O percurso terrestre corresponde a uma vida humana
biológica que, segundo as últimas perspectivas de esperança de vida, pode
demorar 75 a 85/90 anos, ao longo dos quais são vivenciadas, tradicionalmente,
várias fases ou ciclos: criança, jovem, adulto e idoso, cada um com
características próprias, objetivos definidos, embora nem sempre com total
convicção e sólida sustentação, incluindo as mais que prováveis alterações
bio-intelectuais e outras.
Em todo o
caso, e por mais modificações que se introduzam, chegadas ao fim de cada ciclo,
na maior parte dos casos, as pessoas não procederiam da mesma forma, nem todas
estabeleceriam os mesmos objetivos, e/ou desejariam todos os resultados, se
lhes fosse possível começar tudo de novo. Há como que uma instabilidade
permanente neste percurso, algo incerto, enigmático e, por vezes, perigoso. O
risco voluntário, calculado ou inconsciente, é uma variável que não se domina
em absoluto.
Apesar de
tudo, é preferível e aconselhável assumir-se um percurso de vida com objetivos
intermédios, que poderiam ser divididos em três categorias: a) Metas, que é
necessário vencer e ultrapassar; b) Alvos, que se ambiciona atingir e
consolidar; c) Valores, que se querem alcançar, sem que jamais se consigam em
absoluto, funcionando mais como estímulos, modos de vida, ideais de referência
que iluminam o percurso, que simbolizam a perfeição, universais e supremos.
Como os valores absolutos, e toda e qualquer forma
de perfeição, são inacessíveis ao Ser humano, resta, de facto, lutar por um
percurso moderado e, em função dos sucessos, aumentar a qualidade e quantidade
dos objetivos, de tal forma que se possa ter sempre sob controlo, dentro das
possibilidades existentes, o percurso que se traçou, já que surgem situações e
imponderáveis que escapam às previsões racionais, científicas e técnicas de
qualquer pessoa.
Esta prudência pode contribuir para uma vivência
com sabedoria, com qualidade, harmonia e felicidade espiritual e material. Os
projetos ambiciosos, à partida, aparentemente inalcançáveis, contêm, em si
mesmos, um elevado risco que: tanto pode conduzir ao sucesso; como ao fracasso.
Trabalhar com estratégias de pequenos e seguros
passos, subir a escada da vida, degrau a degrau, iniciar um novo projeto quando
o anterior foi alcançado, poderá significar outras tantas recomendações, para
todas as pessoas moderadamente ambiciosas.
Não é “pecado”, não é “crime”, não é “censurável”
ter-se ambição, desde que os meios utilizados, e fins a alcançar, não colidam com
os legítimos e leais interesses de terceiros, porque todos têm idêntica
dignidade, independentemente do seu estatuto social, todos se movem num mundo
em constante efervescência social, científica, técnica, porque: «O mundo é o palco da odisseia humana! Cada
um de nós representa o seu papel e, por humilde que seja, cada existência tem o
seu significado. Estamos sempre crescendo e, certamente, nos serão confiados
novos papéis, até nos tornarmos puros e sábios.» (PIRES, 1999:132).
O percurso que cada pessoa terá pela sua frente
apresentar-se-á, na maioria dos casos, como muito difícil, por vezes
incompreensível para o próprio, inaceitável para os seus semelhantes, todavia,
quaisquer que sejam os meios legítimos, os contornos, omissões ou separações, é
perduravelmente necessário percorrer um caminho, que deverá ser traçado, projetado,
exclusivamente, pelo interessado, e/ou imposto por terceiros, ou em parceria,
ou ainda, porque é necessário percorrê-lo para se atingir um determinado bem e
um objetivo específico.
Projetos, circunstâncias positivas e/ou negativas,
recursos, imponderáveis, variantes, espaço e tempo, são algumas das
condicionantes que é preciso ter em conta, e só um bom propósito de vida ajuda
a minimizar certos obstáculos.
Em certa medida, quando os propósitos de vida
assentam nos axiomas axiológicos, o percurso poderá ser facilitado, quando
pontuado de objetivos ético-morais, que conduzam a um bem-estar espiritual, a
que se seguem os objetivos materiais, porque:
«Conscientes da nossa individualidade, buscamos, muitas vezes, o conforto e a
segurança nos bens materiais e procuramos a felicidade nos prazeres dos
sentidos. Quanto mais possuímos, mais ansiosos nos tornaremos e, por fim, o
nosso maior desejo acaba sendo reencontrar a felicidade perdida. Mas o
conhecimento, uma vez ‘ingerido’ nunca mais pode ser ignorado. Desta forma só
reencontrarão a paz do paraíso aqueles que conseguirem superar o egoísmo e a
atracção exercida pelos valores materiais e, perdendo a consciência da própria
individualidade, sentirem-se não apenas com todos os outros, mas com toda a
natureza.» (Ibid. 133)
A
importância dos valores, como referenciais de uma vida, assente em preocupações
dignificantes da pessoa humana, é fundamental para o equilíbrio dos indivíduos,
dos grupos, da sociedade. Por isso, a Axiologia se torna, cada vez mais, um
imperativo categórico, que deve passar à prática. Uma vida feita apenas de
“materialismos”, poderá, mais cedo ou mais tarde, acabar numa existência
entediante, gananciosa e avarenta e miserabilista
Valores que põem em prática sentimentos nobres, mas
que também defendem a pessoa de situações que afetam a sua dignidade pessoal,
profissional, social e estatutária, naturalmente que são uma defesa legítima, e
que devem ser utilizados sempre e quando necessário.
BIBLIOGRAFIA
PIRES, Wanderley Ribeiro,
(1999). Dos Reflexos à Reflexão. A Grande Transformação no Relacionamento
Humano, Campinas: Editora Komedi.
“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo.
Caminho para a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha – Portugal, 2025
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras
e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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