domingo, 12 de maio de 2019

Formação de Professores/Formadores


Para alcançar tal antídoto, pode-se concordar que a formação dos professores, formadores e educadores, deve abarcar vários domínios, aos quais é necessário aplicar uma pedagogia/andragogia adequadas, o que implica novos currículos e conteúdos programáticos na formação destes profissionais da educação e da formação, que já terão revelado quais as necessidades que pretendem ver satisfeitas: «Os educadores levaram em conta três circunstâncias: o modelo de sociedade, as condições estruturais da universidade e o processo de desvalorização do profissional de educação». (BRZEZINSKI, 2000: 223)
As circunstâncias acima indicadas podem, pelo menos as duas primeiras, aplicar-se a Portugal porque, em boa verdade, ainda se assiste a práticas docentes que valorizam mais a memorização de saberes e teorias retóricas, avaliadas pela melhor ou pior reprodução que o aluno faz, em vez de se lhe pedir que, sobre elas, reflita e analise a possibilidade da sua aplicação prática, a situações concretas da vida real na sociedade, o que se agrava com alguns modelos rígidos ritualistas e excessivamente formais, ainda em vigor em diversos estabelecimentos de ensino, aprendizagem e formação profissional.
A terceira circunstância apontada, e no que a Portugal respeita, não se verifica uma desvalorização significativa do professor, haverá, eventualmente, uma discriminação entre professor do ensino básico, secundário e superior que, proporcionalmente às exigências: de formação, de investigação de investimento intelectual e financeiro, os professores do ensino superior estarão insuficientemente recompensados mas, também, nesta análise, não se vai discutir tal matéria porque parece extravasar os objetivos do trabalho.
O exercício da atividade docente não pode pactuar com interesses meramente casuísticos: de mais uma ‘ocupação parcial’ para formar currículo; ou, porque, tratando-se de uma figura pública, isso traz notoriedade ao estabelecimento de ensino, que admite tal personalidade para professor.
Por exemplo um político, um empresário, e outras profissões, podem ter muitos conhecimentos e experiências na sua área, mas, eventualmente, sem qualquer preparação para o exercício docente. São convidados, por certas instituições, só porque são considerados notáveis e pessoas de sucesso.
Com efeito: «Querendo atacar radicalmente o fracasso escolar, deve-se levar o corpo docente ao nível de formação do corpo dos engenheiros ou dos médicos. Não de um corpo de teóricos, ou de pesquisadores fundamentais, mas de um corpo de práticos ponderados, que baseiam a sua ação e a análise da sua ação sobre uma cultura científica e sobre o conhecimento de pesquisas e dos saberes profissionais coletivamente capitalizados. Por essa razão é importante: repensar a natureza das formações iniciais, não para correr atrás das reformas, mas para tornar possíveis as mais ambiciosas, fazer com que se voltem cada vez mais para um corpo docente que exista, ao menos em parte; fazer da formação contínua um vetor de profissionalização mais do que um simples aporte de conhecimentos, de métodos ou de novas tecnologias: …» (PERRENOUD, 2000:165-6).
A formação do cidadão defendida no presente trabalho depende, de facto e em parte significativa, do desempenho dos professores e formadores que, ao longo da vida, vão tendo na sua educação e formação.
Confirma-se, e por isso mesmo se justifica, a importância que se atribui aos professores e formadores, à sua preparação científica, pedagógica e prática. Ao conjunto de conhecimentos e técnicas que lhe permitem aplicá-los na vida real, com benefícios evidentes para a sociedade de cidadãos livres, competentes, solidários e tolerantes. Professores/Formadores para as realidades e vida concreta da sociedade.
Na formação do professor, muitas são as disciplinas que ele é obrigado a estudar. Nessa perspectiva: «o desenvolvimento de competências interpessoais pressupõe, da parte do candidato a professor, um aprofundamento do seu auto-conhecimento e o desenvolvimento de capacidades relacionais.» (RAPOSO, 1996:30).
A Psicologia pode proporcionar ao educador, muitos e diversificados conhecimentos teóricos e práticos, já testados e validados. Apesar disso, não se pretende, por manifesta impossibilidade intelectual, e de tempo, que se transforme o professor e o formador numa enciclopédia, sempre atualizada, ou numa máquina sempre modernizada e reprogramada. Ele, como pessoa, é limitado, finito e, dessa condição, deve dar conhecimento e discuti-la com os próprios alunos e formandos. A humildade do professor é já uma boa prática pedagógica
A formação de professores deverá ser um assunto da maior importância em todo mundo e, nesse sentido, os responsáveis pelos sistemas educativos e de formação profissional, nem sempre têm considerado prioritário este objetivo. A educação dos cidadãos, do ponto de vista político-ideológico, de um dado regime, é crucial para a manutenção desse mesmo regime.

Bibliografia


BRZEZINSKI, Iria, (2000). Pedagogia, Pedagogos e Formação de Professores: Busca e Movimento, 3ª Ed. Campinas - S.P. - Brasil: Papirus. (Colecção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). P. 223
PERRENOUD, Philippe, (2000). Pedagogia Diferenciada: das intenções à acção, Tradução, Patrícia Chittoni Ramos, Porto Alegre: Artes Médicas Sul.
RAPOSO, Nicolau de Almeida Vasconcelos, (1996). “O Contributo da Psicologia para a Formação de Professores”, in: Arquipélago, Ciências de Educação – 1, Ponta Delgada: Universidade dos Açores, pp. 13-37
  
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
  
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal 

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

DOCTOR HONORIS CAUSA EN LITERATURA” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.
  
TÍTULO NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR, condecorado com a “GRANDE CRUZ DA ORDEM INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR DO BRASIL, Pedro Álvares Cabral” pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística.
  

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