Neste novo ano, talvez seja acertado iniciar uma
reflexão: em como e no que, podemos melhorar os nossos princípios, valores e
sentimentos, e aplicá-los aos nossos semelhantes, eventualmente, começando por
retribuir-lhes todas as atenções recebidas ao longo do ano transacto, todas as
gentilezas, todas as amabilidades e todas as palavras, gestos e apoios
arrecadados. Será um bom princípio para alimentar a chama da esperança, em
manter sentimentos e emoções, entretanto, “espezinhados”.
O
passado, é isso mesmo, um pretérito que apenas deve ser recordado para
melhorarmos um presente que, segundo a segundo, está connosco, mas,
principalmente, para nos projetarmos com vigor, com a certeza de que temos
capacidades inatas, para conquistar um futuro auspicioso que merecemos.
Queiramos
acreditar que todos juntos, sem ódios nem intenções de vinganças, embora não
esquecendo os males que nos tenham feito, iremos conseguir atingir objetivos
materiais, bem como outros, de natureza inefável, que proporcionarão,
finalmente, o reconhecimento da grandeza e dignidade humanas.
“Estamos todos
no mesmo barco”, ainda que algumas pessoas se considerem superiores, por
qualquer circunstância da vida. A verdade, porém, é que há situações que não
escolhem estatutos, sexos, idades e, numa qualquer “esquina” da vida, e do
mundo, nos encontramos: umas vezes, por cima; outras vezes por baixo e, quem
hoje desfrutando de uma qualquer supremacia, e dela abusar para humilhar e
perseguir, quem está por baixo, amanhã, as situações podem inverter-se e então,
ninguém gostará de receber as maldades que fez a outros.
Importa, refletir, maduramente, que estamos de
passagem. Não sabemos, verdadeiramente: de onde vimos? Quem somos? Para onde
vamos? Com o nosso desaparecimento físico, talvez uma outra dimensão,
porventura, espiritual, se desvele, não perante a pessoa terrestre, talvez, face
a uma Entidade Divina.
Mas enquanto o desenlace físico não ocorre, temos de
conviver uns com os outros, o melhor possível, porque: «O problema da convivência não é apenas uma questão de estabilidade. Se
acharmos uma solução estável no sentido de poder evitar as catástrofes da
guerra e da fome, nem mesmo assim teremos resolvido o problema. Há uma
exigência tão importante quanto essa: a de dar a todo o homem, dentro do quadro
geral da organização, um ambiente digno de seres humanos. É preciso parar com a
atual desumanização da vida.» (KERSTIN e ALFVÉN, 1969:155).
O Ano Novo de 2019,
também deve ser pensado, por muito que nos custe e faça sofrer, na situação das
centenas de milhares de migrantes, das centenas de mortes, dos milhares de
crianças que estão a sofrer autênticas desumanidades, que não têm culpa nenhuma
dos desmandos dos adultos, que nem sequer pediram para nascer, mas que
continuam a ser as vítimas mais frágeis neste mundo.
A Europa, dita civilizada, ancestralmente defensora
dos valores humanistas, onde Portugal se inclui, não pode ficar indiferente a
esta catástrofe. Cabe aos povos das nações europeias, e não só, como também a
todos os governantes, entenderem-se na resolução da situação de quem está
diminuído em quase todas as suas dimensões humanas. Haja respeito, compreensão,
solidariedade, amor benevolência, compaixão e caridade pelos nossos irmãos
migrantes.
Neste primeiro dia do ano, dia mundial da Paz,
deixo-vos sinceros votos para que este Ano Novo seja vivido com muita alegria,
Felicidade, amor, serenidade e concórdia. Que, no que for possível, nos
reconciliemos, sem renunciarmos aos nossos princípios, valores, sentimentos e
emoções. Que sejamos capazes de praticar a solidariedade, a amizade, a
lealdade, sempre com humildade e gratidão, principalmente para com as pessoas
que já demonstraram estar incondicionalmente do nosso lado, para o nosso
bem-estar material e espiritual.
Bibliografia:
KERSTIN
e ALFVÉN, Hannes, (1969). Aonde Vamos? Realidade e destinos da humanidade. Tradução,
Jaime Bernardes da Silva. S. Paulo: Círculo do Livro S.A.
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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