Quando se abordou a obra e vida de Silvestre Pinheiro Ferreira,
constatou-se o seu grande apego às atividades intelectuais, que ao longo da
vida sempre desenvolveu, sendo por isso reconhecida e solicitada a sua
colaboração, aos mais diversos níveis, embora essa participação lhe tenha
originado dificuldades de vária ordem. Em nome das letras, escreveu numerosos
artigos sobre os mais díspares assuntos, publicados em vários periódicos
literários e políticos do seu tempo: quer em Portugal; quer no Brasil; quer,
ainda, em França.
Ao nível da educação, o seu desempenho é, hoje, primeiro quarto do
século XXI, considerado importante, apesar das condições em que exerceu a
atividade docente: por curtos períodos e em circunstâncias pouco favoráveis, na
medida em que não assumiu a carreira docente a tempo integral.
Todavia, os estudos que efetuou, e as obras que escreveu (que foram ou
poderiam ser utilizadas no ensino), justificam que se faça, no âmbito deste
trabalho, uma, ainda que muito breve, referência à sua participação na
educação, principalmente na formação dos mais jovens e, muito concretamente, no
ensino técnico-profissional (sem, contudo, descurar as letras), pois é neste
ideal educativo técnico e polivalente, que se forjam as preocupações educativas
Inicia em 1813, a lecionação de um curso de Filosofia com o suporte
didático das “Prelecções Filosóficas”.
Nesta obra deteta-se a simpatia do seu autor, pelo método socrático (cf. in:
PAIM, 1970:276 § 975), que consiste em definir as coisas pelos contrários,
principalmente quando se disputa algo, argumentando e conduzindo o adversário
para a adesão à tese que mais interessa, para o que se pode utilizar um de dois
caminhos: pelo primeiro, orienta-se o adversário diretamente, para a definição
da expressão que se quer clarificar; pelo segundo, mostra-se o absurdo a que
conduzem as deduções dessa definição, implicando a adesão à tese contrária.
Foi numa fase posterior da sua vida, que Pinheiro Ferreira desenvolveria um estudo sobre a importância da educação, como deveria ser ministrada, que domínios deveria privilegiar: o técnico, as letras e as artes, a formação da mocidade.
Nestas reflexões educativas são de destacar as funções que atribui a
uma denominada Junta de Instrução Pública (cf. FERREIRA, 1834b:448) cujas
atribuições, seriam: proporcionar os meios de instrução em função das
necessidades de cada um; exigir aos cidadãos provas de habilitações para
poderem ser admitidos aos empregos e para o pleno exercício dos direitos civis;
dando liberdade aos pais e tutores para escolherem o sistema de educação dos
seus educandos, sem prejuízo dos deveres que incumbem ao Estado e à sociedade,
na condução do ensino.
Mas, hoje, (Terceira década do século XXI) sabe-se não teria sido apenas
em Portugal que Pinheiro Ferreira exerceria influência na área da educação,
principalmente no domínio da Filosofia, porque, antes de redigir as suas obras,
no período fecundo da sua vida, já teria, no Brasil, adquirido a notoriedade
bastante para lhe ser reconhecida autoridade nesta matéria. (cf. PAIM,
1980:103).
A obra de Pinheiro Ferreira, elaborada para o ensino – não no sentido
pedagógico, mas para a transmissão de conhecimentos – intitula-se “Prelecções Filosóficas sobre a Teoria do
Discurso e da Linguagem, a Estética, a Diceósina e a Cosmologia”. Trata-se
de uma obra que, não sendo elementar em virtude das especialidades que aborda
(nos domínios da filosofia geral e aplicada às ciências morais e políticas),
pode aceitar-se como tal, porquanto elabora e enumera, sistemática e
progressivamente, aqueles saberes.
Silvestre Ferreira, no seu projeto de criação da Junta de Instrução
Pública, prevê um ensino que, numa primeira fase, contempla uma ordem natural
do desenvolvimento do espírito humano, independentemente da capacidade de cada
um, correspondendo esta fase aos “estudos primários”, sendo as crianças
chamadas, sem quaisquer discriminações, a exames públicos, através dos quais
revelarão o que têm aprendido para, a partir desta avaliação, se poder determinar
qual a carreira que convém à criança: se aquela que os pais escolheram; se
aquela para a qual a natureza melhor dotou o aluno.
Aos pais e encarregados de educação reserva-se sempre o direito de escolherem a escola, e/ou o instituidor que lhes parecerem mais conveniente, cabendo ao júri de exame decidir sobre qual a carreira que o aluno deve seguir: a das artes; ou a das ciências. A idade para ingresso nos Colégios de Educação é estabelecida aos 7 anos, sob a direção da Junta Suprema de Instrução Pública, sendo obrigatório para todos os alunos, independentemente da graduação dos chefes de família.
BIBLIOGRAFIA
FERREIRA,
Silvestre Pinheiro (1834b). Manual do Cidadão em um Governo Representativo.
Vol. I, Tomo II, Introdução de António Paim (1998b) Brasília: Senado Federal.
FERREIRA,
Silvestre Pinheiro (1836). Declaração dos Direitos e Deveres do Homem e do
Cidadão. Paris: Rey et Gravier,
FERREIRA, Silvestre Pinheiro (1840) “Projecto
de Associação para o Melhoramento da Sorte das Classes Industriosas”, in: José
Esteves Pereira, (1996) (Introdução e Direcção de Edição) Silvestre Pinheiro
Ferreira, Textos Escolhidos de Economia Política e Social (1813-1851). Lisboa:
Banco de Portugal.
PAIM,
Antônio, (1970). Prelecções filosóficas, “Silvestre Pinheiro Ferreira”,
Introdução. São Paulo: Editorial Grijalbo: 27ª. Prelecção.
PAIM, Antônio, (1980). Relações entre as Filosofias Portuguesa e Brasileira no Século XIX, in: Revista Presença Filosófica, Vol. VI, (2/3) Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos, abr./set. Págs.102-110.
“NÃO, ao ímpeto das
armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2025
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
Sem comentários:
Enviar um comentário