domingo, 18 de fevereiro de 2024

Democracia: Capacidade de Diálogo do Cidadão.

 Democracia: para uns, trata-se de uma palavra mágica, que poderá significar liberdades ilimitadas, poder dizer e fazer tudo o que se deseja, criticar tudo e todos, reivindicar o possível e o impossível, não ter de assumir responsabilidades pelos atos, enfim, será cada um concretizar o que muito bem lhe apetecer, sem prestar contas a ninguém; isto é, um regime em que a vontade popular se manifesta, sem regras, independentemente das capacidades de cada um, para assumir cargos políticos e a partir destes impor a vontade individual e indisciplinada de um qualquer líder popular. Não é esse o conceito de Democracia que neste trabalho de investigação, e reflexão, se pretende defender.

Para outros, porventura menos radicais, a Democracia será um regime político, assente na vontade popular do povo que, livremente, escolhe, através de eleições livres e justas, os seus representantes, para os diversos órgãos do poder político central, regional e local, em relação aos quais, não são exigíveis, à partida, na seleção desses candidatos, requisitos especiais para o cargo a que concorrem, pelo contrário, para além das exigências legais, o importante é que a pessoa, a encabeçar uma determinada lista, seja popular, bem aceite no seu meio social e comunitário, que garanta uma forte captação de votos para a força política que representa. Igualmente, não é este o perfil que, neste trabalho, mais se apreciará, num candidato a um lugar de responsabilidade executiva, ou deliberativa, embora se admita que uma ou outra característica seja favorável à população.

Um conceito moderno de Democracia não se compadece com populismos, com os “caça-votos”, com uma militância fanática, subserviente, amorfa e acrítica. A Democracia, num mundo moderno, complexo, cada vez mais globalizado, não se compatibiliza com o improviso, com soluções casuísticas, que não garantem a estabilidade no futuro, com pessoas que não conseguem defender as fragilidades do regime, e que permitem que outras beneficiem e protagonizem, através da manifestação dos seus egos, situações a que, democraticamente, não teriam direito, para tentarem obter um estatuto que, por outros métodos e méritos próprios, muito dificilmente conseguiriam.

Pretende-se, neste século XXI e, desejavelmente nos seguintes: uma Democracia moderna, no sentido de implementar valores que são deste tempo, verdadeiramente humanos, solidários e tolerantes intercidadãos; uma Democracia moderada em tudo o que facilite o diálogo, o debate aberto e franco, sem sofismas nem traições; uma Democracia que não discrimine ninguém, por causa das ideias, opiniões, crenças, etnias e valores individuais de cada cidadão; uma Democracia que respeite a fé, a religião, a liberdade com responsabilidade humanamente atribuída e assumida; uma Democracia cujo conceito não ignore a tradição e civilização ocidentais, obviamente do ponto de vista de toda uma cultura milenar ocidentalizada, indiscutivelmente, no respeito pelas outras culturas; uma Democracia cujo:

«(…) conceito cristão de Democracia parte da ideia do homem como pessoa, livre e responsável, com destino próprio e transcendente, mas essencialmente solidário dos outros homens. Esta solidariedade exprime-se pela natural integração em grupos sociais, desde a família ao estado, passando pela escola, empresa, sindicato, Igreja, comunidades cívicas, etc.». (CARTA PASTORAL DO EPISCOPADO PORTUGUÊS, 1974 in: Dicionário Político, 1974:83).

A Democracia do século XXI, num mundo de feroz competição, onde os valores como: a produtividade, a mobilidade, a flexibilidade (a que se pretende acrescentar agora a flexisegurança), a especialização, complementada pela polivalência, bem como o domínio de conhecimentos tecnológicos, constitui requisitos fundamentais para se vencer profissionalmente: seja como trabalhador; seja como empresário; e até como político. Também a Democracia política postula qualidades pessoais, técnicas, cognitivas e socioculturais que, por enquanto, não estão reunidas em todos os cidadãos, potenciais candidatos ao exercício de cargos políticos.

A busca de uma ideia de Democracia, que seja coerente com algumas das atuais exigências, pode-se desenvolver, justamente, a partir da capacidade de diálogo que cada cidadão seja capaz de incrementar. Segundo uma certa ótica:

«O debate livre, a livre escolha e o consentimento genuíno requerem, pois, um nível de educação (que pode não ser uma educação formal) em compreensão social de modo a que as pessoas possam entender que estão a ser alvo de persuasão e propaganda e assim sejam capazes de resistir a essas pressões.» (ARBLASTER, 1988:143).

Educação, formação, treino, experiência e competência, serão os próximos requisitos que a nova e moderna Democracia vão exigir aos candidatos a funções executivas e deliberativas, no decurso deste novo século.

 

Bibliografia

 

ARBLASTER, Anthony, (1988). A Democracia, Tradução, M.F. Gonçalves de Azevedo, Lisboa: Editorial Estampa, Temas Ciências Sociais. (7) Pp. 11-23.

DICIONÁRIO POLÍTICO, (1974). Os Bispos e a Revolução de Abril, Lisboa: ISPAGAL, Apud. Carta Pastoral do Episcopado Português: in O contributo dos cristãos para a vida social e política, 16-07-74)

 

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2024

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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