domingo, 4 de dezembro de 2011

Conciliação pelo Diálogo

A humanidade está predestinada à inevitabilidade da comunicação. Quem se esconder na penumbra da indiferença, na tranquilidade do silêncio sistemático e inconfessável, ou no egoísmo dos interesses ilegítimos, terá, provavelmente, imensas dificuldades em cooperar com os seus semelhantes, com as instituições, com um mundo cada vez mais exigente e com a própria natureza.
Gerir, equilibradamente, a comunicação interpessoal é, cada vez mais, uma ciência superior, (também uma arte), nem necessariamente uma ciência exacta, nem absolutamente uma ciência social e humana, porque numa ou noutra, sempre terá lugar alguma objectividade e, simultaneamente, haverá espaço para uma certa margem de subjectividade, sem que isso afecte a veracidade da comunicação, a sua autenticidade e eficácia.
Ser competente na comunicação impõe, desde logo, aos vários interlocutores, uma atitude comunicacional assertiva, isto é, pela positiva, pelo respeito, pela verdade, pela tolerância, pelo diálogo que conduz a um resultado do tipo ganha/ganha, ou seja, nenhum dos intervenientes perde tudo, mas também nenhum deles ganha tudo, porque todos cedem a favor de todos.
Analisada a comunicação por esta perspectiva, reconhecendo-se, embora, não ser a única possível, o conceito de competência comunicacional envolve o princípio do diálogo, com as características referidas e o resultado previsível, segundo a fórmula do “ganha/ganha”. Uma comunicação, onde existe diálogo, que atinja aquele resultado, pode considerar-se competente.
Num tempo e num espaço que se desejam de profunda harmonia, compreensão, lealdade, tolerância, solidariedade, reciprocidade e paz, desenvolver estratégias que visem resultados do tipo “ganha/perde”, em que uma das partes ganha tudo e a outra perde tudo, poderá não ser a melhor gestão da comunicação, porque o adágio, segundo o qual: “Vencido mas não convencido”, a médio prazo, pode trazer retornos de consequências imprevisíveis.
Vencer o interlocutor com base em argumentos: falaciosos, porque falsificados; agressivos, porque intimidatórios; manipuladores, porque hipócritas; passivos, porque, comodamente, indiferentes e, aparentemente, inofensivos, vão criar novas situações, mais complexas, porque suscita a dúvida, a incerteza, a desconfiança e o sentimento de desforra.
A arte de comunicar envolve o conhecimento de factores que, em determinadas circunstâncias, constituem barreiras à comunicação, entre outros: factores pessoais, sociais, fisiológicos, psicológicos, personalidade; linguagem. Factores que o agente da comunicação sabe utilizar e/ou evitar.
Este saber construir a comunicação, numa perspectiva estética, à escala do belo, certamente que é próprio do artista, por isso se pode aceitar a comunicação como arte, eventualmente, uma arte muito difícil de aprender (se é que a arte se aprende!), porque envolve interacções entre pessoas, frequentemente, face-a-face, sujeitas a influências, pressões, valores, interesses e muitas outras variáveis, imprevisíveis e não controláveis.
Se a omissão, em certas circunstâncias, é compreensível, nomeadamente em determinado tipo de negócios e competições, porque não provoca prejuízos nem ofende a outra parte, já a mentira, (que implica deslealdade, falta de solidariedade e intransigência, muito dificilmente, serão compreendidas e aceites), ressalvando-se sempre o conceito quando elevado ao nível do absoluto, porque a omissão e a mentira absolutas, também, tal como a verdade, não estão ao alcance da capacidade humana, existindo, muitas vezes, algum relativismo: o que hoje é verdade, amanhã poderá não o ser; o que ontem era mentira, hoje será verdade; o que foi omisso no passado, poderá ser declarado no futuro.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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