domingo, 28 de janeiro de 2024

Cidadania: modelo de discriminação positiva.

Inevitavelmente, numa fase da sua vida, toda a pessoa busca uma determinada forma de Poder, que faz parte da própria evolução biossocial do indivíduo, porém, nem todos conseguem exercer, condignamente, esse mesmo poder, no respeito pelos deveres e pelos direitos da pessoa humana. O exercício de um qualquer Poder, como forma de realização pessoal e/ou de grupo, nem sempre obedece a regras claras, com isenção, com espírito de missão e objetivos nobres.

 É bem sabido que diversas atividades são mais propícias ao exercício do Poder do que outras, e que algumas delas ainda proporcionam privilégios que até são pagos pelos vulgares cidadãos, mesmo acabando estes por serem, em grande parte das situações, os mais prejudicados, na medida em que contribuem com os seus impostos e donativos para alimentar determinados Poderes, onde se pode incluir, entre outros, concretamente, alguns níveis do poder político, pese, embora, o facto de a política ser uma atividade genuinamente humana, por vezes altruísta, e se considerar fundamental para a resolução dos problemas da humanidade.

Inequivocamente, defende-se, aqui, a necessidade da atividade política, contudo, respeitando princípios, valores e normas, compatíveis com a dignidade humana e na igualdade objetiva perante leis que contemplem todos os cidadãos de igual forma, porque, em boa verdade, numa democracia verdadeira, não é aceitável quaisquer discriminações ou classificações do tipo: cidadãos de primeira e de segunda categorias. Quem quiser privilégios, deve pagá-los do seu próprio bolso.

Qualquer filosofia: política, social, cultural, educativa, saúde, associativa, lazer, humanitária empresarial, emprego, entre outras, carece de valores universais, princípios formais, metodologias claras, objetivos concretos e resultados que possam ser distribuídos, equitativamente, pela população-alvo, a que tal filosofia se dirige.

A política, enquanto atividade governativa pública, democrática, exercida por uma classe bem específica, identificada por aquele grupo minoritário de cidadãos, eleitos, ou nomeados politicamente, a que vulgarmente se designa por políticos, nem sempre cumpre os projetos que promete em campanha eleitoral, facto que desacredita quem nela se envolve, desincentiva os cidadãos mais novos a darem o seu contributo, favorecendo com esta atitude aqueles que, mandato após mandato, sempre nos mesmos cargos, vão construindo uma carreira política, por vezes estática, dificultando a renovação, a execução de projetos diferentes e, desejavelmente, uma maior abertura à cidadania democrática.

A dimensão social da pessoa humana verifica-se ao longo da história da humanidade, no entanto ela acentua-se, mais profundamente, em períodos de crise, por isso é necessária uma atenção renovada dos governantes em geral, e daqueles que são diretamente responsáveis por este setor. A cidadania plena exige que a redistribuição das riquezas naturais nacionais e também mundiais, seja melhor aplicada, por exemplo na erradicação da pobreza, pelo trabalho e pelo estudo.

A cidadania, na sua vertente social, deve constituir um desígnio universal, interpretado por aqueles que detêm o Poder, por isso: «Necessário se faz alertar para que sejam evitadas lideranças de quem pretenda, de maneira oportunista, tirar proveitos políticos e insistir em dar ao movimento carácter ideológico político. Já está provado que essas influências mais enfraquecem do que fortalecem movimentos. As ideologias que precisam ser desenvolvidas são as da participação democrática, do espírito de cidadania, do sentido de união, da ética, da solidariedade.» (RESENDE, 2000:202).

As lideranças locais, nacionais e mundiais têm, portanto, de aplicar todas as suas faculdades e disponibilidade, em simultâneo com algumas competências, experiências, conhecimentos, princípios e valores, para debelarem as crises, quantas vezes provocadas, precisamente, por quem não querendo demonstrar aquelas características, permite que outros se aproveitem de situações resultantes da elaboração de leis iníquas, ou mal preparadas, e assim, ainda que involuntariamente, beneficiem determinados grupos.

É urgente parar e refletir sobre o que se tem feito, corrigir o que está mal, redistribuir o que ainda resta, pelos mais carenciados, incentivar o espírito de solidariedade daqueles que sempre foram privilegiados, para agora serem estes a dar o seu contributo na resolução de problemas sociais gravíssimos. Isto é o mínimo que se pode esperar de uma Filosofia Política para a cidadania social.

Qualquer projeto que direta, ou indiretamente, envolva ou se destine às pessoas humanas, deverá prever diversas dimensões da qualidade de vida, nomeadamente, dimensão: económica, cultural, laboral, educacional, saúde, ambiente, entre outras, e que no seu com junto podem contribuir para uma cidadania plena, no âmbito de um mundo civilizado e humanista.

Conceber um qualquer empreendimento, sem nele se incluírem aquelas e outras dimensões da pessoa humana, é ignorar realidades que são comuns a todos os cidadãos. Hoje, (2024) primeiro quarto do século XXI, quando se vive um gravíssimo período de crise, o caminho para uma sociedade mais justa e para se sair da situação em que a humanidade vive, é “muito estreito, mas existe”, segundo as palavras de Sua Excelência o Presidente da República, por ocasião da sua mensagem de Ano Novo (2009) dirigida aos Portugueses.

A cidadania não é, apenas, a liberdade de expressão, de religião, de votar e ser votado, do exercício de deveres e fruição de direitos, em plena democracia. A cidadania deve ir mais fundo na realização de projetos, no alcance de objectivos e na distribuição dos resultados obtidos, de forma justa, se possível, discriminatória, porém, pela positiva, beneficiando aqueles que mais precisam.

 

BIBLIOGRAFIA

 

RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Autoajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark

 

 

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744

 

  

Venade/Caminha – Portugal, 2024

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente Honorário do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

site@nalap.org

http://nalap.org/Directoria.aspx

http://nalap.org/Artigos.aspx

diamantino.bartolo@gmail.com

http://diamantinobartolo.blogspot.com

https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         https://www.facebook.com/diamantino.bartolo.1                                                                                                                                                                       

Sem comentários: