Entendida não só no seu
sentido de aquisição de conhecimentos, técnicas e cultura geral, mas também na
sua vertente de formação profissional, para o exercício de uma actividade
produtiva, para o próprio e para a sociedade. A educação/formação, que habilita
para o exercício de uma profissão, é o primeiro grande instrumento facilitador
da inclusão social, significando aqui o termo social a maior abrangência no contexto da sociedade humana.
A par e integrando uma
educação formal, em ordem à preparação para uma vida ativa, pode (e deve)
existir uma coeducação para a inclusão, de forma que cada pessoa, bem cedo na
sua vida, interiorize este valor e direito humano, inalienável, que é a
inclusão plena de todos os cidadãos na sociedade global, cujo processo se
inicia na família, prossegue na escola, na Igreja, na empresa e na comunidade: «Coeducar para uma sociedade inclusiva
pretende contrariar este princípio de exclusão a partir de uma verdadeira
internalização do princípio da igualdade de oportunidades.» (PINTO, 2000:96)
O sistema formal
educativo, em parceria com outras instituições, já mencionadas (família, Igreja,
empresa e comunidade, esta representada nos seus órgãos eleitos e/ou nomeados)
tem, portanto, um papel central e decisivo: como motor, coordenador e avaliador
das políticas educativas para a inclusão dos cidadãos, não, necessariamente, os
respectivos resultados, estes sim, a serem verificados pelos departamentos
competentes e específicos da natureza da exclusão social, política, económica,
religiosa, cultural e qualquer outra.
Nesse contexto, o poder
político legal e legitimamente instituído, por exemplo, através do seu
departamento específico para a educação, deve legislar sobre matérias a incluir
nos currículos, de todos os níveis de ensino e cursos, com objetivos de
promoção de um comportamento inclusivo, em todos os educandos e formandos, ao
longo da vida, proporcionando, assim, uma educação para a mudança.
Obviamente que urge, em
primeiro lugar, preparar os responsáveis pelo processo educativo, em contexto
de ensino, aprendizagem e formação, que no professor/formador tem a sua máxima
e, desejavelmente, competência.
A educação/formação dos
professores será, então, uma outra medida do instrumento facilitador da
inclusão, genericamente denominado por educação. Concorda-se, por isso, que «A aprendizagem profissional é importante
para aumentar a consciência e dotar os professores de capacidades para que
sejam mais eficazes com os seus estudantes. Tal aprendizagem inclui os usuais
seminários, as conferências e as sessões de formação interna, mas estende-se
muito para além destes, para abarcar dúzias de outras práticas, incluindo o
treino por pares, a investigação colaborativa, visitas entre as salas de aula,
revisão da qualidade escolar, utilização de amigos críticos, portefólios
individuais de aprendizagem profissional, planeamento conjunto, redes de
trabalho computadorizadas de aprendizagem profissional, grupos de apoio para
professores, parcerias entre a escola e a universidade e centros de
professores.» (HARGREAVES et. al., 2001: 209-10)
Uma educação para a
mudança determinará, a médio prazo, alterações significativas em vários
paradigmas sociais, para que os cidadãos que beneficiem desta educação possam,
quando investidos de funções e responsabilidades públicas, ter sensibilidade e
competências técnico-sociais para colaborarem em projectos de inclusão, quer
promovidos pelos poderes públicos consignados ao estado; quer pelas entidades
privadas.
É imprescindível que
estes cidadãos, formados para o paradigma da mudança construtiva e inclusiva,
sejam sensíveis aos problemas que a exclusão social origina e transporta
consigo própria, qual “bola de neve”,
sempre em crescendo.
O paradigma
educativo-formativo é, portanto, o que vai conduzir o mundo nos próximos
séculos, porque: «A educação é,
fundamental, portanto, para a socialização do homem e sua humanização. Trata-se
de um processo que dura a vida toda e não se restringe à mera continuidade da
tradição, pois supõe a possibilidade de ruturas, pelas quais a cultura se
renova e o homem faz história.» (ARANHA, 1996:18).
Impõe-se, portanto, uma
educação-formação, que acompanhe as mudanças rápidas que ocorrem num mundo em
permanentes transformações, a caminho da globalização total, e para acompanhar
esta aceleração científica e tecnológica: «A
educação tem carácter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos
todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos”
(FREIRE, 1983:28)
Bibliografia
ARANHA,
Maria Lúcia Arruda, (1996). Filosofia da Educação. 2a Ed.
São Paulo: Moderna
FREIRE, Paulo, (1983). Educação e Mudança. 8ª
Edição, Trad. Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio
de Janeiro: Paz e Terra
HARGREAVES, Andy; EARL, Lorna; RYAN,
Jim, (2001) Educação para a Mudança: Reinventar a escola para os jovens
adolescentes, Trad. Inês Simões. Porto: Porto Editora
PINTO, Teresa, (2000).”Coeducar para uma Sociedade
Inclusiva no contexto do Projecto de Educação”, in Atas do Seminário
Internacional, Lisboa 29,30 e 31 Maio 2000, Lisboa: Comissão para a Igualdade e
para os Direitos das Mulheres.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
E-mail: bartolo.profuniv@mail.pt
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)
Sem comentários:
Enviar um comentário