Até que ponto se pode afirmar, e confirmar, que o
Ser Humano é dono do seu próprio destino? Que o pode controlar? Trata-se de
questões extremamente complexas, de difícil resposta e de poucas ou nenhumas certezas,
porque são imensas as variáveis que interferem com a vida humana, com a
sociedade e com o mundo, muitas das quais, escapam à previsão, controlo,
verificação e resolução do próprio Ser Humano, não obstante o potencial
científico, técnico e tecnológico de que dispõe, atualmente, em quantidade e
qualidade.
Neste âmbito, poderá existir sim, uma crise que se
agrava com a dificuldade em se explicar, cabal e inequivocamente, o “Destino” da pessoa humana, na sua
componente espiritual, alma, consciência ou qualquer outra designação, que seja
possível adotar, principalmente para quem acredita nesta dimensão que,
provavelmente, estabelece a diferença fundamental entre o Ser Humano e um
qualquer outro ser, até agora descoberto, e conhecido pela ciência.
Afirmar-se que toda e qualquer pessoa é dona do seu
“Destino”, parece excessivo, na
medida em que nem tudo depende de cada interveniente na sociedade. Há situações
que, embora se possam prever, como por exemplo: certo tipo de patologias,
acidentes de trabalho, desemprego, entre outras, a verdade é que nem sempre é
possível determinar o momento exato, as circunstâncias em que vão ocorrer e as
consequências que daí advirão.
A título, meramente ilustrativo, coloque-se uma
hipótese real: uma pessoa que tem necessidade de viajar, todos os dias, na sua
própria viatura, para o local de trabalho, ou simples passeio turístico, que
dirige obedecendo a todas as normas e precauções, de repente é abalroada por
outra viatura, provocando grandes estragos materiais e, eventualmente,
ferimentos graves, ou até a morte, no condutor que, sem qualquer culpa, sofreu
um acidente.
Seria possível prever esta situação, nas precisas
condições em que ocorreu? Claro que todas as pessoas que circulam numa via
qualquer, estão sujeitas a acidentes; mas como “adivinhar” que: àquela hora,
naquele local, um outro condutor, provocaria uma situação, da qual não temos
qualquer culpa nem responsabilidade? Se a resposta for positiva, ou seja,
decifrar o que de mal nos pode acontecer, então ninguém pode circular, nem sair
de casa, no limite, toda a gente tem de viver recolhida e “estaticamente”, o
que, também é impossível e, mesmo assim, continua a não haver nenhuma garantia
de que perduraremos vivos.
Neste mundo moderno, em que é possível questionar
muitos princípios, valores, situações, comportamentos e até sentimentos,
respeitando, todavia, deveres e direitos das restantes pessoas, também é
verdade que há determinadas interrogações que continuam sem respostas
convincentes, designadamente: aquela célebre e milenar trilogia: “Quem Sou? De Onde Venho? Para Onde Vou?”.
Ao
contrário do que por vezes se afirma, em certos setores, o mundo moderno tem
imensos aspetos positivos e: «Como ponto
positivo do mundo moderno, deve ser colocado o crescimento, na consciência
humana, de alguns grandes valores, como o sentido da dignidade da pessoa humana
e das liberdades fundamentais. Também o sentido da tolerância e do pluralismo,
por meio do qual o outro é aceito e valorizado por aquilo que é. O sentido da
solidariedade, que liga os homens a um só destino, a recusa do racismo e de
qualquer discriminação de ordem cultural, política e religiosa. O sentido da
igualdade dos homens e da necessidade de que todos gozem dos bens da terra e
dos direitos humanos essenciais. A recusa da tortura, da pena de morte e da
guerra, aspirando à paz. A preferência dada à democracia como o regime
político, no qual o homem é mais respeitado e suas exigências melhor
satisfeitas. A valorização da mulher.» (DENNY, 2003:70).
O
Controlo do destino da pessoa, enquanto entidade titular de princípios, valores
e sentimentos, no espaço físico da Terra é, relativamente, conseguido, e
verifica-se grande preocupação em aperfeiçoar os pontos positivos, para que a
vida neste planeta seja cada vez mais fácil e aliciante.
Nesta
movimentação, que cada vez é mais acelerada, nem sempre se consegue pensar no
real sentido da vida humana, o que provoca alguma desestabilização e
desorientação, individual e coletiva. Vivemos assoberbados por um “materialismo sufocante” e o mais
importante, para um número crescente de pessoas, é o TER, quando talvez fosse fundamental lutarmos, também, pelo SER, porque é no sermos pessoas, que nos
podemos realizar, com superioridade e dignidade. É no sermos verdadeiramente
pessoas humanas, que nos distinguimos dos restantes seres que connosco coabitam
neste planeta.
Com efeito: «Não
só diante de acontecimentos dramáticos, mas também na frente do desaparecimento
de um ente querido, defronte a um perigo de morte, na presença de uma doença
grave, de um desastre financeiro, da falência de uma empresa à qual a pessoa
havia vinculado todo o seu ser. Em suma, diante de tudo aquilo que, de um modo
ou de outro, faz a pessoa experimentar a fugacidade das coisas, a fragilidade
da existência, a futilidade daquilo que se faz, o vazio de toda a aflição para
acumular dinheiro, para “vencer na vida”, para impor-se à admiração e atenção
dos outros, não se pode afastar o problema do sentido da existência, daquilo
que se faz e daquilo que se sofre. Que sentido tem a vida?» (DENNY, 2003 :74).
O controlo do destino humano, ou o sentido da vida,
está, realmente, acessível ao poderio científico, técnico e tecnológico do
homem? Claro que o homem (este termo é sempre referido aos dois géneros: homem
e mulher, enfim, Humanidade), que realmente se preocupa com estas questões, que
sabe que é diferente de todos os outros seres, não poderá deixar de viver
angustiado, independentemente do que possam afirmar muitos outros seus
congéneres.
Uma assertiva, porém, não se pode ignorar: «O homem é pessoa, isto é, um ser
inteligente e livre que tem consciência de transcender, com a sua razão e a sua
liberdade, o mundo da irracionalidade e do determinismo, e de ter um destino
que supera aquele de outros viventes. A vida humana deve ter um sentido próprio
e específico. Mas, qual? Para alguns, tal sentido seria imanente à própria vida
humana. Ou seja, o sentido da vida seria viver bem, viver feliz. Ora, o que
torna o ser humano feliz é ter uma boa saúde e um bem-estar material
suficiente, é amar e ser amado, é a cultura, é o gozo dos bens espirituais e
materiais que a vida e o mundo oferecem. O sentido da vida estaria em procurar
estes bens que tornam o homem feliz, estaria, sobretudo, em gozá-los.»
(Ibid.:76-77).
Neste contexto, e com tais pressupostos, poder-se-á
afirmar, então, o sentido da vida humana é que toda a pessoa seja feliz,
precisamente no conceito de felicidade que se acaba de citar, no qual se
incluem os bens materiais, mas também, e afinal, os espirituais, como de resto
sempre se tem defendido, ao longo de centenas de reflexões sobre estas
temáticas.
O controlo do destino do homem, enquanto rumo e
vivência para a felicidade, será, relativamente, possível, sendo certo que
ninguém vai ter tudo, mesmo tudo, o que deseja da vida, até porque, é da
natureza humana querer sempre mais e nunca se estar satisfeito com o que se
tem.
Mas será que a felicidade, depois de alcançada, vai
permanecer para o resto da vida? Dificilmente alguém poderá ter uma resposta
positiva, porque: «A felicidade humana,
também daqueles poucos aos quais nada falta, é, pois, insidiada e, muitas
vezes, destruída pelo sofrimento. Este assume formas diferentes, podendo ser
físico, espiritual e ético. Pode referir-se ao próprio corpo, ao próprio
espírito, ao próprio coração. A pessoa pode sofrer a perda dos bens por uma
doença, por um insucesso, por um dano que lhe é feito, pela traição de uma
pessoa cara, pela ingratidão de um amigo.» (Ibid.:77).
Aproximamo-nos, portanto, de uma certeza: controlar
o destino humano, o sentido para a via, é, praticamente, impossível. Todo o
instrumental científico, técnico e tecnológico, o progresso e a inteligência
humana, continuam a ser impotentes para dar à pessoa verdadeiramente humana, o
que ela mais deseja – a felicidade total e perene, esta composta por todo um
manancial de ingredientes materiais e espirituais, até porque, quanto mais não
seja: «A estrutura humana faz com que o
ser humano seja sempre inquieto, descontente, desiludido. Ele está sempre à
procurar de uma outra coisa, se bem que pareça que nada lhe falte ou não deva
desejar mais nada.» (Ibid.:81).
Bibliografia.
DENNY,
Ercílio A., (2003). Fragmentos de um Discurso sobre a Liberdade e
Responsabilidade. Campinas, SP: Edicamp
Para
Refletir: https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1/videos/1552897578209315/
«Protejam-se. Vamos vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de
todos». Cumpram, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes. Estamos
todos de passagem, e no mesmo barco chamado: “Planeta Terra”, de onde todos,
mais tarde ou mais cedo, partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a HUMILDADE de
nos perdoarmos uns aos outros, porque será o único “CAPITAL” que deixaremos aos
vindouros: “O PERDÃO”.
Alimentemos o nosso espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
https://youtu.be/RY2HDpAMqEoo https://youtu.be/-EjzaaNM0iw https://youtu.be/PRFkpwcuS90 https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc https://www.youtube.com/watch?v=RCDk-Bqxfdc https://www.youtube.com/watch?v=ispB4WbcRhg
Venade/Caminha – Portugal, 2021
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
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