Educar e formar pessoas humanas implica
conhecimentos, técnicas e avaliações diferentes das que se utilizam na
construção de objetos, sejam edifícios, pontes, estradas, máquinas ou simples
peças de vestuário e outras inúmeras coisas materiais. Preparar para a vida
individual de cada pessoa, e em sociedade humana, não é o mesmo que programar
uma máquina.
A pessoa humana: comporta e transporta princípios, valores,
sentimentos, emoções, de que resultam atitudes que possibilitam o melhor ou
pior relacionamento interpessoal; que promove, havendo para isso vontade, a
harmonia, a compreensão, a tolerância e a resolução de problemas
sócio-culturais, pessoais e do grupo; que enriquecem as dimensões
verdadeiramente humanas, como a ética, a religião, a política, a social e a
interrelacional, entre outras.
Educar e preparar a pessoa para a constituição de
uma família, desde logo: a começar na escolha do cônjuge, nos princípios,
valores e regras a implementar na educação dos filhos; as opções pelo tipo de
educação; a profissão que se pretende para o jovem; que direitos e deveres se
podem conceder e exigir, respetivamente; que religião e práticas litúrgicas são
compatíveis ou desejáveis, face a uma bem caraterizada cultura; enfim, tantos
outros aspetos, pormenores e dimensões humanas, que é preciso acautelar, e/ou
estimular e praticar, é uma tarefa grandiosa e apenas realizável pelo ser
humano, justamente pela educação, formação, instrução e treino.
Educar e preparar a pessoa humana para o governo do
grupo, da comunidade, da sociedade e do mundo, pressupõe um vasto conjunto de
conhecimentos, de práticas, de experiências, que ao longo da vida, e de forma
sistematizada, e orientada, devem ser: ensinadas e aprendidas; exemplificadas e
praticadas; interiorizadas e manifestadas, por quem ensina e por quem aprende.
Preparar um técnico, para exercer, no seu domínio,
determinadas tarefas específicas, durante um certo tempo da sua vida, em média,
cerca de um terço da existência humana, não é a mesma coisa que preparar uma
pessoa para intervir integral e sequencialmente, ao longo de toda a sua
existência física. Ignorar que a pessoa humana vai muito mais além, do que o
simples profissional de uma qualquer atividade, constitui uma visão insuficiente
e redutora da dignidade humana.
Educar e formar pessoas humanas é bem diferente de
construir engrenagens, máquinas, sistemas, objetos; domesticar e/ou amestrar
animais, identificam, igualmente, outras atividades que são insuscetíveis de
qualquer comparação, e/ou subordinação à/da pessoa humana.
O professor que aqui se considera necessário,
valorizado e insubstituível, prende-se com outros valores, com outras caraterísticas
e capacidades singularmente humanas, porque se trata do docente que trabalha e
forma pessoas, não objetos, nem animais, nem sistemas, obviamente, sem prejuízo
para a complexidade destas atividades.
Defende-se o professor-formador, que em comunhão de
princípios, valores, sentimentos e objetivos, coopera com outros seus
semelhantes, humanamente considerados, sem superioridade, nem vaidade, nem orgulho
fundamentalista, porque esta última sensibilidade continua, hoje, primeiro
quarto do século XXI, atual e terrivelmente real: «O orgulho, paixão feroz, rainha e mãe de todas as pragas sociais, opõe
uma resistência invencível a essa conversão dos povos. O orgulho não mede a
felicidade de acordo com o bem-estar, mas de acordo com a infelicidade alheia.»
(MORUS, s.d.:139).
Todo o homem tem consciência que a sociedade
perfeita é um sonho, uma utopia, porém, todo o homem tem a obrigação de tornar
a sociedade atual, bem assim como a vindoura, menos injustas. Com tal objetivo
deve ser, cada um individualmente considerado, e a comunidade no seu todo,
preparados de forma superior, nos princípios e valores da sociedade utópica,
obviamente, adaptados aos tempos contemporâneos, a partir da «união dos cidadãos consolidada no interior,
a excelência e a solidez das instituições defendem a república contra os
perigos de fora.» (Ibid.:140) e, se este procedimento se generalizar, deixa
de haver quaisquer perigos, sejam de fora ou de dentro.
Verifica-se que a complexidade, ao longo da
história da humanidade, na formação da pessoa humana, não é compaginável com
quaisquer processos, meios e técnicas que excluam o professor/formador: seja no
seu envolvimento direto e presencial; ou seja à distância, defendendo-se, nesta
reflexão, a sua intervenção presencial, porque nenhuma máquina robotizada vive,
pensa, sente e age como a pessoa humana.
Considerar-se-á uma indignidade educar a pessoa
humana, exclusivamente, através de uma máquina, que assim se superiorizaria em
relação às mulheres e aos homens, e até os escravizaria, pelo contrário,
aceita-se o uso das denominadas máquinas de ensinar, como igualmente o ensino à
distância, desde que o homem-professor/formador seja responsável pela
programação, pelo controle, pela avaliação e altere, sempre que necessário, e
também que, periodicamente, o aluno/formando possa reunir-se, direta e
presencialmente, com aquele que, à distância, o vem orientando em forma de
tutoria. Nestas condições até se reconhecem muitas vantagens neste tipo de
ensino/aprendizagem.
Bibliografia
MORUS, Thomas, (s.d.). A Utopia, Prefácio Prof. Mauro Brandão
Lopes, Tradução, Luís Andrade, S. Paulo: Editora Escala
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Jornal: “Terra e
Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
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