domingo, 18 de novembro de 2012

A Filosofia Estuda-se?


Um outro problema que nos atormenta, nesta segunda década do século  XXI, tem a ver com a possibilidade, ou não, de se estudar Filosofia? E pelo estudo da Filosofia se chegar a alguma conclusão sobre o que é a Filosofia? Há quem defenda que: «A Filosofia estuda-se como outra matéria qualquer, com algum esforço, algum prazer, alguma disciplina. A organização do estudo é fundamental para que os conhecimentos não apareçam dispersos, desligados uns dos outros e, sobretudo, de nós próprios. Só uma boa organização do estudo permite uma boa compreensão e assimilação do que pretendemos. (...) A Filosofia não tem o monopólio destas ou daquelas ideias, embora exista um modo filosófico de as expressar.» (TAVARES & FERRO, 1983:25)
Tem-se constatado, ao longo de diversas reflexões, quão complexa é a Filosofia, face a outras áreas disciplinares, nomeadamente, com as ciências exatas. De facto, a “máquina humana” é, ainda hoje, um labirinto de incógnitas, pese, embora, o esforço das várias ciências humanas, cada uma com o (s) seu (s) objecto (s) de estudo.
À Filosofia, contudo, não é fácil determinar tal objecto, pois trata-se de: «Uma discussão que já vem de longo tempo entre os filósofos no seu conjunto, e os especialistas das regras da acção humana, quer estes sejam filósofos ou não, mas em nome da moral (religiosa ou não) da política, ou de qualquer Teoria do Comportamento.» (LEGRAND, 1983:176)
Por tudo o que fica analisado, não será difícil aceitar que o filósofo, ao contrário de outros intervenientes no processo humano tem, e terá sempre, o seu trabalho dificultado e inacabado. Sabendo-se, ainda, que os tempos contemporâneos não são nada fáceis, nem favoráveis ao desenvolvimento da Filosofia, pelo menos em Portugal, onde uma certa mentalidade tecnocrata, a vários níveis político-institucionais, procura ignorar este saber tão velho quanto o pensamento humano.
Empresários, políticos, governantes, técnicos e muitos outros sectores da actividade económica do país, olham para os licenciados em Filosofia como os "parentes pobres" da pseudo-intelectualidade salvífica, como uns sonhadores que nada produzem, enfim como desnecessários à sociedade. É contra tal situação que nós, filósofos de todo o mundo, nos devemos indignar e exigir o respeito e o reconhecimento devidos.

Bibliografia
 
LEGRAND, Gerard (Dir.), (1983). Dicionário de Filosofia, Trad. De Armando J. Rodrigues e João Gama, Lisboa, Edições 70.
TAVARES, Manuel; FERRO, Mário, (1983). Guia do Estudante de Filosofia. 4a Ed. Lisboa: Editorial Presença

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Portugal: www.caminha2000.com (Link Cidadania)

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