Qualquer que seja o ambiente em que o ser humano se
posicione: na família, na escola, na Igreja, na empresa, no clube, no grupo de
amigos, na política, na ocupação dos tempos livres, já não será possível uma
convivência agradável e proveitosa, sem se observarem determinados valores,
direitos e deveres: de uns para os outros; da parte para o todo; e deste para a
parte.
As relações interpessoais podem (e devem)
revestir-se de bom senso, prudência e sabedoria, no sentido de as enriquecer:
pelo respeito recíproco; pela convivialidade e pela aprendizagem de novos e
interessantes temas, trocados entre interlocutores, que se reverenciam e
colaboram na discussão construtiva de melhores interpretações, para boas
soluções, ecleticamente encontradas, após o diálogo assertivo e
democraticamente travado, entre os intervenientes mais preocupados.
A preparação do homem moderno, para se construir
uma sociedade mais tolerante, solidária e humana, não sendo assim tão difícil
é, todavia, complexa, na medida em que, nem sempre os valores em confronto são
comungados pelas diversas culturas, mesmo a nível nacional existem diferenças
culturais, que não se podem ignorar, e que perante as quais, é necessário tomar
posição, rejeitando-se, à partida, qualquer tipo de etnocentrismo, xenofobia e
outros preconceitos extremistas.
Uma atitude intercultural, na perspetiva da
interdisciplinaridade cultural, visando o intercâmbio de culturas,
enriquecendo-as reciprocamente é, seguramente, a posição intelectual e
antropológica mais favorável e que, possivelmente, melhores resultados
produzirá a curto prazo.
Harmonizar uma base comum, que sirva os interesses
dos indivíduos, dos povos e das nações, a partir de um pequeno conjunto de
valores, deveres e direitos, considerar-se-á uma boa estratégia para se desenvolver,
a curto prazo, um projeto de interiorização, consolidação e aplicação prática
dos Direitos Humanos, quaisquer que sejam os ambientes e contextos onde os
mesmos vão ser observados e exemplificados com boas práticas. Considerem-se e
caracterizem-se, então, os valores, direitos e deveres, como ponto de partida,
para uma vida digna, sustentada nas seguintes dimensões:
«1) Auto-estima: atitude
constante da auto-realização que se manifesta espontaneamente na acção e na
capacidade de defender suas ideias sem desvalorizar as dos outros e sem
desanimar quando os outros as não aceitam;
2) Empatia: comunidade de sentimentos, capacidade de compreender o outro
e colocar-se em seu lugar, o que implica uma comunicação horizontal, um saber
escutar e comunicar. No início e como parte desta capacidade, está a capacidade
de expressar sentimentos, de aceitar e compreender os sentimentos dos outros,
sentindo-os de igual modo como eles;
3) Iniciativa: motivação interna para a acção, manifestada na vontade de
fazer e que incute, portanto, auto-confiança e entusiasmo;
4) Solidariedade: capacidade de compartilhar, que requer empatia.
Implica diversos graus de altruísmo e se manifesta, concretamente, na acção de
dar. A empatia pode ser vista como algo mais passivo; a solidariedade requer
acção;
5) Liberdade: capacidade do indivíduo ser autenticamente ele mesmo e que
se manifesta na criatividade a vários níveis: originalidade, flexibilidade e
fluidez. A capacidade de ser livre, envolve a humildade para se reconhecer como
tal, num contexto social, o que implica a restrição aparente da minha liberdade
para não impedir a dos outros;
6) Verdade: atitude de aceitação e busca constante do objectivo,
aceitando, também, que nele, no objectivo, existe mudança constante e visões
diferentes e válidas sobre a mesma coisa. A verdade se considera contida na
honestidade. A atitude honesta ou de verdade é aberta e aceita a realidade como
algo variável;
7) Justiça: equilíbrio entre o legal e o moral, implicando uma busca da
igualdade na diversidade, isto é, o respeito pelas necessidades de cada pessoa
e de cada grupo e contém uma atitude de responsabilidade em face da decisão da
justiça adoptada;
8) Dignidade: aceitação dela como tal. Capacidade de respeitar,
plenamente, a vida e a integridade própria e a dos outros, manifestando-se numa
vontade de realizar a cada qual pela sua qualidade de ser humano. Implica,
também, uma atitude de responsabilidade activa na procura e promoção deste
respeito;
9) Vida: valorização dela. Conduta que envolve, em diversas formas e
medidas, as oito dimensões anteriores e que se manifesta como respeito, defesa
e promoção da vida no planeta, sem distinções arbitrárias nem prejuízos. Se
evidencia em acções diversas que permitem a conservação da vida e a manutenção
da sua qualidade para todos os seres que a compartilham.» (ROMA, L, & VERÓNICA, E s.d.:7-8).
São, apenas, algumas das muitas dimensões que, como
base de trabalho se enumeraram, e descreveram, para a partir delas se
desenvolver o projeto consubstanciado num curto e simples texto, com linguagem
acessível, para aprendizagem e cumprimento dos Direitos Humanos, seja na escola
tradicional, seja em contexto de formação profissional.
Com efeito: «É
praticamente consensual a ideia de que a consciencialização, a protecção e a
defesa dos Direitos Humanos passam pela educação. Ao fomentar condutas e
atitudes baseadas na tolerância, na solidariedade, na responsabilidade e no
respeito, a educação para os Direitos Humanos constitui, a longo prazo, um
importante instrumento de prevenção das violações dos direitos e liberdades
fundamentais, preparando os jovens para o seu futuro papel de cidadãos que
conhecem os seus direitos e respeitam e promovem os do próximo.» (BORLIDO,
1997, in: AMINISTIA INTERNACIONAL, V – Prefácio)
Bibliografia
BORLIDO, Armando Paulo, (1999). Educação para os Direitos Humanos. Actas
do Congresso. Ponte de Lima: Amnistia Internacional, 11 a 13 de março de 1999
ROMA L, & VERÓNICA, E. (s.d.). Guia del Educador para el
Material. Derechos y Deberes de las
Niñas del Mundo. Amnistía Internacional-Sección
Chilena: s.l.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Jornal: “Terra e
Mar”
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
Portugal: http://www.caminha2000.com (Link’s Cidadania e Tribuna)
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