sábado, 13 de dezembro de 2025

A Ciência e a técnica ainda não solucionam muitos problemas.

O século XXI não terá começado da melhor maneira, no que concerne: à dimensão social da pessoa humana; ao respeito pela sua indeclinável dignidade; na observância dos mais elementares Direitos Humanos, como o direito à alimentação, à saúde, à educação, à habitação e ao emprego; pelo contrário, ao que se vem assistindo nos últimos anos, é a uma degradação galopante da qualidade de vida de multidões de pessoas; a uma ostentação vertiginosa e sem limites de algumas elites que, no seu todo, representam cerca de dez por cento da população mundial, embora controlem, aproximadamente, noventa por cento da riqueza do globo. As assimetrias que se acentuam, permanentemente, podem conduzir, mais cedo ou mais tarde, à deflagração de conflitos muito mais violentos e devastadores do que aqueles que já se verificam em vários países.

Provavelmente não existem estudos rigorosos, resultados objetivos, sobre a quantidade de alimentos, de roupas, de medicamentos, que se inutilizam, que se deterioram, diariamente, em certos círculos e vidas de organizações e pessoas, respetivamente, afinal o quanto negligentemente se desperdiça.

Através de um exemplo muito simples, possivelmente: as verbas que se gastam em viagens, reuniões, receções e outros atos, ditos “protocolares” e “prestigiantes” para quem os promove, seriam suficientes para matar a fome de milhões de pessoas; para dar uma habitação condigna a milhares de famílias; para melhorar as condições de vida dos mais idosos, justamente aqueles que trabalharam e contribuiriam durante uma vida inteira, e hoje são pouco apoiados e, eventualmente, numa ou noutra situação, até serão espoliados, ofendidos e descartáveis, por quem julga já não precisarem mais deles.

Constata-se que a ciência e a técnica não solucionam muitos problemas, enquanto os homens não se manifestarem disponíveis para resolver as degradantes situações de milhões de pessoas, famílias e grupos desfavorecidos. Ciência e técnica, sem um espírito humanitário, e até misericordioso, continuam cegas ao sofrimento humano.

Com efeito: «O progresso técnico, grande amigo do homem, sem o projecto espiritual e moral, pode tornar-se, por culpa do mesmo homem, no seu maior inimigo. A investigação científica que sua e tressua para prevenir e exterminar epidemias e doenças e que vai paulatinamente libertando de pestes a humanidade, por ironia das coisas, parece empurrar desumanamente o homem para a infelicidade e para a desgraça, falando-lhe dela e prometendo-lhe a construção dum paraíso terrestre e a fruição nesta vida duma felicidade completa. Não! O homem pode esquecer a sua condição de peregrino e este conceito é gerador da paz e serenidade para o espírito.» (BROCHADO, 1973:75).

Independentemente do conceito de felicidade poder, ou não, estar muito relativizado, desde definições em concreto, às conceções mais abstratas, a verdade é que, qualquer que seja a ideia que dela – a Felicidade - se tem, todos a desejam. Como termo mediador, ponto de referência e de partida, para a alcançar, poderiam os responsáveis pelos poderes, legal e legitimamente instituídos, à cabeça dos quais, se colocaria o Estado Social, traçar as principais diretrizes axiológicas, e conceptualizar a felicidade em termos qualitativos, que permitam o acesso a este valor inestimável.

Nesta perspetiva, haverá quem defenda que ser feliz é: «Ter sensações de bem-estar e prazer físicos; poder manifestar alegria e ter tranquilidade de espírito; sentir emoções agradáveis; desfrutar de coisas boas da vida; sentir-se valorizado, aceito e amado. Ter a sensação de utilidade e conseguir realizações na vida; conviver agradavelmente com parentes e amigos; entre outras situações.» (RESENDE, 2000:176-77).

Nos parâmetros enunciados, cabem, praticamente, todas as aspirações da pessoa humana. Nestas circunstâncias, apenas é necessário: implementar as estratégias; fornecer os recursos; controlar o processo e validar os resultados. Afinal, menos desperdício, mais racionalização, probidade e austeridade na utilização daqueles recursos que a toda a humanidade pertencem, porque foram colocados no Mundo pela Natureza, seja esta uma Divindade, ou um conceito. 


BIBLIOGRAFIA

 

BROCHADO, Alexandrino, (1973). Sim e Não a Muita Coisa. Porto: Edição do Autor


RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2025

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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