segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Educação e Formação da Pessoa Humana

Educar e formar pessoas humanas implica conhecimentos, técnicas e avaliações diferentes das que se utilizam na construção de objetos, sejam edifícios, pontes, estradas, máquinas ou simples peças de vestuário e outras inúmeras coisas materiais. Preparar para a vida individual de cada pessoa, e em sociedade humana, não é o mesmo que programar uma máquina.
A pessoa humana: comporta e transporta princípios, valores, sentimentos, emoções, de que resultam atitudes que possibilitam o melhor ou pior relacionamento interpessoal; que promove, havendo para isso vontade, a harmonia, a compreensão, a tolerância e a resolução de problemas sócio-culturais, pessoais e do grupo; que enriquecem as dimensões verdadeiramente humanas, como a ética, a religião, a política, a social e a interrelacional, entre outras.
Educar e preparar a pessoa para a constituição de uma família, desde logo: a começar na escolha do cônjuge, nos princípios, valores e regras a implementar na educação dos filhos; as opções pelo tipo de educação; a profissão que se pretende para o jovem; que direitos e deveres se podem conceder e exigir, respetivamente; que religião e práticas litúrgicas são compatíveis ou desejáveis, face a uma bem caraterizada cultura; enfim, tantos outros aspetos, pormenores e dimensões humanas, que é preciso acautelar, e/ou estimular e praticar, é uma tarefa grandiosa e apenas realizável pelo ser humano, justamente pela educação, formação, instrução e treino.
Educar e preparar a pessoa humana para o governo do grupo, da comunidade, da sociedade e do mundo, pressupõe um vasto conjunto de conhecimentos, de práticas, de experiências, que ao longo da vida, e de forma sistematizada, e orientada, devem ser: ensinadas e aprendidas; exemplificadas e praticadas; interiorizadas e manifestadas, por quem ensina e por quem aprende.
Preparar um técnico, para exercer, no seu domínio, determinadas tarefas específicas, durante um certo tempo da sua vida, em média, cerca de um terço da existência humana, não é a mesma coisa que preparar uma pessoa para intervir integral e sequencialmente, ao longo de toda a sua existência física. Ignorar que a pessoa humana vai muito mais além, do que o simples profissional de uma qualquer atividade, constitui uma visão insuficiente e redutora da dignidade humana.
Educar e formar pessoas humanas é bem diferente de construir engrenagens, máquinas, sistemas, objetos; domesticar e/ou amestrar animais, identificam, igualmente, outras atividades que são insuscetíveis de qualquer comparação, e/ou subordinação à/da pessoa humana.
O professor que aqui se considera necessário, valorizado e insubstituível, prende-se com outros valores, com outras caraterísticas e capacidades singularmente humanas, porque se trata do docente que trabalha e forma pessoas, não objetos, nem animais, nem sistemas, obviamente, sem prejuízo para a complexidade destas atividades.
Defende-se o professor-formador, que em comunhão de princípios, valores, sentimentos e objetivos, coopera com outros seus semelhantes, humanamente considerados, sem superioridade, nem vaidade, nem orgulho fundamentalista, porque esta última sensibilidade continua, hoje, primeiro quarto do século XXI, atual e terrivelmente real: «O orgulho, paixão feroz, rainha e mãe de todas as pragas sociais, opõe uma resistência invencível a essa conversão dos povos. O orgulho não mede a felicidade de acordo com o bem-estar, mas de acordo com a infelicidade alheia.» (MORUS, s.d.:139).
Todo o homem tem consciência que a sociedade perfeita é um sonho, uma utopia, porém, todo o homem tem a obrigação de tornar a sociedade atual, bem assim como a vindoura, menos injustas. Com tal objetivo deve ser, cada um individualmente considerado, e a comunidade no seu todo, preparados de forma superior, nos princípios e valores da sociedade utópica, obviamente, adaptados aos tempos contemporâneos, a partir da «união dos cidadãos consolidada no interior, a excelência e a solidez das instituições defendem a república contra os perigos de fora.» (Ibid.:140) e, se este procedimento se generalizar, deixa de haver quaisquer perigos, sejam de fora ou de dentro.
Verifica-se que a complexidade, ao longo da história da humanidade, na formação da pessoa humana, não é compaginável com quaisquer processos, meios e técnicas que excluam o professor/formador: seja no seu envolvimento direto e presencial; ou seja à distância, defendendo-se, nesta reflexão, a sua intervenção presencial, porque nenhuma máquina robotizada vive, pensa, sente e age como a pessoa humana.
Considerar-se-á uma indignidade educar a pessoa humana, exclusivamente, através de uma máquina, que assim se superiorizaria em relação às mulheres e aos homens, e até os escravizaria, pelo contrário, aceita-se o uso das denominadas máquinas de ensinar, como igualmente o ensino à distância, desde que o homem-professor/formador seja responsável pela programação, pelo controle, pela avaliação e altere, sempre que necessário, e também que, periodicamente, o aluno/formando possa reunir-se, direta e presencialmente, com aquele que, à distância, o vem orientando em forma de tutoria. Nestas condições até se reconhecem muitas vantagens neste tipo de ensino/aprendizagem.

Bibliografia

MORUS, Thomas, (s.d.). A Utopia, Prefácio Prof. Mauro Brandão Lopes, Tradução, Luís Andrade, S. Paulo: Editora Escala

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Jornal: “Terra e Mar”
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)

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