Provavelmente, um dos grandes valores que presidem
ao relacionamento entre duas pessoas que se entreajudam, é a gratidão, porque:
«Agradecer com um coração verdadeiro,
fortalece o vínculo de tal maneira que essas relações permanecem indeléveis na
memória» (ARAÚJO, 1999:9). Na verdade, a gratidão é uma virtude que começa
a rarear em muitas pessoas que se relacionam em vários contextos. Apesar de
tudo, este valor existe em grande parte das relações no processo Coaching.
Numa definição breve e para se iniciar este tema
aceite-se como primeiro conceito que: «Coaching
é uma relação de parceria que revela/liberta o potencial das pessoas de forma a
maximizar o desempenho delas. É ajudá-las a aprender ao invés de ensinar algo a
elas …» (GALLWEY, in: ARAÚJO, 1999:25).
«O Coaching é uma técnica usada
para melhorar o desempenho: quer na vida profissional; quer na vida pessoal.
Assenta nas seguintes
premissas: Que é possível conhecermo-nos melhor; Que é possível pensar melhor
(com menos limitações e bloqueios); Que é possível entender melhor os outros e
lidar melhor com os conflitos, não fugindo deles; Que é possível adquirir novas
capacidades e ferramentas; Que é possível tornarmo-nos mais criativos; Que é
possível sermos mais proactivos; Que é possível melhorar a performance; Em
suma, que é possível mudar - e para melhor: tanto como pessoas; como
profissionalmente». (http://www.clearmind.pt/o-que-e-o-coaching/,
consultado em 08.02.2020).
Mas Coaching também é muito mais do que eventuais
resultados de uma relação, significa um compromisso com a pessoa, como um todo,
com a sua realização e o seu desenvolvimento, na medida em que através deste
processo surgem novas oportunidades e possibilidades de aprendizagem.
Num processo de Coaching, existem dois
intervenientes fundamentais: o coach e o seu cliente. Dir-se-á que o coach
desempenha: «O papel de professor, treinador, preparador técnico». (ARAÚJO,
1999:25). Coach é, portanto, o papel que alguém assume: «quando se compromete a apoiar alguém a atingir determinado resultado e
o processo de Coaching começa quando uma pessoa procura apoio para resolver um
problema ou realizar um projeto» (Ibid).
O «Coaching é
mais do que um treinamento, o coach permanece com a pessoa até ela atingir o
resultado. A sua função é dar-lhe poder para que ela produza para, que suas
intenções se transformem em ações que, por sua vez, se traduzem em resultados.
Coaching é, essencialmente, empowerment. Dar poder para que o outro adquira
competências, produza mudanças específicas em qualquer área da vida ou até e
principalmente, transforme a si mesmo (…). Apoiar alguém e transformar sua
auto-estima em sua força pessoal é parte fundamental do processo Coaching» (Ibid.:26).
A verdade é que: «Precisamos de Coaching porque não podemos observar nossas próprias
ações sem a ajuda dos outros; é com os olhos dos outros que nos enxergamos
melhor, que vemos quem realmente somos e os resultados que, de fato,
produzimos. Precisamos dos outros especialmente quando ainda não temos
competência para produzir algum resultado. O coach nos ajuda a desenvolver
confiança em nossas possibilidades e persistência diante de obstáculos.
Precisamos dos outros até mesmo quando somos competentes. Queremos ser ouvidos,
reconhecidos e apreciados. Precisamos ser valorizados pelo nosso esforço e por
resultados que produzimos.» (Ibid.:27-28).
O mundo moderno não se compadece com atitudes
estáticas. A energia da sociedade é cada vez mais acentuada. Tudo se desenvolve
com uma “velocidade vertiginosa” e,
neste dinamismo, entram as pessoas com todos os seus saberes, comportamentos e
atualização permanente de conhecimentos diversos: culturais, sociais,
profissionais, cívicos, económicos, religiosos e todos os outros que integram
as várias dimensões da pessoa humana.
Por via desta crescente evolução: «As pessoas deveriam dedicar-se ao
desenvolvimento dos outros porque é uma forma de também se desenvolverem.
Coaching é um exercício refinado de liderança. Todo coach é um líder, mas nem
todo o líder é um coach. Para ser coach não é necessário ser o chefe do
cliente, embora gerentes, chefes e supervisores sejam os coaches mais prováveis
em função da liderança que se espera que exerçam junto dos outros, e não sobre
os outros.» (Ibid.:28).
Como se pode verificar: «O Coaching é um processo de alto impacto para o aumento da
produtividade, pois significa compromisso com os resultados e com a realização
das pessoas e pressupõe disposição para cooperar. Quando a equipa está muito
competitiva, a prática de Coaching restabelece os vínculos entre as pessoas e a
preocupação com o desenvolvimento dos outros; e quando ela está cooperativa de mais,
ou até complacente, (tolerante) provoca
uma reflexão sobre a responsabilidade pelos resultados.
Realmente,
Coaching é responsabilidade. Mas isso não quer dizer que precisamos ter medo de
exercê-la, pois é responsabilidade compartilhada. É uma relação de compromisso,
é bilateral e não unilateral. O filho que não aceita o apoio do pai, nem da
mãe, nem dos irmãos, está criando uma condição de autossuficiência que pode
prejudicá-lo em muitas situações futuras, principalmente no trabalho em
equipa.» (Ibid.:29).
Ao longo da vida, cada pessoa está sempre num
processo de aprendizagem, porque ninguém nasce ensinado em coisa alguma, pelo
contrário, pode-se afirmar que o ser humano é extremamente frágil, em todos os
seus aspetos, a sua preparação para a vida demora anos e nunca vai estar
totalmente formado para enfrentar as diversas situações que se lhe vão
deparando, por isso, cada pessoa precisa de outra pessoa, de meios, de
condições para se desenvolver.
Nesse sentido: «Para
apoiar alguém a desenvolver credibilidade, isto é, apresentar os resultados dos
quais se comprometeu, é preciso aceitar que esta pessoa cometerá seus próprios
erros; caso contrário, ela não terá uma experiência genuína. O conhecimento não
pode ser transferido de uma pessoa a outra, ele só é adquirido na experiência
pessoal, no ato de caminhar o próprio caminho.» (Ibid.:30).
O processo Coaching envolve quatro etapas a saber:
«1ª
– Construção de uma parceria sólida, consciente. Uma parceria baseada em
confiança mútua e maturidade para assumir e cumprir todas as responsabilidades
acordadas. A abertura entre o coach e o cliente tem de ser total; afinal, eles
viverão juntos: vitórias e realizações, mas também compartilharão momentos de
fracasso e frustrações. Como precisam lidar honestamente com a realidade dos
fatos, devem adotar o feedback como prática, frequentemente. É importante que a
relação seja nutrida durante todo o processo, até o resultado final ser
atingido, pois constitui um trilho seguro para o percurso;
2ª
– Diz respeito ao que o cliente deseja realizar: sua visão do futuro. O coach
pode ajudar a transformar a visão da empresa na visão da equipa ou negócio e,
finalmente, na visão pessoal do cliente. Pode ser também que o cliente tenha
uma visão mais ampla que transcenda a visão da organização ou um projeto
específico ou pessoal. O coach deve estimular o cliente a sonhar …, de olhos
abertos, expressar quem ele é através dos sonhos e a manter a integridade
consigo mesmo.
3ª
– Consiste na análise da “bagagem de mão”, ou seja, a trajetória de realizações
de ambos. É muito importante que coach e cliente se conheçam bem, para que
explorem com competência os talentos um do outro. É valioso também que apontem
dificuldades e limitações atuais e definam aquelas que precisam ou desejam
mudar. Parte do papel do coach é ajudar o cliente a separar, na bagagem, o que
é seu do que é dos outros, o essencial do supérfluo, e libertar de eventuais
“pesos inúteis” a bagagem. Outra parte significativa reside em ajudá-lo a
valorizar o que tem: seus talentos, sua dedicação, enfim, seu potencial de
realização.
4ª
– É o Plano de Ação. Conhecendo melhor o cliente, o coach pode ajudá-lo a
identificar o que falta, a lacuna, entre a sua visão e a situação e
competências atuais. O coach precisa observar se essa distância não está muito
além do que se pode cumprir, pois isso só causaria ansiedade. O próximo passo é
construir uma ponte firme para que a intenção se transforme em resultados.
Estabelecer e acordar um plano de ação é fundamental para que o coach possa
acompanhar bem o desenvolvimento do cliente, garantindo o sucesso do projeto.»
(op. cit.: 34-35).
Como
reconhecer um bom coach:
«Ele
aceita o cliente como é e escuta-o sempre com atenção; ele focaliza a atenção
do cliente e dá prioridade à ação; lida com a realidade e tem energia e
disposição para alterá-la; é comprometido com o cliente, sem lhe tirar o poder
de decisão e sem competir com ele ou tentar superá-lo; diante de erros, não
acusa mas analisa. Vê o erro como chances de aprender.»
(Ibid.:38).
Como reconhecer um bom cliente:
«Ele
é consciente dos seus talentos e suas limitações atuais; ele sabe quais são
seus objetivos e tem determinação para alcançá-los; é aberto ao feedback e
disposto a aprender sempre; aceita influência e tem espírito crítico e
prontidão para agir.» (Ibid).
Atualmente é sabido que o capital humano é o mais
importante em qualquer organização, por isso mesmo, elas, as organizações: «não poderão manter ou atingir os padrões de
excelência e produtividade necessários se as pessoas não se libertarem do apego
às posições e da rigidez das estruturas hierárquicas.» (Ibid.:41).
Caminha-se, portanto, para o reforço da ideia
segundo a qual: «O Coaching é liderança
refinada, pois ao se concentrar mais no desenvolvimento das pessoas, fortalece
o capital humano nas organizações, para enfrentar mudanças com maior
agilidade.» (Ibid.: 42).
Bibliografia
ARAUJO,
Ane (1999). Coach: Um parceiro para o seu sucesso. 6ª Ed. São Paulo: Editora
Gente
Venade/Caminha – Portugal, 2020
Com o protesto
da minha perene GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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