Quaisquer que sejam as atividades, a educação é
fundamental para a construção de paradigmas, que sustentem modelos de
desenvolvimento e relacionamento verdadeiramente compatíveis com as novas exigências
da dignidade humana, as quais passam, justamente, pelo conceito de cooperação
solidária entre pessoas, povos e nações.
A educação e a cultura, entre outras dimensões da
especificidade humana, constituem o suporte que poderá sustentar os projetos
que visam iniciar e/ou reforçar a boa convivência entre membros de uma
sociedade, cada vez mais globalizada, em geral e, em particular, à comunidade
lusófona, significando esta um imenso património a preservar e difundir
mundialmente.
Educar para uma genuína cultura, ímpar no mundo,
pressupõe integrar valores, etnias, miscigenação secular e despreconceituosa,
história e língua comuns, é a tarefa que se pede a todos os responsáveis pelos
sistemas educativos nacionais dos oito países que constituem a CPLP –
Comunidade de Países de Língua Portuguesa, a que se acrescenta, mais
recentemente, a Guiné-Equatorial.
Os objetivos são bem claros. Por exemplo, no que ao
relacionamento luso-brasileiro respeita:
«O desenvolvimento económico, social e cultural alicerçado no respeito dos
direitos e liberdades fundamentais, enunciados na Declaração Universal dos
Direitos do Homem, no princípio da organização democrática da sociedade e do
Estado, e na busca de uma maior e mais ampla justiça social;» (TRATADO DE
AMIZADE, COOPERAÇÃO E CONSULTA ENTRE O BRASIL E PORTUGAL, 2000: Artº 1º).
Educar para o conhecimento e para a prática dos
diversos instrumentos consagrados nos acordos bilaterais, entre os países
lusófonos, é um projeto multo concreto, cujos objetivos urgem alcançar, independentemente
dos custos financeiros que os respetivos programas envolvam. Todo o
investimento, neste domínio, é, a curto e médio prazos, substancialmente
reembolsável, não só pelas entidades envolvidas, como também pelos benefícios
que, seguramente, são colhidos pelos cidadãos abrangidos.
Educação como expoente máximo de cultura; e cultura
como exigência suprema de educação, revelam-se como um único e indissociável
objetivo: «A educação é um fenómeno de
cultura num duplo sentido: é um produto da cultura e ao mesmo tempo sua
produtora; transmite-se e ao mesmo tempo redimensiona-a. É importante não
confundir cultura com o ser letrado. O analfabeto não é um ignorante (um
inculto) mas apenas o portador de formas pré-letradas de cultura (as quais
coexistem às vezes como uma nascente consciência crítica do seu estado)» (PEREIRA,
1997:50).
Desenvolver uma filosofia educativa, com objetivos
culturais, de dinamização de programas conjuntos, nos domínios que facilitem a
compreensão dos valores nacionais, intercâmbio de novos conhecimentos, apoio à
investigação científica nas áreas de interesse dos povos lusófonos, numa
primeira etapa; para uma maior expansão, extra-lusófona, numa etapa posterior;
reciprocidade de tratamento para com todos os indivíduos e instituições
envolvidos, são algumas exigências que devem ser, já à partida, satisfeitas.
Desenhar e aprovar protocolos, projetos, regras,
objetivos e recursos, são iniciativas muito importantes, porém, ineficazes se
não passarem do papel e, mesmo frustrante para os mentores de tais iniciativas
e documentos. A educação e a cultura não se compadecem com burocracias, com
circunstâncias meramente pontuais, nem com medidas avulsas, situacionistas e
oportunistas, que visam dar notoriedade e protagonismo a certas personalidades.
Essas são a educação, a cultura e a cooperação egocêntricas e narcisistas. Não
tem interesse neste trabalho.
Educação e cultura para uma cooperação produtiva,
dignificante e leal, implicam não só a utilização de recursos diversos e
suficientes, como também políticas sérias, consequentes e competência dos
respetivos interventores.
A improvisação, a cerimónia protocolar para as
revistas e para os meios de comunicação, a miserabilidade dos recursos a
atribuir e a mediocridade dos projetos, não servem a educação para uma
verdadeira cultura de cooperação.
Enveredar
por projetos de cooperação, pressupõe um bem esclarecido conhecimento das
realidades, das disponibilidades e dos objetivos a atingir e, nesse sentido,
nem demasiada escassez de meios, nem excessiva abundância de recursos, porque é
fundamental utilizar-se um bem estruturado pragmatismo, para um a realidade que
é oferecida.
Bibliografia
PEREIRA, Célia Villasanti,
(1997). Educação de Adultos na Construção
da Cidadania, Campinas: Pontifícia
Universidade Católica de Campinas – Faculdade de Educação. (Monografia para
título de licenciamento em Pedagogia).
TRATADO AMIZADE E COOPERAÇÃO E CONSULTA ENTRE BRASIL E PORTUGAL, (2000),
Resolução da Assembleia da República Portuguesa, nº 83/2000, Aprova para
ratificação o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República
Portuguesa e a Republica Federativa do Brasil, assinado em Porto Seguro, em 22
de Abril de 2000, publicado no Diário da República, I Série-A, Nº 287 de 14 de
Dezembro de 2000 pp. 7172 a
7180.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Telefone: 00351 936 400 689
Imprensa Escrita Local:
Jornal: “Terra e Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com
(Link’s Cidadania e Tribuna)
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