Um outro problema que nos atormenta, nesta segunda
década do século XXI, tem a ver com a
possibilidade, ou não, de se estudar Filosofia? E pelo estudo da Filosofia se
chegar a alguma conclusão sobre o que é a Filosofia? Há quem defenda que: «A Filosofia estuda-se como outra matéria
qualquer, com algum esforço, algum prazer, alguma disciplina. A organização do
estudo é fundamental para que os conhecimentos não apareçam dispersos,
desligados uns dos outros e, sobretudo, de nós próprios. Só uma boa organização
do estudo permite uma boa compreensão e assimilação do que pretendemos. (...) A
Filosofia não tem o monopólio destas ou daquelas ideias, embora exista um modo
filosófico de as expressar.» (TAVARES
& FERRO, 1983:25)
Tem-se constatado, ao longo de diversas reflexões,
quão complexa é a Filosofia, face a outras áreas disciplinares, nomeadamente,
com as ciências exatas. De facto, a “máquina humana” é, ainda hoje, um
labirinto de incógnitas, pese, embora, o esforço das várias ciências humanas,
cada uma com o (s) seu (s) objecto (s) de estudo.
À Filosofia, contudo, não é fácil determinar tal
objecto, pois trata-se de: «Uma discussão
que já vem de longo tempo entre os filósofos no seu conjunto, e os
especialistas das regras da acção humana, quer estes sejam filósofos ou não,
mas em nome da moral (religiosa ou não) da política, ou de qualquer Teoria do
Comportamento.» (LEGRAND,
1983:176)
Por tudo o que fica analisado, não será difícil
aceitar que o filósofo, ao contrário de outros intervenientes no processo
humano tem, e terá sempre, o seu trabalho dificultado e inacabado. Sabendo-se, ainda,
que os tempos contemporâneos não são nada fáceis, nem favoráveis ao
desenvolvimento da Filosofia, pelo menos em Portugal, onde uma certa
mentalidade tecnocrata, a vários níveis político-institucionais, procura
ignorar este saber tão velho quanto o pensamento humano.
Empresários, políticos, governantes, técnicos e
muitos outros sectores da actividade económica do país, olham para os
licenciados em Filosofia como os "parentes pobres" da
pseudo-intelectualidade salvífica, como uns sonhadores que nada produzem, enfim
como desnecessários à sociedade. É contra tal situação que nós, filósofos de
todo o mundo, nos devemos indignar e exigir o respeito e o reconhecimento
devidos.
Bibliografia
LEGRAND, Gerard (Dir.), (1983). Dicionário de Filosofia, Trad. De Armando J. Rodrigues e João Gama,
Lisboa, Edições 70.
TAVARES,
Manuel; FERRO, Mário, (1983). Guia do Estudante de Filosofia. 4a
Ed. Lisboa: Editorial Presença
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
E-mail:
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Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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