Para
alcançar tal antídoto, pode-se concordar que a formação dos professores,
formadores e educadores, deve abarcar vários domínios, aos quais é necessário
aplicar uma pedagogia/andragogia adequadas, o que implica novos currículos e
conteúdos programáticos na formação destes profissionais da educação e da
formação, que já terão revelado quais as necessidades que pretendem ver
satisfeitas: «Os educadores levaram em conta três
circunstâncias: o modelo de sociedade, as condições estruturais da universidade
e o processo de desvalorização do profissional de educação». (BRZEZINSKI,
2000: 223)
As circunstâncias acima indicadas podem, pelo menos
as duas primeiras, aplicar-se a Portugal porque, em boa verdade, ainda se
assiste a práticas docentes que valorizam mais a memorização de saberes e
teorias retóricas, avaliadas pela melhor ou pior reprodução que o aluno faz, em
vez de se lhe pedir que, sobre elas, reflita e analise a possibilidade da sua
aplicação prática, a situações concretas da vida real na sociedade, o que se
agrava com alguns modelos rígidos ritualistas e excessivamente formais, ainda
em vigor em diversos estabelecimentos de ensino, aprendizagem e formação
profissional.
A terceira circunstância apontada, e no que a
Portugal respeita, não se verifica uma desvalorização significativa do
professor, haverá, eventualmente, uma discriminação entre professor do ensino
básico, secundário e superior que, proporcionalmente às exigências: de
formação, de investigação de investimento intelectual e financeiro, os
professores do ensino superior estarão insuficientemente recompensados mas,
também, nesta análise, não se vai discutir tal matéria porque parece extravasar
os objetivos do trabalho.
O exercício da atividade docente não pode pactuar
com interesses meramente casuísticos: de mais uma ‘ocupação parcial’ para formar currículo; ou, porque, tratando-se de
uma figura pública, isso traz notoriedade ao estabelecimento de ensino, que
admite tal personalidade para professor.
Por exemplo um político, um empresário, e outras
profissões, podem ter muitos conhecimentos e experiências na sua área, mas,
eventualmente, sem qualquer preparação para o exercício docente. São
convidados, por certas instituições, só porque são considerados notáveis e
pessoas de sucesso.
Com efeito: «Querendo
atacar radicalmente o fracasso escolar, deve-se levar o corpo docente ao nível
de formação do corpo dos engenheiros ou dos médicos. Não de um corpo de
teóricos, ou de pesquisadores fundamentais, mas de um corpo de práticos
ponderados, que baseiam a sua ação e a análise da sua ação sobre uma cultura
científica e sobre o conhecimento de pesquisas e dos saberes profissionais
coletivamente capitalizados. Por essa razão é importante: repensar a natureza
das formações iniciais, não para correr atrás das reformas, mas para tornar
possíveis as mais ambiciosas, fazer com que se voltem cada vez mais para um
corpo docente que exista, ao menos em parte; fazer da formação contínua um vetor
de profissionalização mais do que um simples aporte de conhecimentos, de
métodos ou de novas tecnologias: …» (PERRENOUD, 2000:165-6).
A formação do cidadão defendida no presente
trabalho depende, de facto e em parte significativa, do desempenho dos professores
e formadores que, ao longo da vida, vão tendo na sua educação e formação.
Confirma-se, e por isso mesmo se justifica, a
importância que se atribui aos professores e formadores, à sua preparação
científica, pedagógica e prática. Ao conjunto de conhecimentos e técnicas que
lhe permitem aplicá-los na vida real, com benefícios evidentes para a sociedade
de cidadãos livres, competentes, solidários e tolerantes.
Professores/Formadores para as realidades e vida concreta da sociedade.
Na formação do professor, muitas são as disciplinas
que ele é obrigado a estudar. Nessa perspectiva: «o desenvolvimento de competências interpessoais pressupõe, da parte do
candidato a professor, um aprofundamento do seu auto-conhecimento e o
desenvolvimento de capacidades relacionais.» (RAPOSO, 1996:30).
A Psicologia pode proporcionar ao educador, muitos
e diversificados conhecimentos teóricos e práticos, já testados e validados.
Apesar disso, não se pretende, por manifesta impossibilidade intelectual, e de
tempo, que se transforme o professor e o formador numa enciclopédia, sempre
atualizada, ou numa máquina sempre modernizada e reprogramada. Ele, como
pessoa, é limitado, finito e,
dessa condição, deve dar conhecimento e discuti-la com os próprios alunos e
formandos. A humildade do professor é já uma boa prática pedagógica
A formação de professores deverá ser um assunto da
maior importância em todo mundo e, nesse sentido, os responsáveis pelos
sistemas educativos e de formação profissional, nem sempre têm considerado
prioritário este objetivo. A educação dos cidadãos, do ponto de vista
político-ideológico, de um dado regime, é crucial para a manutenção desse mesmo
regime.
Bibliografia
BRZEZINSKI, Iria, (2000). Pedagogia, Pedagogos e Formação de
Professores: Busca e Movimento, 3ª Ed. Campinas - S.P. - Brasil: Papirus. (Colecção
Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). P. 223
PERRENOUD, Philippe,
(2000). Pedagogia Diferenciada: das
intenções à acção, Tradução, Patrícia Chittoni Ramos, Porto Alegre: Artes
Médicas Sul.
RAPOSO, Nicolau de Almeida
Vasconcelos, (1996). “O Contributo da Psicologia para a Formação de
Professores”, in: Arquipélago, Ciências de Educação – 1, Ponta Delgada:
Universidade dos Açores, pp. 13-37
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
DOCTOR HONORIS CAUSA EN LITERATURA” pela
Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de
Historiadores Latinoamericanos.
TÍTULO NOBILIÁRQUICO DE COMENDADOR,
condecorado com a “GRANDE CRUZ DA ORDEM INTERNACIONAL DO MÉRITO DO DESCOBRIDOR
DO BRASIL, Pedro Álvares Cabral” pela Sociedade Brasileira de Heráldica e
Humanística.
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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