É bem possível que o mundo em geral, e Portugal em
particular, tenham e continuem a atravessar crises de liderança em muitos
setores das diferentes atividades, instituições e de grupos não identificados.
Tem-se conhecimento, por exemplo, da crise que se faz sentir no dirigismo
amador, sendo prova desta situação as inúmeras coletividades que, nas pequenas
comunidades locais, praticamente estão inativas, embora também por falta de
recursos técnicos e financeiros.
Há, efetivamente, uma profunda crise de liderança
a todos os níveis da sociedade, porém, compete àqueles que detêm o poder
económico, político, empresarial e religioso, proporcionarem as condições para
que os restantes setores se revitalizem. É claro que desta responsabilidade não
se excluem as pessoas, individualmente consideradas, para o dever de
participação, que é um dos grandes valores da cidadania moderna.
Na verdade, quem não passou, e/ou não pretende
passar pela liderança de pequenas instituições, de fracos recursos técnicos,
financeiros e humanos, muito dificilmente compreenderá a situação de crise a
outros níveis, socorrendo-se aqui das técnicas e tecnologias da propaganda, do
marketing e da demagogia.
O líder de qualquer instituição deverá subir os
degraus hierárquicos, que numa organização credível e competente, sempre
existem. A progressão horizontal, em muitas carreiras, poderá não ser o melhor
processo para estimular e premiar os mais competentes. Bastaria referir, por
exemplo, a organização existente nas Forças Armadas e de Segurança, para se
compreender que a hierarquia é indispensável para se formarem bons líderes, sem
prejuízo de outras instituições, funcionalismo público, religiões, entre
outras, que funcionam exemplarmente, contudo, obedecendo, quase sempre, a uma
ordem hierárquica.
A investidura num determinado cargo/função/título,
sem um mínimo de experiência e/ou habilitação e/ou conhecimento e/ou
determinação, previamente comprovadas, afigura-se um risco, embora não se
exclua a possibilidade de sucesso, como exceção àqueles princípios, até porque,
ninguém nasce ensinado e sempre terá de haver uma “primeira vez”, em tudo na
vida.
Na política, como na vida empresarial, como nas
atividades institucionais, a liderança é uma condição sem a qual todo o processo
de evolução e alcance de objetivos pode ficar comprometido. Atualmente vive-se,
inequivocamente, uma profunda crise de liderança, designadamente nos domínios
político, social, financeiro económico, educativo, saúde, emprego, habitação,
entre outros.
O exercício da autoridade democrática e credível,
pode ser o núcleo desta grave e profunda crise. Com efeito: «Há quatro fontes principais de autoridade:
posição, competência, personalidade e integridade. Todos estes factores
constroem a autoridade total de um indivíduo como líder e nenhum deles é
suficiente, de per si, para assegurar que o que deve ser feito o será. Em
última instância há duas qualidades vitais na gerência supervisora: competência
e integridade. Estas são as qualidades que caracterizam um homem maduro, que
tira as lições certas das experiências de vida. Se estas duas qualidades forem
temperadas por uma boa dose de consideração pela dignidade humana e o
reconhecimento de que a livre expressão de pensamento é não apenas da mais alta
importância em qualquer relacionamento humano, mas também é a única garantia de
que haverá sempre progresso, é muito pouco provável que um homem que possua
estes atributos deixe de vir a ser bem-sucedido como supervisor.» (WILLIAMS,
1978: 93-94).
A liderança, eficaz e moderna, bem como o
exercício de outras funções, a vários níveis da estrutura institucional, passam
por dinâmicas de permanente atualização e adaptação dos respetivos
funcionários, quaisquer que sejam as suas profissões e cargos. O tempo em que
um funcionário, um técnico, um chefe, depois de atingir uma determinada posição
hierárquica, não precisaria mais de estudar, de se modernizar, de formação
profissional, não existe mais, voltará a repetir-se.
Hoje, todos os intervenientes nos processos:
políticos, laborais, empresariais, religiosos e outros, devem estar em
permanente atualização, sempre capazes de resolver problemas, de acudirem às
diferentes situações, que se colocam, quase diariamente, nas suas instituições.
O conceito mais atual é a necessidade de aprendizagem ao longo da vida.
Considera-se, todavia, que um dos motores da
sociedade está na classe política, a par de outras igualmente essenciais –
empresários, trabalhadores, organizações não-governamentais, Igrejas, sistemas
educativos, públicos, privados e cooperativos, entidades patronais e sindicais,
apenas para referir alguns. Nesse sentido é necessária uma total determinação
para se vencerem as crises, quaisquer que sejam e as dimensões com que se
apresentam.
É necessária uma sincera vontade para resolver os
problemas coletivos onde se incluem, naturalmente, situações individuais e de
grupo. A verdade, porém, é que se verifica, em alguns países, que: «A falta de vontade nos políticos está na sua
falta de (…) interesse e capacidade para influenciar nas mudanças de regimento
dos legislativos, falta de capacidade de conciliar interesse partidário com
interesse da nação (…)» (RESENDE, 2000:209).
Atualmente, um líder, qualquer que seja o setor de
atividade em que se insira, não pode descurar uma vertente fundamental que
respeita à dignidade da pessoa humana. Quem lidera deve estar preparado, e
sensibilizado, para esta dimensão essencial, porque liderar pessoas humanas é
completamente diferente de liderar outros animais, coisas, objetos e situações
não diretamente relacionadas com o ser humano. A complexidade humana, não tem
paralelo.
O líder tem de preocupar-se, em determinadas
circunstâncias e situações, com a dimensão social da pessoa humana, porque esta
dimensão não é incompatível com os demais objetivos da liderança. Na formação
do líder deve entrar, também, a sua vertente religiosa, fundada na sua fé, e no
espírito de bem-servir a comunidade.
Nesta perspectiva, torna-se interessante refletir
sobre a seguinte abordagem: «A formação
do sentido social é de uma necessidade peremptória. É necessário fomentar cada
vez mais em todas as classes e em todas as idades o sentido social. Não
nascemos com ele, precisamos adquiri-lo. Conhecendo os deveres sociais e
praticando a justiça e a caridade, os cristãos devem ser os representantes e os
campeões do sentido social.» (GALACHE-GINER-ARANZADI, 1969:241).
A liderança, socialmente eficaz, postula, por
parte do líder, qualidades superiores, acima da média. O líder, em qualquer
contexto, independentemente dos objetivos que lhe são propostos alcançar,
incluindo os de nível bélico, não deverá descurar o sentido social permanente,
inclusivamente, o seu adversário, ou mesmo inimigo. A sua grandeza e
superioridade residem, justamente, nesta capacidade que, ao longo da vida, pode
(e deve) adquirir e aplicar.
A insensibilidade, a indiferença, a rejeição e a
crueldade humanas são incompatíveis com os valores da humanidade, tantas vezes,
e por tão ilustres figuras, propalados em todo o mundo. É inaceitável, por
exemplo, que à sombra da crise, que não será para todos, se retirem direitos a
quem para eles trabalhou, participou e criou expectativas, ao longo de toda uma
vida, para ter uma velhice mais tranquila. O sentido social de tais líderes
fica, assim, bastante descredibilizado e não haverá motivos, nem argumentos,
para a maioria desfavorecida acreditar neles.
Importa preparar os homens e as mulheres que se
preocupam com lideranças, verdadeira e humanamente eficazes, incluindo-se,
sempre, a dimensão e o sentido social, destacando-se, aqui, os principais
agentes socializadores na formação de novos líderes: família, Igreja, escola,
empresa, comunicação social, naturalmente, entre outros muito importantes.
Diversas têm sido as teses que abordam esta
problemática. Há várias décadas, alguém afirmava: «Gostava de dizer que os homens de negócios precisavam de uma porção
crescente de sensibilidade social. Ele também estava entre os primeiros a dizer
que os chefes das grandes empresas careciam tanto de sensibilidade política, ou
talvez ainda mais quanto àqueles que trabalhavam no governo. Em todos os seus
escritos, deixa claro que, por sensibilidade social e senso político, entende,
não apenas uma melhor compreensão do que os homens psicologicamente precisam,
mas também daquilo que para eles e para a sociedade é bom.» (MAYO, Elton,
in: DIMOCK, 1958:74).
BIBLIOGRAFIA
DIMOCK,
Marshall E., (1967). Filosofia da
Administração. Trad. Diógenes Machado e Arnaldo Carneiro da Rocha Netto.
Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura – Brasil-Portugal
GALACHE
– GINER – ARANZADI, (1969). Uma Escola
Social. 17ª Edição. São Paulo: Edições Loyola
RESENDE, Enio, (2000).
O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda
para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark
WILLIAMS,
Michael, (1978). Relações Humanas.
Tradução, Augusto Reis. São Paulo: Atlas
“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo.
Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2025
Com
o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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