domingo, 4 de fevereiro de 2024

Como destruir uma probidade de respeito.

 Afigura-se, cada vez com mais evidência, que é difícil desenhar-se uma personalidade de exemplaridade positiva, de bons princípios, valores, sentimentos e emoções, isto por vários motivos: primeiro, todos nós somos extremamente vulneráveis a situações que não controlamos, seja no âmbito racional, seja no quadro emocional; segundo, porque nos enganamos, frequentemente, em relação a quem demos todo o SAL da nossa vida – Solidariedade, Amizade e Lealdade – da nossa própria imagem, construída, quantas vezes, ao longo de uma vida; terceiro, porque com muita facilidade certos interesses, situações e pessoas conseguem influenciar, contra nós, aqueles por quem tudo demos, a quem tudo confiamos e que, pensando eles que somos humildes, aparentemente fracos, que não temos nenhum tipo de influências sócio materiais, já não servimos para mais nada, passam-nos, então, para o grupo dos indesejáveis, descartáveis.

Quando alguém é contemplado com avaliações positivas, gerais e/ou específicas, isso não quer dizer que a pessoa beneficiária de tal apreciação seja perfeita, que não tenha cometido erros, que seja inatacável. As opiniões favoráveis até podem ser amplamente consensuais, mas haverá sempre alguém que sabe, eventualmente, que aquela pessoa tem falhas, seja na família, nas amizades, no trabalho, nos estudos, na sociedade, mas também poderá ser verdade que tais falhas e erros se ficam a dever, justamente, ao preço do tal SAL – Solidariedade, Amizade e Lealdade – que essa mesma pessoa sabe que foi por causa dela, que a primeira cometeu erros, porque de resto, a pessoa aureolada com uma boa imagem pessoal, pública ou privada é merecedora deste prestígio.

Se pensarmos o seguinte: Se uma determinada pessoa é muito querida na sociedade, no seu círculo de amigos, de colegas de trabalho e na família, é porque ela tem manifestado e exercido princípios, valores, sentimentos e emoções que justificam o seu prestígio, mas eu sei que por minha causa, tal pessoa traiu parte do seu comportamento cordial para com outras pessoas, para poder estar sempre do meu lado, solidária, amiga, leal, então eu devo expressar-lhe, em quaisquer circunstâncias e tempos da vida, amizade, consideração, estima e iguais valores, bem como a minha ilimitada gratidão.

Quando assim não acontece e alguém nos quer mal, e conhece esta nossa fragilidade, de facto pode destruir uma imagem de respeito, credibilidade, honorabilidade, reputação, bom-nome e dignidade. Então é este o “preço” elevadíssimo que se paga quando somos solidários, amigos incondicionais, leais e cúmplices, aqui no bom sentido, mesmo que tenhamos de violar comportamentos gerais, e alterar uma excelente personalidade que fomos construindo ao longo da vida, precisamente para estarmos sempre do mesmo lado, na circunstância, da mesma pessoa, grupo ou instituição.

Como corolário, talvez se possa admitir que: primeiro, somos merecedores de apreciações positivas, apesar da imperfeição de que estamos “inquinados”, da subjetividade de quem as produz e da inacessibilidade à verdade por parte da opinião pública geral; segundo, porque ao tomarmos uma posição solidária, de amizade e lealdade para com alguém, não temos condições objetivas para igual procedimento para com quem é prejudicial à pessoa que nós defendemos (não se pode estar ao mesmo tempo com o amigo e o inimigo do meu amigo); terceiro, somos o que em dado momento as circunstâncias da vida nos impõem, porque em situações-limite temos de decidir, e nenhuma tomada de posição agrada a “gregos e troianos”, quando uma das partes não se identifica com os fundamentos da decisão.

Ignorar que há sempre alguém que conhece factos, sentimentos, atitudes, erros, ilegalidades e situações diversas, ocorridos em nossas vidas, que não abonam favoravelmente a nosso favor, é uma imprudência e revela alguma ingenuidade, ou então um excesso de aparente firmeza, que só tem paralelo nos comportamentos arrogantes e mesquinhos.

Como muito bem refere a sabedoria popular: “toda a gente tem, pelo menos, uma telha de vidro no seu telhado”. Significa, portanto, que todos temos algo a esconder, todos temos um ou mais segredos, e que sempre haverá alguém que conhece um bocadinho das nossas vidas. Então sejamos cuidadosos, humildes e tolerantes quando estamos a fazer juízos de valor.

É verdade que este SAL - Solidariedade, Amizade, Lealdade -, se “paga”: pela positiva, com a reciprocidade e gratidão, por quem dele é beneficiário; pela negativa, por quem dele se sente prejudicado e não tem a capacidade de separar as diversas situações, retribuindo com valores negativos, como: a injúria, a difamação, a ofensa, a vingança, a perseguição, quantas vezes até à destruição da personalidade e da própria vida, de quem não abdica de ser solidário, amigo e leal, de quem faz deste SAL, um ideal e uma orientação de vida.

Como diria Jesus: “Este é o Caminho, a Verdade e a Luz”, isto é, sermos compreensivos, tolerantes, abertos ao nosso próximo, ao mundo e a Deus é o procedimento justo, todavia sem abdicarmos dos nossos princípios, valores, sentimentos, honra, bom-nome e dignidade e, quem nos quer bem, quem é, verdadeiramente, nosso amigo, aceita e retribui esta nossa posição, com amizade, carinho e respeito, e até nos ajuda neste rumo de nobreza.

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Venade/Caminha – Portugal, 2024

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente Honorário do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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