade de orações, de penitências, de atos de caridade,
participação em cerimónias litúrgicas, em rituais?
Muito difícil, polémica e inconclusiva, seria a
discussão sobre uma análise objetiva, expressa em resultados concretos,
medíveis e universais, em domínios que envolvem grande subjetividade. Apesar de
todas as dificuldades, cada pessoa poderá entender determinadas situações,
acontecimentos e factos como um resultado, obtido através das suas intervenções
competentes.
Se o conceito de resultado for utilizado em sentido
lato, como um valor, material ou imaterial, a que se chegar, após um percurso
desenvolvido e com uma metodologia sistematizada, então torna-se mais pacífico
aceitar o conceito de competência, nos termos que se seguem: «Competência é a transformação de
conhecimentos, aptidões, habilidades, interesses, vontade, etc., em resultados
práticos. Ter conhecimento e experiência e não saber aplicá-los em favor de um
objectivo, de uma necessidade, de um compromisso, significa não ser competente,
no sentido aqui destacado.» (Ibid.: 32).
Neste enquadramento conceptual é possível ser-se
competente, ou incompetente, também na comunicação interpessoal. Conclui-se,
então, sobre as vantagens da comunicação competente, qualquer que seja a
atividade, objetivos e intervenientes.
O resultado a que se chega, através do diálogo,
numa negociação, será, pelo menos em parte, consequência da competência
comunicacional e argumentativa de cada interveniente. Obviamente que nem toda a
capacidade persuasiva, nem os argumentos, aparentemente mais poderosos, podem
fazer vencimento, perante um interlocutor que, de igual forma, tem as suas
razões que considera verdadeiras, adequadas e as melhores, para a resolução do
conflito em apreço.
Encontrar o ponto de equilíbrio pode revelar-se um
caminho difícil que, uma vez mais, um diálogo assertivo, em todos os seus
sentidos, incluindo aqui a atitude conciliadora, tolerante e democrática,
conjugada com a capacidade de cada uma das partes interessadas se colocar no
papel da outra. A perspectiva poderá ser a competência de se implementar a
estratégia do “ganha/ganha”. Ser
competente significará, então, aceitar a distribuição equitativa e justa dos
recursos disponíveis, e/ou dos valores em discussão.
Bibliografia
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento
das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade.
Rio de Janeiro: Qualitymark.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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