domingo, 23 de agosto de 2015

Adiar o Sucesso: É Conveniente?


Nem sempre a tomada de decisão, a quente, intempestivamente, ou infundamentada, conduz a bons resultados, pelo contrário, as consequências podem ser desastrosas e irreversíveis. Ponderação e cautela sempre foram boas “conselheiras”, todavia, protelar as deliberações, por tempo indefinido, sem motivos concretos e alicerçados, também não se afigura a melhor estratégia e, como refere o adágio popular: “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. Há que procurar sempre o meio-termo.
E se o passado existe, olhado sob várias perspectivas: histórica, científica, tecnológica, pessoal, familiar, institucional, nacional e internacional, entre outras; e o presente consiste em cada momento vivido que, em frações de segundo já é passado, e que no mesmo lapso de tempo deixa de ser futuro, também há quem afirme: «Infelizmente, o amanhã não existe, só pode ser encontrado no calendário dos tolos. Para eles, o amanhã é o dia em que começarão sua jornada rumo ao sucesso e à riqueza; amanhã é o dia em que irão mudar, trabalhar de maneira árdua, modificar seus hábitos, retomar amizades desfeitas, pagar velhas dívidas, candidatar-se a um emprego melhor.» (MANDINO, 1982:231).
O sucesso, normalmente, é um resultado positivo de uma meta, um plano, uma estratégia e uma metodologia, sempre aguardado com ansiedade, expectativa e, por vezes, com receio, quando se conhece a possibilidade de interferências nefastas, para desenvolvimento do projeto. Claro que quando existem dúvidas, relativamente identificadas, um adiamento, se possível curto, poderá não prejudicar.
Acontece, no entanto, que também há quem, por sistema, esteja sempre a adiar a tomada decisões, manifestar posições (na política, por exemplo, adiar certos posicionamentos, pode ser conveniente, até para ver como uma determinada situação evolui). Em todo o caso, é da natureza humana, atitudes de adiamento em muitas circunstâncias da vida.
Possivelmente: «A procrastinação é o que há de mais próximo ao que se poderia considerar um ponto fraco universal. Poucos são os que podem afirmar em sã consciência não serem do tipo que adia, a despeito do fato disto não ser saudável com o decorrer do tempo.» (Wayne W. Dyer, in MANDINO, 1982:232).
A prudência, e também a sabedoria, aconselham, perante certas situações, que são compatíveis com uma gestão do tempo adequada, isto é: não requerem decisão imediata,  e portanto, se proceda a uma análise tranquila, livre de pressões, para depois se tomar a decisão que se considera a mais apropriada, como será a que se verifica na maior parte dos projetos, que desejavelmente se podem encaminhar para o sucesso.
Tudo na vida tem o seu tempo próprio. E se há situações que exigem uma tomada de decisão, praticamente, em cima do acontecimento, por exemplo: um árbitro de futebol e outras modalidades; um piloto de avião ou de qualquer outro veículo em velocidade rápida, enfim, muitas outras condições; também é verdade que, em determinadas circunstâncias, pode-se aguardar o tempo necessário, até que tudo seja esclarecido, cabendo aqui, a título de demonstração, as decisões judiciais que, carecem de extrema prudência, legalidade, justeza e legitimação, o que, naturalmente, leva o seu tempo e por isso se diz, com alguma frequência, eventualmente, com algum desrespeito, que a justiça é lenta.
Adiar não significa, necessariamente, esquivar-se à responsabilidade, acovardar-se acerca de algum assunto e/ou situação, até pode ser uma atitude estratégica, todavia, se algo tem de ser feito num dado momento, então que se faça, porque adiar pode representar a perda de uma oportunidade qualquer: seja de um negócio, um emprego, um investimento rentável e inadiável; seja um encontro para nele se tomarem decisões.
É possível que muitas pessoas adotem um modo de vida, ao estilo: “deixa ver como é que está para ver como é que fica” e, assim, vão protelando decisões, até na perspectiva de que outros tomem deliberações por elas, quando tal é possível. Este comportamento encaixa-se, relativamente bem, no que se convencionou denominar de procrastinação.
Segundo os especialistas: «A procrastinação como modo de vida é uma técnica que pode ser usada para evitar fazer qualquer coisa. Aquele que não faz frequentemente é um crítico, quer dizer, aquele que fica parado olhando os outros executarem a tarefa e depois, procuram polir filosoficamente a maneira como os outros realizam o trabalho. É fácil ser um crítico, mas ser um realizador requer esforço, risco e mudança.» (Ibid.:235).
Quando se trata do sucesso, assumi-lo de imediato, ou adiar a sua confirmação, segundo os resultados, que a ele conduziram, naturalmente que é uma decisão que deve ser muito bem ponderada, porque: quer perante o êxito; quer face ao fracasso, as críticas surgem sempre em dois sentidos – positivas ou negativas -, pelos mais diversos motivos: amizade ou ódio; solidariedade ou inveja; enaltecimento ou indiferença.
A crítica faz parte da cultura societária, por isso deve-se estar atento, separar o essencial do supérfluo, na medida em que: «Ao observar a si mesmo e pessoas ao seu redor, preste atenção ao quanto as relações sociais são dedicadas ao ato de criticar. Por quê? É mais fácil comentar a forma de alguém fazer alguma coisa do que ser alguém que realiza algo.» (Ibid.:236).
Adotando uma possível estratégia de adiar o sucesso, aquela só se justifica quando os resultados não estão totalmente consolidados, pela positiva, e se presume haver avaliações desfavoráveis, por isso, nestas circunstâncias, a gestão do tempo é uma habilidade a colocar em prática, na medida em que: «O tempo é a matéria-prima inexplicável de tudo. Com ele, tudo é possível. Sem ele, nada. A oferta do tempo é verdadeiramente um milagre diário, um acontecimento de fato surpreendente quando nós o examinamos.» (Arnold Bennett & Arthur Brisbane, in MANDINO, 1982:244).
A administração do tempo, face à responsabilidade do sucesso (ou do fracasso) realmente é fundamental, porquanto deve existir um “momento” certo para revelar: à família, aos amigos, aos colegas e à sociedade, o que de melhor (ou pior) nos acontece na vida, evitando-se, possivelmente, os elogios exagerados, ou então, as lamúrias, igualmente sinceras ou cínicas.
No adiar, ou não, do sucesso, quer no que respeita ao usufruto do mesmo, ou à sua divulgação, na verdade tudo indica que é necessário encontrar o tempo e o espaço adequados, mas principalmente o primeiro. Na verdade: «Aquele que sabe usar bem o tempo possui uma espécie de corrente formada de itens A fluindo constantemente pelos canais e não fica preocupado em escolher este ou aquele A para fazer, como fazer, ou ainda, tentar ser um perfeccionista em determinado A» (Alan Lakein, in MANDINO, 1982:254).
E se por um lado, procurar o sucesso, também pressupõe conjugar algumas condições, o que significa que não se deve, sem um mínimo de viabilidade, implementar, no terreno, uma ideia, um projeto, considerando, inclusivamente, que a precaução no seu justo equilíbrio, em princípio é, quase sempre, uma boa conselheira e, em algumas circunstâncias, pode evitar consequências irreparáveis;
Por outro lado, surgem oportunidades na vida que, à partida, se afiguram únicas, praticamente impossível de recusar, que por isso urge aceitar e desenvolver. Claro está que quando assim acontece, e se tem a noção bem explicita que tal oportunidade conduz ao sucesso, até porque ela é proporcionada em condições altamente vantajosas, por pessoas, e/ou instituições credíveis, onde os riscos são mínimos, ou nulos, então esta grande possibilidade de se chegar ao êxito, não deve ser adiada.
Conjugar o sucesso com o tempo pode ser a chave para uma melhor avaliação do êxito, por isso é que: «O bom uso do tempo é tão importante fora quanto dentro do trabalho. Você não quer ver sua vida particular transformada em situações semelhantes às que tem no trabalho …» (Ibid.:253).

Bibliografia.

MANDINO, Og., (1982). A Universidade do Sucesso. 2ª Edição. Trad. Eugênia Loureiro. Rio de Janeiro, RJ: Editora Record.
 
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689

Imprensa Escrita Local:
 
Jornal: “O Caminhense”
Jornal: “Terra e Mar”

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