Exercer a docência com espírito apostólico começa a
ser um imperativo intransponível na formação de uma sociedade de valores, que
se torna indispensável num mundo em permanente evolução técnico-belicista, pese
embora os esforços de alguns responsáveis mundiais e pessoas anónimas para
contrariar este surto de violências físicas, psicológicas, egocêntricas,
económicas e étnico-culturais, sobre pessoas, populações, nações e continentes.
A luta contra os valores irracionais que imperam um
pouco por todo o mundo deve ser reforçada, não pela força das armas, sim pela
coerência e justeza dos argumentos, através do diálogo sincero e frontal, pela
harmonia das posições moderadas, pela compreensão das opiniões diferentes, quando
razoáveis, lógicas e sensatas, pela tolerância com que devem ser interpretadas
atitudes menos corretas e, finalmente, pela cooperação entre os povos.
É neste quadro que ganha realce o papel do
professor-formador, quaisquer que sejam as origens, estatutos e escalões etários
dos seus alunos-formandos que, num futuro próximo, serão os cidadãos do mundo
moderno e complexo que se avizinha. Ser professor-formador, para preparar estes
futuros cidadãos do mundo, não vai ser tarefa fácil, nem ao alcance de todos os
atuais docentes.
Neste século
que se iniciou há mais de uma década, não serão suficientes os conhecimentos
científicos e as mais avançadas tecnologias, porque: “Na perspectiva da função missionária da educação, salienta-se a
urgência de um projecto educativo que implique princípios filosóficos, um
sistema de valores a promover e a defender, objectivos gerais, um perfil de
aluno e opções pedagógicas. Nesta lógica de ideias, ser professor, hoje,
implica ter amor pelos alunos, agir com carinho e autoridade, ser competente e
saber trabalhar em equipa.” (REIMÃO, 2005:230).
Construir este magnífico e transcendente edifício,
denominado Cidadão do Mundo, não é a mesma coisa que fabricar bombas atómicas,
elaborar teorias que poucos entendem, muitos ignoram e ninguém beneficia ou,
ainda, desenvolver estratégias globais que apenas aproveitam a poderosos grupos
favorecidos e, finalmente, muito menos, idealizar, aprovar e executar leis que
privilegiam grupos minoritários, mesmo que, democraticamente eleitos pela
maioria, em prejuízo dos mais necessitados.
As transformações sociais mais profundas e justas
passam, inexoravelmente, pela construção de um novo cidadão do mundo. Este
cidadão-paradigma deve ser formado em permanência, isto é, desde o dia em que
nasce até ao dia em que morrer, enquanto pessoa e ser humano único, irrepetível
e infalsificável. Vários são os técnicos e agentes chamados para darem o seu
contributo nesta magnânima construção: família, Igreja/Religião, empresas,
comunidade de vizinhos e sociedade, entre outros.
Bibliografia
REIMÃO, C. (2005). Ética da
Profissão Docente, 10ªs Jornadas Psicopedagógicas de Gaia. Resumo das
Intervenções sobre o tema: “Deontologia e Desempenho Profissional”, in Psicologia, Educação e Cultura.
Carvalhos: Colégio Internato dos Carvalhos. Vol. X, (1), Maio-2006, pp. 229-236
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
E-mail: bartolo.profuniv@mail.pt
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)
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