A História da Ciência, nas suas diversas especialidades, tem vindo a ser reescrita, permanentemente, na medida em que a investigação avança, assim, a Ciência e também a Técnica progridem, porque ambas estão associadas: “Ciência sem aplicação prática, não tem qualquer utilidade; Técnica sem bases científicas e/ou empíricas, também não conduz aos melhores resultados.
Parte significativa da humanidade, não teria as
condições de vida de que hoje, se não houvesse o contributo ininterrupto da
Ciência que, em alguns domínios, evolui de forma extremamente acelerada, a tal
ponto que: os respetivos resultados, a que ontem se chegou; amanhã, podem estar
completamente ultrapassados, ou seja, é caso para se afirmar que: o que ontem
era verdade; hoje poderá ser inverdade.
Atualmente, primeiro quarto do século XXI, pode-se
afirmar que a Ciência está envolvida em todos os domínios da erudição: quer o
que respeita à pessoa humana; aos animais e a toda a natureza em geral,
incluindo-se, desde há muitas décadas, o estudo do espaço sideral, portanto, para
além da Terra, fornecendo novos conhecimentos, a motivação para os aprofundar e
utilizar.
A Ciência existe, consequentemente, para o bem e
para o mal, por isso: «A sociedade
contemporânea, encontra-se frente a uma questão que jamais, como agora, foi
colocada com tal urgência e dramaticidade. Trata-se da escolha entre o
desenvolvimento incondicionado da pesquisa científica, implementando todas as
possibilidades que esta comporta, e a limitação das aplicações no campo
tecnológico, genético, informático, por motivos de defesa ambiental de
utilização correta dos recursos naturais, de respeito pelas tradições culturais
de diversos povos, de atenção à dignidade do homem e de cautela frente a
eventuais formas de manipulação do indivíduo e da espécie.» (DENNY,
2003:262).
Existe, seguramente, uma questão ética que a
Ciência não pode ignorar. Os investigadores têm regras morais e deontológicas a
observar, não as podendo violar, sob pena de transformar a pessoa humana e a própria
natureza em meros objetos instrumentais para atingirem fins, eventualmente,
nocivos à sociedade no seu todo, e/ou às pessoas, individualmente consideradas,
atingidas pela investigação.
É importante, e necessário, que os cientistas
desenvolvam o seu trabalho, quase sempre meritório e benéfico, até aos limites
da eticidade, para se evitar qualquer atentado à dignidade da pessoa humana, e
às condições de equilíbrio da natureza, porque: «As ações humanas não se inscrevem simplesmente no quadro do mundo, mas
criam o mundo e podem influir de modo decisivo no curso da História. A
realidade, seja aquela natural, seja aquela histórico-social, não é uma
estrutura para atingir livremente a satisfação egoística das necessidades
humanas, mas um sistema de inter-relações, em cujo interior os homens estão
inseridos, contribuindo para defendê-lo e desenvolvê-lo de modo correto.»
(Ibid.:271).
Com efeito: «Muitos
cientistas percebem, hoje, a responsabilidade por terem fornecido ao poder
político meios de destruição e de terror e de terem contribuído para um uso de
conhecimentos científicos nem sempre em conformidade com as exigências de
salvaguarda da natureza, de desenvolvimento equilibrado da civilização
tecnológica, de respeito pelas diversas tradições culturais e de uma
distribuição equitativa das vantagens derivadas do desenvolvimento científico.»
(Ibid.:276).
Investigar, produzir fórmulas, testar, elaborar leis
científicas, realmente é função da Ciência, mas sem colocar em causa os
legítimos deveres e direitos das pessoas que, salvo em circunstâncias muito
especiais, e na condição de voluntariado previamente esclarecido, não devem ser
sujeitas, compulsivamente, à condição de “cobaias” para experiências, por muito
bem-intencionadas que estas sejam.
(Cabe aqui uma breve anotação em tempo útil: o
mundo está a viver, neste ano de 2020, uma das piores pandemias, desde a última
gripe espanhola em 1918-20, que matou centenas de milhares de pessoas. Hoje,
estamos a enfrentar o COVID-19, uma pandemia terrível, iniciada,
presumivelmente, na China. Os infetados são às centenas de milhares; os
desempregados, atingem milhões de pessoas e os óbitos também somam centenas de
milhares. Os cientistas, investigadores, técnicos de várias áreas estão a
trabalhar incessantemente para a descoberta de uma vacina e aina antes de um
fármaco que cure esta doença terrível).
A própria investigação das polícias científicas,
não pode ultrapassar os limites da ética e da deontologia, sob pena de devassar
a vida privada, íntima e até familiar da pessoa investigada. Há, tem de haver,
restrições para o uso e “abuso” das técnicas investigatórias, ressalvando-se,
excecionalmente, situações que envolvem o crime organizado, o terrorismo e
outras violências contra a integridade física das pessoas e da humanidade.
Rejeitando-se, portanto, as situações excecionais,
algumas delas já referidas, concorda-se que: «É preciso que haja plena liberdade de pesquisa, mas esta deve ser
vista sob a ótica da responsabilidade, da seriedade, do rigor. O conhecimento é
um valor, um instrumento de crescimento e libertação do homem, mas não pode ser
separado de outros valores igualmente importantes, como o respeito pela pessoa
e por sua dignidade, bem como a defesa do ambiente natural, na convicção de que
se têm responsabilidades precisas com relação às gerações futuras.»
(Ibid.:279).
Se a sociedade deseja aumentar a sua qualidade de
vida, a perspectiva de uma existência mais prolongada, e todo um conjunto de
melhorias materiais, que proporcionam conforto e bem-estar, então não se pode
restringir a pesquisa científica a limites mínimos, que ficam muito aquém do
respeito pela ética e deontologia, e que impedem a descoberta de soluções, para
os imensos problemas existentes e os que já se sabem virão outros a “caminho”.
O bom senso, o meio-termo, adotar o mal menor,
parecem ser as atitudes que melhor favorecem a humanidade, até porque, “não há bela sem senão”. É fundamental
confiar o nosso destino coletivo, mas também individual, aos cientistas,
investigadores e aos técnicos, qualquer que seja o domínio da pesquisa/ingerência,
porque é impossível, desaconselhável e inadequado obstaculizar o desenvolvimento
técnico-científico.
A liberdade investigatória que se deve conceder à
Ciência, naturalmente que deve ser balizada nas realidades que a circundam,
tanto mais que a infalibilidade não lhe é um atributo absoluto, porque: «É preciso deixar de olhar a ciência como um
formalismo matemático abstrato que procede autonomamente na base de um
mecanismo lógico. Ela tem um caráter histórico, limitado e falível. Como tal,
ela deve ser encarada como uma aventura do pensamento humano, que procura
conhecer e compreender a realidade natural.» (Ibid.).
Atualmente, seria impensável a humanidade viver sem
o contributo da Ciência, bem como de outras áreas do conhecimento, através das
quais, o ser humano manifesta a sua inigualável capacidade de criar, produzir,
alterar, a realidade que a circunda, ainda que em parte. Pela especificidade da
Ciência, da Técnica, das Artes e das Letras, da cultura, pode-se dizer que é
possível conduzir a sociedade para uma vida melhor, para um mundo mais
pacífico, assim o queiram os responsáveis pelos diversos setores, das
atividades humanas.
A complementaridade entre a Ciência, a Tecnologia,
as Artes, as Letras e a cultura, é necessária, e não pode haver, nem é
possível, conhecimentos e práticas estanques. Nesta medida: «Pode-se considerar a ciência como um produto
típico da humanidade enquanto tal. A razão é a criatividade. A reflexão
filosófica revela que a característica do homem como pessoa é precisamente a
criatividade, ou seja, a capacidade de produzir, por meio da inteligência e da
vontade, qualquer coisa de novo, antes inexistente. Ora, a ciência é
verdadeiramente criativa. A sua criatividade consiste no agarrar com a mente a
estrutura da matéria até o ponto de compreendê-la e dominá-la. Tal descoberta
se exprime na descoberta científica.» (Ibid.:312).
Na verdade: «Uma
forma ainda mais importante trazida pela ciência é a filosófica. É bom notar
que o advento da ciência é chamado comumente, como o termo da Revolução
Cultural. É um fato que o fenómeno merece esta designação em sentido literal.»
(Ibid.:314).
Para a grandeza ou desgraça da humanidade, fique-se
com a noção, sempre suscetível de ser reformulada e atualizada, de que: «A ciência tende a transformar-se em uma
tirania da natureza e, também, do homem. A ciência, sozinha, não basta para
satisfazer o desejo ideal e de sentido, do qual a própria ciência nasce. E é a
partir daí que o homem, que não crê em coisa alguma, abandona-se a um falso
ideal, que consiste em manipular ao capricho da natureza o próprio homem. A origem
da ciência deu-se por causa de homens enamorados pelo mundo. Mas, desiludido
com o amante da natureza, o homem de ciência tornou-se tirano. Quando o
conhecimento-poder substitui o conhecimento-amor, a ciência torna-se sádica.»
(Ibid.:330)
Bibliografia.
DENNY,
Ercílio A., (2003). Fragmentos de um Discurso sobre a Liberdade e
Responsabilidade. Campinas, SP: Edicamp
«Protejam-se. Vamos vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de
todos». Cumpram, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes.
Estamos todos de passagem, e no mesmo barco chamado: “Planeta Terra”, de onde
todos, mais tarde ou mais cedo, partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a
HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros, porque será o único “CAPITAL” que
deixaremos aos vindouros: “O PERDÃO”. Alimentemos
o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
https://youtu.be/RY2HDpAMqEoo https://youtu.be/-EjzaaNM0iw https://youtu.be/PRFkpwcuS90 https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc https://www.youtube.com/watch?v=RCDk-Bqxfdc https://www.youtube.com/watch?v=ispB4WbcRhg
Venade/Caminha – Portugal, 2021
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
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