A Hermenêutica aparece, historicamente, ligada à exegese dos textos e à compreensão dos mesmos. Surgiu o problema porque sempre existiu a possibilidade de mal entendimento (interpretação). A compreensão tornou-se um processo de análise e explicitação do texto. Nascida como crítica, a Hermenêutica apresenta-se, hoje, como exigência de interpretação universal.
HEIDEGGER (Martin
Heidegger (1889-1976) filósofo alemão é,
seguramente, um dos pensadores fundamentais do século XX: quer pela recolocação do problema do “ser” e pela refundação da Ontologia; quer
pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural), assume este processo na circularidade da
compreensão, isto é, a explicitação do que diz o texto, concretiza-se numa
estrutura circular que implica, simultaneamente, a pré-compreensão (experiência
acumulada, pré-conceitos) e o horizonte (texto/objeto), e é desencadeada pela
interrogação (dialética, pergunta/resposta).
Existe compreensão quando
há um entender-se com…, quando se dá uma fusão de horizontes entre Hermenêutica
e o que o texto revela, segundo a posição de GADAMER. (Hans-Georg GADAMER, 1900-2002, foi um filósofo alemão
considerado como um dos maiores expoentes da Hermenêutica filosófica.
Sua obra de maior impacto é “Verdade e Método”, 1960).
A compreensão encontra-se objetivada nos três
valores que caraterizam e definem o círculo hermenêutico: o passado
(pré-compreensão, tradição); o presente (compreensão atual, horizonte do
interpretante) e o futuro (horizonte antecipado). O objetivo histórico (texto)
é inteligível porque se põe em relação com o intérprete, e através dum fundo
temporal e linguístico que permite a comunicabilidade.
Assim sendo, a tradição é a transmissão efetiva, na
qual os objetos históricos têm uma influência na nossa consciência presente, e
na nossa antecipação do futuro (possível), isto é, a Hermenêutica tem que
partir do facto de que toda a compreensão está vinculada a uma tradição.
A tradição é uma das condições para compreender e «a distância temporal não se há-de eliminar,
mas sim afirmar-se como meio no qual se revela o verdadeiro sentido de uma
coisa em sua plenitude, isto é, no fundo não se dá o facto consumado, mas um
processo infinito» (MATEO, 1980:68).
É nesta perspetiva do processo de compreensão,
influenciado pela historicidade e existencialidade da experiência humana no seu
mundo (relação de pertença), embora a compreensão não se reduza, unicamente, a
esta perspetiva que se pretende explanar neste trabalho.
A compreensão, além de ser uma apropriação do
sentido de um texto é, também, compreensão realizada por alguém, inserido no
seu próprio contexto histórico e cultural, que lê e interpreta com os seus pré-conceitos.
É neste aspeto que a atividade de interpretar envolve algo de ontológico.
Não pode entender-se como um método, como um
processo subjetivo e psicológico do homem, face a um objeto (DILTHEY, Wilhelm, 1833-1911), mas sim como o modo
de ser do próprio homem, como um processo ontológico do homem.
Não pode negar-se a importância da formulação dos
princípios interpretativos corretos, mas a questão fundamental é, segundo
GADAMER, saber como é possível a compreensão, não só nas humildades, mas em
toda a experiência humana no mundo (modo de ser do Dasein - “A essência do ser-aí”). A compreensão
consiste, antes de mais, no entendimento do que o homem encontra no mundo.
HEIDEGGER, efetuou uma inversão na relação
epistemologia/ontologia, isto é, a compreensão passa da psicologia à ontologia
(ao mundo), pretende explicitar a estrutura ontológica, na qual se apoiam tanto
as ciências da natureza como as ciências humanas. Assiste-se à passagem duma
compreensão parcial, (ciências humanas) duma compreensão histórica, separada
duma compreensão científica, para uma compreensão ontológica.
A compreensão sem pressupostos parece tornar-se
impossível; não pode haver captação sem pressupostos, sem algo previamente
dado, porque a ausência de preconceitos e pressupostos, parece tornar-se
incomportável com o modo como a compreensão opera.
Mesmo a própria auto-evidência (interpretação objetiva) assenta num corpo de pressupostos, que podem passar despercebidos, mas que estão presentes em toda a interpretação, aparentemente desprovida deles. Isto significa que o intérprete de um texto tem já posições prévias.
Bibliografia
MATEO, R. Garcia, (1980). Hans Georg Gadamer, Filósofo de la Hermenêutica, in: Revista “Arbor”, tomo 106, Nº 414.
Gratidão. «Proteja-se. Vamos vencer o vírus. Cuide de si. Cuide de todos». Aclamemos a vida com esperança, fé, amor e felicidade. Estamos todos de passagem e no mesmo barco. Perdoemo-nos uns aos outros e alimentemos o nosso espírito com a oração e a bela música.
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Venade/Caminha –
Portugal, 2020
Com o protesto da minha
permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
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