Não carece de prova científica, porque é do
conhecimento público, que as ciências exatas se mostram incapazes para resolver
determinados problemas que fazem sofrer a humanidade e, alguns deles, até conduzem
à morte, em grande escala, muitas pessoas, em todo o mundo.
A mentalidade técnico-positivista tem desvalorizado
muitos ramos do saber e as ciências da saúde, por exemplo, revelam dificuldades
em aceitar toda e qualquer intervenção que sai do âmbito científico da medicina
convencional, duvidando das possibilidades, e mérito, das denominadas medicinas
alternativas, de base natural e processos, por vezes, esotéricos.
A verdade, porém, é que o mundo se compõe do
natural, do artificial e do espiritual ou sobrenatural. Ignorar estas
realidades em nada ajuda, e ninguém beneficia, como igualmente seria
prejudicial não reconhecer os excelentes progressos realizados pela ciência e
pela técnica, em quase todos os domínios da intervenção humana.
O aparente complexo de superioridade, mesclado com
alguma arrogância tecnocrática, que ainda se detetam em diversos profissionais,
revela, afinal, que lhes faltam a preparação e formação de base, indispensáveis
à pessoa verdadeiramente humana e que, muito embora com mérito,
profissionalismo e atualização, resolvam muitos problemas, ao nível do
indivíduo e da sociedade, continuam a mostrar-se incompetentes para as questões
do foro íntimo das consciências, dos males que perturbam os espíritos, e que
conduzem a problemas psico-sociais, para os quais as terapias disponíveis, ao
nível das ciências exatas, não têm sido suficientes.
Importa, por isso, que se avance para a
interdisciplinaridade entre as ciências exatas, e outros ramos do conhecimento
empírico, e da reflexão estruturada, sistematizada e permanente.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, a posse de
competências estritamente profissionais, numa determinada área de
especialização científica, por si só, é insuficiente para se melhorar o
relacionamento humano, e o bem-estar individual e coletivo.
Uma bem organizada polivalência, envolvendo várias
competências, inclusivamente nos domínios sociais, pessoais e reflexivos, pode
ser um primeiro passo para a desmitologização de certos paradigmas científicos,
na medida em que: «Competências pessoais,
profissionais e sociais constituem um grande potencial latente, em parte não
utilizado, em parte por ser desenvolvido, nas pessoas, nas organizações e nas
comunidades.» (RESENDE, 2000: XII).
A participação na construção de um mundo mais
humano, compatível com os superiores valores que enformam o indivíduo, enquanto
pessoa de deveres e direitos, não é exclusiva deste ou daquele profissional,
desta ou daquela tese, desta ou daquela técnica. O contributo dos diferentes
saberes é essencial para elevar toda a humanidade ao estatuto que lhe é devido
e, consequentemente, superior à restante animalidade.
Uma tal elevação, no sentido da pessoa humana viver
num ambiente de grande felicidade, harmonia e paz estáveis, naturalmente que
necessita da cooperação de todos os saberes: ser, estar, fazer e
conviver-com-os-outros, todos eles controlados por duas faculdades carateristicamente
humanas: pensamento e raciocínio, os quais comandam, inclusivamente, todos os
órgãos dos sentidos humanos: «Pensamentos
e raciocínios são sentidos, porém, muito mais sofisticados que os da visão,
audição, olfato, tato, e gosto, uma vez que são os atributos e determinantes
maiores e essenciais da própria vida humana.» (COLETA, 2005:14).
Importa valorizar o conhecimento, que pela
conjugação reflexiva e do raciocínio se vai construindo no espírito de cada
pessoa e, posteriormente, desfrutado, discutido e validado, nos aspetos que se
compatibilizam com as ciências, as técnicas e tecnologias descobertas, postas à
disposição e ao serviço da humanidade, no sentido do bem-comum.
Recolocar a Filosofia no lugar que, desde há mais
de 2500 anos, lhe é devido, é uma medida que deve ser tomada, de imediato, por
todos quantos têm responsabilidade na educação, formação e bem-estar das pessoas,
desde já o bem-estar emocional, psicológico, intelectual e social.
Estimular, a partir da família, da escola, da
Igreja, da empresa e dos meios de comunicação, para o pensamento positivo, aqui
entendido como reforço da auto-estima, da dignidade, da felicidade individual e
coletiva, poderá ser outra medida que, também através da Filosofia, possa
conduzir a um bem-estar geral, beneficiando, inclusivamente, de tudo o que há
de positivo nas ciências exatas, refletindo sobre o seu melhor aproveitamento.
Bibliografia
COLETA, António Carlos
Dela. Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente
para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio
Claro, SP – Brasil: Graff Set, Gráfica e Editora. 2005.
RESENDE, Enio. O Livro
das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Auto-Ajuda para
Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark. 2000.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Blog Pessoal: http://diamantinobartolo.blogspot.com
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