Em princípio, toda a pessoa humana vive, em simultâneo, com as muitas normas: sociais, jurídicas, usos, costumes, tradições e a Lei da sua própria vida que, embora, por vezes, tente refrear, ocultar ou simplesmente, “domesticar”, nem sempre o consegue. Pode-se afirmar que esta Lei é o seu “Dharma”, a dimensão que “sustenta, que mantém”, “o que está estabelecido, lei, dever, direito”, a maneira de ser da sua “Natureza Interior”.
Se recordarmos o estudo da integridade, segundo o
que já foi investigado: «Integridade é
ter a coragem e a autodisciplina para viver segundo sua verdade interior.
Imagine uma vida humana assim. Existe nela uma grande honra. (…) É um grande
sentimento.» (HAWLEY, 1995:167), fácil será conectarmos o “Dharma” ao
caráter da pessoa verdadeiramente Humana.
Integridade, Caráter, Dharma, realmente são:
qualidades, virtudes humanas com um elevado nível, que nem todas as pessoas
possuem. Assim, ao que tudo indica: «Para
todos os objetivos, dharma e integridade são a mesma coisa. As pessoas com
verdadeira integridade são dharmicas. Poderíamos usar as duas palavras de modo
intercambiável e acabar com o assunto, exceto por três acréscimos: Espírito, Retidão
e Destemor.» (Ibid.:177).
O ser humano, na sua inefável interioridade, tem
dimensões que nenhum outro ente conhecido possui. Ainda haverá muito por
desvendar na pessoa humana, mas uma certeza parece irrecusável: a existência de
um mundo Dharmico, no seu interior, constituído por três grandes componentes:
Espiritual, Retidão e Destemor. É de todo o interesse ficar-se com o conceito
de cada um daqueles elementos.
Componente Espiritual: «O dharma brota diretamente do Espírito. Está enraizado lá. No dharma
não há timidez quanto à espiritualidade – nem relutância, nem separação. Nesse
sentido, dharma é Espírito. Por outro lado, a integridade, enraizada como é em
nossa sociedade ocidental ferozmente secularizada, não abraça abertamente a
espiritualidade.» (Ibid.).
Segue-se-lhe o elemento Retidão: «Dharma costuma ser traduzido como “ação
correta”. O provérbio Dharma chara significa “faça a coisa certa”. A tradução
está certa, mas o ocidental, vindo de uma cultura tão orientada para a ação,
naturalmente enfatiza a palavra faça e tende a desenfatizar a palavra certa.
(…) No dharma, o ponto de partida é a retidão, e não o fazer. Fazer o que é
certo é mais importante do que simplesmente fazer.» (Ibid.:178).
Finalmente, um terceiro fator, o Destemor: «Há outra diferença sutil entre
integridade e dharma, e que também decorre do contraste entre ocidente e
oriente. Integridade pede coragem; dharma pede destemor. É a mesma coisa? Não.
Coragem, lembre-se, é ir em frente e fazer alguma coisa embora tenha medo.
Destemor é o que a palavra significa: não-temor – é um estado interior que
surge do profundo conhecimento espiritual da natureza do Eu.»
(Ibid.:178-179).
Quando se invoca a coragem, pelo menos neste
trabalho, pretende-se que ela seja consciente, não aquela coragem cujas
consequências não se conhecem bem, precisamente porque ela interfere no caráter
das pessoas, a par de outras qualidades, exclusivamente próprias da pessoa
humana.
Obviamente: «A
coragem, a autodisciplina, a bondade e fazer a coisa certa (outra vez com
ênfase no certa, e não no fazer) são marcas do caráter coletivo, assim como do
individual. Cada empresa também deve seguir seu coração coletivo e sua alma
coletiva.» (Ibid.:181).
No relacionamento humano, sejam quais forem os
contextos, sempre será indispensável a coragem adequada: enfrentar situações,
resolver problemas, apoiar quem precisa quando as dificuldades “batem à porta”
dessas pessoas. É claro que a coragem que aqui se prefigura, é consciente, se
necessário, com risco calculado, agora na sua dimensão de salvar vidas, ou de
correr perigo para quem é corajoso. A razão, a realidade, as consequências e,
eventualmente, outras vítimas, resultantes de um ato inconscientemente
corajoso, são aspetos a ponderar.
Ainda no âmbito das relações humanas,
inclusivamente, ao nível profissional, e no contexto de uma organização, seja
qual for a sua natureza, também há valores que não podem ser descurados, e que
até devem de ser praticados diariamente, para que se consigam atingir os
objetivos previamente traçados.
Os Valores Espirituais que se pretende divulgar, e
conceptualizar, podem resumir-se ao seguinte: «” Serviço Nacional”, está ligado a ideia de fazer algo maior do que
nós mesmos, de nos comprometermos com algo maior. “Justiça” estão as ideias de
justiça humana, equidade e imparcialidade ao lidar com pessoas. “Harmonia e
Cooperação” estão a paz interior, a unidade e a amizade – qualidades que todo o
mundo busca. “Luta e Melhoria” estão as noções de aceitar um mundo
menos-do-que-perfeito, de jogar bem, de auto-aperfeiçoamento, de heroísmo e de
vitória. “Cortesia e Humildade” estão as ideias de respeito, dignidade,
decência e abandono do ego. “Ajuste e Assimilação” estão o altruísmo, o
trabalho de equipe e fazer parte da família. “Gratidão” está o imenso poder
pessoal da apreciação.» (Ibid.:185).
Coragem, Valores Espirituais a que se soma o
Caráter, compõem um trio verdadeiramente caraterístico do ser humano, cada vez
mais superior, mais sublime, mais distinto de tudo o resto que existe no mundo
terreste conhecido.
Quanto ao Caráter e segundo os especialistas é
possível, através de: «estratégias,
táticas, estados mentais, atitudes, posturas e rotinas, ajudar as pessoas e as
empresas a fazer sua recaracterização.1. No Sistema, mas Não o Sistema. (…)
Desligue deliberadamente seu pensamento da maldade, e ligue-se apenas à bondade
que há no sistema. 2. Força Pessoal, Poder Empresarial. Quando você precisa ir
contra o sistema, seja corajoso, bravo, firme, amigável, sensato – e seja
cuidadoso. Vá passo a passo, e ande com inteligência, a partir de uma
plataforma de poder pessoal. As pessoas acham que são fracas e que o sistema é
forte, mas geralmente é o oposto (…). 3. Credo Pessoal. As maiores decisões da
vida são tomadas diariamente no silencioso jardim da alma. Cultive e alimente
esse lugar privado. Crie um manifesto pessoal que reflita a luz e a bondade de
sua própria ética e moralidade (…). 4. O Poder de Aceitação. A maioria das
pessoas não cria o hábito de afirmar, de reconhecer ou abraçar a vida. Assim,
nunca se sentem afirmadas, reconhecidas ou abraçadas pela vida (…) Estar com
raiva, frustrado por causa de alguma coisa (ou alguém) acaba com a nossa força.
Mas reconhecer isso e perdoar traz uma tranquilidade – e a força retorna. (…)
Aceitação é uma atitude. É um clima, um estado mental (…) “A aceitação é uma
face do amor” (…) 5. Ser o Chefe. As decisões duras e difíceis ainda precisam
ser tomadas. Você é responsável. Você precisa ser o chefe (…) tome as atitudes
de chefe a partir da verdade interior. (…) Faça o seu trabalho, mas não viole o
caráter, nunca. O caráter deve sempre vir no alto. 6. Audição Interna. A
verdade interior é a essência destilada do caráter. Afinal de contas a
integridade é viver segundo a verdade interior. (…) Existem cinco chaves para a
audição interna: Silenciar, Acreditar, Perguntar, Ouvir e Confiar (…). 7. Não
Prejudicar. “Bom, Inteligente, Esperto, Astuto e Malicioso” parecem qualidades
de um advogado, mas não são. São paradas na linha que vai do caráter ao
mau-caráter (…) Na vida escolhemos um comportamento dentre muitos. A questão é
nunca ir tão longe ao ponto de prejudicar os outros ou você mesmo. Aqui a
palavra-chave é prejudicar, porque é aí que ocorre a violação do caráter. (…).
8. Pagar Sempre. (…) Refere-se a um estado mental, a uma política de vida sem
dívidas, mentais ou materiais. Ela nos aconselha a não sermos presos a ninguém
e a nada, e assim sermos sempre fortes. É uma postura de guerreiro espiritual.
(…) 9. Ame-o, Mude-o ou Deixe-o. Não fique preso. Ficar parado e culpar o
sistema por seu mau humor é fazer sua felicidade depender do modo como a
empresa o trata. Isso é dar o seu poder à empresa. Não faça isso. (…) 10.
Colocar um Teto nos Desejos. Você está se sentindo preso na busca das posses,
possuído pelas coisas que possui? Está sofrendo a doença comum do “Mais”. E
agora você sabe que “mais” nunca é o bastante. (…) O corcel da cobiça mordeu o
freio e galopa arrastando nosso planeta. Quanto mais os países e as pessoas
consomem, mais pensam que precisam consumir. O luxo de ontem torna-se a
necessidade de hoje. Termina sendo impossível voltar a consumir menos. (…) 11.
Dar Poder à Pureza. Quando sentir-se contaminado (e é você que deve fazer essa
chamada) você precisa se limpar – e quanto antes melhor mesmo que a causa da sujeira
não seja muito importante. (…) Dê poder à sua pureza (sua verdade, honestidade
e assim por diante) para que ela possa dar para você. Trazer tão claramente a
pureza para dentro da consciência torna essa verdade a parte mais forte de
você. O objetivo é reforçar-se, erguer-se. (…) 12. Pense no Caráter. Já ouvimos
dizer, vezes sem conta, que as pessoas “simplesmente não pensam”. Bem, Não-pensar
também é um programa automático. Quando surge algo contrário ao nosso caráter,
é ligado o Não-Pensar (também é chamado de defensividade e evitação). 13. Fazer
Crescer de Novo a Totalidade. Torne-se inteiro outra vez. Não importa o que
você tenha perdido – abertura, coração, coragem, pureza –, faça com que cresça
de novo. Será necessário persistência (…). 14. Recaraterizar Sistemas Humanos.
Quando o caráter da empresa precisa ser trabalhado, seja através de uma pequena
afinação ou uma grande virada, é seu dever de gerente fazer com que esse reparo
seja realizado. (…) Você recarateriza a empresa: (a) assumindo liderança, (b)
sendo claro como cristal sobre os valores e a integridade da empresa, (c) dando
espaço e voz a outros, para que eles possam chegar com clareza aos padrões
éticos, e (d) conferindo caráter.» (Ibid.:189-198).
No quadro de uma empresa, por exemplo, é
importante que as mensagens publicitárias que a distinguem sejam divulgadas com
clareza, rigor e verdade, designadamente, revelando: «Sermos justos, sensíveis, honestos, confiantes e confiáveis em todas
as nossas relações entre nós, com os clientes, com os vendedores e com a
comunidade em geral. Obedeceremos todas as leis, de fato e em espírito, e
faremos sempre a coisa certa, em todas as situações, no máximo da nossa
capacidade. E se fracassarmos, faremos todo o necessário para consertar.»
(Ibid.:198).
Bibliografia.
HAWLEY,
Jack, (1995). O Redespertar Espiritual no Trabalho. O Poder do Gerenciamento Dharmico.
Tradução, Alves Calado. Rio de Janeiro: Record.
“NÃO,
ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha – Portugal, 2024
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras
e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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