Será, por enquanto, pouco provável, comprovar-se,
técnico-cientificamente, que possa existir, neste planeta que habitamos, algum
ser, vivo ou inanimado, que tenha atributos tão nobres, quanto grandiosos, como
os que possui a pessoa verdadeiramente humana. Somos, em geral e sem qualquer
dúvida, diferentes, superiores e detentores de comportamentos resultantes de
uma longa aprendizagem, que ainda não acabou, e também de características
intrínsecas, que nos possibilitam relacionamentos imbuídos de: sentimentos
profundamente genuínos, espontâneos e inimitáveis, por outros seres viventes.
Por enquanto não se conhecem os limites da
inteligência humana, porém, tudo indica que será ilimitada, evoluindo
rapidamente para níveis jamais alcançados, principalmente no último século,
contudo, infelizmente, nem sempre orientada para o Bem, pese, embora, os
inúmeros e incontestáveis benefícios que tem proporcionado à Humanidade.
E se é certo, que a ciência e a tecnologia, estão na
vanguarda da evolução da sociedade, também é verdade que, em muitas comunidades
se verifica, que as pessoas não são felizes, porque ainda existem muitos
constrangimentos, a começar no seio de bastantes famílias, passando pela escola
e pelas diversas organizações públicas e privadas, gerando-se, por vezes,
comportamentos e sentimentos de grande nostalgia.
Acredita-se que: «O
grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e avassaladora oferta de
consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e
mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência
isolada.» (PAPA FRANCISCO, 2016:173).
Por muito que a investigação científica avance, e os
aperfeiçoamentos a ela inerentes se tornem cada vez mais eficazes, tudo isso,
por si só, será insuficiente, na medida em que é necessário apostar, fortemente,
na educação e formação dos princípios, dos valores, da personalidade e do
caráter de cada pessoa, no sentido de haver uma sensibilização para o coletivo,
para o bem-estar de cada um, eventualmente, mas também, para o Bem-Comum.
Hoje em dia, primeiro quarto do século XXI, o ser
humano tudo inventa, constrói e consome. Mas esta capacidade revela-se
insuficiente se não for complementada com outras potencialidades inatas, e/ou
adquirir e aplicar, nomeadamente, aquelas que se relacionam com a boa
convivência, entre todos os seres terrestres, à cabeça dos quais deve estar
sempre a pessoa humana.
Julga-se fundamental, portanto, que se tenha a
capacidade de se perceber que é impossível viver-se isoladamente, para dentro de si mesmo, porque: «Quando a vida interior se fecha nos próprios
interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já
não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem
fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Este é um risco, certo e permanente que
correm também os crentes. Muitos caem
nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida.»
(Ibid.:173).
A complexidade das atuais sociedades humanas, exige
de cada pessoa, grupo, organizações nacionais e internacionais e países, uma
permanente atualização de conhecimentos, de aplicação dos mesmos através das
melhores práticas, com o objetivo de: por um lado, resolverem-se, ou
reduzirem-se, tensões e conflitos; por outro lado, implementar todos os
recursos necessários, e disponíveis, para que possa existir uma qualidade de
vida, compatível com a dignidade da pessoa humana.
Obviamente que é importante, e urgente: «Aprender a viver de forma diferente, com outra
lei, sob outra norma. É passar da lógica do egoísmo, do fechamento, da luta, da
divisão da superioridade para a lógica da vida, da gratuidade do amor. Passar
da lógica do dominar, esmagar, manipular para a lógica do acolher, receber,
cuidar.» (Ibid.:178).
As dificuldades sentidas por um elevado número de
pessoas, no seu dia-a-dia, por vezes são quase intransponíveis, levando a um certo
ceticismo, desespero e decisões drásticas, algumas destas com consequências
imprevisíveis e, noutros casos, bem pressentíveis e irreversíveis, como por
exemplo, o suicídio, por qualquer meio para o efeito utilizado.
Enfrentar
a vida com ceticismo, revolta, acompanhada de violências físicas, psicológicas
e intelectuais, não conduz, por regra, a bons desfechos e, pelo contrário, uma
posição otimista, com relações interpessoais francas, amistosas e positivas,
seguramente, proporciona saídas confortáveis de determinadas situações, mais ou
menos pessimistas.
Na
vida, é fundamental nunca perder de vista tudo o que realmente é essencial, em
detrimento do supérfluo. Importa, por isso mesmo, assumir atitudes pragmáticas,
realistas, com a ideia, e a determinação, de que alguns objetivos, previamente
estipulados, poderão ser alcançados, porque havendo vontade, conhecimento,
recursos e fé nas capacidades humanas, confiança nos instrumentos a utilizar, é
bem provável que se atinja o êxito.
Qualquer
pessoa, organização ou país, aspira ao sucesso, e quem se envolve num projeto
específico, sabe muito bem que tem de estar a um certo nível de conhecimentos,
possuir a melhor preparação técnico-científica e, desejavelmente, alguma
experiência quanto à complexidade, maior ou menor, que poderá enfrentar, sem
nunca perder de vista que, cumprindo todos os requisitos, o êxito surgirá, seja
em que domínio for.
Com
efeito: «A esperança fala-nos de uma
realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das
circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive.
Fala-nos de uma sede, de uma aspiração, de um anseio de plenitude da vida
bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o
espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e
o amor. Todavia, isto comporta um risco. Supõe estar dispostos a não se deixar
seduzir pelo que é passageiro e caduco, por falsas promessas de felicidade
vazia, de prazer imediato e egoísta, de uma vida medíocre, centrada em si mesmo
e que, no seu rasto, só deixa tristeza e amargura no coração.» (Ibid.:181).
Tanto
quanto se julga saber, a vida física terrena é só uma. Deve ser vivenciada com
entusiasmo, conforto, solidariedade, amizade, lealdade, humildade, gratidão,
felicidade, paz e alegria e, para os crentes, sob a proteção divina de Deus.
Não será pedir pouco, admitem algumas pessoas; não será pedir muito, contrapõem
outras! Aceita-se que a pessoa humana deve ser sempre tida em primeiro lugar,
respeitada em todas as suas dimensões, desde logo: físicas, intelectuais, axiológicas,
morais e espirituais.
Nunca,
como nos tempos atuais, a pessoa humana sentiu a sua dignidade tão ameaçada,
mas esta circunstância não deve, nem pode obstaculizar a crença firme e
determinada na esperança numa vida melhor, porque como muito bem refere a
sabedoria popular ancestral – a esperança
é a última a morrer.
E
se por um lado, é crucial encarar: «A
esperança, um caminho feito de memória e discernimento. A esperança é a virtude
daquele que está a caminho e se dirige para algum lugar. (…). Ao mesmo tempo a
esperança alimenta-se da memoria, abrange com o seu olhar não só o futuro, mas
também o passado e o presente. (…). Uma pessoa ou um povo, que não tem memória
e cancela o seu passado, corre o risco de perder a sua identidade e arruinar o
seu futuro.» (Ibid.:182).
Por
outro lado: «A esperança, um caminho feito
em companhia. (…). O isolamento ou o fechamento em sim mesmo nunca gera
esperança; pelo contrário, a proximidade e o encontro com o outro, sim.
Sozinhos, não chegamos a lado nenhum. E, com a exclusão, não se constrói um
futuro para ninguém, nem sequer para si próprio. Um caminho de esperança exige
uma cultura do encontro, do diálogo, que supere os contrastes e o confronto
estéril» (Ibid.:183)
Finalmente:
«A esperança, um caminho solidário. (…). Não basta a simples tolerância: é preciso ir
mais longe, passando de uma atitude suspeitosa e definitiva para outra feita de
acolhimento, colaboração, serviço concreto e ajuda eficaz. Não tenhais medo da
solidariedade, do serviço de dar a mão ao outro, para que ninguém fique fora do
caminho.» (Ibid.).
Bibliografia
PAPA
FRANCISCO, (2016). Proteger a Criação. Reflexões sobre o Estado do Mundo. 1ª
Edição. Tradução, Libreria Editrice Vaticana (texto) e Maria do Rosário de
Castro Pernas (Introdução e Cronologia), Amadora-Portugal:20/20 Nascente
Editora.
“NÃO, à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. A Regra é
simples, para se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha –
Portugal, 2022
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do
Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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