Ao longo das últimas décadas, a palavra crise tem-se ouvido com uma frequência quase semanal, embora mais recentemente, talvez desde finais de 2008, a periodicidade tenha sido menor, ou seja, diariamente, porque, até (2008 a 2015), não se ouvia falar de outro tema. Da pessoa humilde do povo, ao mais ilustre e competente especialista, a palavra quase se banalizou e se tornou num maldito estigma para portugueses e para o resto do mundo.
A crise, ao que parece,
afeta toda a gente, dos negócios aos salários e reformas, das empresas
nacionais ou mesmo multinacionais às pequenas e médias instituições e às
denominadas unipessoais. Todos se queixam da crise, mas, ninguém aponta
responsáveis com rosto humano, identificação bem definida, embora: uns falem
dos especuladores; outros do custo do petróleo; depois a pandemia do COVID-19,
iniciada em Portugal nos finais de fevereiro de 2020 e, mais recentemente a
guerra que a Rússia moveu contra a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022; e, a
sete de outubro de 2024 o violento conflito, provocado pelo movimento HAMAS
contra Israel, resultando em destruição maciça de infraestruturas, milhares de
mortes, feridos, fome e morte nos territórios Palestinianos.
Outros, ainda, das
taxas de juros; também aqueles que apontam o dedo ao endividamento das famílias
e, por que não dizê-lo, à irresponsabilidade na concessão de empréstimos para
diversos fins, entrando aqui o setor imobiliário, cuja génese estaria nos
Estados Unidos da América o que, a ser assim, caberia aqui o velho adágio, segundo
o qual: “Quando os Americanos espirram, a
Europa constipa-se”.
Entre tantos e
eventuais culpados sem rosto, (e sem trânsito em julgado, em alguns casos) não
parece que alguém tenha ouvido imputar responsabilidades aos gastos
giga-milionários que certas instituições e seus responsáveis, estarão
efetuando, seja a nível nacional, seja no contexto mundial.
Também não se ouve
qualquer queixume das elites: económica, política e socialmente cada vez mais
ricas e poderosas, a que os relatórios internacionais das mais insuspeitas
organizações vêm dando notícia. A crise será só para as classes Média e Pobre,
cada vez mais pobres e desacreditadas? Tal não é possível.
A administração de
recursos: sejam eles imobiliários; sejam financeiros ou humanos, requer
ponderação, bom senso e manutenção de uma reserva, precisamente para suportar
aqueles períodos de maior dificuldade. Tal como numa família, onde poucos
contribuem para o património, e muitos gastam sem qualquer regra ou preocupação
em acautelar o futuro, o mais certo é surgiram, mais tarde ou mais cedo,
grandes e por vezes inultrapassáveis situações de pobreza, falta de recursos e
depauperamento dessa mesma família e dos seus elementos.
Parece óbvio que se tem
vivido, com alguma desorientação, sob a égide de um novo-riquismo, talvez fácil
demais, sem preocupações quanto a uma estratégia moderada, equilibrada, com uma
retaguarda sólida, o que se confirma desde há várias décadas, porque o
princípio da boa administração, em muitas instituições não tem sido observado.
Tudo parece indicar
que: «O equilíbrio não é apenas uma das
leis fundamentais da Economia. É também um dos princípios fundamentais da
Administração, que se aplica, igualmente, tanto à instituição como aos
indivíduos que a administram. O equilíbrio, como o crescimento, é um dos
principais elementos da filosofia administrativa.» (DIMOCK, 1958:44).
Gastar mais do que o
que se tem, pode ser uma tragédia a médio ou longo prazos. Pedir emprestado sem
se ter um mínimo de garantia que se pode pagar, sem se fixarem as condições de
pagamento, revela-se imprudente e de consequências imprevisíveis: quer para o
gestor que então envereda por tal sistema; quer para o que vier substituí-lo;
quer, ainda, para o credor. Estratégias desta natureza ocorrem com alguma
frequência, desde o mais alto nível da administração empresarial e pública, às
mais humildes autarquias e pequenas empresas.
Durante um determinado
período fazem-se investimentos, e as mais diversas intervenções, e quem vier
que pague, ou, na linguagem portuguesa bem vernácula: “quem vier que feche a porta”, de resto, e a título de exemplo,
sabe-se que a nível de certas instituições públicas já foram ultrapassados os
limites legais de endividamento, invocando-se, para o efeito, a realização de
melhoramentos públicos com o apoio de fundos comunitários, porque de contrário,
não seriam possíveis, considerando que a entidade beneficiária de tais fundos,
tem que participar com uma determinada percentagem e, assim sendo, será
necessário contrair os empréstimos suficientes para que a obra se realize.
A questão que se
levanta prende-se com a importância e oportunidade dos melhoramentos que se
pretendem fazer com dinheiros emprestados. É bem provável que em certas
circunstâncias, como em tempos de crise, seja necessário estabelecer
prioridades e, entre uma população que tem uma elevada taxa de cidadãos
marginalizados por vários motivos: desemprego, fome, miséria, exclusão social,
reformas insuficientes, agravadas com os sistemáticos cortes (durante alguns
anos, mas, entretanto, repostos os valores que precediam a crise) taxa de
escolaridade abaixo da média, sistema de saúde que não tem atendido ao combate
a todas as doenças e obras ditas estruturais que, num ou noutro caso, não são
assim tão urgentes e necessárias, as opções são da responsabilidade de quem as
toma.
BIBLIOGRAFIA
DIMOCK, Marshall E., (1967). Filosofia da
Administração. Tradução, Diógenes Machado e Arnaldo Carneiro da Rocha Netto.
Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura – Brasil-Portugal
“NÃO,
à violência das armas; SIM, ao diálogo criativo. As Regras, são simples, para
se obter a PAZ”
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=924397914665568&id=462386200866744
Venade/Caminha
– Portugal, 2025
Com o protesto
da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário