domingo, 15 de outubro de 2017

Professor-Paradigma: Sua Formação

       
Demonstrada que está a insubstituabilidade do professor/formador, na sociedade contemporânea, é preciso reconhecer o seu papel na construção de um mundo de Conhecimentos, Cultura, Paz e Felicidade. Nesta fase da vida da humanidade, em que os países se organizam nas mais dignas e distintas instituições, encimadas pela mãe de todas elas – ONU – Organização das Nações Unidas –, onde se congregam todas as nações, supostamente unidas por ideais comuns, um mundo cada vez mais estruturado em grupos internacionais, para várias finalidades, no qual vai ganhando importância um novo conceito: Globalização.
Pensa-se que a preparação dos cidadãos, das comunidades e das sociedades mais alargadas, deverá passar, cada vez mais, pela educação/formação, o mais cedo possível na vida de cada pessoa, prolongando-se até ao fim dessa mesma vida e sem interrupções, através dos diversos e adequados processos: científico, técnicos, pedagógicos e, na fase mais avançada dos alunos/formandos, também de natureza andragógica. (Andragogia - «ciência antiga que estuda a educação para adultos com a finalidade de buscar uma aprendizagem efetiva para o desenvolvimento de habilidades e conhecimento»), (Malcolm Knowle, in: https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/gestao-rh/o-que-e-andragogia)
Dificilmente haverá outra alternativa se se pretender um mundo civilizado, de princípios, de valores, de normas libertadoras para a pessoa humana responsável, que possam conduzir à Paz, ao Amor e à Felicidade. Nesse sentido, torna-se imperioso: «Um planejamento educacional que dê conta não só de aumentar as chances de uma cultura enfrentar seus problemas e garantir sua sobrevivência, mas, especialmente, de torná-la capaz de antecipar as condições relevantes para solucioná-los, demanda que saibamos quais são os problemas a serem enfrentados pela cultura, que comportamentos contribuirão para sua solução e, finalmente, qual o ensino necessário para gerar tais comportamentos.» (ZANOTTO, 2000:120).
O professor/formador para um novo mundo que se depara à humanidade, deverá possuir uma preparação bem mais abrangente, na perspetiva de uma polivalência que circunde a sua própria especialização, porque já não basta transmitir, com profunda minúcia e ilustração, os conteúdos de um dado domínio, sem uma visão cultural, do espaço e do tempo, onde tais conhecimentos possam ser aplicados com êxito, se se quiser: “uma visão global para aplicação local
A formação inicial do professor/formador, sem o suporte de uma interiorização de diversos conhecimentos, princípios e valores, adquiridos pela experiência e formação ao longo da vida, de pouco servirá na formação de um novo cidadão-profissional, por isso: «Garantir ao professor o acesso aos saberes relevantes à sua prática por meio de uma formação adequada, não é, no entanto, suficiente para mudar a sua acção e alterar o método segundo o qual ele tem, de modo árduo e nem sempre bem sucedido, se proposto a ensinar.» (Ibid.:132).
A formação deste professor/formador, para uma sociedade cada vez mais exigente e complexa, não se compadece com a assimilação de algumas teorias, num certo período de frequência universitária, de uma licenciatura bem específica, ou mesmo ao nível de uma pós-graduação, nomeadamente de um mestrado ou doutoramento.
Entra nesta formação, tudo o que ao longo de uma vida se foi adquirindo, aplicando, melhorando, testando e validando. Incentivar, acarinhar e reconhecer, objetivamente, os professores experientes, dando-lhes oportunidades para: não só construírem as suas próprias teses; como também passá-las aos mais novos, que em início de carreira, tantas dificuldades sentem, será, seguramente, uma estratégia educativa que, a muito curto prazo, produzirá excelentes resultados.
 Em bom rigor: «Ninguém se tornará profissional apenas porque sabe sobre os problemas da profissão, por ter estudado algumas teorias a respeito. Não é só frequentando um curso de graduação que o indivíduo se torna profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como construtor de uma praxis que o profissional se forma. A partir da sua prática cabe a ele construir uma teoria (…). Assim, a identificação teoria-prática deve apresentar-se como ato crítico, no qual se demonstra que a prática é racional e necessária e a teoria, realista e racional.» (FÁVERO, 1996:65).
Acentua-se, nitidamente, a vantagem que as modernas sociedades podem obter com a manutenção, em condições adequadas, de professores/formadores experientes, obviamente, em funções de coordenação, de supervisão, de preparação e início de carreira dos novos docentes.
Um recente conceito de professor-orientador, que proporcione aos recém-formados: segurança, confiança, incentivo, apoio em rede, solidariedade a todos os níveis, e em todas as circunstâncias, aliás, é uma primeira conclusão a que chegam os próprios candidatos a professores, na medida em que: «A relação teoria e prática é fundamental porque precisamos de orientação, pois nos primeiros anos sempre encontramos dificuldades, barreiras e obstáculos e a prática nos ajuda a enfrentar o mundo sem medo e com força de vontade.» (ALUNO 3º ano, in: OLIVEIRA, 1994:219).
Vai-se desenhando, assim, um ideal de Professor-Paradigma, em contínua formação, ao longo da vida e, portanto, para além do tempo oficial de uma carreira profissional. Um bem planificado programa, para um novo conceito de professor em construção, rentabilizando, justamente, o professor em idade pós-aposentação, afigura-se como uma alternativa de sucesso, principalmente, na formação dos futuros docentes, formadores e educadores.
Exige-se, todavia, um professor que vivencie, sinta e se emocione, que tenha plena consciência de que: «A sociedade onde vive também não é geral, abstracta e estática, mas é onde transcorre sua existência, onde ele se cria e cria a cultura, entendida como trabalho, organização social e representação simbólica da vida natural e social. A educação se faz, então, para que o homem participe, desenvolva e transforme essa cultura na direcção de um viver mais humano.» (PIMENTEL, 2001:86).
O Professor-Paradigma, para este novo século, para um mundo a caminho da globalização, num número crescente de domínios, também se poderia designar de bom-professor, caraterizando-se este como aquele que: «possui uma prática social mais ativa (participação em movimento docente, profissional, religioso, sindical, partido político, etc.) tem maior facilidade de fazer uma análise das questões da educação dentro do atual contexto…» (CUNHA, 2001:161). Professor-paradigma, Bom-Professor, Professor-ideal, são, apenas, reflexões, projetos e percursos que se desejam, e não objetivos que se possam alcançar, no curto prazo.
Caminha-se para o Professor-Reflexivo, questionador, crítico, construtivo e catalisador das ideias e praxis dos mais novos, com estes se interrelacionando e ajudando a construir novos protótipos, novos ideais e novas utopias, tendo por pano de fundo a perspetiva de uma humanidade mais culta, feliz e em paz.
Na verdade, para ser professor/educador, já não basta ser um bom ensinante, ou um técnico-especialista. Ele terá que ser um agente de proximidade e de contágio, atento aos sinais da alteridade dos seus alunos/educandos, um gestor hábil do equilíbrio necessário, mas sempre difícil, entre o desejo de influência inerente ao ato pedagógico, o risco e a manipulação.
Terá também que ser tolerante e paciente, porque na forma como souber ser atento, condescendente e paciente, depende a lição sobre a atenção, a tolerância e a magnanimidade. Este é o professor que se deseja para o primeiro século deste terceiro milénio. Conjuguem-se as sinergias docentes e que não haja preconceitos contra ideias, projetos e percursos ecléticos.

Bibliografia

CUNHA, Maria Isabel da, (2001). O Bom Professor e a sua Prática, 12ª Ed., Campinas-SP: Papirus, (Colecção Magistério: Formação e trabalho Pedagógico)
FÁVERO, Maria de Lurdes de Albuquerque, (1996). “Universidade e Estágio curricular: Subsídios para Discussão”, in: ALVES, Nilda (Org.), (1996). Formação de Professores: Pensar e Fazer, 4ª Ed., São Paulo: Cortez, “Colecção: Questões da nossa época).
OLIVEIRA, Ana Cristina Baptistella de, (1994). Qual a sua Formação Professor? Campinas-SP: Papirus, (Colecção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
PIMENTEL, Maria da Glória, (2001). O Professor em Construção, 7ª edição, Campinas-SP: Papirus. (Colecção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
ZANOTTO, Maria de Lourdes Bara, (2000). Formação de Professores: a contribuição da análise do comportamento, São Paulo: EDUC – Editora da PUC-SP


Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo





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