O binómio em título: Planeta e Pessoas, que se apresenta com os seus elementos numa ordem que se supõe ser a correta, pelo menos até prova científica em contrário, nestes tempos, que diríamos pós-modernos, primeiro quarto do século XXI, atravessa riscos de degradação muito significativos, principalmente ao nível ecológico, por parte do planeta, mas também no que respeita à humanidade que o habita, por vezes, quase selvaticamente.
Os dirigentes mundiais, os representantes das mais
significativas organizações, com destaque para as Não-governamentais, os
cientistas, os técnicos, têm enfrentado grandes dificuldades para obterem
consensos, que visem melhorar as condições de vida na Terra, porque muitos são
os interesses em jogo, nomeadamente, no domínio empresarial de grandes
multinacionais, que operam em contextos ambientais.
Atualmente, ninguém consegue viver isoladamente e, muito
menos, maltratando o próprio Planeta que habita, por isso as gerações do
momento, têm graves responsabilidades quanto ao futuro, de resto, deveríamos
dar bons exemplos de preservação do meio ambiente, porque já existe muita literatura
e recursos disponíveis, para o exercício de boas práticas neste domínio.
Nesta lógica, é importante afirmar que:
«Somos nós os primeiros interessados em
deixar um planeta habitável para a humanidade que nos vai suceder. Trata-se de
um drama para nós mesmos, porque isto põe em causa o significado da nossa
passagem por esta terra.» (PAPA FRANCISCO, 2016:131).
Temos o dever de pensar no bem-estar das gerações
que vão seguir-se a nós, porque elas têm o direito de usufruir de uma elevada
qualidade de vida: seja ao nível socioprofissional, seja no âmbito dos
direitos, liberdades e garantias, seja num contexto ecuménico, no qual
poderemos, e deveremos, obviamente, integrar as preocupações ambientais.
As gerações que nos precederam, certamente que
desenvolveram iniciativas adequadas ao bem-comum, pelo menos uma parte, que se
acredita tenha sido significativa, sabendo-se, contudo, que outros setores da
humanidade zelaram mais pelos seus próprios interesses, aliás, a História nos
indica que sempre foi assim, e nada nem ninguém nos garante que, infelizmente, no futuro seja muito diferente.
Um bom ambiente ecológico, é tão necessário ao
bem-estar individual e ao bem-comum como quaisquer outros recursos, ou, indo um
pouco mais ao fundo da questão, provavelmente, se tivermos um Planeta “doente”,
prestes a entrar em “coma”, o mais certo é que todos os seus habitantes sofram
com tal situação, prejudicando, portanto, a qualidade de vida, a que todos os
seres vivos têm direito.
Por isso:
«Quando
pensamos na situação em que se deixa o planeta às gerações futuras entramos
noutra lógica: a do dom gratuito, que recebemos e comunicamos. Se a terra nos é
dada, não podemos pensar apenas a partir de um critério utilitarista de
eficiência e produtividade para o lucro individual. Não estamos a falar de uma
atividade opcional, mas de uma questão essencial de justiça, pois a terra que
recebemos pertence também àqueles que hão de vir (…). Que tipo de mundo
queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer? Esta
pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira isolada, porque não se pode
pôr a questão de forma pragmática» (Ibid.:130-131).
Ao refletirmos sobre a coesão que deve existir,
entre o planeta que habitamos e a humanidade, não podemos ignorar que as
pessoas estão muito mais dependentes da Natureza terreste, do que esta em
relação às pessoas, portanto, tudo o que se possa fazer, e que devemos ter
sempre esse cuidado, pela boa e continuada preservação da nossa “Casa Comum”, é importante que o façamos,
sob pena de, mais tarde ou mais cedo, sucumbirmos, tragicamente, porque não
tenhamos ilusões: a Natureza é bela,
poderosa, imprevisível a maior parte das vezes e, também quase sempre, invencível.
A sensibilização para as questões ecológicas, deve começar na vida de cada pessoa, o mais cedo possível e, felizmente, há desenvolvimentos positivos nesse sentido. Sabe-se que:
«A educação ambiental tem vindo a ampliar seus objetivos. Se no começo,
estava muito centrada na informação científica e na consciencialização e
prevenção dos riscos ambientais, agora tende a incluir uma crítica dos “mitos”
da modernidade baseados na razão institucional (individualismo, progresso
ilimitado, concorrência, consumismo, mercado sem regras) e tende também a
recuperar os distintos níveis de equilíbrio ecológico: o interior consigo
mesmo, o solidário com os outros, o natural com todos os seres vivos, o
espiritual com Deus.» (Ibid.:144).
De ora em diante, é contraproducente estar de “costas voltadas” para a Natureza, esta
considerada em todos os seus elementos, porque os “mistérios” que a envolvem ainda não foram totalmente desvendados
pela ciência e pela técnica. Os fenómenos naturais acontecem com relativa
frequência, em toda a face da terra. O ser humano parece não querer
mentalizar-se para cultivar uma atitude de preservação do meio ambiente.
Com efeito e sem quaisquer preconceitos, é urgente refletir sobre estas questões, porque:
«A
educação ambiental deveria predispor-nos para dar este salto para o Mistério,
do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo. Além disso, há
educadores capazes de reordenar os itinerários pedagógicos de uma ética
ecológica, de modo que ajudem efetivamente a crescer na solidariedade, na
responsabilidade e no cuidado assente na compaixão.» (Ibid.:145)
Quando se invoca a educação ambiental não se
pretende, apenas, envolver o sistema educativo, bem pelo contrário, a
orientação para o conhecimento e boas práticas, deve abarcar a sociedade no seu
todo, desde logo, a partir do próprio indivíduo, da família, da comunidade, das
mais diversas instituições. Trata-se de um projeto global, cujos resultados
positivos beneficiarão o conjunto dos cidadãos.
É a partir de um bom ambiente natural, aqui no seu
sentido ecológico-ecuménico, que toda a criação existente no Planeta terá
melhores condições de vida, mas é da responsabilidade suprema do ser humano,
elaborar e executar todas as medidas possíveis em ordem à melhor “saúde”, a
usufruir por todos os habitantes da Terra. A responsabilidade é de todos, mas
os benefícios também.
Com efeito:
«É
muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas ações diárias, e
é maravilhoso que a educação seja capaz de motivar para elas até dar forma a um
estilo de vida. A educação na responsabilidade ambiental pode incentivar vários
comportamentos que têm incidência direta e importante no cuidado do meio
ambiente, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água,
diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poder comer,
tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou
partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes
desnecessárias … Tudo isto faz parte de uma criatividade generosa e
dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano.» (Ibid.:145-146)
Admite-se que alguém possa ter, ainda, algumas dúvidas, quanto à responsabilidade que a todos pertence na conservação de um bom ambiente, e tudo continuar a fazer para que cada vez seja melhor, nunca sendo demais apelar a atitudes positivas, na proteção do que de mais valioso a humanidade possui, por isso:
«O exercício
destes comportamentos restitui-nos o sentimento da nossa dignidade, leva-nos a
uma maior profundidade existencial, permite-nos experimentar que vale a pena a
nossa passagem por este mundo.» (Ibid.:146).
O mundo, a vida e a humanidade são maravilhosos, assim o queiram as pessoas. A vida deve ser desfrutada com simplicidade, sem ataques a quem quer que seja, desse logo, ao ambiente, que, se o soubermos cuidar, preservar, melhorar e amar, encontraremos nele o nosso melhor aliado, para que possamos ter um nível e qualidade de vida verdadeiramente dignos da superior condição humana.
PAPA FRANCISCO (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente Editora.
“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As Regras
são simples, para se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha –
Portugal, 2022
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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