O homem, um ser social, ele não consegue viver
à margem da sociedade, em condições de poder desfrutar de uma vida compatível
com a sua dignidade de pessoa humana e, quando em situações de marginalidade
e/ou exclusão social, a sua existência assume proporções e características
atrozes, em certos aspetos, sem a mínima qualidade de vida, com um nível
inferior a muitos animais selvagens, até que um acontecimento mais violento o
elimine desse mundo de exclusão, por via
da sua morte, é preciso conceder-lhe uma nova oportunidade, que o retire
daquelas situações e o integre, novamente, na sociedade organizada, a que
inicialmente ele pertencia.
A intervenção social e comunitária constitui,
atualmente, uma atividade que, para além de riscos diversos que os respetivos
técnicos enfrentam, quando em contacto com grupos complexos, sob diferentes
perspectivas, comporta, também, uma qualificação extremamente exigente, bem
como uma apreciação muito positiva, quando exercida com nobreza de carácter e
competência na ação.
É óbvio que em qualquer atividade, profissão,
ocupação ou intervenção é indispensável dominar-se, razoavelmente, os
respetivos conhecimentos, técnicas, recursos e instrumentos de recolha e
tratamento de dados e avaliação de resultados.
Igualmente evidente é que ao realizar-se uma
determinada tarefa, com entusiasmo, empenhamento e até alguma paixão, os
objetivos alcançam-se, naturalmente, pela positiva e, tratando-se de resolver
situações concretas que afetam a vida das pessoas, então estas características
são muito importantes.
Trabalhar para as pessoas que, por qualquer
motivo, estão envolvidas em situações socialmente anormais, é diferente de
trabalhar para a construção de uma ponte, de um qualquer equipamento, porque
para estes requerem-se conhecimentos, técnicas, materiais, investigação,
atualização; para aquelas, exige-se tudo aquilo, mais uma formação no domínio
de uma Antropologia dos Valores, na circunstância, Valores Sociais.
Fomentar uma cultura dos valores é, entre
outros, um importante desígnio universal. A Intervenção Social e Comunitária
deve revestir-se, também, de atos culturais no seu sentido social, despojados
de quaisquer indícios elitistas, intelectualistas e exibicionistas,
guarnecidos, isso sim, da simplicidade adequada e generosidade bastante que a
pessoa humana merece.
A condição social do homem implica reflexões metódicas, rigorosas, como
se de uma outra qualquer ciência se tratasse. Lidar com o fenómeno social, em
sociedades cada vez mais heterogéneas, equivale ao domínio do conhecimento e
práticas de natureza científica, principalmente para o técnico e/ou
especialista do Serviço Social, desejavelmente complementados com outras
faculdades inatas, ao nível da sensibilidade, perceção e acutilância para as
situações de verdadeiras incongruências sociais, detetadas nos casos de
carência material, mas que o carenciado não tem qualquer iniciativa, pese
embora o facto de possuir condições físicas, intelectuais e profissionais para
melhorar, por si próprio, e como seria seu desejo, as condições de vida dele
mesmo e, quantas vezes daqueles que estão na sua dependência.
A premência de uma bem elaborada teoria de políticas sociais justas e
motivadoras para o trabalho, impõe-se num mundo onde proliferam as “habilidades” resultantes de uma “cultura de esperteza”, no sentido em que
a partir do momento que ao cidadão lhe é concedida uma determinada subvenção,
livre de quaisquer encargos e compromissos sócio-fiscais, a tendência é para
segurar tais apoios, até ao limite de tempo possível, em quantidade suficiente,
sem nada oferecer em troca à comunidade que trabalha e desconta.
Por outro lado, cabe aos detentores do poder e dos meios de produção e
do capital, na justa medida das suas possibilidades e sem risco de deterioração
do seu património adquirido e construído, contribuir para uma sociedade
solidária, vigilante e exigente.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog
Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal:
http://www.caminha2000.com (Link’s
Cidadania e Tribuna)
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