domingo, 20 de outubro de 2024

DHARMA: ATUAÇÃO CERTA. CORAGEM. MISTICISMO.

Em princípio, toda a pessoa humana vive, em simultâneo, com as muitas normas: sociais, jurídicas, usos, costumes, tradições e a Lei da sua própria vida que, embora, por vezes, tente refrear, ocultar ou simplesmente, “domesticar”, nem sempre o consegue. Pode-se afirmar que esta Lei é o seu “Dharma”, a dimensão que sustenta, que mantém”, “o que está estabelecido, lei, dever, direito”, a maneira de ser da sua “Natureza Interior”.

Se recordarmos o estudo da integridade, segundo o que já foi investigado: «Integridade é ter a coragem e a autodisciplina para viver segundo sua verdade interior. Imagine uma vida humana assim. Existe nela uma grande honra. (…) É um grande sentimento.» (HAWLEY, 1995:167), fácil será conectarmos o “Dharma” ao caráter da pessoa verdadeiramente Humana.

Integridade, Caráter, Dharma, realmente são: qualidades, virtudes humanas com um elevado nível, que nem todas as pessoas possuem. Assim, ao que tudo indica: «Para todos os objetivos, dharma e integridade são a mesma coisa. As pessoas com verdadeira integridade são dharmicas. Poderíamos usar as duas palavras de modo intercambiável e acabar com o assunto, exceto por três acréscimos: Espírito, Retidão e Destemor.» (Ibid.:177).

O ser humano, na sua inefável interioridade, tem dimensões que nenhum outro ente conhecido possui. Ainda haverá muito por desvendar na pessoa humana, mas uma certeza parece irrecusável: a existência de um mundo Dharmico, no seu interior, constituído por três grandes componentes: Espiritual, Retidão e Destemor. É de todo o interesse ficar-se com o conceito de cada um daqueles elementos.

Componente Espiritual: «O dharma brota diretamente do Espírito. Está enraizado lá. No dharma não há timidez quanto à espiritualidade – nem relutância, nem separação. Nesse sentido, dharma é Espírito. Por outro lado, a integridade, enraizada como é em nossa sociedade ocidental ferozmente secularizada, não abraça abertamente a espiritualidade.» (Ibid.).

Segue-se-lhe o elemento Retidão: «Dharma costuma ser traduzido como “ação correta”. O provérbio Dharma chara significa “faça a coisa certa”. A tradução está certa, mas o ocidental, vindo de uma cultura tão orientada para a ação, naturalmente enfatiza a palavra faça e tende a desenfatizar a palavra certa. (…) No dharma, o ponto de partida é a retidão, e não o fazer. Fazer o que é certo é mais importante do que simplesmente fazer.» (Ibid.:178).

Finalmente, um terceiro fator, o Destemor: «Há outra diferença sutil entre integridade e dharma, e que também decorre do contraste entre ocidente e oriente. Integridade pede coragem; dharma pede destemor. É a mesma coisa? Não. Coragem, lembre-se, é ir em frente e fazer alguma coisa embora tenha medo. Destemor é o que a palavra significa: não-temor – é um estado interior que surge do profundo conhecimento espiritual da natureza do Eu.» (Ibid.:178-179).

Quando se invoca a coragem, pelo menos neste trabalho, pretende-se que ela seja consciente, não aquela coragem cujas consequências não se conhecem bem, precisamente porque ela interfere no caráter das pessoas, a par de outras qualidades, exclusivamente próprias da pessoa humana.

Obviamente: «A coragem, a autodisciplina, a bondade e fazer a coisa certa (outra vez com ênfase no certa, e não no fazer) são marcas do caráter coletivo, assim como do individual. Cada empresa também deve seguir seu coração coletivo e sua alma coletiva.» (Ibid.:181).

No relacionamento humano, sejam quais forem os contextos, sempre será indispensável a coragem adequada: enfrentar situações, resolver problemas, apoiar quem precisa quando as dificuldades “batem à porta” dessas pessoas. É claro que a coragem que aqui se prefigura, é consciente, se necessário, com risco calculado, agora na sua dimensão de salvar vidas, ou de correr perigo para quem é corajoso. A razão, a realidade, as consequências e, eventualmente, outras vítimas, resultantes de um ato inconscientemente corajoso, são aspetos a ponderar.

Ainda no âmbito das relações humanas, inclusivamente, ao nível profissional, e no contexto de uma organização, seja qual for a sua natureza, também há valores que não podem ser descurados, e que até devem de ser praticados diariamente, para que se consigam atingir os objetivos previamente traçados.

Os Valores Espirituais que se pretende divulgar, e conceptualizar, podem resumir-se ao seguinte: «” Serviço Nacional”, está ligado a ideia de fazer algo maior do que nós mesmos, de nos comprometermos com algo maior. “Justiça” estão as ideias de justiça humana, equidade e imparcialidade ao lidar com pessoas. “Harmonia e Cooperação” estão a paz interior, a unidade e a amizade – qualidades que todo o mundo busca. “Luta e Melhoria” estão as noções de aceitar um mundo menos-do-que-perfeito, de jogar bem, de auto-aperfeiçoamento, de heroísmo e de vitória. “Cortesia e Humildade” estão as ideias de respeito, dignidade, decência e abandono do ego. “Ajuste e Assimilação” estão o altruísmo, o trabalho de equipe e fazer parte da família. “Gratidão” está o imenso poder pessoal da apreciação.» (Ibid.:185).

Coragem, Valores Espirituais a que se soma o Caráter, compõem um trio verdadeiramente caraterístico do ser humano, cada vez mais superior, mais sublime, mais distinto de tudo o resto que existe no mundo terreste conhecido.

Quanto ao Caráter e segundo os especialistas é possível, através de: «estratégias, táticas, estados mentais, atitudes, posturas e rotinas, ajudar as pessoas e as empresas a fazer sua recaracterização.1. No Sistema, mas Não o Sistema. (…) Desligue deliberadamente seu pensamento da maldade, e ligue-se apenas à bondade que há no sistema. 2. Força Pessoal, Poder Empresarial. Quando você precisa ir contra o sistema, seja corajoso, bravo, firme, amigável, sensato – e seja cuidadoso. Vá passo a passo, e ande com inteligência, a partir de uma plataforma de poder pessoal. As pessoas acham que são fracas e que o sistema é forte, mas geralmente é o oposto (…). 3. Credo Pessoal. As maiores decisões da vida são tomadas diariamente no silencioso jardim da alma. Cultive e alimente esse lugar privado. Crie um manifesto pessoal que reflita a luz e a bondade de sua própria ética e moralidade (…). 4. O Poder de Aceitação. A maioria das pessoas não cria o hábito de afirmar, de reconhecer ou abraçar a vida. Assim, nunca se sentem afirmadas, reconhecidas ou abraçadas pela vida (…) Estar com raiva, frustrado por causa de alguma coisa (ou alguém) acaba com a nossa força. Mas reconhecer isso e perdoar traz uma tranquilidade – e a força retorna. (…) Aceitação é uma atitude. É um clima, um estado mental (…) “A aceitação é uma face do amor” (…) 5. Ser o Chefe. As decisões duras e difíceis ainda precisam ser tomadas. Você é responsável. Você precisa ser o chefe (…) tome as atitudes de chefe a partir da verdade interior. (…) Faça o seu trabalho, mas não viole o caráter, nunca. O caráter deve sempre vir no alto. 6. Audição Interna. A verdade interior é a essência destilada do caráter. Afinal de contas a integridade é viver segundo a verdade interior. (…) Existem cinco chaves para a audição interna: Silenciar, Acreditar, Perguntar, Ouvir e Confiar (…). 7. Não Prejudicar. “Bom, Inteligente, Esperto, Astuto e Malicioso” parecem qualidades de um advogado, mas não são. São paradas na linha que vai do caráter ao mau-caráter (…) Na vida escolhemos um comportamento dentre muitos. A questão é nunca ir tão longe ao ponto de prejudicar os outros ou você mesmo. Aqui a palavra-chave é prejudicar, porque é aí que ocorre a violação do caráter. (…). 8. Pagar Sempre. (…) Refere-se a um estado mental, a uma política de vida sem dívidas, mentais ou materiais. Ela nos aconselha a não sermos presos a ninguém e a nada, e assim sermos sempre fortes. É uma postura de guerreiro espiritual. (…) 9. Ame-o, Mude-o ou Deixe-o. Não fique preso. Ficar parado e culpar o sistema por seu mau humor é fazer sua felicidade depender do modo como a empresa o trata. Isso é dar o seu poder à empresa. Não faça isso. (…) 10. Colocar um Teto nos Desejos. Você está se sentindo preso na busca das posses, possuído pelas coisas que possui? Está sofrendo a doença comum do “Mais”. E agora você sabe que “mais” nunca é o bastante. (…) O corcel da cobiça mordeu o freio e galopa arrastando nosso planeta. Quanto mais os países e as pessoas consomem, mais pensam que precisam consumir. O luxo de ontem torna-se a necessidade de hoje. Termina sendo impossível voltar a consumir menos. (…) 11. Dar Poder à Pureza. Quando sentir-se contaminado (e é você que deve fazer essa chamada) você precisa se limpar – e quanto antes melhor mesmo que a causa da sujeira não seja muito importante. (…) Dê poder à sua pureza (sua verdade, honestidade e assim por diante) para que ela possa dar para você. Trazer tão claramente a pureza para dentro da consciência torna essa verdade a parte mais forte de você. O objetivo é reforçar-se, erguer-se. (…) 12. Pense no Caráter. Já ouvimos dizer, vezes sem conta, que as pessoas “simplesmente não pensam”. Bem, Não-pensar também é um programa automático. Quando surge algo contrário ao nosso caráter, é ligado o Não-Pensar (também é chamado de defensividade e evitação). 13. Fazer Crescer de Novo a Totalidade. Torne-se inteiro outra vez. Não importa o que você tenha perdido – abertura, coração, coragem, pureza –, faça com que cresça de novo. Será necessário persistência (…). 14. Recaraterizar Sistemas Humanos. Quando o caráter da empresa precisa ser trabalhado, seja através de uma pequena afinação ou uma grande virada, é seu dever de gerente fazer com que esse reparo seja realizado. (…) Você recarateriza a empresa: (a) assumindo liderança, (b) sendo claro como cristal sobre os valores e a integridade da empresa, (c) dando espaço e voz a outros, para que eles possam chegar com clareza aos padrões éticos, e (d) conferindo caráter.» (Ibid.:189-198).

No quadro de uma empresa, por exemplo, é importante que as mensagens publicitárias que a distinguem sejam divulgadas com clareza, rigor e verdade, designadamente, revelando: «Sermos justos, sensíveis, honestos, confiantes e confiáveis em todas as nossas relações entre nós, com os clientes, com os vendedores e com a comunidade em geral. Obedeceremos todas as leis, de fato e em espírito, e faremos sempre a coisa certa, em todas as situações, no máximo da nossa capacidade. E se fracassarmos, faremos todo o necessário para consertar.» (Ibid.:198).

 

Bibliografia.

 

HAWLEY, Jack, (1995). O Redespertar Espiritual no Trabalho. O Poder do Gerenciamento Dharmico. Tradução, Alves Calado. Rio de Janeiro: Record. 

 

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2024

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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