Naquela manhã de Verão, relativamente fria e assolada por uma chuva miudinha, junto à praia, tendo pela frente as rochas e o mar imenso, bastante calmo, de um azul profundo, Benedita e Gentil, estacionaram a viatura, conduzida pela jovem senhora, antes de efetuar a marcha de regresso, conforme estava previsto.
Benedita, como que sondava o mar sem-fim, com um olhar
nostálgico, algo misterioso, com o rosto levemente branco, muito lindo,
aparentemente, com uma expressão preocupada e, simultaneamente, transmitindo
uma sensação de tranquilidade, de uma felicidade disfarçada de melancolia,
tendo o seu rosto bem próximo de Gentil, que continuava sentado ao seu lado.
Aquele jovem, que estava fixado em Benedita, como que
hipnotizado e, ao mesmo tempo, atraído pela beleza e serenidade da jovem
senhora, não aguentou mais o sofrimento que lhe ia na alma, ganhou coragem e
perguntou-lhe: “Posso dar-te um beijinho,
apenas um, nos teus lábios, qual passarinho a voar, levemente esvoaçando?”
Entre os dois jovens tinha-se estabelecido, desde há
muito tempo, um laço muito forte de amizade, que aumentava dia após dia, que se
ia consolidando, uma afeição muito especial, pelo menos por parte de Gentil,
extremamente sincera, sem quaisquer artifícios, nem intenções inconfessáveis,
porque este jovem, jamais pretendia magoar, muito menos ofender, aquela jovem
senhora tão nobre.
Benedita, primeiro não teve qualquer reação perante o
pedido de Gentil, porém, ela olhou bem fundo nos olhos dele, certificou-se que
estava a ser verdadeiro, humilde e angustiado, sorriu deliciosamente e, com uma
candura profundamente sedutora, ofereceu-lhe a boca, com uma expressão
angélica, ficando a aguardar a concretização do pedido de Gentil.
O jovem, tremia, transpirava, era o seu primeiro beijo
numa jovem casada, mas não resistindo por mais tempo àquela boca, contornada
por uns lábios relativamente volumosos, muito vermelhos, não tinham qualquer
pintura, mais pareciam cerejas maduras, daquelas de excelente qualidade, que só
de olhar para elas, logo se tem apetite para as saborear delicadamente.
Os lábios de Benedita, como que estavam a tremer,
porque, tudo indica, também ela, desejava aquele momento, de contrário, não
teria acedido ao pedido do seu companheiro de viagem. Gentil aproxima, então, a
sua boca daqueles lábios rijos, quentes e húmidos, tremendo de desejo, ou de
ansiedade, ou até de preocupação, não fosse alguém vê-los naquela situação, que
resultava de uma amizade que se transformava em amor, talvez não o amor
matrimonial, mas um parental, entre primos, onde se impunha o respeito, em
simultâneo com o prazer.
Foi um primeiro beijo, apenas nos lábios, não muito
prolongado, mas com o tempo suficiente para fortalecer uma ternura que ambos
desejavam duradoura, num local romântico, onde o sussurrar das ondas, o barulho
do vento e o ruído dos pingos da chuva, a cair no tejadilho do carro,
enriqueciam o ambiente aparentemente amoroso, propício a juras de amizade
eterna, muito especial e que passaria a constituir um primeiro segredo entre os
futuros amantes, porque entre primos, não se coloca a situação de incesto.
Benedita era, uma jovem senhora, dotada de qualidades
invulgares, em diversas dimensões: pessoais, profissionais, éticas e sociais,
ela estava acima da média das jovens do seu tempo e até com mais idade, sempre
muito empenhada nos projetos e atividades em que se envolvia, e que quem com
ela se relacionava, sabia muito bem que não facilitava, e que lutava sempre
pelos melhores resultados.
Seu marido, sensivelmente da mesma idade dela,
trabalhava noutro setor, relativamente distante do local onde naquela manhã ela
se encontrou com Gentil e, certamente, não sonharia sobre o que a esposa
estaria a fazer que, por enquanto, não seria assim extremamente grave, talvez
tivesse dado um primeiro passo. para uma futura traição, em toda a sua
extensão. O tempo o diria.
“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo
criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”
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Venade/Caminha
– Portugal, 2025
Com
o protesto da minha permanente GRATIDÃO
Diamantino
Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente
HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
http://diamantinobartolo.blogspot.com
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