O exercício de uma atividade, em regime de
Voluntariado, implica, desde logo, responsabilidades acrescidas, precisamente
pela circunstância de que: quem trabalha nestas condições, é porque entende ser
uma forma de ajudar o próximo; e também concretizar alguma realização pessoal, sem
que a tal esteja obrigado, o que pressupõe, ainda, uma entrega total.
A generosidade de quem oferece, sem pedir nada em
troca: parte do seu tempo, dos seus conhecimentos, da sua experiência, das suas
influências, para defender uma causa, colaborar numa missão filantrópica,
envolver-se num projeto humanitário, de facto, revela bem a grandeza, os
princípios, os valores e os sentimentos e do caráter de quem se entrega,
desinteressadamente ao Voluntariado.
É sabido que o Voluntariado, praticamente, abrange
grande parte das atividades humanas, com uma dimensão, quase sempre, muito
destacada na vertente social, provavelmente, por ser a mais carenciada de
recursos humanos, bens e serviços e instrumentos financeiros, para acudir aos
mais necessitados e aos que trabalham, generosa e solidariamente para eles, até
porque, aceita-se e compreende-se que o Estado/Governo não tem capacidade e,
muitas vezes, sensibilidade suficientes, para resolver todos os problemas de
uma sociedade civil em permanente dificuldade, e muita exclusão à mistura.
Entretanto, para se ter uma primeira noção, desta
inigualável atividade, importa interiorizar que: «Seria voluntário o que atua desinteressadamente, com responsabilidade,
sem remuneração econômica, em uma ação realizada em benefício da comunidade, e
que obedece a um programa de ação com vontade de servir; é uma atividade
solidária e social, o trabalho do voluntário não é sua ocupação laboral
habitual, é uma decisão responsável que provém de um processo de sensibilização
e de conscientização; respeita plenamente o indivíduo ou indivíduos a quem
dirige a sua atividade e pode trabalhar de forma isolada, se bem que, em geral,
trabalha em grupo.» (DENNY, 2003:298-99).
O trabalho de Voluntariado não está acessível a
qualquer pessoa, porque ele exige abdicar de algumas situações, ocupações,
privilégios, lazer, entre outras, em benefício das demais pessoas, através das
instituições vocacionadas para determinados objetivos, invariavelmente, de
natureza social, solidária, altruísta, humanitária, por vezes, até, com
dispêndio financeiro, para o próprio agente voluntário.
Infelizmente, o espírito benevolente, caritativo,
religioso, humanitário e de serviço ao próximo, nem sempre está presente em
todas as pessoas que se oferecem para ocupar cargos em instituições privadas de
solidariedade social, culturais, desportivas, políticas, religiosas e muitas
outras, com diversos fins e natureza diferente, as quais adotam,
inaceitavelmente, comportamentos que desvirtuam a nobre missão do Voluntariado.
Com alguma frequência, o que se vem constatando, é
que o surgimento de “pseudo-voluntários”, com aparência de “santos”, muito
“educadinhos”, com “palavrinhas suavíssimas” que, depois de se instalaram nos
cargos a que concorreram, e foram eleitos, e/ou nomeados, nem sempre por mérito
próprio, mas muitas vezes à custa do apoio, da lealdade e amizade, entretanto
criadas pelas pessoas que acreditaram na “honestidade inteletual e moral” desse
tipo de “voluntários”, estes esquecem, rapidamente, a natureza do voluntariado
gracioso, para exigirem diversas contrapartidas financeiras, sociais,
estatutárias e notoriedade, assumindo, depois, perante a sociedade, uma postura
de “vaidade bacoca”, como se fossem os “salvadores da pátria”, “infalíveis” e
“insubstituíveis”.
O Voluntariado pressupõe, outro sim: humildade,
respeito para com aqueles que dependem do trabalho do voluntário, e da sua
equipa, dedicação desinteressada, imparcialidade para com todos os que, das mais
diversas formas, usufruem dos serviços da instituição, enfim, pessoas que
defendam causas nobres, justas, legítimas, legais e humanitárias.
Mas, por outro lado, a verdade é que cada vez é
mais difícil obter a adesão de muitas pessoas para exercerem o Voluntariado em
pequenas organizações, aquelas instituições que não promovem a “celebridade”,
que não movimentam muitos recursos humanos, nem muitos meios financeiros, as
que, praticamente, só obrigam a muito trabalho sem quaisquer “contrapartidas
materiais”. Para estas associações, existem imensas dificuldades, na angariação
de voluntários, designadamente, para os cargos diretivos.
É seguro que não deve ser voluntário quem não tem
condições para comungar de certos princípios, valores, sentimentos, e uma sensibilidade
adequada aos beneficiários do setor onde se vai agir, porque: «Graças ao comprometimento com as vítimas
do sistema pode, o voluntariado ser o fermento de uma ação social que, sem
esquecer a justiça, leva a misericórdia, a generosidade e a gratuidade que
nascem do encontro das relações humanas.» (Ibid.:300).
A dimensão, genuinamente, humana, é inseparável da
vocação voluntária, não e apenas, necessariamente, social, mas, em algum setor
de atividade, ao longo da nossa existência, uma ou outra vez, já exercemos o
Voluntariado: por mais ou menos tempo; com maior ou menor entusiasmo; e,
também, em situações pontuais, como por exemplo, o dever/direito de votar, num
contexto de cidadania plena.
Na verdade: «O
voluntariado, entendido como cidadania responsável, pretende redefinir a
sociedade em seu conjunto. Bem comum, bem coletivo, bem social é aquele
considerado objetivo da convivência humana, o ideal ao qual se tende. (…) Os
voluntários pertencem, em sua grande maioria, a setores sociais que podem exercer
os seus direitos de cidadania e participar no ideal de sociedade. Daí que, a
partir da ação voluntária, é preciso gerar dinâmicas de inclusão e de
recuperação da dignidade, as quais permitam a participação dos excluídos do
sistema na redefinição do dito ideal.» (Ibid.:301-02).
Cada vez mais se pode afirmar, com bastante
segurança e rigor, que o trabalho de Voluntariado, de facto, exige imensa
disponibilidade de tempo e profunda abertura de espírito para uma entrega,
praticamente, incondicional, àquelas organizações, e pessoas que defendem este
tipo de colaboração graciosa, reforçando-se aqui a natureza gratuita deste
trabalho, sem o que seria um grande embuste, e um oportunismo inqualificável.
O voluntário tem de ser leal às boas causas, aos
princípios e valores que lhe estão subjacentes, por isso: «Para evitar o perigo de converter-se em cúmplice de injustiças e de
exclusão, ao cobrir com um véu as consequências destas, o voluntariado social
precisa manifestar, em seus objetivos e em sua metodologia, um elemento chave,
ou seja, dar protagonismo às pessoas que atende. Não se trata de substituir a
presença e a voz do outro, mas de recriar o exercício da mediação com uma
presença que devolva às pessoas carentes seu próprio papel principal.»
(Ibid.:302).
Hoje, primeiro quarto do século XXI, um país
civilizado, detentor de princípios e valores, defensor dos Direitos Humanos, só
conseguirá ter uma sociedade cada vez mais inclusiva, precisamente, graças ao
Voluntariado que, através de uma vasta rede social, vem melhorando a prestação
de muitos serviços consignados aos cidadãos mais vulneráveis. Esta participação
do Voluntariado é, ela mesma, uma garantia dos princípios e valores que devem
integrar a dimensão humanista de todas as pessoas e instituições bem formadas.
Em boa verdade: «Esta
rede social distribui o poder na sociedade de um modo que reafirma o pluralismo
político e salvaguarda a liberdade dos cidadãos. As associações de voluntários
atuam como intermediárias entre o Estado e a cidadania, oferecendo um canal
para a participação cidadã. Ambos os papéis, a distribuição de poder e a
promoção da participação, fazem daquelas associações um dos melhores exemplos
do princípio da subsidiariedade.» (Ibid.:304).
O Voluntariado, tal como qualquer outra atividade,
obedece a regras, a legislação específica, tem o seu código de conduta, porque:
«A ação voluntária se quer ser ética, não
só deve caminhar com as vítimas, mas precisa ter a vontade de mudar. O
compromisso com a justiça social é a pedra de toque da credibilidade, tanto das
pessoas voluntárias como de suas instituições.» (Ibid.:306)
Em Portugal, o Órgão máximo da Democracia, legislou
sobre este tema tão importante, de que se destacam os três primeiros artigos da
Lei aprovada na Assembleia da República Portuguesa: «Bases do Enquadramento Jurídico
do Voluntariado.
Artigo
1º - Objecto. A presente lei visa promover e garantir a
todos os cidadãos a participação solidária em acções de voluntariado e definir
as bases do seu enquadramento jurídico.
Artigo 2º - Voluntariado.
1 — Voluntariado é o conjunto de acções de interesse social e comunitário
realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos,
programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das
famílias e da comunidade desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades
públicas ou privadas. 2 — Não são abrangidas pela presente lei as actuações
que, embora desinteressadas, tenham um carácter isolado e esporádico ou sejam
determinadas por razões familiares, de amizade e de boa vizinhança.
Artigo 3º - Voluntário.
1 — O voluntário é o indivíduo que de forma livre, desinteressada e responsável
se compromete, de acordo com as suas aptidões próprias e no seu tempo livre, a
realizar acções de voluntariado no âmbito de uma organização promotora. 2 — A
qualidade de voluntário não pode, de qualquer forma, decorrer de relação de
trabalho subordinado ou autónomo ou de qualquer relação de conteúdo patrimonial
com a organização promotora, sem prejuízo de regimes especiais constantes da
lei. (ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, 1998:
Lei Nº 71/98 de 3 de novembro)
Bibliografia.
ASSEMBLEIA
DA REPÚBLICA (1998). Bases do Enquadramento Jurídico do
Voluntariado. Diário da República — I Série - a n. 254 -
3-11-1998, pág. 5694)
DENNY,
Ercílio A., (2003). Fragmentos de um Discurso sobre a Liberdade e
Responsabilidade. Campinas, SP: Edicamp
«Protejam-se. Vamos
vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de todos». Cumpram, rigorosamente, as
instruções das autoridades competentes. Estamos todos de passagem, e no mesmo
barco chamado: “Planeta Terra”, de onde todos, mais tarde ou mais cedo,
partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos
outros, porque será o único “CAPITAL” que deixaremos aos vindouros: “O
PERDÃO”. Alimentemos o nosso espírito com
a ORAÇÃO e a bela música:
https://youtu.be/RY2HDpAMqEoo https://youtu.be/-EjzaaNM0iw https://youtu.be/PRFkpwcuS90 https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc https://www.youtube.com/watch?v=RCDk-Bqxfdc https://www.youtube.com/watch?v=ispB4WbcRhg
Venade/Caminha
– Portugal, 2021
Com
o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
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