Numa organização, onde se conjugam distintas intervenções, desde os recursos humanos, passando pelos financeiros, equipamentos e toda uma panóplia de instrumentos legais, a harmonização entre todos eles não é nada fácil, designadamente, a começar nos colaboradores, na medida em que, muitas vezes, por diferentes motivos, nem todos “remam para o mesmo lado” ou, dito de outra forma, nem todos interiorizam e praticam a cultura e o espírito da instituição.
Uma primeira disfuncionalidade que se verifica no
funcionamento das organizações é da responsabilidade direta (voluntária ou não)
do trabalhador e designa-se por absentismo, que consiste na: «ausência inesperada de um trabalhador do
seu posto de trabalho. O termo “inesperado” exclui as ausências devidas a
férias, “pontes”, folgas, licenças especiais de ausência (e.g. maternidade), ou
outros motivos conhecidos e/ou programados pela organização.» (CUNHA, et.
al., 2010:783).
É importante destacar que de facto o absentismo
voluntário, injustificado é, efetivamente, muito prejudicial, tanto para os
trabalhadores, quanto para a organização, e também para com aquelas entidades e
pessoas que com ela se relacionam – fornecedores, clientes, organismos
oficiais.
Numa breve e muito objetiva definição,
identifica-se mais uma de outras anomalias, habitualmente imputáveis aos
trabalhadores: «Presentismo.
Comportamento que o empregado manifesta durante o período normal de trabalho.
Estes comportamentos destinam-se a expressar ou aparentar a ideia, intenção ou
vontade de que o presentista está em regime de laboração idêntico ao dos
restantes trabalhadores, quando na verdade o seu nível de produtividade é
inferior» (Ibid.:785).
Atitudes desta natureza são facilmente detetáveis,
ocorrem com demasiada frequência em muitos setores de atividades profissionais,
públicas e privadas. Acontece, até, que alguns presentistas tudo fazem para “dar nas vistas”, bajulam, mais ou menos
descaradamente, os seus superiores hierárquicos e, se tal se proporcionar, o
próprio empresário.
Uma situação anómala que se verifica numa
organização tem a ver com a: «Rotatividade
– define-se como a rotação ou movimentação de trabalhadores: (a) no mercado de
trabalho; (b) entre empresas, lugares e ocupações; (c) entre os estados de
emprego e desemprego.» (Burgess, (1998); in: CUNHA, et. al., 2010:787).
É provável que, nos tempos atuais, a rotatividade,
pelo menos no que respeita a mudar de emprego, não ocorra com a frequência de
há quarenta anos, mas também é verdade que, os empregos para toda a vida são
cada vez mais escassos, porque o mercado de trabalho exige grande flexibilidade
das leis laborais, em ordem à rápida criação e extinção de empregos.
Workaholism. Por incrível que possa parecer, também existem trabalhadores
compulsivos, eles próprios não conseguem controlar os seus impulsos para o
trabalho, sendo muitas vezes autênticos escravos da sua atividade profissional,
acabando por quererem ser perfecionistas e, não o conseguindo, “carregam” uma vida laboral de
sofrimento, porque nunca atingem: nem a perfeição; nem os objetivos a que se
autopropõem, na medida em que estes são, quase sempre, muito elevados e
rigorosos.
Impontualidade. Entre um vasto conjunto de disfunções que se abordam neste trabalho,
uma outra se segue, muito característica da cultura portuguesa, e que é a “falta de pontualidade”. Existem,
inclusivamente, certas “mentes brilhantes”
que até consideram ser “chique”
chegar atrasado a uma reunião, a um convívio, a um encontro, mesmo que
informal, de tal maneira que já há quem marque, por exemplo, um convívio para
meia, ou uma hora antes, da que realmente vai ser praticada, porque assim será
mais seguro que todas as pessoas convidadas estejam presentes à hora desejada por
quem convoca, todavia, mesmo com esta estratégia, ainda há quem continue a
abusar.
ELVN. Uma outra forma de revelar disfuncionalidade, prende-se com
determinados comportamentos, caracterizados no processo ELVN, cujas iniciais correspondem a: “saída”, “lealdade”, “voz” e “negligência”. Estas condutas têm
determinantes e consequências.
Stresse. A sociedade atual, terceira década do século XXI, com toda a sua
dinâmica, coloca-nos em situações verdadeiramente complexas, desde logo ao
nível da saúde, porque não é fácil resistir ao turbilhão de solicitações, de
normas, de prepotências exercidas, muitas vezes, por alguns gestores e/ou
superiores hierárquicos, insensíveis aos problemas que afetam os seus
comandados.
É muito frequente as pessoas queixarem-se de “Stresse” e quando realmente estão
afetadas por esta situação, certamente que não reúnem as melhores condições
para o trabalho. Para se ter uma ideia: «O
stresse não é, pois, uma doença, mas um estado de reacção de um organismo a uma
força que sobre ele exerce tensão.» (Cunha e Cabral-Cardoso, (2007); in:
CUNHA, et. al., 2010:799).
Acidentes de Trabalho. Com demasiada frequência acontecem os denominados
acidentes de trabalho, pelas mais diversificadas causas: seja pela não
observância das regras estabelecidas na regulamentação aplicável; seja por
falta de formação; seja porque não existem, devidamente atualizados os
equipamentos de proteção individual, seja por outros “mil e um motivos”.
Grande parte das disfuncionalidades que se
verificam nos locais de trabalho, têm alguma relação entre si. Por exemplo: o
alcoolismo pode ter a sua origem no stresse, este por sua vez pode ter as suas
causas nos estímulos do meio, e assim sucessivamente. No mesmo trabalhador
podem existir várias anomalias, havendo que corrigi-las, sempre que possível,
de forma pedagógica, porque estará provado que não é com autoritarismos, com
represálias e com o despedimentos que se recuperam as pessoas para o trabalho,
para a família e para a sociedade.
Alcoolismo. É sabido que o consumo de álcool é uma prática ancestral: seja por
razões pessoais; seja em contextos sociais; seja, ainda, porque se ficou
viciado a partir do consumo permanente, cada vez em maiores quantidades e, em
alguns casos, diversidade de bebidas. Existe, também, alguma predisposição para
o consumo, por parte de muitos jovens que, imbuídos de uma mentalidade malformada,
pensam que pelo facto de consumirem álcool em excesso, (ou tabaco) se tornam
mais adultos, mais respeitados.
As consequências do alcoolismo são, dramaticamente,
destruidoras das condições e qualidade de vida da pessoa humana, da sua própria
autoestima, reputação socioprofissional e da sua dignidade, no limite, da
aniquilação da própria vida, porque ainda paira o estigma pejorativo sobre quem
abusa do álcool, ao contrário do que acontece com outros vícios, por exemplo, o
tabaco, cujo consumo ainda é considerado como uma prática social, embora
extremamente nociva para os fumadores, basta analisar as estatísticas relativas
às pessoas que morrem com cancro do pulmão, laringe,
faringe ou boca, devido ao excesso tabágico, a que acrescem problemas
respiratórios, bronquites, enfisemas e dificuldades no sistema cardiovascular.
Fadiga. Mas as disfuncionalidades que afetam o trabalho não se ficam por aqui
e, continuando a reflexão, apoiada na literatura dos especialistas, uma outra
se deve identificar e desenvolver. Trata-se da fadiga, agora, porém, em
contexto laboral, a qual poderá ser definida como: «Um conjunto de alterações no organismo que, no seu todo, conduzem a
uma sensação generalizada de cansaço e a uma redução da capacidade de
trabalho.» (Fiamoncini e Fiamoncini, (2003); in: CUNHA, et. al., 2010:809).
Roubo e Fraude. No seio das organizações, e porque não há nenhuma que funcione com
total perfeição, muitas são as disfuncionalidades, ou anomalias, ou
irregularidades, grande parte delas da responsabilidade dos colaboradores que,
por motivos diversos, nem sempre compreendem os valores, a missão e os
objetivos da instituição, levando-os a cometer erros, ainda que involuntários,
mas muitos dos quais inaceitáveis, sendo necessário tomar medidas, sempre que
possível, pedagógicas, para os corrigir.
Verifica-se, entretanto, que as formações no âmbito do Saber-ser,
Saber-estar e Saber-conviver-com-os-outros, também são essenciais ao bom
funcionamento da organização, porque não adiantará muito ser-se um bom técnico
se, ao mesmo tempo, e por detrás dele, está um mau carácter, um ladrão, enfim,
uma pessoa com princípios, valores e práticas prejudiciais à instituição.
Assédio no Trabalho. Com uma frequência “assustadora”, o assédio a pessoas ocorre em diversas
circunstâncias, não só em contexto laboral, mas, seguramente, nas mais diversas
situações, desde o ambiente familiar, passando pelo grupo de amigos até ao
convívio social, não escapando o âmbito religioso. Os escândalos são divulgados
com alguma regularidade, a partir dos mais diferentes processos e meios.
Suicídio. Finalmente, menciona-se uma outra disfuncionalidade que afeta,
irremediável e irreversivelmente, o colaborador que tem a infelicidade de a
praticar. Trata-se do suicídio que, pelas mais diversas razões e circunstâncias
da vida, levam uma pessoa a colocar termo à sua própria existência.
Para além de eventuais e inúmeros conceitos sobre o
suicídio, importa mais neste trabalho, referir que: «O suicídio não tem normalmente uma causa simples. Decorre de uma
combinação de causas. Em alguns casos, todavia, o trabalho e as condições em
que é realizado podem ser causas relevantes. (…) As consequências do fenómeno
são claras. Além das perdas pessoais do próprio e dos que lhe estão próximos,
as organizações sofrem enormes perdas reputacionais – que as afectam
directamente, mas também contribuem para o desprestígio e a desconfiança lançada
sobre os gestores e as empresas em geral. (Jolly e Saltmarsh, (2009); in:
CUNHA, et. al. 2010:817).
Quando se aborda a questão do assédio, pensa-se, de imediato, na sua dimensão sexual, todavia, há outras formas de assédio, particularmente, moral. Interessa aqui concetualizar o assédio simples e sexual, segundo a legislação portuguesa, consubstanciada no Código do Trabalho aprovado pela Lei 7/2009 de 12 de fevereiro que estabelece: «Artº 29º, N. 1. Entende-se por assédio o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em factor de discriminação, praticado aquando do acesso ao emprego, ou no próprio emprego, trabalho ou formação profissional, com o objectivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa; afectar a sua dignidade ou lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador. Artº 29º N. 2. Constitui assédio sexual o comportamento indesejado de caráter sexual, sob a forma verbal, não verbal ou física, com o objectivo ou o efeito referido no número anterior.» (in: CUNHA, et. al., 2010:814).
Bibliografia
CUNHA, Miguel Pina, et. al., (2010). Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humano. 2ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Ldª.
«Protejam-se. Vamos vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de todos». Cumpram, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Estamos todos de passagem, e no mesmo barco chamado: “Planeta Terra”, de onde todos, mais tarde ou mais cedo, partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros, porque será o único “CAPITAL” que deixaremos aos vindouros: “O PERDÃO”. Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música: https://youtu.be/DdOEpfypWQA
https://youtu.be/RY2HDpAMqEoo https://youtu.be/-EjzaaNM0iw https://youtu.be/PRFkpwcuS90 https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc https://www.youtube.com/watch?v=RCDk-Bqxfdc https://www.youtube.com/watch?v=ispB4WbcRhg
Venade/Caminha
– Portugal, 2021
Com
o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
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