domingo, 7 de outubro de 2012

Educação: Motor para a Inclusão


Entendida não só no seu sentido de aquisição de conhecimentos, técnicas e cultura geral, mas também na sua vertente de formação profissional, para o exercício de uma actividade produtiva, para o próprio e para a sociedade. A educação/formação, que habilita para o exercício de uma profissão, é o primeiro grande instrumento facilitador da inclusão social, significando aqui o termo social a maior abrangência no contexto da sociedade humana.
A par e integrando uma educação formal, em ordem à preparação para uma vida ativa, pode (e deve) existir uma coeducação para a inclusão, de forma que cada pessoa, bem cedo na sua vida, interiorize este valor e direito humano, inalienável, que é a inclusão plena de todos os cidadãos na sociedade global, cujo processo se inicia na família, prossegue na escola, na Igreja, na empresa e na comunidade: «Coeducar para uma sociedade inclusiva pretende contrariar este princípio de exclusão a partir de uma verdadeira internalização do princípio da igualdade de oportunidades.» (PINTO, 2000:96)
O sistema formal educativo, em parceria com outras instituições, já mencionadas (família, Igreja, empresa e comunidade, esta representada nos seus órgãos eleitos e/ou nomeados) tem, portanto, um papel central e decisivo: como motor, coordenador e avaliador das políticas educativas para a inclusão dos cidadãos, não, necessariamente, os respectivos resultados, estes sim, a serem verificados pelos departamentos competentes e específicos da natureza da exclusão social, política, económica, religiosa, cultural e qualquer outra.
Nesse contexto, o poder político legal e legitimamente instituído, por exemplo, através do seu departamento específico para a educação, deve legislar sobre matérias a incluir nos currículos, de todos os níveis de ensino e cursos, com objetivos de promoção de um comportamento inclusivo, em todos os educandos e formandos, ao longo da vida, proporcionando, assim, uma educação para a mudança.
Obviamente que urge, em primeiro lugar, preparar os responsáveis pelo processo educativo, em contexto de ensino, aprendizagem e formação, que no professor/formador tem a sua máxima e, desejavelmente, competência.
A educação/formação dos professores será, então, uma outra medida do instrumento facilitador da inclusão, genericamente denominado por educação. Concorda-se, por isso, que «A aprendizagem profissional é importante para aumentar a consciência e dotar os professores de capacidades para que sejam mais eficazes com os seus estudantes. Tal aprendizagem inclui os usuais seminários, as conferências e as sessões de formação interna, mas estende-se muito para além destes, para abarcar dúzias de outras práticas, incluindo o treino por pares, a investigação colaborativa, visitas entre as salas de aula, revisão da qualidade escolar, utilização de amigos críticos, portefólios individuais de aprendizagem profissional, planeamento conjunto, redes de trabalho computadorizadas de aprendizagem profissional, grupos de apoio para professores, parcerias entre a escola e a universidade e centros de professores.» (HARGREAVES et. al., 2001: 209-10)
Uma educação para a mudança determinará, a médio prazo, alterações significativas em vários paradigmas sociais, para que os cidadãos que beneficiem desta educação possam, quando investidos de funções e responsabilidades públicas, ter sensibilidade e competências técnico-sociais para colaborarem em projectos de inclusão, quer promovidos pelos poderes públicos consignados ao estado; quer pelas entidades privadas.
É imprescindível que estes cidadãos, formados para o paradigma da mudança construtiva e inclusiva, sejam sensíveis aos problemas que a exclusão social origina e transporta consigo própria, qual “bola de neve”, sempre em crescendo.
O paradigma educativo-formativo é, portanto, o que vai conduzir o mundo nos próximos séculos, porque: «A educação é, fundamental, portanto, para a socialização do homem e sua humanização. Trata-se de um processo que dura a vida toda e não se restringe à mera continuidade da tradição, pois supõe a possibilidade de ruturas, pelas quais a cultura se renova e o homem faz história.» (ARANHA, 1996:18).
Impõe-se, portanto, uma educação-formação, que acompanhe as mudanças rápidas que ocorrem num mundo em permanentes transformações, a caminho da globalização total, e para acompanhar esta aceleração científica e tecnológica: «A educação tem carácter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos” (FREIRE, 1983:28)

Bibliografia
 
ARANHA, Maria Lúcia Arruda, (1996). Filosofia da Educação. 2a Ed. São Paulo: Moderna

FREIRE, Paulo, (1983). Educação e Mudança. 8ª Edição, Trad. Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra
HARGREAVES, Andy; EARL, Lorna; RYAN, Jim, (2001) Educação para a Mudança: Reinventar a escola para os jovens adolescentes, Trad. Inês Simões. Porto: Porto Editora
PINTO, Teresa, (2000).”Coeducar para uma Sociedade Inclusiva no contexto do Projecto de Educação”, in Atas do Seminário Internacional, Lisboa 29,30 e 31 Maio 2000, Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo 

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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