A primeira década do século XXI apresentava-se à
comunidade mundial como uma esperança, mas também transportando toda uma carga
negativa de conflitualidade e indiferença, pelos mais elementares direitos e
deveres que a cada cidadão, e aos governos compete observar.
A preocupação coloca-se na impreparação que muitas
pessoas vêm manifestando e, consequente incapacidade para: por um lado, evitar
determinados conflitos; por outro lado, resolver, com prudência e equidade, as
situações que afetam a qualidade de vida, ao nível das relações humanas interpessoais.
A humanidade atravessou em 2014-2015, como no
passado, mais uma grave crise que se refletiu em vários domínios da sua
existência e intervenção. Resolver ou, pelo menos, contribuir para uma solução
que aponte no sentido de reduzir o confronto negativo e exacerbado, latente
nalguns domínios e atuante noutros, constitui um imperativo do cidadão deste
século.
O problema nuclear que se coloca centra-se,
essencialmente, na conflitualidade existente na sociedade humana, por razões
diversas, destacando-se alguns problemas como: persistente violação de direitos
humanos; insuficiente democratização na abordagem de diferentes situações;
dificuldade no exercício de uma cidadania plena, entendida na fruição de
direitos e cumprimento de deveres e, finalmente, pouca preparação de muitos cidadãos
para assumir as responsabilidades que lhes cabem, nos diferentes contextos
societários. A tarefa para reduzir os impactos negativos das situações
resultantes daquelas insuficiências, não é fácil, e a reflexão sobre estes
temas já vai no terceiro milénio.
Do nascimento de um “esboço” de democracia na
antiga Grécia, à democracia do século XXI, um longo caminho já foi percorrido
e, embora os conceitos clássicos se mantenham relativamente atualizados, no que
à democracia respeita, a prática e atitudes de tão importantes valores da
cidadania, ainda não se verificam em todo mundo, com autenticidade e liberdade.
E se, igualmente: o século XVIII, ao qual está
ligada a Filosofia das Luzes, produziu alterações significativas na sociedade,
nos regimes políticos e nos indivíduos; também é verdade que novos conflitos,
novas injustiças, novas desigualdades acabariam por substituir velhas
arbitrariedades, desavenças e regimes.
Quaisquer que tenham sido os processos, os
intervenientes e os meios, os resultados que se gostaria de ter usufruído,
então, 2015, não foram totalmente alcançados, porque: outros interesses se
interpuseram; outras ingerências dificultaram o processo democrático; e, no
centro de todas as polémicas sempre tem estado o indivíduo humano. Então o problema
que atualmente persiste é, precisamente: o homem, o cidadão, o membro de
família, o político, o religioso, o profissional, o empresário, isto é, o homem
em todas as suas dimensões.
Bibliografia
FERREIRA, Silvestre Pinheiro, (1834a). Manual do Cidadão em um Governo Representativo. Vol I, Tomo I, Introdução António Paim,
(1998a) Brasília: Senado Federal.
Com o protesto da minha perene
GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de
Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de
Letras e Artes de Portugal
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