Em quaisquer circunstâncias, atividades, projetos, relações interpessoais e societárias em geral, entre muitas outras situações, a ética deveria ser o princípio, o valor, o comportamento fundante para um mundo melhor, nos diferentes contextos, em que a pessoa humana vai agindo, ao longo da vida e, pode-se afirmar, que em cada cenário, um novo papel é preciso representar.
As boas-práticas devem ser adquiridas, realizadas e
consolidadas, tendo por farol orientador a experiência, porque: «A experiência ética é uma experiência
pessoal em um sentido singular: apenas a pessoa pode intencionar o valor e
torná-lo historicamente presente na ação e no tempo. O valor ético encontra a
sua realização plena na pessoa. As diversas dimensões da experiência ética
convergem para a construção da pessoa como sujeito ético capaz de uma resposta
ao valor.» (DENNY, 2003: VII – Prefácio).
A ética, enquanto valor moral, no conceito
Kantiano, segundo o qual: “não devemos
desejar para os outros o que não desejamos para nós”, vem sendo cada vez
mais ignorada, infelizmente, em quase todas as atividades humanas, incluindo as
de natureza política, religiosa, negócios, entre outras. Há como que uma
perceção de “meio mundo a enganar outro
meio” ou, eventualmente, estas duas proporções estejam desfasadas para
pior, ou seja: a maior parte das pessoas não olha a meios para atingir os fins
que mais lhes interessam, sem respeito pelos direitos dos seus iguais.
O exercício do valor moral envolve, para a pessoa
ética, uma dimensão decente, suportada pela virtude, para que o comportamento
coerente e idóneo não ofereça quaisquer dúvidas, sabendo-se que uma pessoa
assim formada será sempre credível, conveniente e merecedora de respeito.
A ética, na perspetiva da moral é, portanto, uma
virtude, e sabe-se que: «Qualquer virtude
supõe uma resposta fundamental a uma esfera de valores, uma resposta que é
determinação concreta daquela atitude fundamental. Uma atitude geral torna-se
virtude quando forja a personalidade inteira e assinala essencial e
profundamente o caráter.» (Ibid.: IX - Prefácio).
Refletir, e depois tentar aplicar, na vida
corrente, o valor ético, enquanto virtude de moral, seguramente que não será
nada fácil para a pessoa humana, que é, e continuará a ser, sempre um ser limitado,
imperfeito, condicionado por diversas variáveis: umas intrínsecas; outras
externas, não sendo possível desenvolver um esforço para se melhorar o
relacionamento na sociedade, na família, no círculo de amigos e noutras
atividades que não envolvem interesses objetivamente materiais.
Aceita-se que: «As
ações, as atitudes internas e as virtudes constituem as três dimensões da
experiência ética. Estas circunscrevem os âmbitos concretos de uma dúplice
atualização: o valor no seu encarnar-se histórico, e a pessoa na sua identidade
própria de sujeito ético. A experiência ética é, na sua essência, a experiência
de um encontro entre o valor e a pessoa no ato de uma resposta, num ato de
liberdade.» (Ibid.: X-Prefácio).
O mundo é um espaço dinâmico, no qual se criam,
desenvolvem, lutam e/ou se harmonizam diferentes forças, interesses, situações
e objetivos, por isso, a penetração da ética encontra imensas resistências,
porque, também, o ser humano, em geral, estará mais preparado para “disputar” os
seus próprios interesses, do que incorporar-se num projeto coletivo, para o
bem-estar da maioria da sociedade.
O avanço, surpreendentemente, acelerado da ciência,
da técnica e da tecnologia, por vezes não se compatibiliza com o valor ético,
no seu sentido moral. Na verdade: «No
passado, no clima de estabilidade de um mundo solidariamente estruturado, a
ética podia com uma certa facilidade, dar diretivas simples e claras com a
convicção sincera de resolver qualquer problema. Hoje, em um mundo em contínua
transformação, caracterizado por um progresso sem precedentes mas, também, pela
emergência de problemas graves, a discussão tornou-se mais complexa. A
revolução tecnológica tornou possível um aumento de bem-estar, antes
impensável, mas também criou riquezas imensas, de um lado, e miséria imensa do
outro, constituindo uma ameaça constante à paz.» (Ibid.:100).
Como hipótese de reflexão, muito séria, pode-se
partir da posição individual de cada pessoa que, habitualmente, defende nunca
estar completamente satisfeita com o que tem, e/ou não tem, porque: se possui
muita riqueza material, pode ser muito débil ao nível da saúde; se ama,
intensamente, alguém e não é correspondida, não será muito feliz; se tem um
projeto de vida e este não se concretiza plenamente, é natural que se considere
frustrada e desiludida.
Por vezes, a vida não se desenvolve como se deseja,
porque não utilizamos, nem praticamos certos valores, muito embora,
unilateralmente, os exijamos aos outros, quase sempre a pessoas,
profissionalmente dependentes ou que devem favores difíceis de “pagar” e/ou
retribuir. Falta-lhes o sentido ético com que devem orientar a própria
existência.
A sociedade, ainda bastante estratificada, na sua
maioria, vê o valor ético como um “adorno”, um “enfeite” para, hipocritamente,
o exibir, contudo, não o praticando, genuinamente, sabendo, mesmo assim, que
certos comportamentos “não-éticos”, conduzem a situações complexas, de
consequências imprevisíveis, onde tudo pode acontecer, inclusive, o conflito
violento e, até, a morte física.
Por isso é que: «Em
um mundo caraterizado por uma grave desorientação no plano dos fins, a primeira
função da ética é transmitir uma força capaz de transformar a pessoa,
abrindo-se ao mistério do outro. Quando, no centro da ética, não se coloca o
outro, mas a defesa narcisística da imagem de si, constroem-se atitudes
profundamente não idênticas.» (Ibid.:110).
Hoje, ninguém está livre de precisar de alguém: por
muito poder que possua; por muitos bens e riqueza material que tenha, sempre
haverá algo que não se consegue obter por nós mesmos, carecendo-se dos
conhecimentos, do apoio, da influência, da boa-vontade de uma outra pessoa, com
a qual, e não só, devemos manter um relacionamento ético, sob pena de não
sermos atendidos.
A vida e o mundo estão repletos de obstáculos, as
tais “esquinas” que por diversas vezes temos invocado, noutras reflexões. Os
altos e baixos que vivenciamos, ao longo do nosso percurso existencial, são
constantes, embora, algumas vezes, muitas pessoas não os deem a conhecer, mas a
verdade é que não há vidas perfeitas, sem problemas, nem dificuldades, pelo
contrário, quando menos se espera, surge um obstáculo, que nem sempre se
consegue vencer sozinhos.
Em bom rigor, é sabido que: «Vivemos um mundo que se encontra em uma difícil passagem cultural,
rico de instrumentos, mas privado de prospectiva de um fim, capaz de recompor
em uma unidade a sua fragmentação de propostas e de contra propostas de
regionalismos e fundamentalismos. No atual impasse de um utilitarismo fechado
no ter, é necessária uma reação profética, um anúncio de esperança de um
sentido que não é possuído, mas oferecido ao homem, e que lhe permite instruir
uma hierarquia de valores entre as diversas realidades do seu mundo.» (Ibid.:111)
Acredita-se que na verdade, a ausência de valores
positivos, na perspetiva do humanismo, da solidariedade, da amizade, da
lealdade, da cumplicidade, do amor, da felicidade e da paz, tem dificultado o
caminho para um mundo melhor, no qual
cada pessoa se possa sentir realizada, nas suas diferentes dimensões humanas:
política, religiosa, profissional, cultural, cívica, enfim, onde a democracia,
a liberdade, a igualdade de oportunidades, o progresso, o pleno emprego e a
equidade social sejam os pilares da dignidade da pessoa humana, como é de seu
direito inquestionável.
Bibliografia.
DENNY,
Ercílio A., (2003). Fragmentos de um Discurso sobre a Liberdade e
Responsabilidade. Campinas, SP: Edicamp
«Protejam-se. Vamos vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de
todos». Cumpram, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes.
Estamos todos de passagem, e no mesmo barco chamado: “Planeta Terra”, de onde
todos, mais tarde ou mais cedo, partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a
HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros, porque será o único “CAPITAL” que deixaremos
aos vindouros: “O PERDÃO”. Alimentemos o
nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
https://youtu.be/RY2HDpAMqEoo https://youtu.be/-EjzaaNM0iw https://youtu.be/PRFkpwcuS90 https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc https://www.youtube.com/watch?v=RCDk-Bqxfdc https://www.youtube.com/watch?v=ispB4WbcRhg
Venade/Caminha – Portugal, 2021
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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