É verdade que muitas descobertas ocorrem por acidente, embora este não aconteça a uma pessoa qualquer, mas sim por força de irregularidades que afetam os equipamentos especializados, manuseados pelos cientistas, bem como nas falhas que, por vezes, surgem nos projetos de investigação, traduzindo-se em fracassos espetaculares, que põem em causa convicções e maneiras de proceder, correntemente aceites.
Assim, a resposta normal consiste em lançar a culpa
nos talentos ou aparelhos de alguém e mudar, a seguir, para outro problema,
sendo importante discernir entre uma anomalia essencial e um fracasso
acidental, resultando daqui o esquema: descoberta graças a uma anomalia, dúvida
relativamente a convicções e técnicas estabelecidas, que se repete ao longo do
desenvolvimento científico. Em suma, nas “ciências maduras”, as inovações
inesperadas são descobertas, muitas vezes, depois de algo ter corrido mal.
O dogmatismo científico, depois do que ficou
resumido, parece fundar-se, não só na adesão paradigmática e profunda do “status quo” mas, principalmente, na
inovação que se concretiza com o cientista, enquanto “solucionador de puzzles”,
produzindo-se, então, uma tensão entre as habilitações profissionais e a
ideologia profissional, cuja capacidade de a manter é condição essencial para o
êxito da ciência. É com o abalo das tradições, representadas pela continuidade
nas inovações, que se revela a vitalidade científica.
O tema em análise, reveste-se de dificílima
interpretação, na medida em que é a própria função do dogma da investigação
científica que torna, efetivamente, os textos estudados e interpretados, de
complexa assimilação, quer no aspeto filosófico, quer no domínio hermenêutico.
Em todo o caso, poder-se-á pensar que qualquer
paradigma constitui sempre uma boa base de trabalho científico, porquanto é a
partir dele que se pode aperfeiçoar os conhecimentos, o comportamento, enfim,
atitudes que devem ser normas éticas, praxis quotidianas da pessoa humana.
Neste contexto hermenêutico do paradigma, valerá a
pena enquadrar determinadas ações humanas, como verdadeiros modelos a seguir,
defendendo-os, inclusivamente, como autênticos dogmas, destacando-se entre
aqueles, algumas formas verbais, tão antigas quanto atualizadas, hoje, porém,
tão ignoradas, nomeadamente os conceitos que encerram os verbos “solidarizar”,
“amar”, “crer”, “pacificar”, “alimentar”, “educar”, e tantas outras conceções,
de sublime aplicação, sem ignorar valores essenciais à vida humana, em
sociedade, como a lealdade, a reciprocidade, a gratidão, a cumplicidade, a
coesão e a confiança.
Ao nível da investigação científica, naturalmente
que existem paradigmas que devem continuar atualizados, e modelares para a
resolução dos problemas concretos da humanidade, devendo os cientistas
agarrá-los e juntar as várias “peças”, no sentido de construírem a pirâmide
universal que culmina com a erradicação do obscurantismo, do desemprego, da
fome, da doença e da guerra.
A ciência deve saber trabalhar a natureza em
proveito do homem, nunca contra o ser humano, não mais com o objetivo de
destruir aquele mesmo homem que a faz progredir, inovar e solucionar. É neste
sentido prático e no aspeto ético que o dogma, na investigação científica, deve
modelar toda a pesquisa, toda a busca da verdade do melhor que possa haver para
o homem.
A função do dogma, na investigação científica, deve
contudo ser ajustada aos aspetos concretos de melhoria das condições de vida da
humanidade, os paradigmas devem ser aceites e trabalhados enquanto constituem
um instrumento no avanço da ciência benéfica, sim, porque também há ciência
nefasta e desta não interessa dar-lhe, aqui, desenvolvimento.
O dogma, neste contexto, será sustentado enquanto
valor da defesa da evolução da ciência benéfica, daquela ciência que o mundo precisa
para resolução dos problemas mais prementes da fome, da propagação do ensino e
da cultura, por todas as camadas sociais, qualquer que seja a sua posição
geográfica.
Tal como muitos dogmas religiosos, também os dogmas
científicos devem ser preservados naquilo que tiverem de melhor para o
bem-estar da humanidade, porque só assim se pode acreditar em todos os outros.
Aceitar e utilizar o dogma, também em ciência, com democracia, liberdade,
tolerância, mas nunca como blindagem e supremacia ditatorial de uma suposta
verdade.
Bibliografia
KUNH, Thomas Samuel, (1969). A Estrutura das Revoluções Científicas. 7ª Ed. Tradução, Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. S. Paulo: Perspetciva
Glossário
Arquétipo:
O termo é usado por filósofos, para denominar as ideias como exemplos de todas
as coisas existentes. Modelo pelo qual se faz uma obra material ou intelectual ideal,
inteligível, do qual se copiou toda coisa sensível. Para Platão, a ideia do Bem
é o arquétipo de todas as coisas boas da natureza.
Ciência: Conjunto organizado de conhecimentos humanos a respeito da
natureza, da sociedade e do pensamento, adquiridos através da descoberta e
aplicação das leis objetivas que regem os fenômenos e sua explicação. (Toda
ciência, para definir-se como tal deve, necessariamente, recortar, no real, seu
objeto próprio, assim como definir as bases de uma metodologia específica).
Dogmas: São aspetos substanciais e inquestionáveis de uma
doutrina religiosa ou filosófica, mas também invocados na terminologia
científica. Fora do contexto religioso, os dogmas servem para designar uma
opinião que se confunde com uma verdade indiscutível. No sentido figurativo,
pessoas dogmáticas são tidas, portanto, por autoritárias, já que não admitem
questionamentos para seus pontos de vista.
Hermenêutica: Estuda a teoria e
interpretação de textos filosóficos, jurídicos, religiosos e científicos. A Hermenêutica é a ciência que estabelece os
princípios, leis e métodos da interpretação. Na sua abrangência, trata da
teoria da interpretação de sinais, símbolos de uma cultura e leis.
Paradigmas: Considerados como protótipos, referências, normas, estruturas, ou ideais. Algo adequado de ser seguido. Um paradigma será a perceção geral e comum - não necessariamente a melhor - de se ver determinada coisa, seja um objeto, seja um fenómeno, seja um conjunto de ideias. Ao mesmo tempo, ao ser aceite, um paradigma serve como critério de verdade e de validação e reconhecimento nos meios onde é adotado.
«Protejam-se. Vamos vencer o vírus. Cuidem de vós. Cuidem de
todos». Cumpram, rigorosamente, as instruções das autoridades competentes.
Estamos todos de passagem, e no mesmo barco chamado: “Planeta Terra”, de onde
todos, mais tarde ou mais cedo, partiremos, de mãos vazias!!! Tenhamos a
HUMILDADE de nos perdoarmos uns aos outros, porque será o único “CAPITAL” que
deixaremos aos vindouros: “O PERDÃO”.
Alimentemos o nosso
espírito com a ORAÇÃO e a bela música:
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
https://youtu.be/RY2HDpAMqEoo https://youtu.be/-EjzaaNM0iw https://youtu.be/PRFkpwcuS90 https://youtu.be/Z7pFwsX6UVc https://youtu.be/DdOEpfypWQA https://www.youtube.com/watch?v=RCDk-Bqxfdc https://www.youtube.com/watch?v=ispB4WbcRhg
Venade/Caminha – Portugal, 2022
Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de
Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1
http://diamantinobartolo.blogspot.com
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
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